terça-feira, 2 de agosto de 2005

Migrações exigem novo conceito de cidadania

Posted by Picasa É urgente uma reflexão sobre cidadania
Os novos fluxos migratórios e as problemáticas das “segundas gerações” exigem um novo conceito de cidadania. Esta é a principal conclusão do 8º Meeting Internacional das Migrações (www.meetingloreto.it), este ano dedicado ao problema das segundas gerações, tendo como tema “Filhos de estrangeiros ou filhos de ninguém? Os menores imigrantes protagonistas na Europa de hoje e de amanhã”.
Os participantes do encontro assinalaram a necessidade de encontrar novos caminhos que permitam a participação do jovem na vida da sociedade, pedindo que sejam facilitados os processos de naturalização - adoptando os princípios do ius soli (direito de terra) sobre o princípio do ius sanguinis (direito de sangue). "É urgente uma reflexão mais global sobre o conceito de cidadania, orientando a legislação para uma cidadania ligada mais à residência e menos à nacionalidade", afirmam.
A iniciativa, promovida pelos missionários e leigos da agência scalabriniana para a cooperação e o desenvolvimento, reuniu na semana passada especialistas católicos, leigos, agentes sociais e organismos do sector. Reflectindo sobre a situação na Europa, os participantes chegaram à conclusão de que o jovem da segunda geração acaba, frequentemente, “numa situação de conflito com a sociedade, gerada pela inculturação familiar”.
De acordo com o documento final do encontro, o problema das segundas gerações na Europa e da falta de integração está relacionado com a questão da estagnação económica e do desemprego juvenil. Segundo os especialistas, o problema intensifica-se, pois os migrantes de segunda geração inserem-se nas camadas média e baixa da sociedade, reproduzindo a situação dos pais.
No Encontro internacional foram defendidas políticas migratórias que favoreçam “a inserção e a integração” destas gerações. "É necessário prestar atenção, porque os menores e os jovens de segunda geração não são 'imigrados', já que nasceram e cresceram nos países europeus e não podem ser considerados 'estrangeiros'", destaca o documento.
Fonte: ECCLESIA

Um poema de José Régio

Posted by Picasa José Régio PARTILHAS Para dar a meus irmãos A parte que lhes cabia, Meti as mãos Na arca vazia. Senti pó nos dedos. Fria, Retirei a mão sem nada. Se a vida já fora dada, Que mais, para dar, havia? Nos meus dedos, O pó, porém, reluzia. Cinzas de antigos segredos, Morte que ainda vivia… Meus tesoiros de algum dia, Levai-os, ventos ligeiros! Os meus irmãos verdadeiros Vão encher a arca vazia. In “Música Ligeira”, livro póstumo

Há muita gente a roubar o Estado?

Diz João César das Neves:
"Todos sabem que há muita gente a roubar o Estado. E todos sabem que isso hoje é muito grave. Porque não se esgotam aqui os lugares-comuns. Todos sabem que esse roubo se tornou a causa do maior problema do país."
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João César das Neves é um conhecido e reputado economista e, por isso, deve saber do que fala, sobretudo qundo aborda matérias em que é especialista. Os roubos sempre foram e são muito graves. Ontem como hoje e sempre. Daí a causa do maior problema de Portugal, diz ele.
O homem comum, porém, não pode deixar de ficar espantado com a "certeza" de que, afinal, o país está cheio de gente que rouba. E se a verdade é assim tão evidente, como é possível que o Estado, com toda a sua máquina legislativa, executiva e judiciária não consiga apanhar com a boca na botija esses ladrões todos? Ou será que eles são assim tantos, que não há polícias para os investigar e prender, tribunais para os julgar e cadeias para os receber?
F.M.

Aprendendo com Santo Agostinho

Perante a simplicidade da BÍBLIA “Determinei, por isso, dedicar-me ao estudo da Sagrada Escritura, para a conhecer. Vi então uma coisa encoberta para os soberbos, obscura para as crianças, mas humilde ao começo, sublime à medida que se avança e velada com mistérios. Não estava ainda disposto a poder entrar nela ou inclinar a cerviz à sua passagem. O que senti, quando tomei nas mãos aquele livro, não foi o que acabo de dizer, senão que me pareceu indigno compará-lo à elegância ciceroniana. A sua simplicidade repugnava ao meu orgulho e a luz da minha inteligência não lhe penetrava no íntimo. Na verdade, a agudeza de vista cresce com as crianças, porém eu, de nenhum modo queria passar por criança, e, enfatuado pelo orgulho, tinha-me na conta de grande!” In “Confissões”

