sábado, 26 de março de 2005

Mudança de hora

 
Relógio de Sol, em Três Minas, Trás-os-Montes

Na madrugada de sábado para domingo, vai mudar a hora, adoptando-se, portanto, a chamada hora de Verão. Assim, quando se deitar, adiante o seu relógio uma hora, para não acordar fora do tempo, que o mesmo é dizer, fora da hora oficial.

LEITURAS

O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, concedeu uma entrevista ao JN, que vale a pena ser lida. diz ele que, nos próximos dois referendos, votará "sim" no Tratado da Constituição Europeia e "não" no aborto. E acrescenta: "Comparando com Espanha, não vê razão alguma para qualquer tensão entre o Estado e a Igreja em Portugal, antes, e em regime concordatário, cooperação em defesa do bem comum. De sorriso disponível e aberto, as ideias e convicções de um homem que não deixa de ir à praia e que ri com quem lhe quer tirar fotografias em fato de banho. E que é visto como um forte candidato à sucessão do Papa João Paulo II. Um tema a que não foge. Embora prefira falar das suas missões na Conferência Episcopal Portuguesa, na qual termina, no próximo mês, o segundo mandato como presidente, e do Congresso Internacional da Evangelização, em Lisboa, em Dezembro próximo. Para ler tudo, clique aqui.

Novo Código da Estrada já está em vigor

Todo o cuidado é pouco
Já está em vigor o novo Código da Estrada, com multas pesadas para os transgressores. Penso que será bom que todos se debrucem sobre este Código, porque andar na estrada sem conhecer as regras pode tornar-se perigoso. Portugal, como todos devem saber, é um dos países da UE com sinistralidade mais elevada. Nas últimas 24 horas, morreram nas estradas portuguesas oito pessoas e muitas dezenas ficaram feridas. Um novo código, seja do que for, precisa sempre de ser estudado, até porque, na hora da transgressão, ninguém pode alegar desconhecimento da lei. Mas o mais importante é conhecer, de facto, as regras que temos de seguir, para não se prejudicar ninguém. O Governo apresentou este Código da Estrada, porque quer proteger-nos a todos. Por isso, todos temos de colaborar, porque os acidentes não acontecem só com os outros. Ninguém está livre de um tresloucado qualquer que ande nas estradas a ofender toda a gente. Ora eu penso que o Governo até podia decretar que todos os encartados deviam fazer um qualquer curso de reciclagem, para actualizarem os seus conhecimentos nesta matéria. Estou até convencido de que muitos portugueses, com cartas de condução obtidas há 20, 30 ou 40 anos, estão completamente a leste de muitas leis do Código da Estrada. Mas já que o Governo não o fez, há que pegar no Código para o estudar. É o mínimo. F.M.

JESUS morreu, mas ressuscitará!

Os cristãos recordam hoje, Sábado Santo, Jesus morto, na certeza da Sua ressurreição. Depois de expirar na cruz, por volta das três da tarde de Sexta-Feira Santa, o corpo de Jesus foi retirado para ser sepultado, como era a tradição. Diz São Mateus que, ao cair da tarde, veio um homem rico, José de Arimateia, que se havia tornado discípulo do Mestre, para sepultar Jesus, com autorização de Pilatos. José tomou o corpo, envolveu-O num lençol limpo e depositou-O num túmulo novo, que tinha mandado talhar na rocha. Depois, rolou uma grande pedra, certamente com a ajuda de algumas pessoas, e fechou a entrada do túmulo. Maria de Magdala e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente do sepulcro. Os outros discípulos, decerto temerosos, devem ter fugido. Hoje, ao recordar este acontecimento que antecedeu a grande libertação, que foi a ressurreição de Cristo, não posso ignorar que muitos teimam em matar o Senhor Jesus, ou fogem com medo, enquanto outros tantos, ou mais, fazem da Sua morte um sinal de esperança numa vida nova. Amanhã, Domingo da Ressurreição, cantaremos Aleluias. Cântico da Carta de São Paulo aos Filipenses Cristo, que era de condição divina, não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, para que, ao nome de Jesus, todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai.

sexta-feira, 25 de março de 2005

Um poema de Eugénio Beirão

CRISTO de Salvador Dali
 

CRUZ GLORIOSA


A cruz gloriosa do Senhor ressuscitado
é a árvore da minha salvação;
dela me alimento, nela me deleito,
nas suas raízes cresço,
nos seus ramos me estendo.
O seu orvalho me reconforta,
a sua brisa me fecunda,
à sua sombra ergui a minha tenda.
Na fome alimento,
na sede fonte,
na nudez roupagem.
Augusto caminho,
minha estrada estreita,
escada de Jacob,
leito de amor
das núpcias do Senhor.
No temor defesa,
nas quedas apoio,
na vitória a coroa,
na luta és o prémio.
Árvore da salvação,
pilar do universo,
o teu cimo toca os céus
e nos teus braços abertos
chama-me o amor de Deus.

