terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher


 A mulher ainda precisa do seu dia especial com data marcada no calendário. O homem não precisa desse dia especial para si próprio, porque se considera o rei da criação. O homem tem todos os dias por sua conta. É ele que manda em quase tudo. A mulher ainda luta por estar em pé de igualdade com o homem em muitas áreas. Em muitas tarefas profissionais ganha menos quando faz o mesmo que o homem. Na liderança, em vários setores, é preterida em favor do homem. O homem é o sexo forte, mesmo sendo frágil; a mulher é o sexo fraco mesmo sendo forte.
Na política barram-lhe a subida apesar do mérito, da sensibilidade, da persistência e da intuição. Mas quando tem campo aberto lidera.
Nas universidades e no ensino é maioritária; na investigação dá cartas; nos cuidados médicos e nas artes bate-se em pé de igualdade; no desporto agiganta-se; e na família cuida, amamenta, espalha ternura, acarinha, estimula, abre horizontes, ama incondicionalmente. E apesar da aparente fragilidade ainda consegue acumular duas profissões: Uma remunerada, a do emprego;  e outra não remunerada, a de casa,  por amor.

Somos Livros


Em Aveiro, cidade de que gosto,  passei pela livraria Bertrand como é costume. Para ver livros e para comprar se houver apetite para isso. Por vezes fico com ideias que só concretizo noutra maré. Olhei para um texto já meu conhecido, que não sei se já o divulguei por aqui. De qualquer modo, cá está ele...
Boas leituras.

domingo, 6 de março de 2016

Um contador de histórias subversivas

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«A Eucaristia é um convite para a festa, 
para a festa de Deus revelada nos gestos 
e nas palavras de Jesus.»

1. Segundo os evangelhos sinópticos [1], Jesus não deu nenhum contributo para o avanço das ciências, nem revelou um grande pendor metafísico, embora não faltem investigadores que, hoje, o reconheçam como um filósofo.
O facto é que não deixou nada escrito. A sua breve intervenção pública acabou num fracasso tão vergonhoso, que ninguém poderia descobrir alí qualquer caminho de futuro. Aconteceu que os seus seguidores, depois de várias crises, não recalcaram a sua memória. Alguns judeus continuaram a ver, naquele carpinteiro de Nazaré, o messias esperado; outros recusaram-no, o que nada tem de surpreendente. Passados dois mil anos, Daniel Boyarin, conhecido especialista do Talmude, observa que se há alguma coisa que os cristãos sabem bem a propósito da sua religião é que ela não é o Judaísmo.

sábado, 5 de março de 2016

Aliança Underground Museum — Uma visita obrigatória

Buda em meditação



Mandíbula de dinossauro
Visitar o Aliança Underground Museum estava no rol dos meus propósitos há muito tempo. Como não sou pessoa de pensar e logo realizar, fui adiando a visita ao Museu Subterrâneo Berardo instalado nas Caves Aliança. Mas hoje aconteceu. Com o meu filho primogénito Fernando, como ele próprio se identifica, lá fomos, incluindo na viagem uma visita a um amigo que está doente há vários meses. Este, aliás, foi o primeiro objetivo do passeio que programámos para hoje. Depois do almoço, com o célebre Leitão da Bairrada a pontificar, a visita ao amigo foi comovente. 

Mineral
Quando os amigos adoecem, ficamos sempre com a sensação da nossa finitude. Sobretudo quando não temos nem conhecemos forma científica de lhes valer. É o caso. Como crente, entrego nas mãos de Deus o meu amigo sofredor, mas muito lúcido,na esperança de que recupere o mais depressa possível.
A ida ao museu veio mais tarde. Visita guiada, que doutra forma seria impossível, tal a riqueza e a quantidade dos objetos expostos, num casamento perfeito entre arte, produção, armazenamento e comercialização vinhos, onde predominam os espumantes, destinados grandemente à exportação, com a marca das Caves Aliança a selar este setor, de que o Comendador José Berardo é seu principal proprietário.