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Programa "Estrada Livre"

Utentes vão poder denunciar
problemas nas estradas portuguesas O Governo anunciou hoje a criação de um novo serviço que vai permitir a identificação de problemas nas estradas por parte dos cidadãos, através de um número azul ou pela Internet. O serviço, chamado "Estrada Livre", consiste na recolha, tratamento e resposta a situações anómalas que são comunicadas pelos utentes das estradas e auto-estradas relacionadas com o estado de conservação e manutenção das vias, explicou António Laranjo, presidente da Estradas de Portugal (EP).
O projecto permite que os utentes participem danos nas vias, como buracos nas estradas, postes derrubados ou sinalização danificada, e recebam uma resposta no prazo de cinco dias.Paulo Fernandes, administrador da Portugal Telecom - empresa associada ao programa -, explicou que a operadora cedeu a custo zero o centro de atendimento telefónico para o número azul 808 21 00 00 e que suporta o valor adicional da chamada, que para o utente tem apenas o custo de uma ligação local.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Estado assina protocolos com instituições de solidariedade social

Posted by Picasa Cerimónia da assinatura dos protocolos de cooperação Qualidade dos serviços exige avaliação e formação
Na sexta-feira, no Salão Nobre do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, foram assinados os Protocolos de Cooperação para 2005. Anualmente celebrados entre o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e as entidades representativas das Instituições de Solidariedade, das Misericórdias e das Mutualidades, estes protocolos têm, designadamente, por objectivo principal fixar os valores da comparticipação financeira da segurança social relativamente ao custo das respostas sociais.
Os presentes Protocolos traduzem uma verdadeira parceria Público-Social, estabelecendo, entre o Estado e as Instituições, um compromisso assente numa partilha de objectivos e interesses comuns e de repartição de obrigações e responsabilidades de cada uma das partes. O aprofundamento da cooperação com as Instituições de Solidariedade / Santas Casas da Misericórdia / Mutualidades envolve a reorientação e avaliação das politicas sociais através da concepção de novas formas de relacionamento entre o sector social e o Estado que visando desejáveis níveis de cobertura das necessidades existentes, garantam a estabilidade e as condições necessárias ao exercício qualificado da actividade das instituições, bem como uma resposta às pessoas e famílias mais carenciadas. Com vista a uma verdadeira aposta na qualidade dos serviços é imprescindível o desenvolvimento de acções de avaliação preventiva e formação, conjuntamente com as Instituições de Solidariedade / Santas Casas / Mutualidades, envolvendo os diferentes agentes prestadores de cuidados. Neste contexto verifica-se a necessidade de proceder a uma avaliação conjunta do modelo da diferenciação positiva introduzido nos Protocolos de Cooperação de 2004, sem prejuízo da defesa comum dos princípios de reforço da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, que lhe está subjacente.
(Para saber mais, clique SOLIDARIEDADE)

Hoje, em Aveiro, MADREDEUS

Posted by Picasa Teresa Salgueiro MADREDEUS no Cais da Fonte Nova
Hoje, em Aveiro, no Cais da Fonte Nova, pelas 22 horas, os MADREDEUS vão mostrar todo o seu virtuosismo, com uma arte, rara, que tem aceitação em todo o mundo. Teresa Salgueiro, com a sua voz doce, bem enquadrada pelos sons portugueses em que sobressai a guitarra, vai encantar, decerto, todos os que apreciam melodias serenas, das que enchem a alma.
Os que gostam de música portuguesa de qualidade, música que fica no ouvido e que nos diz muito, ou não fosse ela enriquecida por poemas que brotam dos nossos sentimentos, que muitos dizem ser próprio da alma lusa, não vão perder uma oportunidade como esta de poder ver e ouvir, ao vivo, os MADREDEUS, com Teresa Salgueiro, uma artista de voz cristalina, como poucas.
F.M.

