quinta-feira, 30 de novembro de 2006

AVEIRO: SÃO GONÇALINHO

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À espera das cavacas
::: SÃO GONÇALINHO DEBATIDO
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“Se o Porto tem o São João e Lisboa o Santo António, por que é que Aveiro não há-de ter o São Gonçalinho como grande festa municipal?”
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A hipótese foi levantada por Capão Filipe nos primeiros encontros de São Gonçalinho, que decorreram na tarde de 25 de Novembro, na antiga Capitania, promovidos pelos Mordomos de São Gonçalinho e a Câmara Municipal de Aveiro.
Quererá o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro relegar para segundo plano Santa Joana Princesa, a padroeira de Aveiro? Tal não foi esclarecido, mas depreendeu-se que não é disso que se trata, porque enquanto a festa da Santa Princesa é popular, mas não tem folia, a do Santo da Beira Mar, genuinamente popular, tem elementos e tradições para ombrear com as outras grandes festas citadinas, ainda que decorra no Inverno (10 de Janeiro).
Os encontros de São Gonçalinho contaram com mais de uma dezena de intervenções, do investigador universitário ao artista, do jornalista ao padre, do que invocou o auxílio e foi atendido ao confrade, tendo iniciado com uma representação da célebre “dança dos mancos” pelo Grupo Cénico Etnográfico das Barrocas.
A verdadeira “dança dos mancos” acontece(?) a hora incerta, dentro da “capela do santinho” e não pode ser filmada ou fotografada, nem presenciada por quem não dance. Na origem da dança, estaria uma forma de mancos genuínos pedirem auxílio ou esconjurarem a sua deficiência. Segundo o investigador Daniel Tércio, trata-se de “um elemento transgressor”, “como se [o mundo] virasse ao contrário”, à semelhança das “festas de loucos” medievais. Tal rito “tem importante sentido comunitário”, diz o investigador.
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Um texto de Jorge Pires Ferreira
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UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

RENOVAÇÃO, PROPÓSITO
QUE NÃO SE PODE ADIAR
Prestes a comemorar-se mais um aniversário, o 41º, do encerramento do Concílio Vaticano II, vem-nos ao pensamento a palavra profética e orientadora de Paulo VI. Naquele 8 de Dezembro de 1965 e nos tempos que se seguiram, ele não se cansou de encorajar a Igreja de então e de sempre, a que, sem medo, se empenhasse continuamente por trilhar o caminho da renovação e da conversão ao Evangelho. Só assim ela poderia responder às exigências da sua missão essencial, que tão eloquentemente expressara em tempos novos e exigentes que se viviam então e que seriam os que vinham a seguir. A renovação continua uma palavra e uma atitude actual, não apenas por força de um acontecimento que marcou a Igreja no seu futuro, mas, também, porque se nota alguma sonolência e instalação, em relação à graça e aos objectivos do Concílio, por parte de muitos cristãos, clérigos e leigos. As pessoas vão mudando e damos, com frequência, por gente que não viveu o Concílio, nem outros factos marcantes da sociedade, como a chegada do regime democrático e, para a qual, tudo pode parecer estranho. Não é que as novas gerações sejam menos generosas e atentas que as contemporâneas destes grandes acontecimentos que, a quando da sua realização, interpelaram por dentro, pessoas e comunidades. Pode ter acontecido, porém, que, por parte de muitos que os viveram, o ritmo da primeira hora tenha esmorecido, de modo a não contagiar, nem estimular o propósito e a atitude de renovação que a todos diz respeito, porque sempre e cada vez necessária e urgente. Por outro lado, Igreja conciliar e sociedade democrática, podem ser coisas tão naturais e óbvias que já não interpelam, nem põem em causa atitudes e projectos diários, mesmo que dissonantes.O propósito de renovação que nasce de uma conversão interior é sempre sinal de vida que quer durar e se quer expandir. Na conversão está a grande exigência posta pela renovação. Esta não se traduz apenas em fazer coisas novas, mas em tirar, do tesouro inesgotável e rico de sempre, coisas novas e coisas velhas, com sentido de novidade. A conversão leva a centrar a vida no essencial, voltando a ele ou reforçando as raízes que o suportam e alimentam. Pode e deve tornar-se uma experiência permanente, que não deixa adormecer, quando no horizonte dos compromissos estão coisas importantes, por vezes mesmo necessárias, a pedir intervenção. Paulo VI, em ordem à continuação do Concílio, fala de “renovar-se em Cristo”. Para um crente, a qualificação deste apelo é compreensível. Cristo é, para cada cristão, a referência necessária e segura para uma vida com sentido de responsabilidade. Aprender Jesus Cristo não é uma devoção. É o caminho do discipulado, da aprendizagem de uma vida consistente para fazer face ao dever de uma vida testemunhante e solidária. Ora esta atitude traduz-se em diálogo, serviço, disponibilidade; e ninguém como Cristo é modelo de um tal modo de ser e de agir. O Concílio não pode transformar-se numa preocupação de eruditos, mas há-de ser para todos uma luz norteadora. Todos os cristãos têm direito a esta luz que lhes permite viver e ser uma Igreja credível, pátria de salvos e, por isso mesmo, geradora de comunhão, num mundo perdido e dividido. Um sereno exame de consciência dirá a cada um que o caminho a andar ainda é longo e nem sempre cómodo. Mas dirá também que o caminho pessoal só o próprio o pode andar. Ninguém vai só e também isto constitui um estímulo a não ficar parado. Na berma da estrada estão os críticos, que nunca sentirão a alegria de fazer caminho, nem de construir o edifício apaixonante de uma sociedade nova, fraterna e solidária.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Fórum::UniverSal