Eugénio Beirão


Feira de Março vem animar a cidade

A multissecular Feira de Março de Aveiro aí está para animar a cidade e suas gentes. A partir de hoje e até 25 de Abril, no Parque de Feiras e Exposições, o povo da cidade e arredores já tem onde passar uns bons momentos, com tudo o que a Feira oferece. É certo que o figurino é sempre o mesmo, mas nem assim o sortilégio da Feira de Março deixa de atrair gente de todas idades e estratos sociais. Novos e velhos, todos ali têm algo de antigo ou moderno para aprecia, para degustar, para comprar. Sim, para comprar aquilo que nunca se encontra em parte nenhuma, aquilo que só ali descobrimos. As diversões, de sempre mas com inovações, os espectáculos de fins-de-semana, os amigos com quem nos cruzamos e que já não víamos há muito tempo, tudo será motivo para uma visita. Mas se não gostar de apertos, então vá num dia de semana, para andar mais descansado. Depois, não se esqueça de que este certame tem já 571 anos de existência, o tempo suficiente para se impor à cidade e ao País, até porque se vai actualizando ao sabor da maré. É que o comércio e a indústria, de variadíssimos ramos, também há muito marcam presença nesta Feira, que não fica a dever nada a outras que se vão organizando em grandes cidades. Diz Alberto Souto, na sua mensagem para a Feira de Março de 2005, que "a nossa cidade sente uma animação acrescida". E acrescenta: "Aquele que é conhecido como um dos maiores certames de Portugal traz a Aveiro dezenas de feirantes do comércio e das diversões, que, de ano para ano, têm contribuído para a qualidade e a diversidade da oferta, assim cimentando o prestígio da Feira e a sua atractividade junto do público de toda a região." F.M.

Requiem de Mozart

Mozart

Hoje vou ouvir o Requiem de Mozart, música bem adequada para uma Sexta-Feira Santa. Foi composta por Mozart, quando estava no seu leito de morte, para alguém que lha havia encomendado. Não a terminou, mas o seu aluno Sussmayr soube concluí-la com muita sensibilidade.
Diz a história que Mozart, um dos maiores compositores de todos os tempos, se é que não é mesmo o maior, compôs este Requiem "não só com toda a sua fé, que era viva e sincera, mas também com uma ansiedade agravada pela doença".
Ao ouvir esta Missa de Requiem, sentimos um tom profundamente dramático, que não se sente em toda a música religiosa do autor. Por exemplo, os trombones, como sublinhou um crítico, tornam visíveis, por assim dizer, as cenas do Juízo Final que evocam.
Sexta-Feira Santa não será um dia para outras músicas. Hoje, portanto, recomendo esta aos meus leitores. E podem crer que este Requiem nos eleva muito alto.


Fernando Martins

Às 15 horas, Jesus morre na cruz

Jesus, a caminho do Calvário, contempla Sua mãe
Toda a Igreja recorda hoje, pelas 15 horas, a morte de Jesus Cristo na cruz, tendo a seu lado dois criminosos. A um, prometeu que nesse dia se encontraria com Ele no paraíso. No fim de um processo manipulado, Pilatos lava as mãos e entrega Jesus para ser crucificado no monte do Calvário, depois de carregar a Sua cruz até ao cimo do monte. Como Filho de Deus, poderia ter pedido ao Pai legiões de anjos para o defenderem dos que O queriam matar, mas não o fez. O Filho do Homem, que nasceu humilde numa gruta, para nos dar o exemplo da simplicidade, quis, contudo, morrer para redimir toda a humanidade: dos que crêem e dos que o ignoram. E a Sua entrega aos algozes, sem revolta, mostra-nos a dimensão do Seu amor por todos nós. Hoje e sempre, até à consumação dos séculos. A morte de Cristo foi, no entanto, o princípio de uma grande nova, a Sua Ressurreição, o grande mistério da nossa fé. Se ele não tivesse ressuscitado, como rezavam as escrituras sagradas, seria vã a nossa fé. Isso mesmo recordou São Paulo aos que alimentavam dúvidas sobre esse acontecimento que marcou a história. Hoje, pelas 15 horas, que todos saibamos parar um minuto na vida. Em silêncio, lembremos a morte d'Aquele que, ao ressuscitar, nos garantiu uma vida nova, a vida da graça, que nos há-de conduzir, um dia, ao seio do Pai. Fernando Martins