PORTO DE AVEIRO ESTREIA NOVO SITE

Posted by Picasa Porto de Aveiro (Foto do novo site)
NOVO PORTAL
DO PORTO DE AVEIRO A Administração do Porto de Aveiro disponibiliza um novo espaço na Internet, constituído exclusivamente por fotografias da autoria de João Ferrand. O Portofolio, que poderá ser consultado em http://www.portodeaveiro.pt/portofolio, oferece 261 páginas, agrupadas em 18 álbuns, que permitem aos cibernautas visualizar uma panorâmica bastante detalhada do Porto de Aveiro, da actividade portuária e da zona envolvente a esta importante infra-estrutura portuária portuguesa. “Entrada da Barra”, “Vistas Gerais”, “Vias de Acesso”, “Molhe Norte”, “Terminal Norte”, “Ampliação do Terminal Norte”, “Terminal Sul”, “Terminal de Granéis Sólidos Alimentares”, “Terminal de Granéis Sólidos não Alimentares”, “Terminal Ro--Ro”, “Zona Intermodal”, “Porto de Pesca Costeira”, “Porto de Abrigo para Pequena Pesca”, “Terminal Especializado de Descarga de Pescado”, “Zona de Pesca de Largo”, “Terminal de Granéis Líquidos existente”, “Expansão do Terminal de Granéis Líquidos”, “Indústria Naval”, “Pilotos e Rebocadores” e “Miscelânea de Imagens” constituem as 20 secções temáticas do site. As fotos aéreas e terrestres visualizadas traduzem-se assim no reflexo de uma zona com beleza natural ímpar. A disponibilização deste importante recurso, de acesso gratuito, segue-se à entrada em funcionamento do novo Portal do Porto de Aveiro. “Esta é uma forma de darmos a conhecer aos portugueses e ao mundo as potencialidades do Porto de Aveiro, infra-estrutura com especificidades bem distintivas dos restantes portos nacionais", sublinha José Luís Cacho, presidente da Administração do Porto de Aveiro (APA). Diz ainda que a apurada técnica e o saber profissional de João Ferrand, aliado ao requinte estético que põe em todos os seus trabalhos, facultam aos cibernautas uma viagem ímpar pelo magnífico Porto de Aveiro. “Vamos prosseguir nessa senda” , adianta o Eng. José Luís Cacho, que acrescenta: “O Porto de Aveiro é um Porto com um futuro auspicioso. Algumas das fotos publicadas em Portofolio são bem elucidativas do esforço que vimos desenvolvendo, seja na construção de novos terminais, seja na ampliação dos já existentes, como também na dotação de uma série de infra-estruturas de inegável importância. Sendo um Porto com futuro, é também um Porto com História. É essa história, a nível documental ou fotográfico, que pretendemos ir publicando na Internet, nos próximos meses.”

domingo, 31 de julho de 2005

TABACO: publicidade proibida nos media

Posted by Picasa
UE: publicidade ao tabaco
nos media proibida a partir de hoje
A directiva da União Europeia (UE) para a proibição da publicidade ao tabaco entra hoje em vigor, passando a ser vedado o patrocínio da indústria tabaqueira a eventos desportivos e culturais transfronteiriços. A Comissão Europeia recordou quarta-feira que a directiva prevê a proibição de publicidade ao tabaco na imprensa, na rádio e na Internet em toda a União Europeia a partir de 31 de Julho. Na televisão a publicidade ao tabaco já foi banida na década de 1990, no quadro de uma outra lei comunitária (directiva sobre TV sem fronteiras).
Bruxelas indicou que 12 Estados membros já notificaram a Comissão da aplicação da directiva, aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho em 2003, mas tem conhecimento de que outros Estados - como é o caso de Portugal - já proibiram a publicidade ao tabaco em grande escala embora ainda não tenham comunicado formalmente à Comissão se a respectiva legislação nacional corresponde na íntegra à lei comunitária.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Maria Barroso: “Os poemas da minha vida”

 O BELO E O BOM: 
Alimentos para a alma

Esta semana vou ler e reler “Os poemas da minha vida”, seleccionados por Maria Barroso, da colecção de o “PÚBLICO”. Colecção que abriu com Mário Soares e que encerra com sua esposa Maria Barroso. 
Antes de mais, diga-se que Maria Barroso, embora conhecida por ser esposa de quem é e pela vida social e cívica em que se envolve, também se empenhou, como actriz e como declamadora, na arte de divulgar a poesia.
Como actriz e aluna da Faculdade de Letras teve a “felicidade de encontrar e fazer amizade com vários poetas”, como foi o caso dos seus colegas Sebastião da Gama, Matilde Rosa Araújo e David Mourão-Ferreira. Desses contactos, nasceu o seu gosto pela poesia, que foi ainda crescendo mais quando conviveu com outros mais velhos e já consagrados, como se lê no prefácio do livro “Os poemas da minha vida”. 
A selecção que Maria Barroso elaborou revelam, segundo ela própria, “os poemas que inspiraram ou iluminaram” uma parte da sua vida. Mas também foram os poemas que a deslumbraram e que a enriqueceram, como simples cidadã que sempre foi e se moveu “na busca do belo e do bom como alimentos” para a sua alma. 