NO CUFC - 6 DE DEZEMBRO
O DESPERTAR
DA IDENTIDADE LUSÓFONA
Paulo Borges é o convidado do CUFC (Centro Univer-sitário Fé e Cultura) para a “Conversa Aberta” do dia 6 de Dezembro, pelas 21 horas. O tema deste serão – “O despertar da identidade lusófona” – insere-se na “Semana CPLP”, que assi-nala o 10º aniversário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Paulo Borges é presidente da Associação Agostinho da Silva, bem como da União Budista Portuguesa. É professor da Universidade de Lisboa, onde trabalha nas áreas de Filosofia da Religião, Filosofia em Portugal e Antropologia e Cultura. É doutorado com uma tese sobre o escritor Teixeira de Pascoaes. Publicou livros de poesia e ensaio.
Também é o responsável pela edição das obras de Agostinho da Silva e coordena o projecto de levantamento, transcrição e estudo das obras e ideias daquele pensador e humanista, no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.
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Foto: Agostinho da Silva

CULTURA DA VIDA

CUFC, 1 de Dezembro
VIDAS COM VIDA
O projecto “Vidas com Vida” tem como missão promover, difundir e formar para uma verdadeira cultura da Vida. Para isso, é importante fazer incidir a nossa acção em duas áreas complementares: - Concepção e elaboração de material multimédia, já reunido no Kit “Vidas com Vida”; - Formação de Animadores de Encontros pela Vida. É um projecto construído por todos os que se envolvem na defesa e promoção da vida e nunca está acabado! Por isso estamos a fazer este desafio: No próximo dia 1 de Dezembro, no CUFC, a partir das 9 horas, vai ser apresentado o Kit “Vidas com Vida”, mostrando-se como pode ser utilizado para difundir a cultura da Vida. Para se poder preparar devidamente o encontro e reservar os Kits necessários, pede-se aos interessados que se inscrevam, através de cufc@ua.pt
ou 964423671 Esta é uma organização de Grupo Vidas com Vida, Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) e Movimento de Schoenstatt.

HOMENAGEM AO NOVO BISPO DE AVEIRO

D. ANTÓNIO FRANCISCO
ENTRA NA DIOCESE
NO DIA 8 DE DEZEMBRO
O novo Bispo de Aveiro, D. António Francisco, vai entrar na Diocese, por sua expressa vontade, no próximo dia 8 de Dezermbro, Dia da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal. A cerimónia começará às 16 hgoras na Sé de Aveiro, esperando-se que os diocesanos aveirenses participem com o entusiasmo e com a alegria próprios de uma festa como esta.
D. António Marcelino, que orientou os destinos espirituais da Diocese de Aveiro até agora, deixa a sua missão por limite de idade, cedendo o seu lugar a D. António Francisco. Permanece, no entanto, entre nós, para ajudar no que for preciso e para continuar a viver a sua vida de dedicação plena à Igreja e aos homens de boa vontade.
No dia seguinte, dia 9, D. António Francisco será homenageado durante um jantar de boas-vindas a realizar no Parque de Exposições de Aveiro. A iniciativa é organizada pela Câmara Municipal e a Aveiro Expo.
Como sublinha o presidente da Câmara, Élio Maia, o jantar pretende manifestar a D. António Francisco os valores da hospitalidade e da fraternidade próprios da região que vem servir. A ocasião serve também para lembrar o exemplo cívico de D. António Marcelino, homem de palavras de fé e de convicção social, que contribuiu para fortalecer a cidadania e a orientação espiritual de muitos aveirenses.
Para Élio Maia, esta iniciativa deve mobilizar toda a gente, para que este acontecimento seja uma prova da vivacidade, da solidariedade e da alegria próprias desta região.
Os interessados em participar neste evento podem efectuar a sua inscrição até ao próximo dia 5, junto da Aveiro Expo (Parque de Exposições de Aveiro) ou das paróquias a que pertencem. O valor do jantar por pessoa é de 15 euros, as crianças até oito anos de idade pagam 10 euros e com menos de quatro anos têm entrada gratuita.
Os lucros obtidos do jantar revertem a favor de obras sociais da Diocese de Aveiro.