Arte africana
Deixando os vinhos de lado, muito embora sejam a razão de ser da coleção do Comendador Berardo em terras bairradinas,  voltemo-nos para o que os nossos olhos viram de expressivamente belo e digno de outras visitas sem pressas, a que o guia, conhecer do que está exposto e do todo que são as empresas e coleções daquele colecionador, empresta vivacidade e conhecimento a quem o acompanha.
Impossível se torna para mim, que regressei a casa há pouco tempo, descrever com pormenor o que os meus olhos contemplaram  e os meus ouvidos captaram. De qualquer forma, retenho na memória as coleções de arqueologia e etnografia de várias regiões africanas, escultura, coleções de minerais e fósseis com milhões de anos, cerâmica das Caldas, azulejos de diversos séculos, estanhos que só podem ser vistos através de grades de segurança, pinturas antigas e contemporâneas, móveis e um sem-número de objetos criteriosamente selecionados para encanto de quem gosta de arte desde o homem primitivo até ao homem dos nossos dias, de todos os quadrantes do mundo.

Cabeça de dinossauro

A coleção do Comendador Berardo não se limita a umas tantas salas ou salões, mas espalha-se por corredores e subterrâneos, lado a lado com vinhos tintos e brancos, aguardentes e espumantes, em pipas de carvalho francês e russo, talvez ainda de outras origens que não fixámos, depois em garrafas, antes de seguirem viagem para as nossas mesas e festas. 
Depois destas rápidas considerações aqui fica o meu apelo: Se puderem ou quando puderem não percam a oportunidade de visitar as Caves Aliança, em Sangalhos, mas não deixem de marcar reserva por telefone (234 732 045).

Horário das visitas: 10h|11h30 – 14h30|16h.

Todos os dias do ano, exceto 1 de Janeiro, Domingo Páscoa, e 25 de Dezembro.

Fernando Martins

Santuário de Schoenstatt — O silêncio à nossa espera

Santuário de Schoenstatt
Se não tiver nada que fazer… Se gostar de apanhar ar fresco… Se quiser encontrar-se consigo mesmo… Se preferir meditar um pouco… Se lhe apetecer sentir a força do silêncio… Se amar a riqueza da natureza… Se tiver necessidade de viver a quaresma… Se aceitar buscar Deus… Passe um dia destes pelo santuário, mas vá sozinho.
Bom fim de semana.

Os dois pais, a liberdade, Spotlight

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias


«A Igreja Católica tem muitos e graves problemas 
para resolver, mas a questão da reconciliação sã 
com a sexualidade é fundamental»

A. Foi uma chuva de críticas contra o disparate do BE com o cartaz "Jesus também tinha dois pais", que pretendia celebrar uma causa justa: a não discriminação na adopção. Cito: "campanha infeliz", "ofensivo", "desrespeitoso", com "teor sexista", "de mau gosto", "estúpido", "imbecil", "provocação bacoca", no meio da bebedeira do poder... Alguém sugeriu que, se se quer mostrar força, faça--se algo parecido com imagens do islão. Por mim, disse e repito: A frase, "mais do que infeliz, é ridícula. Onde está a graça? A mim não me ofende e a Deus também não, porque o ridículo só atinge quem o produz". De facto, Jesus teve dois pais, como qualquer um ou uma de nós: um pai e uma mãe. O cartaz é um tiro no pé.

Abraço do pai acolhe filho reencontrado

Reflexão de Georgino Rocha


“O meu filho voltou à vida. 
Foi reencontrado. Façamos festa”

A parábola do “filho pródigo” atinge o seu momento mais expressivo no abraço do Pai que, pacientemente esperava o seu regresso. A narração é uma maravilha saída da pena de Lucas. A mensagem é um primor que Rembrandt visualiza de forma magistral. Os protagonistas apresentam traços humanos do rosto de Deus que Jesus insistentemente quer que os seus interlocutores acolham, admirem e apreciem. A Igreja prolonga na história a missão de Jesus e esforça-se por lhe ser fiel e por fazer brilhar em si e nos seus membros a ternura, o calor e a misericórdia que transparecem naquele gesto familiar. Os cristãos ficam constituídos em seus discípulos missionários pelo estilo de vida e pela prática de obras de justiça impregnada de amor de serviço generoso.

Auto da Barca do Inferno

Crónica de Maria Donzília Almeida

Elenco 

«Vocês, artistas que fazem teatro em grandes casas, sob sóis artificiais diante da multidão calada, procurem, de vez em quando, o teatro que é encenado na rua. Cotidiano, vário e anónimo, mas tão vivido, terreno, nutrido da convivência dos homens, o teatro que se passa na rua.» 