quinta-feira, 24 de março de 2005

Júlio Verne morreu há 100 anos

Há 100 anos, precisamente em 24 de Março de 1905, morria em Amiens, França, um "profeta" que, de alguma forma, se antecipou no tempo. Júlio Verne, um dos escritores mais lidos e traduzidos do mundo, ofereceu no seu tempo obras que o imortalizaram, essencialmente por prever descobertas que anos mais tarde se tornariam realidade. Aliás, ele próprio afirmou que "tudo o que um homem é capaz de imaginar, um outro será capaz de o realizar", como bem lembrou hoje o PÚBLICO, nas páginas que lhe dedicou. Quem há por aí que não conheça as aventuras fantásticas de Júlio Verne, que enchem livros como Miguel Strogoff, A vota ao mundo em 80 dias, Vinte mil léguas submarinas, Da Terra à Lua, Viagem ao centro da Terra, Os filhos do Capitão Grant e Cinco semanas de balão, entre muitas outras que enriqueceram a nossa imaginação juvenil? Na minha juventude, não resisti a "devorar" com uma avidez insaciável as obras de Júlio Verne, encontradas na biblioteca de família amiga, que gentilmente mas foi emprestando. E então, participei em viagens fantásticas: vivi com o capitão Nemo num sofisticado submarino, andei na aventura do Miguel Strogoff que se fingiu de cego, fui à lua e joguei as cartas com os tripulantes da cápsula que amarou não muito longe das tripuladas pelos actuais descobridores do universo. E o mais curioso é que, ainda agora, me apetece ler uns capítulos dessas obras que encherem o meu imaginário e que se vão perpetuando no tempo. É o desafio que lanço aos mais jovens de 2005, 100 anos depois da morte do homem que "profetizou" um futuro que veio a tornar-se realidade. F.M.

quarta-feira, 23 de março de 2005

KOFI ANNAN

Gosto de ler os artigos do Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, e os textos alusivos às suas conferências e intervenções, fundamentalmente pelo optimismo que revelam. Na posição em que está, Kofi Annan dá-nos, assim, um exemplo de esperança no futuro. Confesso que muitas vezes me insurgi contra posições dúbias da ONU face a conflitos entre nações, reclamando, por isso, a renovação das Nações Unidas e mais poderes para poder evitar as guerras, até porque esta organização internacional nasceu para promover a paz, a liberdade, a democracia e o progresso. No seu artigo de hoje, publicado no PÚBLICO, o Secretário-Geral da ONU lembra que a organização que dirige não podia, há 20 anos, tomar partido entre a democracia e a ditadura ou intervir nos assuntos internos dos países-membros. E acrescentou que, "só no último ano", já foi possível "organizar eleições em mais de 20 países, muitas vezes em momentos decisivos da sua história", o que mostra como o mundo vai caminhando rumo à democracia, no respeito pelos direitos humanos. Kofi Annan sublinha que 60 anos de paz e de crescimento no mundo industrializado deram à raça humana "o poder económico e os meios técnicos para vencer a pobreza e os males que a acompanham", tendo acrescentado que "já não temos qualquer desculpa para deixar mais de mil milhões de seres humanos numa miséria abjecta. São apenas necessárias algumas decisões claras dos governos, tanto dos países ricos, como dos países pobres". Este é mais um desafio aos Estados-membros das Nações Unidas, na esperança de que todos, então, dêem a sua contribuição, decidida e decisiva, para a erradicação da fome no mundo. Kofi Annan termina o seu artigo manifestando o desejo de que os dirigentes se mostrem "à altura das suas responsabilidades". E se assim for – conclui – "o renascer e a renovação das Nações Unidas estarão apenas a começar — e com eles, uma esperança renovada de um mundo mais livre, mais justo e mais seguro". Fernando Martins
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Tríduo Pascal
A partir de amanhã, Quinta-Feira Santa, os cristãos vão viver as cerimónias do Tríduo Pascal, de preparação para a Páscoa do Senhor. A Páscoa é a festa das festas, ou não fosse ela "o mistério admirável da nossa fé". Com a Sua Ressurreição, Jesus Cristo venceu as trevas da morte para nunca mais morrer. Com a Páscoa, nasce o novo Povo de Deus, a Igreja, que tem na base a certeza de que Cristo continua no meio do mundo, conduzindo a história no respeito absoluto pela liberdade de cada um. Cristo oferece-Se a todos, mas nem todos O aceitam. Mas os que O aceitam tornam-se fonte de alegria, de optimismo, de justiça, de paz, de amor e de esperança para todos. Páscoa é também sinal de reconciliação e de partilha, de dádiva solidária a quantos sofrem, de fé em dias mais fraternos, mais humanos. Páscoa é ainda sinal de perdão: de quem o dá, com simplicidade e de coração aberto; de quem o pede, com sinceridade e humildade. A todos, desejo Santas Festas da Páscoa, na alegria de Cristo Ressuscitado. Fernando Martins