BENTO XVI NA TURQUIA

CORAGEM DO PAPA
A visita do Papa à Turquia começou emoldurada por nuvens negras. Os fundamentalistas islâmicos ameaçaram como já se esperava. Com a ajuda, claro, de partidos políticos que patrocinam a violência e incitam ao terrorismo. Mas Bento XVI chegou à Turquia sereno e preparado para enfrentar a situação hostil que o aguardava. Sereno e sem medo.
O Papa disse o que tinha a dizer, alertando para aquilo que muita gente ignora: na maioria dos países islâmicos não há liberdade religiosa para os cristãos de todas as denominações. Nem na Turquia, um Estado laico do mundo muçulmano. Ali, todos os crentes do islão gozam da liberdade plena e possuem todas as regalias. Mas os cristãos, esses, vivem intimidados e sem liberdade para expressarem a sua fé.
Na Europa, os islâmicos podem viver a sua fé em paz, podem construir mesquitas até com ajudas dos Governos e são respeitados. Mas os cristãos, nos países de maioria islâmica, tem que permanecer calados, apenas podendo viver os seus cultos de portas fechadas. Por isso, o Papa disse, com a voz serena mas forte da razão, que "a liberdade religiosa é uma expressão fundamental da liberdade humana". E disse-o na certeza de que a Turquia, se quer entrar na UE, tem de patrocinar e assegurar esse direito a todos os seus cidadãos, sejam eles islâmicos, cristãos ou de outras crenças.
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DISSE O PAPA:
"Após ter acenado à questão da liberdade religiosa no encontro com o presidente para os assuntos religiosos da Turquia, Bento XVI centrou a sua intervenção junto dos diplomatas acreditados neste país na necessidade de “garantir e proteger” o respeito pela liberdade de consciência e de culto. Começando por sublinhar a dimensão central do “compromisso em favor da paz”, o Papa passou para a esfera dos direitos, defendendo que num país democrático há que garantir “ a liberdade efectiva para todos os crentes e permitir-lhes que organizem livremente toda a vida da sua própria comunidade religiosa”. “A liberdade religiosa é uma expressão fundamental da liberdade humana”, assinalou, pelo que “a presença activa das religiões na sociedade é um facto de progresso e de enriquecimento para todos”. As minorias religiosas na Turquia têm dificuldades em afirmar os seus direitos, apesar desta ser um Estado laico. No caso dos católicos, cerca de 0,04% da população (dados oficiais do Vaticano), as dioceses, paróquias e institutos religiosos da minoria não beneficiam, neste momento, de reconhecimento jurídico por parte do Estado e os seus responsáveis — bispos, párocos, superiores religiosos —não são reconhecidos como “ministros de culto”. Os seus direitos de propriedade sobre imóveis (igrejas, conventos, escolas, hospitais) não são reconhecidos como tais, sendo unicamente registados com o nome de privados ou como fundações particulares."
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UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

DE QUE FALAMOS, AFINAL?
Vem ao nosso encontro e não podemos detê-lo. Amando o que de sublime traz e recusando o que repete de já visto e ouvido. O que nos cansa e enternece. O que humaniza e gera indiferença na estonteante roleta do comprar e vender. E uma sequência de símbolos híbridos e esvaziados. Ao mesmo tempo, um compêndio do que poderíamos ser em humanidade, liberta de todos os conflitos. Mil sorrisos, mil ternuras e um desfecho inesperado como todos os discursos publicitários. Remetendo-nos sempre para a loja dos trezentos com mau negócio certo, na astúcia de vender e na pressa de comprar. E, todavia, a sedução do inatingível e do perfeito. Não passa duma rotina cultural, dizem uns. É um momento privilegiado para o homem reconhecer o melhor e o pior que é, e quanto poderia ser. O fascínio das crianças manchado pelo desatino dos embrulhos e desembrulhos. E o tempo da grande explosão de alegria em família. É o Natal, concreto, que Deus envia e nós burilamos com a nossa infantilidade e com os velhos truques que só nos enganam a nós mesmos. Vem aí. Vem ao nosso encontro. Este Natal de rosto duplo mas onde pode brilhar o rosto de Deus nos luzeiros do mercado, à mistura com um paganismo trauteado em melodias ternas onde não se descobre o endereço do presépio. Silêncio semelhante acompanhou os passos perplexos de José e Maria na sua caminhada até Belém. Afinal era o Filho de Deus que estava a caminho. Para simplificar, chamemos ao ontem e ao hoje o mistério do Infinito de Deus no espaço estreito do homem.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

MEDITAÇÃO - BERNARDO SANTARENO



MEDITAÇÃO 

Se para lá do leito que limita este mar profundo, houvesse um outro mar ainda mais fundo e depois deste um terceiro e outro e outro… se através de todos estes mares, eu fosse descendo em vertigem… se assim descendo, me fosse esquecendo de ideias, imagens, desejos e afectos… se depois do último mar, de mim restasse somente um simples ponto luminoso, brilhante num túnel de treva densa… se eu vencesse a angústia, o terror, o desértico vazio deste túnel negro… se eu suportasse o silêncio terrível desta noite cerrada e sem estrelas…: Então, talvez eu pressentisse a madrugada que se evola do sorriso de Deus… talvez eu ouvisse a Música inefável, oculta para lá do humano silêncio… talvez eu fosse penetrado pela alegria de Deus, pela simples claridade de Deus: tão pura e tão simples, que nenhuma das palavras que os homens sabem a pode conter!... Só então, ultrapassados abismos de mares sucessivos, perdido das minhas mãos e do fruto que as chama, cortadas as raízes da minha voz de sangue, separados os meus gestos das aves que os voam… só então, aniquilado, perdido de mim, um simples ponto luminoso na treva mais absoluta… só então, verei a luz virgem, oculta no riso de Deus! 