F.M.

Um poema de Antero de Quental 

À VIRGEM SANTÍSSIMA 

Num sonho todo feito de incerteza, 
De nocturna e indizível ansiedade, 
É que eu vi teu olhar de piedade 
E (mais que piedade) de tristeza… 

Não era o vulgar brilho da beleza, 
Nem o ardor banal da mocidade… 
Era outra luz, era outra suavidade, 
Que até nem sei se as há na natureza… 

Um místico sofrer… uma ventura 
Feita só do perdão, só da ternura 
E da paz da nossa hora derradeira… 

Ó visão, visão triste e piedosa! 
Fita-me assim calada, assim chorosa… 
E deixa-me sonhar a vida inteira!

Gafanha da Nazaré - Forte da Barra

Forte da Barra ou Castelo da Gafanha

FORTE DA BARRA DE AVEIRO ... e um pouco de história 

Temos de convir que um qualquer motivo de interesse turístico ganha ou perde conforme o concelho a que pertence ou não pertence. Assim acontece com o Forte da Barra de Aveiro, localizado na ilha da Mó do Meio, Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, considerado imóvel de interesse público pelo Decreto - Lei n.º 735/74 de 21 de Dezembro, e completamente esquecido dos roteiros postos à disposição de quantos visitam esta encantadora região. 
Integrado numa outra região, talvez fosse mais lembrado pelos que têm responsabilidades no sector do turismo. É certo que o estado de abandono a que foi votado muito tem contribuído para que dali se desviem os mais sensíveis a tudo quanto de algum modo faça recordar o nosso passado histórico, muito embora se reconheça que o Forte da Barra não terá sido grande baluarte de defesa da foz do Vouga e desta zona ribeirinha.
Este antigo forte, denominado Forte Novo ou Castelo da Gafanha, é um imóvel do século XVII, embora haja quem o considere anterior. Trata-se de “uma obra do tipo abaluartado, restando, actualmente, uma pequena cortina de dois meios baluartes. Depois que deixou de ser necessária a defesa do Rio Vouga, foram edificadas construções sobre a cortina e o meio baluarte norte. Também o espaço existente entre os dois meios baluartes foi afectado. No baluarte sul foi erguida uma torre de sinalização mas, nesse lado, ainda é visível parte da escarpa, cordão e três canhoeiras cortadas no parapeito. Os dois meios baluartes remontam, assim parece, a épocas diferentes. O flanco norte aparenta ser oblíquo à cortina, enquanto o do sul é perpendicular. Também as linhas rasantes não são do mesmo ângulo”. Esta é a descrição do Inventário Artístico de Portugal de Nogueira Gonçalves. 
O Guia de Portugal da Fundação Calouste Gulbenkian acrescenta que a “torre de sinalização que aqui se ergue foi construída em 1840, sob a direcção do Eng. Oliveira Antunes”, e o Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses do General João de Almeida diz que “este forte teria sido construído durante a Guerra da Restauração e reconstruído nos anos de 1801 a 1802, em obediência ao plano de defesa do reino, elaborado nos fins do século XVIII” e que, em fins do século passado, perdida a sua eficiência militar, foi construída, contígua à fortaleza, da banda do sul, uma bateria rasa, de tiro de sinal para avisar a defesa da entrada da barra”. 
A descrição do Forte da Barra de Aveiro, também conhecida por Forte Novo, sugere‑nos uma referência a um outro forte, o Forte Velho, que existiu na Vagueira e bem assinalado em diversas cartas, possivelmente construído com finalidades semelhantes pela mesma altura e há muito destruído. Aliás, sabe-se que a pedra dos seus muros foi aproveitada para a construção de parte da muralha da barra, quando ela ali se localizou. E é curioso que muitos se interrogam sobre qual deles é, afinal, o mais antigo. A este propósito, consultámos os escritos do superintendente das Obras da Barra, Francisco António Gravito, que teceu as seguintes e curiosas considerações em 1781. “O forte conhecido com o nome de Velho o não merece senão pela sua ruína porque a inscripção de nua pedra que se acha entre as ruínas o declara feito em anno de 1643 pouco tempo para merecer aquele nome se não fosse a ruína como dizemos. O conhecido com o nome de Novo, o vemos quase inteiro, sem memória do seu princípio com os seus materiais, indicando sua antiguidade maior, que estes 138 anos que tem o chamado Velho. Se fosse mais moderno que este apareceria alguma memória da sua certa factura. Nestes termos parece, sem hesitação devemos ter este chamado Novo, pelo mais antigo e imemorial, e que o nome de Novo o conserve pela falta da sua ruína”. 
Poder-se-á concluir que o chamado Forte Novo afinal é o mais antigo da foz do Vouga e das margens da Ria de Aveiro? Até prova em contrário pensamos que sim. E neste caso, urge que lhe seja reconhecido o direito de figurar nos guias e roteiros turísticos editados pela Câmara de Ílhavo e pela Região de Turismo da Rota da Luz, às quais ele pertence como imóvel de interesse público. Para além disso, e tendo em vista um melhor e mais completo aproveitamento, sugerimos um restauro adequado e urgente e a sua entrega a uma qualquer instituição vocacionada para a defesa do património cultural, histórico e monumental. Talvez assim o Forte Novo ou Castelo da Gafanha passe a ocupar o lugar a que tem direito.

