domingo, 17 de maio de 2020

CONVERSÃO ECOLÓGICA E DO DESEJO DISTORCIDO

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

"Esta crise obrigou-nos a parar. Mas suspeito que este medonho susto ainda não conseguiu alterar, em profundidade, a mentalidade geral"

1. Chegam-me de vários lados, com propósitos diferentes, notícias e comentários sobre o comportamento lamentável de algumas correntes do alto e baixo clero unidas no afrontamento das medidas recomendadas pela OMS e que a DGS e os governos impõem para evitar o contágio da covid-19. Unidas também no declarado incitamento ao seu desrespeito, a nível nacional e internacional.
Essas movimentações ressurgem quando muita gente já se sente desesperada entre o apertado confinamento, o emprego perdido, a ronda da pobreza, a ameaça da morte e um futuro de pouca esperança. A agitação de algumas tendências do clero revela, no entanto, outra conhecida e renovada motivação: atacar a pastoral do Papa Francisco para que as linhas mais inovadoras do seu pontificado e do seu estilo morram e sejam enterradas com ele.
Procura-se fazer acreditar que Bergoglio é um instrumento das forças que desejam acabar com a prática religiosa, já muito enfraquecida, numa Europa laicizada. É preciso estar em sintonia com maçónicos, comunistas e ateus para proibir missas abertas ao público e impedir as grandes e tradicionais manifestações da fé católica. Este Papa, dizem os seus adversários, acaba sempre por fazer o jogo dos inimigos da Igreja, transformando-a numa banal associação filantrópica com igrejas de portas fechadas.
Para a grande maioria dos católicos, a relevância do exibicionismo desse clero, com mitra ou sem mitra, depende, em grande parte, do acolhimento que lhe é dado em certos meios de comunicação e não pela sua real representatividade.

JOÃO PAULO II: NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO

Crónica de Anselmo Borges no DN

"Foi um lutador incansável pelo que considerava a sua missão: precisamente a defesa da paz, que o levou a viajar pelo mundo todo como seu mensageiro"

1. Celebra-se amanhã, 18 de Maio, o centenário do nascimento de Karol Wojtyla, que havia de ser Papa, com o nome de João Paulo II. 
Fica aí um breve apontamento sobre essa figura marcante do século XX. Não é, de facto, possível escrever a história do século XX ignorando João Paulo II, que não foi apenas uma figura marcante, mas determinante, do século passado. Apresento alguns acontecimentos, um pouco à maneira de flashes, referentes concretamente ao seu pontificado, um dos mais longos da História: mais de 26 anos, de 18 de Outubro de 1978 a 2 de Abril de 2005.
João Paulo II foi um dos líderes mais influentes do seu tempo. Era um homem de convicções, corajoso, profundamente crente no Evangelho e no Deus de Jesus. Foi com ele e as suas viagens por mais de cem países que a Igreja católica tomou real consciência de ser uma Igreja mundial. Foi decisivo para o fim do comunismo no seu país natal, a Polónia, e para a queda do Muro de Berlim. Afirmou e reafirmou os Direitos Humanos. Escreveu notáveis encíclicas sobre ética social e concretamente sobre os direitos dos trabalhadores (Laborem exercens e Centesimus annus) e, se não me engano, foi o primeiro Papa a utilizar a palavra ecologia em todo o seu significado de defesa do meio ambiente. Perdoou àquele que o quis assassinar e visitou-o na cadeia. Reuniu em Assis os representantes das religiões mundiais para a oração, criando o que ficou conhecido como “o espírito de Assis”, no sentido da compreensão entre as várias religiões a favor da paz. Fez o possível para evitar a invasão do Iraque, um erro histórico brutal cujos efeitos ainda hoje o mundo está a pagar. Foi um lutador incansável pelo que considerava a sua missão: precisamente a defesa da paz, que o levou a viajar pelo mundo todo como seu mensageiro. Era humilde: ele que chegara a Papa, jovem e atleta, não teve vergonha em envelhecer sem ocultar ao mundo a sua decadência física.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS


Dia Internacional dos Museus (DIM) é celebrado anualmente a 18 de maio, tendo sido criado pelo Conselho Internacional de Museus, um organismo da UNESCO. Penso que não será necessário exaltar a função social, cultural, artística  e histórica dos museus, sobretudo se eles desenvolverem atividades consentâneas com a sua realidade e temáticas que ostentam. Está neste caso o Museu Marítimo de Ílhavo, com o seu Aquário do Bacalhau. 
Como é costume, os museus franqueiam portas durante a celebração do DIM, mas não só, para que as suas exposições, permanentes ou periódicas, possam ser apreciada e divulgadas. 
Vale a pena, pois, participar nas diversas iniciativas promovidas pelos nossos museus, sobretudo pelos da nossa região, qual deles o mais interessante pelas coleções que oferecem  à nossa curiosidade.

Ver programa do MMI

DEIXA QUE O ESPÍRITO DA VERDADE VIVA EM TI

Reflexão de Georgino Rocha para o Domingo VI da Páscoa

“Devido ao estado de pandemia provocado pela Covid-19, o município de Vagos não irá proceder à realização das festividades de Nossa Senhora de Vagos e do Divino Espírito Santo. O investimento que estaria destinado às festas “está a ser aplicado na aquisição de testes Covid-19 e de equipamentos de proteção, a serem distribuídos posteriormente pelas autoridades, nas áreas da segurança, da saúde pública e do social”,  anuncia a autarquia.