In “Nos mares do fim do mundo”, de Bernardo Santareno

GENTE GAFANHOA

MARIA DA LUZ ROCHA
É EXEMPLO
DE DISPONIBILIDADE
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Há dias chegou-me às mãos uma revista editada pela Câmara Municipal de Ílhavo, "MAIORIDADE", que mostra gente da nossa terra. Gente que, de uma forma ou de outra, dá exemplos de disponibilidade para os outros e que os mais jovens (de todas as idades) devem procurar seguir no dia-a-dia. Neste número da revista, uma gafanhoa, que todos conhecemos, é apresentada com realismo e fidelidade, como pessoa que passou a vida sempre atenta aos que mais sofrem numa sociedade, como a nossa, muitas vezes sem alma. É ela Maria da Luz Rocha, uma das fundadoras da Obra da Providência e sua principal responsável durante mais de meio século. Gostei de ver esta nossa conterrânea ser homenageada, desta maneira simples, pela autarquia ilhavense, num gesto meritório e cheio de significado. E espero que os nossos autarcas nunca se esqueçam de tantos ilhavenses e gafanhões que dão tanto de si às comunidades, enriquecendo-as com os seus testemunhos de vida, em prol de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Sublinha-se na revista que "a alvura do seu cabelo e o franzido natural da sua pele indicam que foram já muitas as Primaveras que a viram passar. Foi com expressividade e comoção assinaláveis que nos contou a sua história de vida que, a determinada altura, se mistura e confunde com a da instituição da qual foi uma das fundadoras: a Obra da Providência". "A vida tem outro sentido quando nos preocupamos com as dificuldades que nos rodeiam." Este foi um recado que Maria da Luz Rocha nos deixou nesta reportagem publicada na revista "MAIORIDADE". Que todos saibamos viver este recado tão oportuno. Fernando Martins

PAPA A CAMINHO DA TURQUIA

BENTO XVI À PROCURA
DE PONTES
Bento XVI já se encontra em viagem para a Turquia, onde permanecerá desde hoje até à próxima sexta-feira. À partida de Roma, o Papa explicou que a visita pretende fomentar a “compreensão e o diálogo entre culturas”. Esse diálogo, frisou, tem muitas dimensões: "entre culturas, entre cristianismo e islão, diálogo com nossos irmãos cristãos, e acima de tudo com a Igreja Ortodoxa de Constantinopla". O Papa afirmou que inicia a viagem com “grande confiança e esperança”, e classificou a Turquia como uma “ponte entre as culturas” ocidental e muçulmana. É essa, segundo creio, a sua grande aposta, depois das contestações muçulmanas que se têm feito sentir, desde o seu discurso numa universidade alemã, há mais de dois meses. Espero que esta visita, apesar dos protestos dos radicais islâmicos, possa contribuir para que os ânimos exaltados dêem lugar ao diálogo entre povos e religiões. As religiões nunca deviam dar lugar às guerras. Não pregam elas o amor e a tolerância? F.M.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

COLECTIVA DE DEZEMBRO

INAUGURAÇÃO NO PRÓXIMO DIA 2

COLECTIVA DE DEZEMBRO

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No próximo dia 2 de Dezembro, vai ser inaugurada uma exposição de artes plásticas, na Gafanha da Nazaré, na Galeria OP ARTE, pelas 21.30 horas, denominada COLECTIVA DE DEZEMBRO. Vão estar representados os artistas Ana Silva, António Neves, Filinto Viana, Góis Pino, Júlio Pires, Mário Portugal e Mário Silva. Não é muito frequente podermos participar numa inauguração de artes plásticas na Gafanha da Nazaré, com tantos artistas representativos de várias técnicas e expressões. Razão suficiente para sairmos de casa com o espírito de animar esta iniciativa da OP ARTE, que bem precisa do apoio de todos os amantes da arte.

CONFEDERAÇÃO DO VOLUNTARIADO

CAVACO SILVA LIGA VOLUNTÁRIOS
"Cavaco liga voluntários" foi o título usado pelo "EXPRESSO" para noticiar a criação, no início de 2007, de uma nova confederação do voluntariado. Vai chamar-se "Confederação Portuguesa de Voluntariado" e está a ser constituída por 27 associações, entre as quais a Cáritas, a União das Misericórdias, a Liga dos Bombeiros e a Cruz Vermelha, como refere aquele semanário.
Trata-se de uma iniciativa patrocinada pelo Presidente da República e pretende ser um incentivo à sociedade civil, para que o voluntariado se multiplique, agora de forma mais organizada. Mais do que nunca, o voluntariado tem de ser valorizado, o que só poderá acontecer se houver um conjunto de acções que englobe organização, formação e apoio técnico, para intervenções socias mais consistentes e sempre em rede, para se evitarem respostas descoordenadas e repetidas.

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME

POVO GENEROSO
CORRESPONDEU
AO QUE DELE SE ESPERAVA
O Banco Alimentar Contra a Fome recolheu, no fim-de-semana, 1509 toneladas de produtos alimentares, o que mostra como o nosso povo é generoso, quando é chamado a colaborar para acudir aos mais pobres.
A recolha foi feita em 669 superfícies comerciais, tendo participado 14 mil voluntários. Isto significa que, se todos quisermos, não falta gente para se dar aos que mais sofrem, dando muito a quem muito precisa, em tempo de fartura para tantos. O importante, com este exemplo de solidariedade, é perceber que o empenhamento de cada um é sempre indispensável, para que os pobres dos pobres não continuem esquecidos, numa sociedade tão rica em valores humanos, e não só.