Fernando Martins

NB: Texto escrito há anos, mas mantém toda a actualidade.

sábado, 30 de julho de 2005

“O COMÉRCIO DO PORTO” suspende publicação

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Quando soube que a empresa proprietária de “O COMÉRCIO DO PORTO” suspendeu hoje a sua publicação, bem como a de “A Capital”, não pude deixar de sentir alguma mágoa. Não que fosse seu habitual leitor, nos últimos anos, mas por reconhecer que se perde um matutino que sempre foi, desde 1854, um arauto dos valores e dos interesses do Centro e Norte do país, em especial. Recordo, com alguma saudade, os tempos em que ajudei o Daniel Rodrigues, presentemente o decano dos jornalistas aveirenses, a tornar conhecido aquele diário nas Gafanhas, na década de 60 do século passado, comprometendo-me, então, a fornecer-lhe material noticioso desta região e a colaborar em algumas reportagens. Desde essa altura, “O COMÉRCIO DO PORTO” passou também, pela acção daquele jornalista, que entretanto assumira a chefia da Delegação de Aveiro, a lutar pelos interesses das Gafanhas, principalmente da Gafanha da Nazaré, que tinha, na fase de lançamento nestas terras, um único leitor diário. Não houve, depois, qualquer projecto ou reivindicação justa que não tivesse o apoio incondicional daquele jornal, em especial a caminhada para uma certa emancipação e a consequente elevação da Gafanha da Nazaré a vila, em 1969. Alegrias e tristezas dos gafanhões, vitórias ou derrotas sociais e políticas, instituições e associações, desporto ou empresas, iniciativas da Igreja Católica e de Escolas, de tudo um pouco “O COMÉRCIO DO PORTO” foi dando nota aos seus leitores, numa azáfama diária de que fui testemunha, e sempre graças à disponibilidade amiga do Daniel Rodrigues. Por isso, é com tristeza que vejo acabar um jornal a que estive ligado tanto tempo e que merecia melhor sorte, até porque nos últimos anos se apresentava com muita dignidade e com algum esforço de permanente renovação. Mas também tenho pena que 72 funcionários fiquem no desemprego, alguns com bastantes anos de preocupações para que aquele diário não perdesse o comboio da renovação e da adaptação às novas exigências jornalísticas e dos seus leitores. As forças vivas do Norte e Centro, sobretudo, que tantas vezes se uniram para lutar por projectos úteis e por instituições com tradições ímpares, deixaram morrer “O COMÉRCIO DO PORTO”. Foi pena. Fernando Martins

Para viver em paz

Conselhos morais Ouve, vê e cala, e viverás vida folgada: tua porta cerrarás, teu vizinho louvarás; quanto podes não farás, quanto sabes não dirás, quanto vês não julgarás, quanto ouves não crerás, se queres viver em paz. Seis coisas sempre vê, quando falares, te mando: de quem falas, onde e quê, e a quem, como e quando. D. João Manuel (séc. XV)

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Picasa Painéis cerâmicos
Quem já se quedou, durante uns simples minutos, pelo menos, defronte dos painéis cerâmicos que embelezam a cidade de Aveiro? Façam isso e verão que não será perder tempo. Muito pelo contrário!