terça-feira, 22 de março de 2005

Programa do Governo sem grande contestação

O Programa do Governo de José Sócrates não sofreu grande contestação no Parlamento. As oposições limitaram-se a falar por falar, ficando-se alguns oradores por questões marginais, que levaram o primeiro-ministro a brilhar neste seu primeiro confronto institucional. Com o PSD e o PP sem líderes (estão ainda à procura deles), o debate não atingiu o que se esperava. De qualquer modo, penso que o Governo começou bem, com algumas promessas que vêm na linha do que havia sido garantido na campanha eleitoral. Na impossibilidade de aqui apresentar todas as medidas anunciadas, limitar-me-ei a citar algumas, particularmente as que mais me sensibilizam, a saber: - Até final da legislatura, o Governo garante que vai tirar os idosos da pobreza. Qualquer idoso com mais de 65 anos ficará a receber, pelo menos, 300 euros por mês. O programa começa em 2006, abrangendo, para já, os que têm mais de 80 anos. Os outros vão ter que esperar; - No primeiro mês do Governo, vai ser lançado o combate à fuga nas contribuições para a Segurança Social e à fraude nas prestações sociais de doença e de desemprego; - As férias judiciais passam a ser de um mês apenas, e não dois, como têm sido; - Vai ser apresentada uma proposta de lei sobre nomeações dos cargos dirigentes na função pública e sua vinculação ou autonomia face às mudanças eleitorais; - A disciplina de Inglês vai ser introduzida no Ensino Básico nas escolas englobadas em agrupamentos escolares, a partir do 3º ano; - Vão ser aperfeiçoados os mecanismos de avaliação do mérito e do desempenho dos funcionários públicos, dos seus dirigentes e dos serviços. O Programa do Governo revela, pelo que li, um respeito muito grande pelas promessas feitas na campanha eleitoral. Resta saber se é possível levar por diante o que foi apresentado na Assembleia da República. Agora ficaremos todos à espera, para mais tarde julgarmos. F.M. ooooooooooooooo oooooooooooooooo O Aborto
O Governo garante que vai implementar a realização de um referendo sobre o aborto, conforme havia prometido na campanha eleitoral. Quer, a partir daí, dar liberdade às mulheres para poderem abortar até às dez semanas, sem qualquer penalização. Não ouvi dizer que o aborto precisa, também, do parecer do pai da criança gerada no ventre materno. José Sócrates prometeu participar, activamente, na campanha a favor do aborto, sublinhando que este será "um passo decisivo na modernização do País". Eu penso que é o contrário. E comigo devem estar todos os que acreditam na vida como coisa sagrada, que deve ser preservada desde a concepção até à morte natural. Há por aí quem pense que os que lutam contra o aborto o fazem por uma questão religiosa. Não é. Há muita gente que discorda do aborto e que não professa qualquer religião. O problema está, a meu ver, num certo egoísmo que se instalou nas sociedades modernas, onde o hedonismo é procurado sem regras. O homem e a mulher, que têm direito aos prazeres da vida, sob múltiplos aspectos, não podem, em nome disso, fazer o que querem e lhes apetece. E quando se brinca com a vida, esteja ela no princípio ou no fim, perde-se o respeito por princípios sagrados, que deviam ser cultivados em todos os momentos. Alguns pensam que a liberalização do aborto vem pôr fim ao aborto clandestino. Puro engano. Ninguém até hoje provou que isso é verdade. Então, os que acreditam na vida, repito, não podem ficar indiferentes na hora do voto em referendo. Tal atitude seria uma prova de covardia. Voltarei ao assunto e aceito opiniões por e.mail (rochamartins@hotmail.com). F.M.
ooooooooooooooo ooooooooooooooooooo DIA MUNDIAL DA ÁGUA
Celebra-se hoje o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, para todos pensarmos um pouco sobre a forma como temos tratado este bem precioso que começa a ficar escasso. No dia-a-dia nem nos apercebemos disso, mas quando temos a envolver-nos uma seca tão agreste como a que estamos a sentir, então é bom que meçamos o uso que fazemos da água: se continuamos como se nada estivesse a acontecer, se a gastamos sem regra e se a desperdiçamos sem medir as consequências. Está provado que uma significativa parte da água de consumo se perde no caminho até nossas casas, e também é certo que, nos serviços domésticos, se gasta água por tudo e por nada. Banhos com água sempre a correr, torneiras abertas para a rede de esgotos, regas com água da companhia, quando já há povoações a serem abastecidas pelos bombeiros ou pelas autarquias, tudo isto nos deve levar a mudar de atitudes. A água, com os ataques sistemáticos à natureza, é um bem que começa a rarear. Por isso, todo o cuidado é pouco e muito deve ser o esforço ao nível da educação, para sensibilizar toda a gente para o respeito pela natureza, fonte de toda a água de que a humanidade precisa. F.M.