domingo, 26 de novembro de 2006

CONVÍVIO NO STELLA MARIS

O Prof. Marcos do Vale divertiu os convivas e divertiu-se
STELLA MARIS DE AVEIRO
QUER GENTE A CONVIVER
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O Clube Stella Maris de Aveiro, com sede na Gafanha da Nazaré, quer gente a conviver. A partir daí, espera tornar-se mais conhecido e conseguir ultrapassar algumas dificuldades económicas. Essas serão, conforme nos garantiu o diácono permanente Joaquim Simões, presidente da direcção, razões fundamentais para o Clube poder oferecer, aos homens do mar e seus familiares e amigos, respostas sociais, recreativas, culturais e espirituais. No sábado, 25 de Novembro, teve lugar no Stella Maris um jantar-convívio, com animação a cargo do Prof. Marcos do Vale, pseudónimo artístico do Padre Manuel Armando, conhecido ilusionista e hipnotizador. Participaram cerca de 170 pessoas, à roda de pratos típicos das bandas do Caramulo, com sopa de castanhas e vitela de Lafões, entre outros acepipes serranos. O mar e a ria abraçaram, em franco convívio, a serra que só ao longe se vê. No mesmo espaço, esculturas do artista Francisco Martins enriqueceram o serão. Joaquim Simões explicou que esta iniciativa teve como objectivos principais aproximar pessoas, directa ou indirectamente ligadas ao mar e à ria, proporcionando-lhes momentos saudáveis de lazer e de valorização cultural. A partir de acções como esta, será possível fazer face às muitas despesas do dia-a-dia do Stella Maris, ao mesmo tempo que se conseguirão verbas para obras inadiáveis nas instalações. O presidente desta instituição, que faz parte integrante da Obra do Apostolado do Mar, sublinhou que “é preciso rentabilizar este espaço, proporcionando aos homens do mar e da ria, bem como às suas famílias, um ambiente de formação e de diversão sadia”. Nessa linha, garantiu que é desejo da direcção, num futuro próximo, “dar às pessoas respostas sociais, culturais e espirituais, que são sempre uma mais-valia para todos”. O Stella Maris de Aveiro é uma instituição de âmbito diocesano, abarcando uma área ampla correspondente a dez paróquias, que se estende, para já, desde a Torreira até à Gafanha da Boa Hora, passando por São Jacinto, Barra, Costa Nova, Aveiro, Ílhavo, e Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. O diácono permanente Joaquim Simões sublinhou, durante o jantar-convívio, que 2007 vai ser um ano de lançamento de novos projectos direccionados para todos quantos acreditam na importância da valorização humana e da necessidade de se implementar, por todas as formas possível, o espírito solidário. Para 22 de Dezembro, por exemplo, está agendado um almoço para 150 carenciados da região, sobretudo pessoas doentes e outras que vivem na solidão. Sublinhe-se que a participação do Prof. Marcos do Vale neste jantar-convívio serviu para divertir pessoas de todas as idades, graças à magia da arte das ilusões deste sacerdote, que foi coadjutor da Gafanha da Nazaré, “onde gastou os primeiros sapatos de padre”, como referiu. O Padre Manuel Armando disse-nos que gosta de colaborar em iniciativas como esta, pelo respeito que tem pelos leigos “que são capazes, apesar dos problemas da vida, de trabalhar para os outros”. “Claro que eu, como padre e como artista, sinto-me naturalmente incentivado a trabalhar em favor das Obras da Igreja, e não só; tenho feito isto ao longo da vida”, disse. Acrescentou que, durante o ano, 50 por cento dos seus espectáculos são gratuitos, exactamente para se “penitenciar, em relação ao bem que os leigos são capazes de fazer”. E salientou: “sinto-me satisfeito por poder colaborar naquilo em que os outros já estão à minha frente.” O Prof. Marcos do Vale começou com o ilusionismo e com o hipnotismo em jeito de brincadeira. Depois, esse gosto foi criando raízes, até conseguir a carteira profissional, actuando no País de lés-a-lés e no estrangeiro, junto das comunidades de portuguesas espalhadas pelo mundo. É o único sacerdote nesta área do espectáculo e reconhece que todos nós devemos partilhar os carismas que temos, como recomenda S. Paulo. Fernando Martins

TEMPORAL

DEPOIS DA TEMPESTADE...
A BONANÇA
Depois da tempestade... a bonança. É verdade tantas vezes experimentada por cada um de nós. Há dias mostrei aqui uma foto das famosas cheias de Aveiro de 1938, que mereceram alguns comentários. E manifestei o desejo de que tal não voltasse acontecer, pela cidade dos canais e pelo País. Mas aconteceu. Como já aconteceu muitas vezes. Tantas que nem sei quantas vi, desde quando menino me dirigi para estudar em Aveiro.
Mas uma mensagem me comoveu. Veio ela de alguém que viu cair uma árvore que amava. E disse-lhe:
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A nossa vida está cheia de sentimentos desses. É um pinheiro que cai derrubado pelo temporal; é uma ameixieira que morre com a idade; é uma pereira que, carcomida pela velhice, vai secando, secando, até que um dia.... Depois é um cão que foi nossa companhia que morre e nos deixa tantas saudades... É um familiar ou amigo que parte, para ficar apenas no nosso espírito. Ficar, significa estar connosco toda a vida... Mas nem por isso podemos permanecer indiferentes à vida que temos de viver todos os dias... Porque outras árvores virão, outros animais hão-de dar-nos alegrias, outros familiares e amigos ocuparão o espaço físico dos que nos deixaram... Que o espaço espiritual, esse, tem lugar para tudo e para todos.
Afinal, depois da tempestade vem sempre a bonança, com tudo quanto de bem e de bom ela tem.
Fernando Martins

