quinta-feira, 14 de julho de 2016

Homenagem ao Padre Artur Sardo

Homenagem ao Padre Artur Sardo

Na sexta-feira, 24 de junho, foi prestada uma justa homenagem ao Padre Artur Sardo no Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré, com o descerramento da sua fotografia e de uma placa, onde se lê:

“Padre Artur Ferreira Sardo
(1912-2000)
Homenagem e gratidão do Centro Social
Junho de 2016”

No momento próprio, o Padre César Fernandes, pároco da Gafanha da Nazaré e presidente da direção do Centro Social, referiu que «esta homenagem de gratidão para com o Padre Artur Sardo é de toda a justiça», pois veio dele a iniciativa de «oferecer o terreno para a construção do Lar, sendo à data da inauguração (maio de 1991) membro da mesma direção».
O Padre César fez questão de sublinhar que «estamos a reconhecer publicamente» o gesto do Padre Artur, enquanto desejou que se perpetue no futuro «a sua dedicação à instituição com a doação do terreno onde está implantado o Centro Social Paroquial».
O Padre Artur Ferreira Sardo, natural da Gafanha da Nazaré, onde viu a luz do dia em 21 de março de 1912, trabalhou durante a sua juventude na agricultura e noutros serviços. Na altura adequada, alistou-se no exército, enquanto estudou de noite na Escola Comercial de Aveiro. Em 15 de outubro de 1935 sentiu o chamamento de Deus e ingressou no Seminário Regional de Évora, porque a Diocese de Aveiro ainda não havia sido restaurada.
Quando a Diocese de Aveiro foi restaurada, em 1938, optou por continuar em Évora, tendo sido ordenado presbítero no Carmelo de Fátima, no dia 30 de julho de 1944.
Desempenhou inúmeras tarefas como sacerdote, sempre como padre de Évora, mas um dia foi em missão até Moçambique, passando depois pelo “Gil Eanes”, como capelão da frota bacalhoeira, dando a seguir um grande salto para a Austrália, onde andou «de cidade em cidade à procura da nossa gente», que ajuda de diversos modos, quer no âmbito religioso quer ao nível escolar, lecionando os ensinamentos básicos aos filhos dos nossos emigrantes.
O Padre Artur, porventura cansado de tanto andar em missão pelo mundo, ao saber que sua irmã se encontrava muito doente, regressou à sua e nossa terra, mantendo-se fiel à sua Diocese de Évora. Decidiu então oferecer a sua casa para o lar a construir na Gafanha da Nazaré.


Fernando Martins


Nota: Dados biográficos colhidos no livro “Gafanha — N.ª S.ª da Nazaré” de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

376 milhões de euros para ligação ferroviária Aveiro-Vilar Formoso

UE dá luz verde a 376 milhões de euros 
para obra de ligação ferroviária 
Aveiro-Vilar Formoso


«Os Estados-membros da União Europeia deram 'luz verde' a uma injeção de 393 milhões de euros para o financiamento de oito iniciativas no âmbito das infraestruturas de transporte em Portugal, dos quais se destaca o projeto de execução da obra de ligação ferroviária entre Aveiro e Vilar Formoso (Linha da Beira Alta), por um montante aproximado de 376 milhões.
Os Estados-Membros da UE aprovaram formalmente na sexta-feira uma lista de 195 projetos no setor dos transportes, que receberão 6,7 mil milhões de euros de financiamento ao abrigo do convite à apresentação de propostas de 2015 do Mecanismo Interligar a Europa (MIE).
Esta lista - que tinha sido apresentada a 17 de junho pela Comissão Europeia - deverá permitir a libertação «de cofinanciamento suplementar, público e privado, num montante total combinado de 9,6 mil milhões de euros e criar 100 000 postos de trabalho até 2030» salienta uma nota da Comissão Europeia.»

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terça-feira, 12 de julho de 2016

“Os últimos marinheiros” — Um livro de Filipa Melo


Fotografia de Miguel Sobral Cardoso 
“Há três espécies de seres:
os vivos, os mortos 
e os que andam no mar.” 