segunda-feira, 21 de março de 2005

DIA MUNDIAL DA POESIA

Hoje, segunda-feira, é o Dia Mundial da Poesia, motivo mais do que suficiente para falar dela. A minha primeira reacção foi oferecer aos meus leitores um poema bonito, de um poeta conhecido ou não. Um poema da minha preferência, daqueles que me enchem a alma e me sugerem a partilha com os outros. Mas não o faço. Simplesmente porque entendo que cada pessoa tem os seus poetas preferidos e, dentre eles, os seus poemas predilectos. Apresentar um e só um, hoje, seria uma heresia. Cada qual que escolha, então, um poema e envolva com ele todos os momentos deste dia. 

A poesia não é só um conjunto de palavras ordenadas para nos presentearem uma mensagem, bem embrulhada em ritmo, harmonia e musicalidade. Ela é também uma flor bonita, um sorriso de criança, a ternura de um idoso, o encanto de quem ama, a solidariedade de gente generosa, uma paisagem que nos leva a sonhar. 

A poesia está em toda a parte: na amizade que damos, na natureza sempre em busca da Primavera, nos regatos silenciosos que alimentam rios e mares, no universo e nos seus segredos, no mundo microscópico e macroscópico que nos eleva até ao Criador. 

A poesia está a meu lado, de manhã à noite, quando me deito e quando me levanto. Envolve-me quando procuro ser bom e foge de mim quando ignoro os outros. A poesia é a vida feliz que experimento constantemente e até a vida com os seus momentos menos alegres. 

A poesia merece, pois, um Dia especial. Para olharmos para ela, para a divulgarmos, para a criarmos. Todos temos dentro de nós poesia à espera de nascer. À espera de desabrochar. À espera que aprendamos a oferecê-la aos outros. A poesia é o nosso amor por uma humanidade mais fraterna.

Fernando Martins 

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A Força da Fé

Penso que todos, crentes e não crentes, reconhecem a força da fé que anima o Papa João Paulo II. Nos mais diversos momentos do seu longo pontificado, o Papa mostra ao mundo a sua capacidade de amar, num espírito evangélico nunca regateado. Ele quer estar em todas as circunstâncias com os que sofrem, com os tristes e angustiados, com os deserdados da sorte, com os que procuram a verdade, a justiça, a liberdade e o amor. Mesmo quando ele próprio sofre. Depois da operação melindrosa a que foi submetido e quando muitos auguravam longo tempo de repouso e de restabelecimento, João Paulo II não desiste de estar com o povo. Ontem, mais uma vez, veio ao encontro dos mais de 50 mil peregrinos que o esperavam na Praça de São Pedro. Não para falar, mas para os ver. E não deixou, talvez com muito sacrifício, de os abençoar, erguendo, bem alto, o ramo de oliveira, o cristão símbolo da paz. 

F.M. 

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Ainda a pobreza em Portugal

Ontem abordei, ligeiramente, o problema da pobreza em Portugal. Como tantas vezes o tenho feito nos mais diferenciados lugares. Disse então, como pode ser confirmado, que no nosso País há 200 mil portugueses a passar fome, no dia-a-dia, de portas abertas, uns, e escondidos, outros. Talvez a maioria, neste último caso. 

De cada vez que há eleições, os políticos garantem que o problema da pobreza vai ser tarefa prioritária do Governo. Mas, apesar dessas promessas, o problema persiste, escandalosamente. A nossa sociedade está habituada a pensar, e disso faz ponto de honra das suas reclamações, que é tarefa dos governantes erradicar a pobreza das nossas comunidades. 

Mesmo as instituições vocacionadas para isso, que tanto fazem para ajudar os que precisam, não deixam de reclamar mais apoios do Governo. Porém, a sociedade em si, sem alma, continua eternamente à espera que alguém (indefinido) resolva os problema. O que é de lamentar, porque todos somos co-responsáveis. Do Estado podemos e devemos esperar, penso eu, mais facilidades e mais estímulos para que as instituições e as pessoas se ajudem mutuamente nos momentos difíceis, segundo o princípio da solidariedade e da caridade cristã. 