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 41

DE QUE COR ERA A ERVA?
Caríssimo/a:
Hoje, agora mesmo, apetece-me ir com a 'sarabanda', já que bons Amigos nos lembraram o 'parente e amigo' ti Sarabando. Assim, façamos um 'voo revoluteado' qual gaivota preanunciando ventania agreste. E que prazer lá dos altos poder vislumbrar a Amizade que refresca o ambiente e nos anima para prosseguir com um pouco mais de 'coragem'. Por vezes, temos a sensação de que não vale a pena perder tempo a alinhar palavras procurando a comunicação. E então deixemo-nos embalar e dancemos ao som da 'sarabanda', mas não esqueçamos que os movimentos têm de ser desenvoltos. Porém, ti Sarabando tem toda a razão para nos serrazinar com uma valente 'sarabanda', como quando, com o molho de erva à cabeça, nos puxava pelo braço e nos abanava se o nosso ar displicente lhe dizia que não prestávamos a atenção que lhe era devida. E lá vinha: - Parente e amigo, o homem achar-se-á enganado! Mas nós não estávamos enganados: nem que déssemos uma 'sarabanda', o 'Parente e Amigo' tinha-nos bem presos e não nos dava possibilidade de fuga: Por mim não estive a ouvi-lo uma noite, mas, vindo ele de uma terra ali para os meus lados, com o molho de erva à cabeça, como usava, a um sábado, topou-me em frente da loja do ti Bola, no passeio que o levava direitinho a casa. Tocou o sino para a missa vespertina; passaram as pessoas para a missa; de lá regressaram; a noite serrou-se e... já lá não estamos, mas as suas perlengas sobre assuntos bíblicos e cataclismos, essas não tinham fim! E pronto, tenho de terminar para não ouvir uma 'sarabanda' de minha Mulher que já chamou para jantar. Mas afinal de que cor era a erva que o 'Parente e Amigo' tinha à cabeça?
Manuel
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Fora de tempo: Esclareçamos que esta brincadeira à volta da 'sarabanda' (dos seus vários significados...) e do nosso bom Amigo ti Sarabando veio depois de dois comentários a uma Gota. Saudemos, pois, os Amigos e fiquemos na esperança que outros (muitos outros...) surjam com naturalidade, para podermos calmamente conversar sobre os assuntos que nos interessam e nos ajudarão a enraizar. Ah, já agora, fica o desafio para sermos esclarecidos sobre a “casa do forno”...

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Optimismo e pessimismo:
a ambiguidade do mundo
Foi Leibniz que, numa obra célebre - Teodiceia -, na qual, perante a existência do mal, queria defender e justificar Deus, se apresentou como arauto do optimismo. O nosso mundo é o melhor dos mundos possíveis. Leibniz era um cristão convicto e, portanto, Deus, entre os mundos possíveis, tinha de ter criado o melhor. De facto, se este nosso mundo criado não fosse o melhor, haveria a possibilidade de outro melhor, o que significaria que ou Deus não tinha conhecido esse mundo melhor ou não o tinha querido ou não tinha podido criá-lo, o que contradiz a sua omnisciência, a sua bondade infinita e a sua omnipotência.
O terramoto de Lisboa em 1755 tornava impossível a manutenção de ideias optimistas. Voltaire escreveria o famoso Poema sobre o Desastre de Lisboa, onde pede aos filósofos enganados que venham ver as mulheres e as crianças empilhadas umas sobre as outras, todos esses desgraçados enterrados debaixo dos seus tectos, terminando os seus dias no horror dos tormentos.
Voltaire escreveu também o Cândido, onde escalpeliza a ideia de que tudo contribui para o melhor. O optimismo de Pangloss e a candura de Cândido vêem-se confrontados com a realidade bruta do mal: as desgraças humanas causadas pelas catástrofes naturais, pela estupidez humana, pelas instituições, pelas guerras, pela avareza, pela superstição, pela escravatura, pela hipocrisia, pelo tédio, por todo o tipo de exploração.
Se, para Leibniz, o nosso é o melhor dos mundos possíveis, para A. Schopenhauer, é precisamente o contrário: este é o pior dos mundos possíveis. Existir é sofrer.
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Leia mais no DN

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

UM POEMA DE ANTÓNIO GEDEÃO

LÁGRIMA DE PRETA 

Encontrei uma preta que estava a chorar, 
pedi-lhe uma lágrima para a analisar. 
Recolhi a lágrima com todo o cuidado 
num tubo de ensaio  bem esterilizado. 
Olhei-a de um lado, do outro e de frente: 
tinha um ar de gota muito transparente. 
Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, 
as drogas usadas em casos que tais. 
Ensaiei a frio, experimentei ao lume, 
de todas as vezes deu-me o que é costume: 
nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. 
Água (quase tudo) e cloreto de sódio.
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Nota: Se fosse vivo, António Gedeão, pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho, completaria hoje 100 anos. Mas podemos dizer, com toda a liberdade poética, que ele não morreu. Continua com todos os que amam o belo que a poesia encarna.
Quem há por aí que não conheça este poema que aqui deixo? E quem não conhece, também, Pedra Filosofal, Calçada de Carriche e tantos outros poemas?
F.M.