Ao longo do tempo pascal, Jesus, como bom pedagogo, prepara os discípulos para a nova etapa que vão viver. O Evangelho deste domingo narra “a conversa”, cheia de confidências, tida antes de partir para o Jardim das Oliveiras e iniciar a Paixão que o levará à morte de crucifixão por ódio dos inimigos e determinação das autoridades. Após a ceia de despedida, fala-se da despedida e da situação em que ficam os discípulos. A hora é grave. O ambiente é carregado e desolador. A sensação de abandono é completa e a tristeza incontida. A saída para o Jardim das Oliveiras está para breve. Escutam-se as últimas palavras que ficam como parte do testamento espiritual do Mestre.
“Eu pedirei ao Pai que vos mande outro Defensor para estar sempre convosco. Ele é o Espírito da verdade…que vós conheceis porque habita convosco e está em vós”. Pedido, promessa, certeza. Jesus refere-se ao Espírito Santo e garante a sua presença activa e companhia amiga que preenchem a sensação do vazio e vencem o temor da orfandade. Ele é o Consolador, o Paráclito, o Advogado. O olhar dos discípulos é reencaminhado para o futuro e o coração alertado para o novo prometido. A partida de Jesus – sua paixão, morte e ressurreição – abre caminho ao Espírito da verdade e, por ele, aos horizontes infinitos do amor de Deus, às realidades definitivas da comunhão da vida plena e feliz. - Jo 14, 15-21

quinta-feira, 14 de maio de 2020

ÍLHAVO - EVENTOS REGRESSAM EM 2021

Foto do meu arquivo

Como já era esperado e sabido, a Câmara de ílhavo suspendeu os habituais eventos marcados com antecedência para este ano. Tudo ficará adiado para o próximo ano se… houver condições para isso. Marolas (julho), Festival da Sardinha (julho), Festival do Marisco (agosto), Festival do Bacalhau (agosto), Festival Cabelos Brancos (setembro) e a Festa dos Bacalhoeiros (setembro) ficam em suspenso e só deverão regressar em 2021. A saúde está primeiro. E ninguém morre por falta dos festivais. 
Embora não seja muito dado a festivais, talvez por temperamento, gosto de ver e de sentir a alegria de toda a gente. É claro que, daqueles festivais indicados acima, só tinha por prazer, nem sei bem porquê, passar pelo Festival do Bacalhau. Mas tudo bem. Realmente, a saúde de todos está primeiro.

AS NOSSAS PAISAGENS


A nossa região está repleta de paisagens que nos obrigam a parar para mais e melhor as podermos contemplar. Cheguei e nem sabia que fotografar para mais tarde recordar. Tudo era desafio: O Farol e povoação envolvente, a entrada da barra com os seus destinos, a torre dos pilotos, o farolim mesmo ao meu lado, as gaivotas que sobrevoam as águas mansas e o silêncio tão importante para o nosso equilíbrio emocional.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

GAIVOTAS ENSAIAM INVASÃO À GAFANHA?


Cheguei a pensar que as gaivotas, vindas do oceano, com fome ou em visita turística, estariam a ensaiar uma invasão às Gafanhas, talvez à procura de algum banquete. Não consegui contá-las, porque a velocidade dos seus acrobáticos voos não mo permitiram. Depois admiti  ensaiar  uma eventual fuga estratégica, para evitar o pior, caso reparassem em mim. Felizmente, não foi necessário e até deixaram que registasse a sua passagem, afinal simpática, pela nossa terra. As gaivotas rumaram para outras paragens à cata nem sei de quê.

terça-feira, 12 de maio de 2020

INVESTIR NOS POBRES

Criamos um futuro sustentável quando investimos nos pobres, 
e não quando insistimos no seu sofrimento 

Bill Gates (1955-), empresário e filantropo

Em "Escrito na Pedra" do PÚBLICO 

segunda-feira, 11 de maio de 2020

TANTA FOME DE PEIXE FRESCO

Boca da Barra de Aveiro

O espetáculo que presenciei não é inédito. Quando o peixe abunda no barco de pesca, o bando de gaivotas, talvez inspirado pela abundante pescaria, deixa tudo no mar alto e apressa-se para assistir à descarga do peixe fresco. Monta guarda ao barco, qual batalhão que se apresta para a caça ao peixinho saboroso. Deve ser sardinha, que estamos no tempo dela, havendo a garantia de que apetite não falta. Resta-nos saber se haverá festas aos Santos Populares, mas estou em crer que elas terão lugar no nosso litoral, desde que sejam respeitadas as normas da DGS. É que, se calhar, o Covid-19 já terá viajado para outras paragens.

CRIME HEDIONDO

Todos nos damos conta das brutalidade tão frequentes nas sociedades que habitamos e sempre nos interrogamos sobre o porquê de tanta maldade. A violência, doméstica ou outra, deve ter nascido com o Homem e não terá explicação plausível.
O crime de Atouguia da Baleia, supostamente praticado por um homem (?) sobre a sua própria filha, na presença ou com ajuda da madrasta, deixa-nos horrorizados. Friamente, o homem (?) nem se deu ao cuidado de procurar a menina (filha) que havia desaparecido, por não saber o que fazer. 
No meio deste mundo onde há tanta gente boa, sensível, capaz de amar desinteressadamente, disponível para servir, para educar e ajudar os mais carentes, de quando em vez vêm à tona vidas capazes de odiar, espancar, matar... sem dó nem piedade. Gente que repudia o amor, a paz, a liberdade, a bondade, a ternura. E assim vai o mundo. Se a justiça o condenar por reconhecer o crime que terá cometido, passará uns anos na cadeia e depois virá  a liberdade, mas a menina só permanecerá com o seu sorriso lindo na nossa memória, como mártir às mãos de um homem a quem chamava pai. 

F. M.