O Estado não pode fazer tudo. Porque não tem meios, porque não está próximo das pessoas, porque não sente os dramas dos pobres envergonhados. Graça Franco, jornalista da Renascença e cronista do PÚBLICO, escreveu hoje, neste jornal, a propósito da pobreza que existe entre nós: "Eng. Sócrates se tiver de esquecer uma das suas promessas deixe lá os impostos. Se for preciso suba-os mas não deixe de cumprir a promessa de combater a pobreza e a exclusão social. Se as nossas consciências não respondem porque ficaram do tamanho das cabecinhas de alfinete... agitem-nos as carteiras!" Subscrevo, obviamente, esta proposta. 

Fernando Martins

domingo, 20 de março de 2005

Mais portugueses com fome

Um ano depois de mostrar ao País e às pessoas mais desatentas que há cerca de 200 mil portugueses a passar fome, o PÚBLICO voltou hoje, domingo, a alertar para a realidade de que esse número está a crescer. Porque me parece que o tema não pode cair no esquecimento dos políticos, em particular, e de todos nós, em geral, não resisti à ideia de vir partilhar com os meus amigos da blogosfera esta inquietação, propondo a cada um a reflexão que se impõe, tendo por meta, de alguma forma, minimizar o problema. Cinco páginas e o Editorial do director José Manuel Fernandes são elucidativos sobre a situação dramática em que vivem muitos dos nossos concidadãos. O desemprego, os ordenados baixíssimos, as reformas de miséria, o endividamento de famílias, mães que trabalham com a prole, exclusivamente, a seu cargo, ordenados em atraso, encerramento de fábricas, entre muitas outras razões, estarão na base da pobreza em Portugal. Defende o director do PÚBLICO que o “Estado pode e deve criar novos e melhores mecanismos de solidariedade, tanto para assistir às situações extremas onde a pobreza é mesmo uma fatalidade (como é o caso de muitos idosos), como para apoiar os que ajudam a recuperar quem está nas margens da sociedade. Mas não se deve esperar ou exigir do Estado que cuide de todos, até porque isso geraria dependências que apenas agravariam os ciclos de pobreza. Deve-se sim estimular, apoiar, participar, financiar, as organizações que estão no terreno e fazem com muito pouco imenso – o imenso que torna menos imensa a brutalidade das realidades a que hoje regressámos nas páginas do PÚBLICO”. Estou mesmo em crer que, se todos os órgãos de comunicação social se debruçassem sobre estas questões, em vez de se entreterem e nos entreterem com futilidades e politiquices, tudo poderia mudar a curto e médio prazo. E como o actual primeiro-ministro José Sócrates afirmou, em Janeiro deste ano, que “A palavra pobreza vai voltar ao dicionário da agenda política em Portugal”, vamos todos acreditar, positivamente, que vai ser mesmo assim. Fernando Martins

sexta-feira, 18 de março de 2005

Aristides de Sousa Mendes perpetuado em Jerusalém

Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, foi perpetuado, hoje, no Museu do Holocausto, em Jerusalém, por ter salvo mais de 30 mil judeus das perseguições nazis, pondo em risco a sua sobrevivência como diplomata. Presentemente, são centenas de milhares os descendentes dos que escaparam das garras da Gestapo e da SS de Hitler, que os perseguiam pelo simples facto de serem judeus. Aristides de Sousa Mendes, que foi exonerado das suas funções pelo Governo de Salazar, acabou por morrer na miséria, unicamente por ser fiel às suas convicções humanistas e cristãs. E não há registo de se ter arrependido pelo que fez. Honra, por isso, à sua memória. Que o seu exemplo sirva a todos os indecisos, para que assumam, sempre, posições compatíveis com os seus ideais, em direcção a uma sociedade mais humanizada. F.M. «««««««««««««««««««««««« Porta aberta a todos Nesta "porta" que encontrei na Biblioteca da Figueira da Foz, só posso congratular-me com o que tenho visto. Muita gente, a qualquer hora, procura cultivar-se. Novos e menos novos, estudam e lêem, ouvem música, frequentam a Net e consultam livros e jornais. Estudantes universitários e outros, aposentados e profissionais dão vida a este espaço cultural, que se enquadra num todo que engloba o Museu Santos Rocha, grande arqueólogo figueirense, e o Centro de Arte e Espectáculos. Vale a pena passar por aqui uma tardes e ver que, afinal, há muita gente que procura cultivar-se, nas horas vagas. F.M.

