segunda-feira, 18 de abril de 2016

Problema do Petcoke no Porto de Aveiro

Assembleia da República já recebeu 
 Projetos de Resolução do Problema 
da Poluição pelo Petcoke no Porto de Aveiro.


O Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o CDS-PP apresentaram, na Assembleia da República, Projetos de Resolução do Problema da Poluição pelo Petcoke, no Porto de Aveiro.
Todos eles mencionam as reivindicações da ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha) junto da Administração do Porto de Aveiro e da Cimpor, bem como das instâncias nacionais e europeias e que são:
— Barreira Eólica contra ventos dominantes, de Norte e Noroeste; 
— Bacia de Contenção de Lixiviados e Estação de tratamento, para não contaminar a Ria; 
— Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, permanente; — Barreira arbórea no limite do Porto de Aveiro com a cidade da Gafanha da Nazaré.

Nas reuniões da ADIG com as referidas duas entidades, ficámos com a convicção do seu interesse em solucionar, em definitivo, o problema da poluição pelo Petcoke, devolvendo à Gafanha da Nazaré e populações limítrofes uma qualidade do ar mais saudável.
Esperamos que esse dia chegue muito em breve.

Pela ADIG

Humberto Rocha

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“Tempos de Pesca em Tempos de Guerra”

O mais recente livro de Licínio Amador

Licínio Amador (foto de Etelvina Almeida)

Participei no sábado, 16 de abril, no anfiteatro do Museu Marítimo de Ílhavo, no lançamento do livro “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” de Licínio Amador. Anfiteatro repleto de gente amiga do autor, mas também interessada pela temática que deixou marcas tristemente profundas no espírito dos nossos conterrâneos. O afundamento do “Maria da Glória”, um lugre bacalhoeiro, inofensivo e neutral no conflito dramático da II Grande Guerra, não podia deixar de suscitar curiosidade. Mais de quatro anos de pesquisas resultaram num livro que merece uma referência especial no final da leitura que já iniciei.
Domingos Cardoso, que coordenou a cerimónia, o autor, Licínio Amador, o representante da Câmara Municipal, Marcos Ré, Tito Cerqueira, que apresentou o livro, e Tibério Paradela, que teatralizou uma cena, vindo do fundo do mar, preencheram os lugares da mesa. E o coro da Academia dos Saberes de Aveiro brindou a assistência com um belo momento musical.

Tibério Paradela (foto de Etelvina Almeida)
Tito Cerqueira enriqueceu sobremaneira a festa de um acontecimento triste para as gentes ilhavenses, falando com conhecimento certo e profundo da guerra submarina, mas não só, estendendo-se quanto possível pelos diversos quadrantes dos beligerantes, com datas, nomes, episódios, causas e consequência de uma das maiores catástrofes do século XX, oferecendo uma lição viva decerto para todos os presentes, ou não seja ele um especialista na matéria com o alto título de Almirante.
Logo a abrir a sua intervenção, questionou-se sobre o que terá levado o autor e amigo, Licínio Amador, um homem das «humanidades e sem ligação pessoal ao mar», a escrever sobre o afundamento do navio “Maria da Glória”? E disse mais: «Andou por bibliotecas e arquivos, consultou livros e jornais, navegou pela Internet, comprou livros relacionados com a temática, trocou impressões com amigos mais conhecedores, documentou-se, ficcionou o que era de ficcionar e coligiu dados; mas quanto mais avançava na sua investigação, mais o mar da pesquisa se encapelava e mais difícil se tornava a navegação; e foi aí que a sua fibra de ílhavo, qual lobo-do-mar, o fez vencer todas as dificuldades, conseguindo manter o rumo certo e em segurança, chegando hoje a bom porto.»

Aspeto geral da assistência (Foto de Etelvina Almeida)
Julgo que a cabal veracidade das questões apontadas por Tito Cerqueira passará inevitavelmente pela leitura do livro “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra”, cuja edição do autor, composta por 500 exemplares, deverá esgotar muito rapidamente.

Fernando Martins

domingo, 17 de abril de 2016

“Poetas de um Tempo Presente”

Poetas Ilhavenses

Com edição da Confraria Camoniana de Ílhavo (CCI), veio a lume, recentemente, integrado nas celebrações do Dia Mundial da Poesia, o livro “Poetas de um Tempo Presente”. Trata-se de uma antologia de Poetas Ilhavenses, cujos nomes aqui ficam para memória futura e para nos convencermos, de uma vez por todas, que no concelho de Ílhavo não faltam poetas inspirados para todos os gostos. São eles, Augusto Nunes, Bastos Cachim, Clara Sacramento, Diogo Santos, Domingos Cardoso, Geraldo Alves, João Mulemba, José Barreto, Orlando Figueiredo, Paula Pinto, Rosa Calisto, Senos da Fonseca, Vieira da Silva e Viriato Teles. 
Em Nota de Abertura, António Ferreira, Presidente da Direção da CCI, lembra que a associação tem promovido ao longo dos anos «a organização e desenvolvimento de projectos diversos de âmbito social e da cultura», enquanto agradece «os cuidados havidos na organização da antologia “Poetas de um Tempo Presente” a José Barreto, bem como o formato e desenho de capa a Adélio Simões». Sublinha ainda que esta coletânea de poetas ilhavenses «é uma publicação de edição limitada e distribuição gratuita».

