segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Temos de ser nós a pagar?

Serra da Estrela

«Cansa-me assistir regularmente ao espetáculo de meios militares - homens, helicópteros, navios, etc - e de outras estruturas públicas serem chamados para acorrer, nas montanhas ou no mar, a pessoas que, por puro deleite e gosto insensato pelo risco, se metem em alhadas. 
Será que os contribuintes portugueses têm obrigação de suportar os custos decorrentes da inconsciência desta gente? A lei prevê que o Estado possa ser ressarcido por estes gastos? Alguém sabe responder?»



O que não fiz e podia ter feito

Conímbriga

Quando me recordo dos passeios que dei, das viagens (poucas) que fiz e das terras por onde passei, sem disso tudo registar, algumas vezes, quaisquer imagens que me encantaram e que mantenho na memória, fico incomodado. É certo que não havia o digital nem redes sociais para as partilhar com a facilidade com que hoje toda a gente o faz. E quando vou à cata de algumas, em álbuns ou em caixotes, aos molhos, fico desolado com a má qualidade que ostentam. A vida é mesmo assim.
Quem poderia imaginar que em poucas décadas tantas e tão espantosas mudanças surgiriam ao alcance de um clique, dando-nos a visão clara da aldeia global em que vivemos, onde o aqui e o agora nos mostram os vizinhos do lado a milhares de quilómetros das nossas janelas? E não é que com todos podemos falar, sorrir e chorar, partilhar ideias, sentimentos, emoções e até um pedaço de pão? 
Boa semana para todos.

Fernando Martins

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Esta Quaresma começou bem (2)

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«O Papa observou que a hibridação irreversível
da tecnologia aproxima o que está afastado,
mas, infelizmente, torna distante 

o que deveria estar perto.»

1. Há 25 anos, a convite do Centro Bartolomé de Las Casas, de Cusco, participei num congresso internacional sobre modelos de Inculturação e Modernidade, realizado na cidade do México. Samuel Ruiz Garcia, bispo de San Cristobal de las Casas, estava hospedado no convento dominicano onde também eu tinha sido fraternalmente acolhido. Pude conversar longamente com esta figura do catolicismo mexicano que, na altura, já andava nas bocas do mundo, vigiado pelo Governo e pelo Vaticano. Contou-me que tinha sido um padre muito conservador. O contacto com a vida terrível e humilhada dos índios de Chiapas, a participação no Vaticano II e na conferência de Medellin (Colômbia), mostraram-lhe que o caminho do catolicismo era o da incarnação nas culturas nativas. Daí brotou a teologia indigenista que se prolongou na teologia da libertação.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Sobre a eutanásia: perplexidades

Crónica de Anselmo Borges 



 «E o Estado fica com mais 
um encargo: dar a morte?»

1. O debate está aí. Só espero que seja sério, sereno, argumentado, sem pressas, distinguindo muito bem as questões e os conceitos. Por exemplo, todos querem a eutanásia, sim, no sentido etimológico da palavra: uma "boa morte" e também uma "morte assistida", com cuidados médicos adequados, presença afectiva, moral, espiritual. E é bom reflectir que, quando o que está em causa é viver ou morrer, não se pode pretender impor-se aos outros, para vencer a todo o custo. Aqui, não há vencedores nem vencidos: todos seremos vencidos. Mesmo para os crentes, que acreditam na vida para lá da morte, neste mundo, a morte, irreversível, é o poder que a todos derrota. Daí, o primado do combate pela vida.

É urgente dar frutos de boas obras

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha
«É urgente acolher 
a paciência de Deus que brilha»


Jesus recebe notícias trágicas e reage com lucidez espantosa, aproveitando para apresentar a novidade do agir de Deus na história. São notícias do massacre de pessoas indefesas enquanto estavam no templo a praticar o culto; massacre levado a efeito pelo poder político com rosto pessoal – o de Pilatos. Ontem como hoje. E o cortejo de vítimas é incontável. Infelizmente.