quinta-feira, 17 de março de 2005

Férias

Durante uma semana, estarei longe do meu local de trabalho. Por isso, só voltarei a este espaço se encontrar pelo caminho uma "porta" por onde possa entrar, para partilhar, com os meus amigos, o que de bom há no nosso mundo.
Fernando Martins

Mensagem Pascal do Bispo de Aveiro

Louvado o Senhor da Páscoa, 
alegria e força de quem crê 


Eu sei, Senhor, que a Páscoa é a Festa, da minha alegria e da minha fé. Sei-o desde criança, mesmo sem entender por que era assim. Mais tarde percebi que não podia ser de outra maneira. Porque a Páscoa, Senhor Jesus, assim o creio, é, pela Tua Ressurreição, a vitória definitiva sobre a morte. É a Vida, por inteiro, oferecida a todos, por igual. Assim, fui e vou experimentando, em mim e à minha volta, que a Tua Páscoa é fonte inesgotável de alegria, certeza perene de amor, sentido iniludível de paz, fundamento inquebrantável de esperança, garantia definitiva de vida, vida que é sempre dom e festa.
Já não sei viver sem a Tua Páscoa, Senhor da Vida, sem a alegria que dela brota, sem a certeza de Ti, sempre vivo, que a tudo dás sentido. Pela Tua Páscoa e a descoberta de nela eu ter lugar, ouvi, um dia, o convite para Te seguir, joguei contigo a vida que me deste, fui aprendendo, a teu jeito, a fazer dos outros o meu caminho, e a amar o tempo e a sociedade, em que me é dado viver. Por isso, cantarei, cada dia, a alegria da Tua Páscoa, Senhor! Cada dia agradecerei a graça da Tua Páscoa. Cada dia do meu viver, sentirei a certeza da Tua Páscoa, nos desafios que me tocam, na luta dos irmãos, nos sonhos da humanidade... 
Páscoa de Cristo, festa do coração e da alegria sem limites! Luz nova que esclarece, purifica, compromete! Bendita Páscoa, que liberta de medos e tristezas, de injustiças e mentiras, de dores sem sentido, de amor sem misericórdia, de passos mal andados! 
Bendita Páscoa, que a todos une, como irmãos, a todos abre novos caminhos de vida! Páscoa de Cristo, minha Páscoa e nossa Páscoa! Alegria de Cristo, minha alegria e nossa alegria! Luz de Cristo, minha luz e nossa luz! Vitória de Cristo, vitória de todos quantos crêem, que só Ele é o Senhor!

António Marcelino, Bispo de Aveiro

LEITURAS

No Correio do Vouga pode ler o artigo de D. António Marcelino, intitulado “Liberdade e vida, inseparáveis e nunca concorrentes”. De Acácio Catarino, “Quatro patamares da política social”. Pode ainda ler “Em busca da casa comum”.

ÍLHAVO, VAGOS E MIRA unidos na defesa da FLORESTA

Os municípios de Ílhavo, Vagos e Mira avançaram com uma Comissão Intermunicipal da Floresta. Num tempo de seca, como não se via há muitos anos, os técnicos admitem a intensificação dos fogos florestais no próximo Verão. Aliás, ainda não estamos na Primavera e esse flagelo já apareceu no nosso País, causando estragos incalculáveis. Esta Comissão, a todos os títulos louvável, pretende, para além da gestão dos meios de combate aos fogos florestais, apostar na preservação da Floresta a todos os níveis. A Câmara Municipal de Ílhavo informou, entretanto, que vai mobilizar jovens para acções de vigilância e limpeza da conhecida e centenária Mata da Gafanha, durante as férias escolares do Verão, depois de uma preparação prévia, a ministrar pelos Bombeiros de Ílhavo.

terça-feira, 15 de março de 2005

DIA MUNDIAL DOS DIREITOS DOS CONSUMIDORES

Hoje celebra-se o Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores. É mais um dia para pensar nos direitos que nos cabem enquanto consumidores. Direito a um atendimento delicado e esclarecedor, direito a produtos de qualidade e respeitadores das regras estabelecidas, nomeadamente ao nível da higiene, direito a preços justos, direito a uma publicidade não enganosa, direito a reclamar quando nos sentirmos prejudicados, direito a factura/recibo dos pagamentos que fizermos, direito a serviços, estatais ou particulares, competentes e atenciosos, direito à formação e à informação, direito à reparação de danos, direito à segurança, contra produtos que possam prejudicar a nossa saúde. Mas também há deveres, que nos obrigam a tratar com educação os que nos atendem. Acontece que nem sempre pensamos nestas coisas e muitas vezes deixamo-nos enganar por promessas fraudulentas, publicidades menos correctas e vendedores pouco escrupulosos. Torna-se, pois, necessário, que compremos só o que nos faz falta, só o essencial, não nos deixando levar por papéis e mais papéis que nos podem induzir em erro. Antes de comprar, seja o que for, temos de comparar preços e qualidade, porque, frequentemente, somos atraídos pelo que custa menos dinheiro, quando é certo que "o que é barato sai caro". F.M.

