quinta-feira, 31 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Cuidar dos pais


Não tenho a felicidade da presença física dos meus pais. Morreram há muito, mas no meu espírito eles sentam-se ao meu lado, riem e gracejam, choram e comovem-se, ralham e ficam calados. Vezes sem conta vi os seus olhos fixos nos meus e ouvidos atentos ao que eu dizia. E o contrário também é verdade. 
Vem isto a propósito de uma crónica de Laurinda Alves publicada no Observador, intitulada "Quero continuar a ser a filha dos meus pais". Recomendo  leitura. E recomendo porque nem sempre se olha para os pais idosos com o carinho que eles merecem e necessitam. Ouvem-se desculpas com o trabalho, falta de tempo, falta de dinheiro, falta de espaço em suas casas, etc. Contudo, conheço famílias que nos dão lições de dedicação a quem tanto deu  aos filhos,  netos e à comunidade. Ler a crónica de Laurinda Alves aqui. 

Deambulando pela Figueira da Foz

Forte de Santa Catarina em dia de feira Medieval
Entrada na Marina
Barquinho na Marina
História na cidade
Mãe vigilante no Jardim Municipal
Gaiteiros na Feira 
Desfile Medieval
Burros para a arte de bem cavalgar toda a sela
Carrossel a pedais 

quarta-feira, 30 de março de 2016

De regresso ao trabalho


Depois do regresso, as arrumações. Gosto de mudar de ares como de mudar o que me cerca. Às vezes arrependo-me e volto à posição inicial. Amanhã, se Deus quiser, estarei em posição de atualizar os meus blogues e de apostar no arquivo de papelada avulsa. É que frequentemente não consigo descobrir o que pretendo. 
Confesso que andava com saudades da minha tebaida. Noutro sítio, sinto-me como peixe fora de água. Nem respiro bem nem sei concentrar-me. Canso-me depressa fora da minha casa.
Ana Maria Lopes anunciou hoje no seu blogue o 4.º aniversário do Ciemar a celebrar no Museu de Ílhavo, sábado, 2 de abril, pelas 17 horas,  enquanto evocou Bernardo Santareno e o seu livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, com estórias de tripulantes de navios bacalhoeiros, colhidas durante 12 meses nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia. Tanto bastou para reler nacos deliciosos da prosa daquele escritor, que também foi médico no Gil Eanes. Vai sair uma nova edição do livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, melhorada, segundo li no Marintimidades.


terça-feira, 29 de março de 2016

"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra"

Um livro de Licínio Amador


"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra", que ainda não li, mas cujo teor conheço por informações do autor, diz muito a muita gente da nossa terra e região, por abordar um assunto que não pode cair no esquecimento. Trata este trabalho do afundamento do “Maria da Glória”, onde pereceram alguns gafanhões, entre outros. Também se salvaram alguns, e de todos, os que morreram e os que sobreviveram, dá nota Licínio Amador, um ilhavense apaixonado pela temática marítima. Sei do seu esforço para se documentar sobre aquele naufrágio provocado, em tempos da Segunda Guerra Mundial, por um submarino alemão, que não respeitou a posição neutral de Portugal naquele conflito bélico de grande e dolorosa dimensão.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Será possível ressuscitar a Europa?

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO


«O que importa 
é a ressurreição da Europa. 
Como? Veremos.»

1. Não tenho nenhuma competência para me juntar à torrente de discursos sobre os modos de enfrentar os actuais movimentos terroristas, quer nos seus desígnios globais, quer europeus. Destaco a lucidez do Editorial do PÚBLICO [i]:Enquanto se financiar sem limites, o terrorismo continuará a matar. É preciso secar-lhe as raízes.
É sempre possível dizer que as raízes do terrorismo não são financeiras e que o dinheiro, sempre à disposição, é apenas um recurso instrumental. Seja como for, as discussões sobre as suas raízes metafísicas, sociais, éticas e religiosas não podem servir para esquecer a urgência em lhe cortar as bases e os percursos financeiros. Haverá vontade firme de executar esta operação, quando os bem conhecidos circuitos do comércio de armas e de seres humanos continuam, ano após ano, à solta, a crescer e a matar?

domingo, 27 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Figueira da Foz


Forte de Santa Catarina 
A Figueira estará a mudar? Penso que sim. Há anos, nas férias da Páscoa, a Figueira da Foz era positivamente invadida por turistas nacionais e estrangeiros. Não tenho dados estatístico, mas é essa a minha perceção. Os restaurantes não enchem, o trânsito flui com regularidade, os estacionamentos não oferecem dificuldades. Junto da minha residência, nas Abadias, tudo parece calmo. Os apartamentos não dão sinais de moradores. 
Num restaurante que costumo frequentar, uma responsável dizia, para quem a queria ouvir, que o turismo tem merecido pouca atenção dos autarcas. Daí, dizia, o reduzido afluxo de visitante.
Este fim de semana, contudo, a Feira Medieval, que decorreu junto ao Forte de Santa Catarina, com tendas a condizer, desde artesanato a “cousas para beber” e comer, ofereceu alguma animação à cidade. Registos históricos, música, danças, gente vestida à moda de tempos de há séculos, burros de carga para miúdos aprenderem a arte de bem cavalgar toda a sela, teatro e cenas do quotidiano da Idade Média. 
Também por lá passámos, não para matar saudades, que somos desta época da União Europeia, agora de crise económica, social e política, mas que outrora se massacrava com guerras intestinas, com razões complicadas para o entendimento do pensar dos nossos dias. Se calhar, as mesmas razões dos conflitos de hoje, pautadas por interesses pessoais, regionais, invejas, ódios, vinganças, ânsia de poder, “glória de mandar” e “vã cobiça”, da tal  "vaidade a que chamamos fama”, como disse Camões.