Outra notícia triste refere-se à queda da torre de Siloé que causa danos graves e mata gente inocente. Sem dizer nada sobre o motivo de tal ocorrência, Jesus avança com a pergunta de interpelação pedagógica: “Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?” E acrescenta: “De modo algum, vo-lo digo Eu”. O contraste evidencia o começo da novidade do proceder de Deus em relação às pessoas e a toda a humanidade.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Simplesmente Maria

Crónica de Maria Donzília Almeida


Quando cheguei à US tudo era novo para mim: os espaços, as pessoas, a natureza envolvente. A primeira pessoa com quem me cruzei, ocupava-se nas suas tarefas de horticultura ali, na Quintinha da Remelha. Com solicitude, deu-me as informações pretendidas e franqueou-me as portas do US…
Este nome evocava-me uma antiga instituição, vocacionada para o tratamento de toxicodependentes da Associação Le Patriarche, fundada em 1974, por Lucien Engelmajer.
As histórias de vida que ali se cruzaram, os dramas de jovens colhidos na teia das vicissitudes humanas, na sua luta contra a tirania das dependências, parecem ter deixado, aqui, um rasto de erosão. Um véu de decrepitude paira neste espaço, a começar nas palmeiras de braços caídos, que sucumbiram aos parasitas invasores.

Rota das Padeiras


As padas de Vale de Ílhavo 
valem quanto pesam

«Organizada pela Câmara Municipal de Ílhavo, em parceria com a Associação Cultural e Recreativa “Os Baldas”, a Rota das Padeiras visa promover as Padeiras de Vale de Ílhavo e as suas iguarias gastronómicas, tendo lugar na Sede da Associação (Rua Cabeço do Nuno, 8, Vale de Ílhavo, junto à Estátua da Padeira), onde decorrerão diversas iniciativas como Showcookings, Degustações, Workshops, entre outras, que permitirão aos visitantes apreciar de forma mais próxima todos os aspetos inerentes a este que é um dos expoentes máximos da gastronomia ilhavense.»

Fonte: CMI

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Rádio Terra Nova no PÚBLICO

Comunidade aveirense 
une-se para voltar 
a dar “voz” a rádio local

Reportagem de Maria José Santana


«Cidadãos anónimos, figuras do panorama nacional da rádio e investigadores da área da comunicação estão empenhados em ajudar a reerguer a antena da Rádio Terra Nova, que não resistiu ao temporal do dia 14.»

«“A nossa primeira reacção foi: e agora?”, confessa Vasco Lagarto, director da Terra Nova. Nessa fase, e mesmo ainda sem saber quanto custaria adquirir uma nova antena, toda a equipa da emissora teve noção de que a despesa seria demasiado elevada e que o projecto podia estar em causa. Mas o desânimo não tardou muito a dar lugar a sentimentos de esperança, por força de uma onda de solidariedade que nasceu da própria comunidade. “Mal se divulgaram as primeiras fotos, surgiram pessoas a mobilizarem-se para desencadearem movimentos e iniciativas”, testemunha Carlos Teixeira, jornalista na Rádio Terra Nova há 28 anos.»

Texto e imagem do PÚBLICO

domingo, 21 de fevereiro de 2016

O mar na minha tebaida


Pois é verdade. Tenho o mar na minha tebaida. Conchas, búzios e outros achados apanhados nas nossas praias, graças à sensibilidade da minha Lita, mas também ao seu bom gosto.
Vejo o arranjo todos os dias e todos os dias me debruço sobre o conjunto para apreciar objeto a objeto, nunca me cansando de descobrir pormenores de cada concha ou búzio, que a mãe natureza nos oferece. E não é que os búzios refletem nos meus ouvidos o som do mar?
Curiosamente, a oferta é lançada como coisa inútil pelas ondas nos areais, ali ficando à espera de alguém que se condoa do seu abandono e a recolha e lhe dê o destaque a que tem direito. 

Esta Quaresma começou bem (1)

Crónica de Frei Bento Domingues 

«A falta de humor teológico e litúrgico 
acaba sempre por sacralizar o ridículo.»

1. As Igrejas Católica Romana e Católica Ortodoxa, em 1054, consumaram, de forma solene, o seu progressivo divórcio: excomungaram-se reciprocamente. Dizia-me um amigo, pouco entendido em questões de religião: isso de excomunhões deve ser com como lançar um feitiço para o quintal do vizinho. Só funciona se os dois acreditarem nisso.
De facto, quase durante um milénio, foi mantida essa sacralizada ficção. As duas partes faziam de conta que Deus dependia das suas quezílias teológicas e culinárias. Teológicas, porque se imaginavam a viajar pelo interior da Santíssima Trindade e a observar o percurso seguido pela fonte do Espírito Santo. Culinárias, porque não se entendiam acerca do uso do pão,fermentado ou não fermentado, na celebração da Eucaristia, nem reconheciam a cada uma das igrejas a liberdade de seguir a receita da sua preferência.