PROCURAR O MENINO

Um livro do jornalista Joaquim Franco
"UM MENINO
CHAMADO NATAL"
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"Um Menino chamado Natal" foi lançado ontem, 23 de Novembro, em Lisboa, e pretende “recuperar o verdadeiro sentido do Natal” – disse à Agência ECCLESIA Joaquim Franco, autor da obra projectada por duas editoras – Lucerna e Sociedade Bíblica – com uma mensagem de motivação ecuménica, vocacionada para toda a sociedade. Como existe uma mensagem sublime na narrativa do Natal – algo transversal ao Ser Humano – o “Natal é sempre o culminar de uma procura”. Neste caminho existem momentos que nos “confrontamos com a procura” e “há sempre momentos que temos de enfrentar dificuldades” – salientou o autor. Para recuperar o verdadeiro sentido da Natividade “nada melhor do que dar ao Menino que o explica o nome que se assinala” – sublinha. Um trabalho que reflecte também o labor jornalístico do autor. “Aqui está o Joaquim Franco que exerce jornalismo, mas também aquele que é pai e um filho” – disse. Apesar de faltar mais de um mês para a celebração do Natal, “o mistério da Natividade está inerente ao Ser Humano”. E acentua: “entranhou-se nas culturas que vão orientando a vida”. Há o risco de “banalizar o verdadeiro sentido do Natal cristão” até porque, actualmente, se vive mais o Natal da árvore e das luzes. E avança: “O Natal é muito mais que isso”. Com cerca de oitenta páginas, o livro divide-se em três partes: 33 presépios de todo o mundo (da colecção particular de Frei Lopes Morgado; da colecção Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata; Presépio oferecido pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat, ao Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio e um presépio desenhado pela pintora timorense Fátima Guterres para ilustrar um poema escrito, em 1999, em Timor-Leste), Textos bíblicos referentes à Natividade (praticamente todos do Novo Testamento) e textos de autor em vários estilos narrativos. “Três partes que se juntam num todo com o objectivo de fazer presente esta mensagem” – realçou Joaquim Franco.
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Fonte: Ecclesia
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Opiniões de contracapa
De um lado, um natal que se confunde com a vertigem ruidosa da azáfama e se esgota na celebração do consumo. Na outra margem, o convite para ouvir o anúncio da chegada do Messias de que é portador o espantoso mistério do Natal. Ler este livro é aceitar o convite da partilha desse mistério, seguindo a estrela de Belém como outros fizeram há dois mil anos.
Maria João Avillez
:: Na voracidade dos ponteiros do relógio e da sofreguidão comercial precoce, subjaz o nascimento de uma luz-guia. Apesar da longínqua memória bimilenar, a sua exemplar existência reserva-nos a esperança de contarmos com um critério maior: o do amor eterno ao próximo. A Nós.
Jorge Gabriel
:: Natal não é passado, não é data. Esta obra relembra-nos, na simplicidade da nossa linguagem, que o Natal é Presente em cada dia, é a vida continuada de Cristo em cada um de nós.
Fernando Santos
:: A singularidade do Presépio e a eternidade da sua mensagem actualizam-se, no presente, no choque da sua mensagem transformadora com a nossa vida superficial e materialista. Os textos bíblicos e as imagens que simbolicamente ilustram a frágil humanidade de Jesus são transfigurados pela poesia e pela arte em sinais que revelam a compaixão de Deus pela humanidade na sua surpreendente descida a este mundo.
Emília Nadal

TEMPORAL

CHEIAS EM AVEIRO
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Em 1938, o meu ano mais importante, os temporais encharcaram e assustaram Aveiro e suas gentes. Esta foto histórica mostra isso mesmo. Um transeunte ou morador aprecia as águas que inundaram a zona baixa da cidade dos canais. Mais adiante, um outro, talvez cagaréu de gema, tenta amedrontar a água com uma vassoura... É o belo horrível!!!
Só espero (esperamos) que por estes dias, com os temporais anunciados, não aconteça coisa semelhante. Em Aveiro e por outros lados do País.

Um poema de Cesário Verde

Avé-Maria
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes. E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção!
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Nota: Ontem ouvi o escritor multifacetado, tradutor renomado e eurodeputado Vasco Graça Moura falar de livros e de autores, numa entrevista na 2:. Aí, dando a sua opinião abalizada, considerou Cesário Verde, depois de Camões (que este é insuperável), o melhor poeta português. Por isso, mas não só por isso, aqui deixo um poema de Cesário, para quem gosta mesmo de poesia.
F.M.

NATAL MAIS SOLIDÁRIO

"Dar por um sorriso"
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Por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro, vai decorrer, na área do concelho, a campanha “Dar por um sorriso” . Trata-se de uma acção que procura sensibilizar a população para um Natal mais solidário, promovendo, até 11 de Dezembro, a recolha de roupa, brinquedos e material escolar, destinados a famílias carenciadas.
Os interessados em contribuir para esta campanha podem entregar as suas ofertas na Casa Municipal da Juventude de Aveiro, sita na Rua Engº Silvério Pereira da Silva (junto ao Mercado Manuel Firmino), entre as 9.30 e as 18 horas, de segunda a sexta-feira, até ao próximo dia 11.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Missão da Educação em Angola

Mafalda Frade
partilha testemunho
da realidade…
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"Parece que já estou cá há um mês, tal a quantidade de informação que absorvi ao longo destes dias. Ontem, dei por mim a dizer à minha mãe que a minha sobrinha mais nova devia estar enorme. Depois é que me lembrei de que a vi há pouco mais de dez dias... Enfim, é o que dá vir para um novo mundo.
Este é, de facto, um mundo novo. De Portugal tem a língua e pouco mais. O que mais chama a atenção é a pobreza gritante em que vive a maioria da população. Aqui mesmo em frente da Universidade, que fica em Viana, há um musseque (bairro pobre, uma autêntica favela) onde vivem sete mil pessoas. A estrada é de terra batida e as casas, embora sejam quase todas de tijolo, são muito pequenas. Todos os dias são construídas novas, pelas próprias pessoas que as habitam. Suponho que umas pequeninas casinhas que coexistem ao lado destas 'moradias' sejam casas-de-banho. Há também casas de chapa de zinco."
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UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