Bertolt Brecht

Fidalgo

No dia 29 de fevereiro, a Companhia de Teatro (!?) da US levou à ribalta, no Museu Marítimo de Ílhavo, o Auto da Barca do Inferno, trazendo colorido ao último dia de um mês tenebroso em termos de meteorologia. Em parceria com a autarquia e num intercâmbio com as escolas do município, foi proporcionado aos alunos do 9º ano a visualização desta peça de teatro que faz parte do programa de Língua Portuguesa. Da teoria, passaram à prática. Constitui uma forma de enriquecimento das aprendizagens em contexto de sala de aula, já que os alunos, nesta faixa etária, não acham grande piada às opiniões que Gil Vicente tinha da sociedade da época.
Tive a agradável surpresa de ver, na assistência antigos alunos , acompanhados dos seus professores, meus colegas. Houve acenos e sorrisos cúmplices que se mesclaram com a nostalgia dos tempos áureos da teacher . Senti-me duplamente em casa.

sexta-feira, 4 de março de 2016

14 mil plantas nas dunas da Praia da Barra

14 000 Plantas dão uma “mãozinha” 
às dunas na luta contra a erosão costeira 
e na Adaptação às Alterações Climáticas



«Depois de em maio de 2014 ter sido iniciada a operação de reconstrução do areal da Praia da Barra, seriamente afetada pelo então rigoroso inverno de 2013, numa ação que envolveu a recarga com 350 mil metros cúbicos de areia, foi agora chegada a vez de consolidar todo aquele trabalho de parceria entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a Agência Portuguesa do Ambiente.
Assim, duas turmas de Eco-Escolas do Município de Ílhavo — a EB 2,3 José Ferreira Pinto Basto e a EB1 da Chave -— juntaram-se ao Vereador do Ambiente, Marcos Ré, e ajudaram a dar “uma mãozinha” às dunas, deixando assim a sua marca positiva no combate à erosão costeira.
Esta intervenção prevê a colocação de 14 000 pés de estorno (planta apropriada à estabilização do cordão dunar) para uma área a renaturalizar de aproximadamente 7000 m2, em toda a extensão do cordão dunar compreendido entre o Molhe Sul e o apoio de praia offshore, e tem um valor de investimento global de aproximadamente 5.000,00 euros por adjudicação da Câmara Municipal de Ílhavo à empresa Espojardins (empresa com intervenções recentes na obra de reforço do cordão dunar Costa Nova – Mira).»

Fonte: CMI

A nossa gatinha Biju morreu

O gosto pela solidão

Morreu hoje a nossa gatinha Biju com cancro que não lhe perdoou a sua existência serena no meio de nós. Tinha 15 anos e parecia saudável. Era assistida com regularidade pelo médico veterinário, mas de repente tudo se precipitou.
Não considero um lugar-comum proclamar-se que, «quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais». É verdade. Os animais domesticados são companhia agradável, fieis aos donos e disponíveis para a convivência. Até dão a impressão de que se alegram com as alegrias da família, ficando tristes quando pressentem dores e tristezas de quem deles cuida.
Quando a doença se manifestou, longe estávamos de pensar que seria o fim. A Biju enfrentou outros males, mas tudo ultrapassou, dando-nos o exemplo, inconsciente decerto, de teimosia em viver.
Cá em casa morava no sótão com a filha, a Guti, com quem teve algumas quezílias temporárias que a seguir esquecia.
Quando nova, ia dar as suas voltas, mas logo regressava à janela por onde saía habitualmente. Depois corria para os seus aposentos, onde a dona, a minha Lita, tudo tinha preparado: camas adequadas à estação do ano, água fresca, alimentação própria, uma janela para apreciar o ambiente e o sossego de que tanto gostava. Tardes e noites inteiras sem se mostrar e sem se incomodar com o mundo.
Quando estranhava a ausência da dona, à noitinha, descia pela porta sempre entreaberta e miava como que a saudar ou chamar a Lita. E então, na altura em que a Lita se aprontava para subir ao sótão, a Biju corria feliz da vida à sua frente.
Morreu deixando um certo vazio em toda a família, mas legou-nos uma filha que dela herdou o gosto pela solidão, por uma vida sem pressas, sem querer incomodar seja quem for, mas desejado também que a não incomodassem.