Anacársis, 
filósofo cita

Acabei de ler um livrinho de Filipa Melo, com edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Faz parte da coleção “Retratos da Fundação” e tem apenas 70 páginas, que se leem num fôlego. Trata-se de trabalho muito bem escrito, edição de bolso, que toca fundo na sensibilidade de quem carrega, como eu, no seu ADN, o mar e a pesca do bacalhau, mas também navios, mastros e velas, ondas, botes, redes, ausências, naufrágios, caldeiradas, partidas dolorosas e regressos felizes. 
Diz a autora na Introdução que, «Em Portugal, os homens do mar estão em vias de extinção ou quase», sendo eu sou testemunha disso. Vai já longe o tempo em que o Porto de Pesca de Aveiro era um viveiro de navios para todos os mares e para todas as pescas, com gentes da costa de Norte a Sul do país. A história é por demais conhecida e Filipa de Melo é clara e oportuna quando diz: «Inclinados perante a Europa, virámos as costas ao mar.» E acrescenta: «A atualidade do nosso imaginário mítico marítimo dissolve-se no desprezo coletivo pelo mar. Estendidos nas praias, vemos passar navios, ao longe, cada vez mais longe. O mar não existe nem sequer como conceito do poder da nação.»
A autora frisa, ainda na Introdução: «O que o leitor tem nas mãos é uma tentativa de retrato de alguns portugueses cuja principal fonte de sustento ainda é a navegação no mar».
E vamos ao livro que levou a autora a embarcar no navio de pesca de arrasto Neptuno, da praça da Figueira da Foz, em março de 2015. Jornalista experimentada e corajosa, usufruiu do prazer de sentir ao vivo o trabalho duro dos homens do mar. E da reportagem com que nos brindou ofereceu-nos, para nossa enlevo, ramalhetes poéticos que emprestaram cor e vida ao que ouviu e sentiu. 
Descobrimos apelidos que nos soam como familiares, a paixão e a fatalidade atraídas pelas ondas, o saber de experiência feito, a coragem e o respeito pela bravura do mar. Matias, Caçador, o nosso Santo André, o Museu Marítimo de Ílhavo, os canais da ria, a devoção dos marinheiros e oficiais na hora de arriar — “Seja louvado e adorado nosso Senhor Jesus Cristo”. E o bacalhau, sempre o fiel amigo presente, a pesca à linha, os veleiros, os navios a motor, os dóris (botes), o fim da pesca à linha em 1974 e a entrada dos arrastões. Mais nomes de gente nossa: O Mário Alberto Caçoilo, o Alberto Oliveira e Silva, o Arménio Pata entre outros.
Hora de um bom naco de poesia, de José Quitério, que eu sempre li, com inaudito prazer, nas páginas do EXPRESSO, dedicado ao bacalhau:

«Esquecendo a tortura que a todos infligiste na infância — ai, o malfadado óleo do teu fígado! — deram-te o aconchego das batatas, beliscaram-te com o grão, meteram-te entre fofos cobertores de farinha, coroaram-te com hortaliças, cebolas e ovos, como um rei. Segmentaram-te em bolinhos e até te pediram que fosses sonhos. Cozeram-te, grelharam-te, assaram-te, guisaram-te fritaram-te, albardaram-te, rechearam-te, arrozaram-te, exigiram-te consolos de consoadas, e só não te negaram três vezes porque, desalienado e simples como és, recusaste a dimensão divina.»

Acrescenta Filipa Melo: «No final, esqueceram-se da tortura de quem te pescou, durante tanto tempo, à custa de tanto sacrifício. Há quem diga que é preciso ir para o mar, para aprender a rezar. E tenha razão.»
A autora embarcou num dos navios da Portline, o porta-contentores Port Douro, e teve o privilégio de entrevistar Cristina Alves, «uma das duas primeiras mulheres a formarem-se em Pilotagem marítima, que lhe garantiu: «Ao fim das primeiras viagens, descobri que era mesmo o mar o que eu queria.» Fico-me por aqui, não sem antes recomendar: A nossa gente, que sente como poucos que o mar que sustenta também mata quando enlouquece, precisa de reavivar memórias. E este livrinho dá-nos um retrato muito fiel dos bravos homens do mar, que alguém um dia tratou por  lobos do mar. Aliás, a primeira citação deste trabalho de Filipa Melo reza como verdade expressiva: “Há três espécies de seres: os vivos, os mortos e os que andam no mar.” Anacársis.

Fernando Martins

Acordo Ortográfico: Onde andastes, que vos não vi?




NOTA: Não sou, nem pretendo ser, especialista em matérias relacionadas com a Língua Portuguesa, falada ou escrita. Sou apenas um leitor que gosta de ler e de escrevinhar umas coisas simples. Adotei o Acordo Ortográfico porque foi aprovado legalmente depois de muitos estudos, reflexões e debates. Sei que a questão é complexa, que as línguas vivas não podem ficar agarradas teimosamente ao passado, que há e haverá sempre novos vocábulos, e que em algumas situações deveria ter havido mais cuidado. Também admito que, mais tarde ou mais cedo, teremos acertos. 
Concordo com o que Francisco José Viegas diz neste texto que escreveu para a Revista LER e que aqui reproduzo, sublinhando a questão expressa no título: ONDE ANDASTES, QUE VOS NÃO VI? 
Pois é. Nós, os portugueses, somos assim. Andamos entretidos, por vezes, com ninharias, e atiramos os trabalhos e ideias para cima de outros. E depois da casa roubada trancas à porta. 