sexta-feira, 29 de julho de 2005

VERÃO: Oportunidade para o turismo religioso

Posted by Picasa Aveiro: Museu de Santa Joana A religiosidade popular acompanha sempre a Igreja Católica
Num momento em que está cada vez mais saturado o mercado do chamado turismo “sol e praia” parece existir um interesse renovado pelas práticas turísticas que atendem à marca do religioso, envolvendo o conhecimento do património construído, das culturas locais e regionais, com as suas festas e romarias tão típicas do Verão.
A religiosidade popular (conjunto de práticas simbólicas de raiz popular) é um facto que acompanha a vida da Igreja Católica (aqui escolhida na sua qualidade de religião mais representativa no nosso país) e que a acompanhou durante todos os séculos. Trata-se de expressões, gestos, atitudes, que expressam uma relação pessoal com Deus: beija-se a cruz, percorre-se a Via Sacra, participa-se numa peregrinação, ajoelha-se diante do túmulo de um mártir ou um santo, conservam-se restos do seu corpo ou dos seus vestidos. No caso português é esta religiosidade que, sob uma aparente unidade enraizada no catolicismo, manifesta mais fielmente a pluralidade da sociedade portuguesa na vivência do sagrado.
Habitualmente a religiosidade popular afirma-se em contraposição à oficial, sendo entendida por muitos como uma forma híbrida, isto é formas inadequadas de entender e praticar a religião oficial. Em Portugal, por exemplo, as crenças populares incluem, ainda hoje, um conjunto de crenças e gestos mágicos oriundos do paganismo celta.
É difícil precisar onde foram os portugueses encontrar este “imaginário”, este “fantástico”, este culto do sagrado, com uma estruturação rigorosa de espaço e do tempo e onde avultavam as grandes festas da Primavera e do Outono. É neste contexto de assimilação das crenças e antigos ritos pagãos, que se perpetuaram ao longo dos séculos na tradição oral, que se deve buscar a origem da maior parte dos ritos e crenças que definem a religiosidade popular.
As festas populares, manifestações colectivas, as crenças e ritos de devoção particular são as grandes marcas da religiosidade popular no nosso país. Nas festividades populares, com ou sem relação com o ritual oficial e, muitas vezes, com origem em cultos naturalísticos, é possível encontrar manifestações particulares, por vezes, com carácter mágico.
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Diocese de Aveiro: Jovens em férias missionárias

Missões, cá vamos nós!
Os jovens da diocese que vão viver uma experiência missionária durante o Verão estão de partida. Aliás, três já partiram em direcção ao Brasil, mais concretamente para Belém do Pará. O restante grupo viajará dentro de dias para Maputo, Moçambique, e depois será repartido por várias regiões desse país sul-africano.Num dos últimos sábados antes da partida, os “jovens missionários” reuniram-se no Centro Universitário para acertarem alguns pormenores e partilharem as actividades de animação missionária que desenvolveram em várias paróquias a propósito da experiência missionária que vão viver.
A Sónia é uma das jovens que vai para Moçambique. Em Lombomeão (Vagos), onde vive, participou num sarau missionário feito de testemunhos, uma encenação e uma apresentação multimédia sobre “Tanta coisa para fazer e tão pouco tempo”. “Eu disse ‘Vou partir’ e bateram-me palmas”, relata, impressionada com a sensibilidade e generosidade das pessoas que, num lugar pequeno, ofereceram mais de trezentos euros para as missões, na missa do domingo seguinte. Iniciativas similares ocorrerem em Covão do Lobo, de onde provém o jovem Víctor Miranda.
Na paróquia de Esgueira, que em Abril realizara um festival juvenil de música, dança e teatro sobre a missão, a sensibilização missionária centrou-se agora num encontro que reuniu jovens do 11o (ano do Crisma) e 12º anos e na “missa dos jovens” de sábado à tarde. Kátya e Catherine, as duas jovens desta paróquia que vão para Moçambique, referem que tiveram bom feed-back. “‘Vão e venham para nos contar’ – foi o que nos pediram, na missa”, diz Kátya. Catherine acrescenta: “Os miúdos ficaram muito entusiasmados. Pode ser que venham de lá mais missionários”.
Maria Machado não é da diocese de Aveiro, mas integra o grupo. Vive em S. João da Madeira (diocese do Porto), mas conheceu as experiências missionárias e o SDAM (Secretariado de Diocesano de Animação Missionária), que as promove, por frequentar a Universidade de Aveiro. Na sua terra, além de uma Eucaristia na véspera do dia do Corpo de Deus e um sarau missionário, houve um grupo que se voluntarioue recolheu fundos pelas empresas da região. Resultado: mais de dois mil euros para ajudar as missões.
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Pintura da Nadir Afonso

