sábado, 22 de novembro de 2014

Reformados, eméritos, etc.

Crónica de Anselmo Borges no DN
«Há muito que me pergunto porque é que uns são reformados, outros jubilados, outros eméritos, outros pensionistas ou aposentados. Pus-me no encalço das palavras, à procura do seu sentido originário. O que aí fica é o resultado, confesso que um pouco apressado, desse exercício.»

Nota: Para ler neste blogue na próxima segjunda-feira

A mim o fizestes

Reflexão semanal de Georgino Rocha

 A herança futura chega 
em cada momento de bondade 
dispensado a quem necessita

Cenário majestoso realça a importância da figura central e contrasta com a simplicidade dos convocados, a sobriedade das alegações, a contundência da sentença. A solenidade da grande assembleia é patente: anjos rodeiam o homem que está sentado num trono de glória, nações inteiras aparecem dos cantos da terra, o universo converge no mesmo espaço e testemunha o acontecimento. A acção a realizar é extraordinariamente simples, semelhante à de um pastor que, ao cair da tarde, ou ao chegar o tempo invernoso, recolhe o rebanho, separando as ovelhas dos cabritos. Mt 25, 31-46.

A imagem pastoril ilustra, de forma acessível e eloquente, a mensagem que Jesus pretende “passar” aos discípulos de todos os tempos: a opção pelo futuro constrói-se no presente, a semente contém, em gérmen, a árvore, a relação solidária vive-se em atitudes concretas, a glória do Pai brilha nos gestos de fraternidade, a atenção aos “pequeninos”, a quem a vida não sorriu por malvadez humana, manifesta o reconhecimento de quem se identifica com eles e por eles vela com a máxima consideração.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eva Cristina não saberia viver sem música

Eva Cristina Ribau
e o prazer de ensinar a cantar


Eva Cristina Ribau


Liturgia sem boa música é uma tristeza

«Liturgia sem boa música é uma tristeza», garante Eva Cristina Ribau em entrevista ao Timoneiro, quando referiu a importância da “rainha das artes” na vida das pessoas. «Todos nós estamos envolvidos pela música: o tique-taque do relógio, a trovoada, o caminhar na rua, o vento que zune e tantos outros sons que nos enchem os ouvidos», sublinha.
Começou a gostar de música desde sempre e aos seis anos a mãe matriculou-a na escola de música. E conta que, em pequena, quando foi operada, sua mãe notou que ela batia com os dedos na perna engessada, como se estivesse a tocar piano. Deduziu que a Eva teria inclinação para a música. E assim foi o princípio de uma vida dedicada às artes musicais. Por isso, conclui a professora Eva, «os pais devem observar os filhos desde pequenos, no sentido de identificarem alguns sinais que indiciem certas propensões».


Candura

Crónica de Maria Donzília Almeida



“A admiração
 é a ingenuidade da inteligência.”

Berilo Neves

Para cativar a atenção e o interesse dos alunos, hoje em dia, o professor tem de fazer malabarismos, que noutra épocas se atribuiriam apenas aos acrobatas circenses.
Dadas as solicitações a que está sujeito o aluno, na concorrente escola paralela, caberá ao professor superá-las, se quer conquistá-lo para o contrato pedagógico.
Assim e para conquistar os alunos para o assunto da aula, a teacher recorreu a uma nova estratégia, na abordagem da matéria desse dia.
Ia ensinar as criancinhas a dizer a morada em Inglês e para isso usaria a 1.ª pessoa: My address is…. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Recordando São Pedro de Moel



Na minha coleção de fotografias digitalizadas, que é um caos autêntico, encontro frequentemente imagens de viagens que fiz, de museus que visitei, de paisagens que contemplei e de tudo o que me tocou: um poema, uma árvore, pessoas, monumentos e tanta... tanta coisa. O que importa é pegar nisso e reviver momentos agradáveis, renascendo o desejo de voltar. Recordar não é reviver?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Bom Jesus de Braga

Crónica de Maria Donzília Almeida




Santuário do Bom Jesus


Durante a minha efémera permanência em terras minhotas e quando ares primaveris convidavam a um passeio dominical, o Bom Jesus de Braga impunha-se como um destino apetecido e ali mesmo à mão. À sombra de frondosa vegetação, aspira-se o ar puro que enche os pulmões, enquanto a mente se perde numa contemplação e reflexão retemperadoras da alma.
Nesta cidade, a natureza e a arte de André Soares e do coronel Vila-Lobos combinam-se para fazerem deste local um verdadeiro ex-libris da cidade dos Arcebispos.