ERROS QUE A NATUREZA
E O TEMPO NÃO PERDOAM
Parece claro que a melhor prática democrática, por si mesma, não cria valores novos, nem é critério definitivo de verdade. A democracia é uma maneira prática, com limitações, mas ainda assim a mais consensual, de dirimir questões e não empatar decisões, quer através da vontade directa expressa pelos cidadãos, quer por mediadores legalmente escolhidos, que se pressupõe desejarem servir a nação acima dos interesses partidários. Porém, a democracia não torna bom nem justo o que o não o é. Daí poder dizer-se, com fundamento, que nem tudo o que é legal é moral. Esta tensão sempre existiu entre o legal, ou seja o que a lei determina ou permite, e o moral e o ético, entendidos como o que corresponde à rectidão e à coerência dos comportamentos responsáveis confrontados com os princípios morais e éticos. Agora, porém, agudizou-se, porque não falta quem se arvore em moralista de uma moral de situação, que parece não ter outro fundamento além do que a cada um convém ou interessa em cada momento e circunstância. Não se aceitando valores universais, nem verdades objectivas, fica o campo a descoberto e à mercê dos semeadores do joio e da cizânia, e dos doutrinadores oportunistas, que o impedem de dar fruto e, a seu tempo, o transformam numa selva inabitável. Isto exige aos legisladores ordinários e aos cidadãos em geral quando são chamados a pronunciar-se sobre matérias que tocam situações de especial melindre e importância pública, que honestamente ponderem as razões dos seus actos e os resultados que ao longe se tornarão inevitáveis, ainda que ao perto parecem aceitáveis. O respeito que cada um nos merece num regime democrático pela sua opinião, livremente expressa, não nos permite nem nos obriga a dizer que tem total razão e que o diz é sempre certo. Milhões de opiniões não fazem uma verdade, embora não sejam precisas tantas para fazer uma lei. Somos todos livres de ter opiniões. Estas valem tanto mais, quanto mais respeitam e se inspiram em valores morais indispensáveis. É ainda mais assim quando se pretende viver em sociedade com paz, justiça e tolerância activa, frutos de um esforço diário para aceitar verdades e princípios, com os incómodos que o viver em comum sempre comporta. Legislar por força de emoções ou de promessas eleitorais é entregar-se ao efémero das soluções inconsistentes, tão variáveis como o tempo, ludibriando assim os interesses da comunidade no seu conjunto, para ceder à preocupação de agradar a uns e minimizar a falta pública de outros. Fica deste modo manifesta a falta de horizontes sociais e políticos e a incapacidade de antever as consequências dos actos praticados. Assim se entende o apelo dos bispos portugueses, fieis à sua missão socialmente humanizante, para que os eleitores não deixem de reflectir, serenamente, sobre o dom da vida e a responsabilidade do mesmo, na perspectiva de um referendo sobre o direito de destruir seres humano em gestação, para já só em algumas circunstâncias a acrescentar a outras já legisladas, sem que isso constitua crime. Trata-se de seres humanos indefesos no seio da mãe que os gerou, com o contributo normal de um pai que vergonhosamente se esconde e a quem de certo interessa uma tal lei permissiva. É este, concretamente, um acto moralmente inqualificável, que um moralismo fácil pretende camuflar chamando-lhe eufemisticamente “interrupção voluntária da gravidez”. Estamos perante um acto civilizacional de consequências imprevisíveis. Os que foram à frente e que servem de modelo cego aos nossos políticos, modelo que estes querem impor ao país, empenhando-se de modo tão pouco normal dadas as nossas necessidades e urgências, já começaram a ver que só a vida garante a vida, e que o respeito pelos outros não se traduz em canonizar os erros, mas em ajudar a superá-los.

ROTA DA LUZ

Fórum de Aveiro
Pedro Silva, presidente da Rota da Luz:
«Estamos numa região
que tem uma
originalidade mundial»
O presidente da Região de Turismo da Rota da Luz, Pedro Silva, faz o balanço do 1º Congresso Regional de Turismo, promovido pela Rota da Luz, e aborda temas como a certificação da qualidade desta região de turismo e o caminha que deve traçar para atrair mais visitantes
:: Que balanço faz do 1º Congresso Regional de Turismo, promovido pela Rota da Luz?
Os objectivos que foram definidos inicialmente estão assumidos e foram ultrapassados. O primeiro desses objectivos, que era o do permitir às pessoas, aos agentes e operadores de turismo conhecerem-se e encontrarem complementaridades de trabalho e até cumplicidades, foi atingido. Isso foi conseguido não só durante as sessões, mas também no exterior, nos momentos de contacto directo entre eles. Isso significa claramente que iremos trabalhar todos juntos, o que era, talvez, um dos principais óbices que havia. Um segundo aspecto dizia respeito aos oradores, os quais teceram um conjunto de considerações sobre esta nossa região, de acordo ou com os seus objectivos particulares ou com a transversalidade do tema, o que releva numa lista de trabalho que daqui sai e que agora nós, região de turismo, vamos ter que agregar, de acordo com esta lista e com este levantamento de necessidades de intervenção, chamando os agentes e os vários actores para darmos resposta a cada um dos itens levantados e, assim, podermos caminhar naquilo que será o progresso da região.
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Entrevista conduzida pelo jornalista Cardoso Ferreira
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