Páscoa de 2016

RESSURREIÇÃO

Garantia de eternidade


Ressurreição é primavera florida, é vida nova renovada e renovadora, é alegria contagiante, é renascimento sempre desejado, é início da era cristã, é porta que se abre à partilha, é bondade libertadora, é projeto de mudança, é reconciliação com o outro, é anúncio de paz universal, é ânsia de fraternidade, é escolha de caminhos que conduzem a portos de abrigo, é luz que ilumina sem cessar, é partida para rumos sadios, é meta de ternura a alcançar, é conquista do amor no dia a dia, é sentido de proximidade com todos, é descoberta de horizontes mais largos, é atingir o cume da montanha, é experiência de perdoar a cada momento, é garantia de eternidade.

Notas do meu Diário: Cumpri o prometido


No meio do mundo, consegui fazer o jejum da penitência. Não foi de todo fácil ignorar os ódios dos terroristas nem dos que sofrem as consequências desses ódios anunciados como de um Deus que dizem ser também o nosso. Não é nem pode ser. Gosto do  Deus que descobri nos alvores da minha juventude, que não do que senti em menino. Este era de barbas brancas, carrancudo, com o dedo especado a indicar-nos o fogo do inferno por tudo e por nada. Depois, muito mais tarde, veio o Deus do perdão, do caminho, verdade e vida partilhada. E agora, com o Papa Francisco, temos o Deus da Misericórdia que enfrenta barreiras anacrónicas dos que não aceitam a bondade infinita do Senhor Todo Poderoso. E da bondade infinita deste Deus já gosto muito mais…

Páscoa de 2016

O Coelhinho da Páscoa

Crónica de Maria Donzília Almeida


Num dia cinzento e frio, 21 de março, o GTUS (Grupo de Teatro da Universidade Sénior) levou brilho e magia a um grupo de criancinhas dos jardins-escola da cidade de Ílhavo, com a dramatização da história do Coelhinho da Páscoa, ali no seu Museu Marítimo.
No imaginário das crianças, a entrega dos ovos de chocolate é feita por um coelho de olhos vermelhos e pelo branquinho. Como se trata de uma historinha ternurenta, passo a transcrevê-la sucintamente.
Perto da casa do Menino Jesus, um passarinho construiu o seu ninho. Todas as manhãs, Jesus era acordado pelo alegre chilrear da avezinha.
Certa manhã, porém, Ele foi acordado pelo piar aflito do passarinho. Jesus espreitou e viu que a mamã passarinho chorava inconsolável, pois a raposa havia roubado os seus ovinhos.
O menino Jesus ficou triste e saiu pela floresta, pedindo aos bichos que passavam que o ajudassem a encontrar os ovinhos roubados.
—Gatinho, queres ajudar-me a encontrar os ovos da mãe passarinho?
—Não posso Jesus. A minha dona encarregou-me de caçar um rato que lhe rouba queijo todas as noites.

sábado, 26 de março de 2016

Esperança enlutada

Crónica de Anselmo Borges 

À memória do meu irmão
Marinho Borges

1 Quando se pensa em Deus e na morte (a dupla face do absoluto), é no abismo da perplexidade que se cai. Pascal disse-o de modo inexcedível: "Incompreensível que Deus exista, e incompreensível que não exista; que a alma seja com o corpo, que não tenhamos alma; que o mundo seja criado, que o não seja, etc." Ninguém pode dizer que sabe que Deus existe ou que não existe. Deus não é "objecto" de saber, mas de fé. Há quem acredita e há quem não acredita e uns e outros crêem, com razões.
De qualquer modo, Deus continuará sempre presente enquanto questão in--finita. Como escreveu recentemente A. Comte-Sponville, um dos filósofos actuais mais influentes, que se define como "ateu fiel": "As religiões são tão antigas como a humanidade civilizada. Há todos os motivos para pensar que durarão tanto quanto ela. O universo é um mistério, que permanecerá para sempre inexplicável. A vida, uma prova, que continuará sempre frágil. A consciência, um sofrimento, para sempre inconsolável. Porque há algo e não nada? Não sabemos. Nunca saberemos. Porque é que existimos? O que é que nos espera depois da morte? Também não sabemos. Isso deixa espaço aberto para as religiões, portanto, também para o ateísmo, que é mais recente, uma vez que pressupõe a ideia de Deus e depois a sua crítica, e igualmente sem provas. A questão de Deus, filosoficamente, permanece aberta: só podemos responder em termos de crença ou não crença, uma e outra subjectivas, sem que algum saber possa alguma vez fechar o debate. Lição de tolerância, para cada um, e de humildade, para todos."