Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO
1. Por mero acaso, depois de publicada a crónica do passado domingo, com a declaração de João Paulo II “a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”, deparei com um texto que eu tinha publicado em Agosto de 1994. A declaração papal era de Maio desse ano. Procurei responder-lhe sem a nomear.
Com efeito, em 1994, escrevi: “Não falta por aí quem diga – não eu – que o grande ministério das mulheres seria ou ocupar a Igreja ou abandoná-la. Creio que há algo de novo a fazer, tirando as conclusões certas da Lumen Gentium, n.º 10, onde se faz do sacerdócio comum a todos os baptizados o sacerdócio próprio da vida cristã (Rm 12,1), mas também onde acaba por ser neutralizado, ao valorizar de forma desequilibrada o chamado “sacerdócio” ministerial, deixando na sombra o principal. É a ambiguidade inerente a fórmulas de compromisso.