Posted by Picasa Áurea purpúrea Óleo sobre tela, sem data. 98x95,5 cm Colecção Fundação Nadir Afonso

REGATA DOS MOLICEIROS

Posted by Picasa MOLICEIROS unem a Torreira a Aveiro
Queremos lembrar que amanhã, sábado, 30 de Julho, se realiza mais uma edição da tradicional Regata dos Moliceiros, entre a Torreira e Aveiro. É uma oportunidade única para participar ou acompanhar esta corrida de Barcos Moliceiros e um momento de excepcional beleza.Este ano, o programa tem novos aspectos que pretendem trazer mais participação a esta festa dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro.
Participa na celebração religiosa e traz o teu barco à “cerimónia da Bênção das Embarcações”, vem degustar uma boa sardinhada ao almoço e um porco no espeto ao lanche, vem participar no foto-safari. Com início, amanhã, às 9.30 horas, na praia da Ria “Monte Branco”, meia milha a sul do café “Guedes”, na Torreira, vem fazer a tua inscrição e traz muitos amigos.
O convite da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro aqui fica, com votos de boa viagem.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Neste mar à minha frente...

Posted by Picasa Frederik Hendrik Kaemmerer Neste mar à minha frente / O sol repousa e os nossos olhos dormem... E este calor que dimana da terra e nos confunde com ela, Nos aquece as pernas de encontro à areia, numa vida exterior Com mais sangue que a nossa e, sobretudo, cheia Duma inconsciência que se não parece com nada, Esta respiração pausada como as ondas, de trás para diante Fazendo, lentas, e desfazendo A mesma curva, humaníssima e sensível, Faz-me escrever, devagar, e com letra de menino pequeno Sobre o chão acamado, esta palavra. AMOR. António Pedro (Foto e texto, In site da Comissão Episcopal da Cultura)

BENTO XVI: 100 dias à conquista da Igreja

Pontificado de continuidade cria expectativas positivas
Cumpriram-se 100 dias sobre a eleição de Bento XVI, a 19 de Abril, tempo mais que suficiente para que o Papa, que muitos classificavam como distante e frio, tenha sabido ganhar o carinho dos católicos.
As constantes referências a João Paulo II, o seu predecessor, ajudam a criar esse clima de simpatia, reforçado pela decisão de dispensar o período de espera de cinco anos para que se iniciasse o processo de beatificação. “Be-ne-de-tto!” é o grito que mais se tem ouvido nos seus encontros com os peregrinos, seja na Praça de São Pedro, seja na região alpina do Vale de Aosta, onde passa as suas férias até amanhã.
Estes dias deixaram claras as linhas mestras da acção de Bento XVI, que herda o pesado legado de João Paulo II, com os seus mais de 26 anos de pontificado. Numa atitude de continuidade, o Papa alemão tem apostado no ecumenismo, no diálogo inter-religioso e na construção da paz e da justiça como os seus principais compromissos.
Paz e unidade são, sem sombra de dúvida, as duas ideias chaves deste início de magistério do Papa Ratzinger, um homem que não abandonou a sua determinação na luta contra o relativismo “de um mundo ocidental cansado da sua própria cultura” (preocupação bem visível nos constantes apelos em defesa das raízes cristãs da Europa), mas que se apresenta mais capaz de fazer sínteses do que quando desempenhava funções como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
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Olha essas velhas árvores

Posted by Picasa Olha essas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... Olavo Bilac

RIO VOUGA: Uma sugestão de passeio

 

  À PROCURA DO NOSSO RIO


Hoje,  proponho um passeio que tanto pode ser perto como longe. Sugiro que se parta à descoberta do nosso Rio Vouga, com paisagens deslumbrantes a desafiarem uma fuga ao stresse. Perto ou longe, ele está sempre à nossa espera para ser admirado e contemplado, sobretudo por olhos pouco habituados à natureza pura, que um rio como o Vouga ainda pode oferecer, por aqui e por ali.
Saia de casa sem meta à vista, para além do rio, e aprecie as belezas das margens do Vouga, que chega a Aveiro à procura do mar, onde quer dormir tranquilamente e tornar-se infinito. Ouça o marulhar cantante das cascatas e sinta o rio, ora apressado ora dorminhoco, à espera de ser mais cantado em prosa ou verso ou registado com cores de artista.
Leve máquina fotográfica, para mais tarde recordar, um caderno para registar um poema que o Vouga lhe possa inspirar, olhos para ver e a alma para ficar inebriada. Vá e não fique sempre agarrado à praia. Há muito mais que ver por aí.