Em louvor de Tolentino Mendonça

Ou o exemplo 
de uma poética 
da espiritualidade



Durante anos decisivos da sua existência ao serviço da Igreja e da cultura em Portugal, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) foi orientado e movido pelo Padre José Tolentino Mendonça, que o conduziu com a força tranquila do exercício cristão dos seus talentos de inteligência e sensibilidade.
O rosto e a travessia do SNPC refletiram, pois, o perfil e a atitude de um Diretor não preocupado em ter presença espetacular ou intervenção ostensiva no terreno (ciente, aliás, de que «nenhum nome/ serve jamais para dizer/ o fogo»), mas empenhado na eficiência discreta e no gesto inspirador de uma autêntica poética da espiritualidade.
Graças a Tolentino Mendonça, o SNPC foi durante anos ajudando a descobrir o sentido nos «intervalos do silêncio», que os atos e as palavras guardam. No confronto com «o assombro e a tensão inerentes à vida» foi apontando ou abrindo caminhos de "via spiritus" e "via pulchritudinis" para o valor divino do humano.
Com a contenção que impera na sua obra lírica, com a densidade de sugestões reflexivas que dela ressalta para as suas crónicas e para as suas homilias, a sua condução do SNPC ensinou a ver o implícito e a ler o flagrante segundo uma gramática do assentimento, na «partilha/ do furtivo/ lume».
Iniciados nesta poética da espiritualidade, vamos cultivar o seu exemplo!

José Carlos Seabra Pereira
Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Publicado em 18.11.2014


Nota: Faço minhas as palavras certas e oportunas do novo Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Tive o prazer de me encontrar algumas vezes com o padre e poeta Tolentino, cujos escritos me habituei a ler e a meditar a partir deles. Continuarei a saborear os seus livros à medida que forem publicados. Presentemente estou com o mais recente, "A Mística do Instante", que me conduz por caminhos que eu nunca havia calcorreado. E com que prazer tenho encontrado paisagens de corpo e alma, com tonalidades de puro deleite! Do padre Tolentino muito teremos ainda de esperar porque a sua riquíssima sensibilidade está atenta à vida que vale a pena ser vivida.

- Posted using BlogPress from my iPad

Mordomias sem sentido


Cavaco Silva, quando terminar o mandato,
passa  a ter gabinete neste palácio

«Como ex-Presidente da República, Cavaco Silva vai ter direito a um gabinete, uma secretária, um assessor e carro com motorista e combustível. Este era, aliás, o último orçamento em que poderia incluir verbas para a despesa com obras num futuro gabinete. Na proposta que está na Assembleia da República, estão 700 mil euros destinados a obras de conservação e restauro, mas nem todo o dinheiro é para o futuro gabinete. Parte será para pequenas obras no Palácio de Belém, no Museu da Presidência da República ou no Palácio da Cidadela.»

Ler no Observador


NOTA: Confesso, com toda a franqueza, que não entendo certas leis, como esta que dá direitos especiais aos ex-Presidentes da República, sendo certo que, terminados os seus mandatos, passam à situação de homens (ou mulheres, se fosse o caso) comuns. Homens comuns, com liberdade para intervirem na vida, na política, na cultura, na solidariedade, nas artes e em tudo, afinal, tal como um normal reformado ou aposentado. Até podiam ficar livres para missões especiais a pedido do Presidente da República em exercício.
Portanto, para quê e porquê gabinete próprio em palácio, com secretária (pessoa), assessor, carro, motorista e combustível? Será que ele não tem casa própria, carro, não sabe conduzir, e não terá dinheiro para o combustível? Francamente.



Indivíduo livre


“Se o indivíduo é passivo intelectualmente, 
não conseguirá ser livre moralmente”

Jean Piaget, 1896 - 1980

Lírica do Ciborgue



o ciborgue habita
debaixo da tua pele

pouco a pouco
ele toma conta
de todos os teus
sentidos e não sentidos

com os olhos ele vê
as cores que não há
nos ouvidos
músicas silenciosas
pela pele os toques
tocam nas coisas
imponderáveis
na boca os sabores
sabem de cor
os desgostos do gosto
no nariz
os odores são
as dores que sobem
desde a raiz
e no todo teu corpo
eles inauguram
os movimentos
que são teus pensamentos
na mágica do leve
levitarás em breve
nos espaços
abstratos
de todos os teus atos
trilhões das tuas células
serão sutilmente alteradas
e as funções
dos teus órgãos
serão novas
quando já não terás
um só eu
mas vários eus
que nem sequer
serás
é com eles
que para sempre
viverás
para além do óbvio
Homo Sapiens Ciborgue
irmão de mim próprio