A alegria do amor (1)

Crónica de Frei Bento Domingues


1. A partir do século XIX, pode-se falar de uma crescente inflação de documentos pontifícios sobre tudo e mais alguma coisa, mas, como já foi observado muitas vezes, ainda não apareceu nenhum sobre o humor. A queixa é muito mais antiga. Humberto Eco, no seu romance O Nome da Rosa, refere um debate monacal para responder a uma pergunta transcendente: Jesus riu ou não? Para o grande historiador, Jacques Le Goff, esse foi um tema constante da Idade Média.
Se alguém tentasse fazer uma enciclopédia do humor e do riso provocados pelas figuras da Bíblia, dos evangelhos, da história da Igreja, dos monges do Deserto, da prática dos sacramentos, da vida dos santos, das devoções, do céu, do inferno e do purgatório, nos diferentes países e continentes, teria matéria hilariante para muitas vidas. Pode ser intermitente, mas na área católica, nunca se esgota.
Depois do sisudo catolicismo da primeira parte do século XX, foi eleito papa, João XXIII. Passado pouco tempo, perguntaram-lhe: quantas pessoas encontrou a trabalhar no Vaticano? – Mais ou menos metade. Quando é que decidiu convocar o Concílio? – Quando estava a fazer a barba. Os seusFioretti correram o mundo.
Ao angustiado Paulo VI, sucedeu João Paulo I, o abreviado Papa do sorriso. Esquecendo-se de que estava no Vaticano, continuou com o seu costume de chamar a Deus Pai e Mãe e de manifestar, com bonomia, a vontade de varrer a cúria romana. Não teve sorte.

sábado, 16 de abril de 2016

Notas do meu Diário: Papa com refugiados

Papa com refugiados 
Não há coração, por mais empedernido que seja, que não se comova com as cenas verificadas durante a visita que o Papa Francisco fez aos refugiados “encurralados” numa ilha grega. Eu confesso que me doeu imenso o sofrimento de tanta gente desesperada por não vislumbrar saída para um futuro feliz. Mundo de paz, de trabalho, de alegria e de felicidade. 
As crianças são as que mais sofrem. Olhares parados num infinito sombrio, olhares arregalados perante a indiferença da comunidade internacional, olhares de fome, olhares de fugitivos sem eira nem beira. 
O Papa Francisco foi lá. Falou, indicou caminhos, suplicou atenção para a maior catástrofe humanitária depois da II Grande Guerra Mundial. Levantou quem se prostrou a seus pés, recebeu um desenho de criança que quis guardar no seu gabinete de trabalho, agradeceu ao povo grego a solidariedade manifestada no acolhimento a milhares de refugiados. E o mundo viu tudo quase em direto, e compreendeu os alertas do Papa, e condoeu-se com a dor de quem deixou a sua terra massacrada pela guerra em busca do acolhimento que tarda.
Depois disto, das denúncias e dos apelos, já sabemos como é: os países e os seus líderes têm mais em que pensar…

Fernando Martins

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A Alegria do Amor. 1

Crónica de Anselmo Borges 


1- Era um texto muito aguardado do Papa Francisco. Depois de dois Sínodos, em 2014 e 2015, sobre a família, antecedidos de algo inédito - Francisco quis saber, com consultas em todo o mundo, o que pensam os católicos sobre as problemáticas relacionadas com a família, desde a crise profunda que atravessa às uniões entre pessoas do mesmo sexo e à possibilidade da comunhão para os divorciados recasados -, o Papa teria a última palavra, num documento seu, tendo em conta os resultados dos Sínodos. Acaba de ser publicado, com o belo título A Alegria do Amor. Uma Exortação Apostólica, com mais de 200 páginas e 325 pontos. O seu fio condutor é a misericórdia, ao encontro das pessoas em dificuldade. Não muda a doutrina, mas exige uma nova pastoral, de tal modo que o cardeal W. Kasper não se sentirá completamente defraudado ao ter previsto que "o documento assinalará o início da maior revolução na Igreja dos últimos 1500 anos".

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Moliceiros na Ria de Aveiro


Vão no longe moliceiros
De asas brancas, a voar,
Ao vento, leves, ligeiros,
Por sobre a ria a singrar.
Vão no longe moliceiros
De grandes velas a arfar.

Andam na faina do dia,
Desde a manhã ao sol-pôr.
Buscam nas águas da ria,
O moliço — verde cor.
Andam na faina do dia,
Colorido, encantador.

Vogam num lago de prata,
Circundado de cristal,
Qual sonho de serenata
Numa noite sensual!
Vogam num lago de prata
Sob o céu celestial.

Cortam as ondas de espuma
Pelas águas a boiar,
E essas vagas, uma a uma,
Vão mais longe desmaiar.
Cortam as ondas de espuma
Erguidas na preia-mar.

Parecem os bandos de aves,
Que no céu vão a subir,
E depois voltam, suaves,
Muito leves, a cair.
Parecem os bandos de aves,
A luz do sol a fugir.

Descrevem curvas serenas,
Como talhada magia,
Umas maiores, mais pequenas,
Duma estranha bizarria.
Descrevem curvas serenas
Nas transparências da ria.

As proas são rendilhadas
Por coloridas pinturas,
Com frases adequadas
A populares formosuras.
As proas são rendilhadas,
São ornadas de figuras.

Vão no longe moliceiros,
De asas brancas a voar...
Singram na ria, altaneiros,
À luz do sol, ao luar,
Vão no longe moliceiros,
— Majestoso deslizar!

Amadeu de Sousa

Fonte: Boletim Municipal de Aveiro
Ano III, 1985,n.º 6