Fernando Martins


Um poema de António Correia de Oliveira

RIO VOUGA

Rios do meu País, línguas de prata, 
Misteriosas bocas de verdura 
Onde sorri a graça das estrelas: 
Convosco falo eu que sei a língua 
Dessa íntima saudade, que é a vossa, 
Por ser a desta terra em que nascestes. ~
Mas só um, de entre vós, fala comigo: 
Só um sabe o meu mal, e o vai chorando 
Por entre as vivas fráguas que lho lembram. 
Só um, vendo cair as minhas lágrimas, 
As recolheu em si, piedosamente, 
Para as dar a beber aos arvoredos. 
E tardou seu andar, só para que elas 
Estrangeiras paisagens amargosas 
Não vissem, nem corressem pelos mares: 
Mas bebidas, assim, pelas raízes 
Florescessem na Terra dos Amores, 
E fossem parte dela eternamente.
Rios do meu País, milagres de água, 
Fundos olhos de moiras prisioneiras 
Entre sombrias árvores, olhando, 
Só um de vós viu já abrir meu peito: 
E, de falar comigo, sabe a lágrimas, 
Enrouqueceu a sua voz profunda, 
És tu, Vouga sagrado!
És tu, ó rio ~ Português de nascença, e até à morte, 
Figura da nossa alma derradeira. 

In Antologia

PORTO DE AVEIRO

Posted by Picasa Portal do Porto de Aveiro apresentado a José Sócrates
O novo Portal do Porto de Aveiro foi seleccionado como um dos projectos de excelência do Programa Aveiro Digital, integrando o grupo de projectos a serem apresentados ao Primeiro-Ministro José Sócrates, este sábado.Depois de adiamentos originados pela agenda de José Sócrates, o chefe do executivo assiste, no próximo sábado, dia 30, no Teatro Aveirense, à apresentação do novo Programa Nacional para a Sociedade da Informação. A cerimónia, com início previsto para as 10.30 horas, contará ainda com a presença do Ministro para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago.
O novo PORTAL pode ser apreciado em PORTO DE AVEIRO.

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Um pensamento

A fé é uma ânsia,
a esperança é uma ambição,
a caridade é puro amor.

Coelho Neto

"Arte Religiosa e Património Cultural"

Mais um livro de Mons. João Gonçalves Gaspar

Acaba de me chegar às mãos a segunda edição, revista e ampliada, de “Arte Religiosa e Património Cultural”, um livro de Mons. João Gonçalves Gaspar. Trata-se de uma obra que reflecte os conhecimentos do autor sobre um tema nem sempre muito bem compreendido e abordado por quem está ligado à Arte Sacra e ao património cultural, em especial de matriz religiosa. Por isso, este livro, de apenas 48 páginas, merece ser lido por todos os membros do clero, mas também pelos demais agentes de pastoral e pelos arquitectos, engenheiros, artistas e decoradores de templos, na certeza de que ali poderão colher preciosos ensinamentos. 
Mons. João Gaspar, no respeito absoluto pelas orientações da Igreja sobre estas matérias, escreve sobre projectos, disposição do templo e sua finalidade, lugar dos fiéis, presbitério, altar, ambão, fonte baptismal, reserva eucarística, espaço penitencial, imagens e bens preciosos, sem deixar de indicar a bibliografia correspondente. 
Há ilustrações sobre ampliações de igrejas, construções novas, fachadas e imagens, que poderão servir como motivos de reflexão, para se não ofender a Arte Sacra e para se respeitarem as orientações estabelecidas pela Igreja Católica. 
D. António Marcelino lembra, num texto a abrir a obra, que “A arte, pela sua função, significado e valor, tem lugar importante na celebração eucarística e na vida da Igreja. Ela é, neste campo e ao mesmo tempo, expressão poética que deve procurar coerência com o rito que se celebra e com louvor a Deus pelo reconhecimento dos seus dons; que assume ainda o seu verdadeiro sentido ao participar, de modo escrupuloso, na manifestação dos seus sinais sagrados com a sua qualidade de adaptação e de medida adequada”. 
O Bispo de Aveiro recorda ainda que a história mostra o cuidado da Igreja “na edificação dos lugares de culto, na beleza e nobreza das alfaias litúrgicas, na qualidade do canto, na dignidade referencial dos gestos e expressões de quem preside à celebração e no sentido de comunhão visível de quem nela participa”. 

Fernando Martins