Fernando Martins

Férias à porta de casa

Grandes Veleiros
e Festival do Bacalhau em agosto
 
Festival do Bacalhau

Grandes Veleiros
O próximo mês de agosto vai ser um mês cheio, com dois acontecimentos que são outras tantas festas, daquelas que nos enchem os olhos e a alma. Para quem não pode gozar férias, por variadíssimas razões, tem aqui, na nossa Gafanha da Nazaré, duas grandes festas. A festa dos Grandes Veleiros e o Festival do Bacalhau. Os Grandes Veleiros entre 5 e 8 de agosto; o Festival do Bacalhau de 17 a 21 de agosto.
 Estas festas são tão expressivas que até ganham em estar separadas. Assim, dá para nos deliciarmos com os veleiros imponentes e carregados de história que nos visitam, qual deles o mais belo e harmonioso, e a seguir, uma semana depois, todos teremos a oportunidade de saborear os acepipes que à volta do “fiel amigo” o povo e os cozinheiros souberam criar com gosto: a posta do bacalhau de mil maneiras, as caras de bacalhau fritas, as línguas de bacalhau à maneira de cada imaginação, as pataniscas com os seus segredos, e a feijoada de samos, mas de samos mesmo, que se vejam claramente. E temos cá um palpite que há de surgir uma ou outra surpresa, porque haverá concursos que, por regra, espicaçam a criatividade dos cozinheiros em prova e das instituições que são parte integrante do festival.
Mas o Festival do Bacalhau não é só comer e beber. Estão agendados concertos de música para todos os gostos, exposições relacionadas com o bacalhau e outras que, de alguma forma, possam complementar a festa. Lembramos, por exemplo, a “corrida mais louca”, entre outras iniciativas que fazem do Festival do Bacalhau uma das mais participadas festas populares da região.
 Uma sugestão: Se puderem, façam férias em agosto cá dentro, na nossa Gafanha da Nazaré. E para os que vêm de longe, garantidamente amantes do bacalhau, só têm que seguir o GPS, indicando: Gafanha da Nazaré — Jardim Oudinot.

Fernando Martins
 

domingo, 10 de julho de 2016

As trapalhadas do Crisma

Crónica de Frei Bento Domingues 

“Será o recém-ungido que abandona a Igreja ou a Igreja que já não tem mais nada a dizer-lhe?”

1. Rui Osório, jornalista e pároco da Foz do Douro, na sua pertinente coluna na Voz Portucalense (2016.06.29) revela preocupações que não são exclusivas: “Se a minha confidência de pastor vos parecer pessimista, peço-vos desculpa, mas deixem-me desabafar: a prática do Crisma é uma das experiências pastorais mais frustrantes que tenho encontrado.
“Em tempos primitivos, os catecúmenos, depois de um longo crescimento na fé, entravam na piscina e eram lavados; saíam e eram perfumados com óleo do crisma; e acediam à mesa eucarística para serem alimentados.
“Hoje, não é tanto assim e andamos, na longa e agitada onda da cristandade sociológica, a surfar um pouco aturdidos entre o cansativo cristianismo de tradição e o sedutor cristianismo de opção.
“Pastoralmente, parece-me que, em vez da iniciação à fé cristã, o Crisma está em risco de se tornar no sacramento que marca o fim de uma certa educação e de pertença cristã construídas na areia.
“Já lhe chamaram a 'festa do adeus'! Os cristãos encontram-se no cais em despedida para outras andanças que não acertam no norte do cristianismo!
“Tenho boas razões para confirmar a «festa do adeus» de tantos a quem acompanhei na preparação para o Crisma, sobretudo jovens que completaram com assiduidade os seus dez anos de catequese e se despediram da Igreja ou a Igreja não lhes deu um novo porto de abrigo.

sábado, 9 de julho de 2016

Travessia da Ria de Aveiro a nado

17 de julho 
Gafanha da Encarnação - Ponto de partida
Costa Nova - Chegada
Está a decorrer, até ao dia 14 de julho, o prazo de inscrições para a IX Travessia da Ria a Nado/IV Aquatlo, que vai ter lugar no próximo dia 17 de julho, com organizada pela Câmara Municipal de Ílhavo através do Fórum Náutico do Município de Ílhavo, esta iniciativa já conquistou uma significativa relevância regional. 
A prova tem início (concentração pelas 13h45 e partida 14h35) no Largo da Bruxa, Gafanha da Encarnação, e termina no Relvado da Costa Nova, perfazendo uma distância total de 750 metros. Os mais audazes terão ainda a oportunidade de realizar o IV Aquatlo (travessia + corrida). 
te evento permite aos participantes testar a sua capacidade física e aos apoiantes, familiares, amigos e interessados assistir a uma prova única na região. 
Mais informações em www.cm-ilhavo.pt 
ou pelo e-mail forum.nautico@cm-ilhavo.pt.

Fonte: CMI