Para pensar

Cultura do Entretenimento É preciso construir o homem livre
"Emerge na sociedade contemporânea um novo tipo de angústia: a angústia do preenchimento do tempo livre. Ter muito para fazer, muitas propostas culturais, uma agenda de possibilidades e nenhuma parecer interessante. O tempo livre e a experiência do tédio não é um problema novo, é, aliás, recorrente na história. Escreveu Eric Weil: "Se, obtido tudo o que razoavelmente se pode desejar, as pessoas estão ainda insatisfeitas e se todo o mundo partilha do mesmo sentimento de insatisfação, pode então desencadear-se o recurso a coisas não razoáveis. Estamos todos de acordo num ponto, a saber: que a violência é o único verdadeiro passatempo". Este problema tem que nos fazer pensar sobre o sentido de cultura e educação como projecto de construção da identidade de homens livres. E o filósofo propõe um caminho: "uma educação que obrigaria cada um a admitir a sua perplexidade, o seu tédio, o seu desespero - não a confessá-lo publicamente a uma autoridade ou especialista, mas a confessar a si mesmo que está à procura de qualquer coisa que não tem e que deseja mais do que tudo no mundo" Excerto de "Cultura do Entretenimento", de Paulo Vale, no "site" da Comissão Episcopal de Cultura

"SUBVERSIVO"

Sarsfield Cabral
No seu artigo de hoje, no DN, com o título "Subversivo", Sarsfield Cabral afirma que "Não cabe à Igreja avançar soluções técnicas ou políticas. Mas cabe-lhe despertar as consciências para que as procurem, não se acomodando ao que está".

POBRES EM PORTUGAL

JORGE SAMPAIO: "Combater as desigualdades é um imperativo da democracia" Presidente da República: Foto de arquivo
O Presidente da República deu o mote: "Oiço há muitos, muitos anos o número de dois milhões de pobres em Portugal... Não me interrogo sobre a sua veracidade, ando pelo país e apercebo-me das desigualdades que existem." No entanto, continuou, "pergunto-me sempre por onde andam os fundos estruturais" e "o que é que fizemos" com eles. Para saber mais, leio o PÚBLICO.

CUFC: Festa de Páscoa

Festa de Páscoa. Foto de arquivo
Amanhã, quarta-feira, às 18.30 horas, vai ter lugar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) uma Festa de Páscoa. Depois de toda uma caminhada quaresmal, das dinâmicas de celebrações e cultura, somos todos convidados para esta festa, cujo ponto alto será a Eucaristia, presidida por D. António Marcelino. Depois, acontecerá confraternização, com muita alegria. Movimentos, Grupo de Crisma, Comunidades PALOP, Cursos de Viola e de Primeiros Socorros, Voluntários dos Projectos, Amigos... Professores, Funcionários, todos membros da Comunidade Universitária, são convidados a participar, em espírito de encontro e de fé, mas também de partilha solidária, onde cada um dá um pouco da sua riqueza interior, e não só.
A Ceia da Paz Neste dia recordamos aquela noite de luz Em que, na Última Ceia, aos seus irmãos deu Jesus O cordeiro e o pão ázimo segundo os ritos formais que o Senhor na antiga lei ensinara aos nossos pais. No fim da Ceia, comido o cordeiro imaculado No qual o Seu sacrifício tinha sido figurado Cremos todos que aos discípulos Ele mesmo, pão do Céu, o Seu Corpo, todo a todos... e todo a cada um, deu. Aos fracos e esfomeados deu o Seu Corpo a comer, E aos tristes, fonte de vida, deu o Seu Sangue a beber, Dizendo-lhes: recebei este cálice que vos dou, Bebei todos deste Sangue que do Meu peito jorrou! Ó divindade una e trina, vossos filhos Vos imploram: Visitai os corações que prostrados vos adoram! E pelos vossos caminhos, por onde os homens chamais, Levai-nos à Luz eterna, aonde Vós habitais! Hino de Quinta-Feira Santa (Liturgia das Horas)

POSTAL ILUSTRADO

Forte da Barra