E. M. de Mello e Castro
"Lírica do Ciborgue"

Nota: Sugestão do caderno Economia do EXPRESSO

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dia Nacional do Mar celebrado em Ílhavo

Amaya Sumpsi Langreo com Fernando Caçoilo

Prémio Octávio Lixa Filgueiras
 para Amaya Sumpsi Langreo

O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) assinalou o Dia Nacional do Mar no passado dia 15 de novembro, com diversas atividades, de que destacamos uma visita especial e restrita aos bastidores do Aquário de Bacalhaus e uma sessão de Histórias e Novelas Marítimas dinamizada por Miguel Horta.
Na sessão comemorativa do Dia Nacional do Mar, foi apresentado o número dois da Revista ARGOS do MMI, procedendo-se depois à divulgação dos vencedores da segunda edição do Prémio Octávio Lixa Filgueiras do Museu de Ílhavo. No final da tarde, os presentes foram brindados com uma Conversa de Mar, em que participaram Pedro Adão e Silva e João Catarino, autores do guia "Tanto Mar - À descoberta das melhores praias de Portugal”.
A revista ARGOS do MMI é dedicado à museologia marítima e à herança cultural que os museus desta temática  procuram preservar e transmitir. E neste número houve a intenção de editar um volume capaz de questionar os sentidos da museologia marítima que se pratica em diversos países e em museus que, pelo facto de serem marítimos, têm afinidades próprias de comunidades de gentes do mar.

Quando a ponte do Forte da Barra ruiu

Recordando um desastre

Ponte do Forte da Barra



Esta fotografia da antiga ponte do Forte, que ligava a Gafanha da Nazaré às Praias da Barra e da Costa Nova, leva-me a recordar um desastre que, por pouco, não provocou vítimas. A velha ponte, de madeira, mostrava de quando em vez sinais de alguma fragilidade, o que exigia redobrados cuidados. 
A “Auto Viação Aveirense”, que fazia os transportes de passageiros entre Aveiro e as praias, obrigava, com alguma regularidade, todos os passageiros a passarem a pé de um lado para o outro, tanto nesta ponte como na ponte da Gafanha, na Cale da Vila, que permitia a ligação a Aveiro. Saíam do autocarro para o retomar do outro lado da ponte, quer chovesse quer fizesse sol. 
No dia 5 de Julho de 1951, pelas 10 horas, porém, o desastre aconteceu na ponte do Forte. Quando o camião do senhor Manuel Ramos, conhecido por Manuel Russo (ou Ruço?) ia a passar, com cinco toneladas de areia, a ponte ruiu. O proprietário e condutor conseguiu sair de imediato, mas o filho Francisco Ramos, que o acompanhava, ficou debaixo de água durante quatro minutos e meio, segundo lhe afiançou o então mestre Augusto, encarregado da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA). 

Misericórdia de Ílhavo tem novo provedor

Fernando Maria e Álvaro Ramos

Álvaro Manuel da Rocha Ramos é o novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, sucedendo a Fernando Maria Paz Duarte. 
O novo provedor é natural de Ílhavo, tem 71 anos e foi Técnico Oficial de Contas. Felicito o provedor eleito, desejando-lhe um mandato profícuo para bem da comunidade do concelho de Ílhavo, área de atuação da Misericórdia. A tomada de posse será no dia 9 de janeiro.
Não podia deixar de felicitar, também, o meu amigo Fernando Maria que cessa funções naquele dia, pelo trabalho desempenhado, de muito mérito, enquanto exerceu as funções de provedor. 

Fonte: Diário de Aveiro. Foto do mesmo jornal

- Posted using BlogPress from my iPad

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Obelisco na Praça Comendador Carlos Roeder


Moral, vítimas e Deus

Crónica  de Anselmo Borges 
no DN


Vínculo inevitável 
entre moral e religião 
dá-se pela esperança, 
sobretudo quando se pensa
 nas vítimas inocentes

Após conflitos e condenações, a Igreja reconheceu a legítima autonomia das realidades terrestres, o que significa que, por exemplo, a ciência, a medicina, a política, a economia se regem pelas suas própria leis, sem a tutela da religião. Sobretudo quando se olha para o mundo islâmico, fica bem patente a importância desta autonomia nomeadamente na política, exigindo a separação da Igreja e do Estado.
Também a moral é autónoma. Aliás, na perspectiva cristã, autonomia e teonomia acabam por coincidir, na medida em que, se Deus cria por amor, então a plena e adequada realização humana, que deve constituir a norma e o critério da acção humana boa, coincide com a vontade de Deus, cujo único interesse são as criaturas totalmente realizadas: a vontade de Deus é o bem da criatura.