segunda-feira, 7 de março de 2022

A sementeira da paz

Crónica de Bento Domingues 

A tarefa desta Quaresma, por todo o lado onde se celebra a Páscoa, deve ser a tomada de consciência da fragilidade e devemos lembrarmo-nos do horror das guerras, não só na Europa, mas em todos os países.

1. Há muitos anos, na minha aldeia, a Quaresma era um tempo muito especial. Era marcado pelo ritual das cinzas. Ritual obrigatório, assumido por toda a gente. O padre fazia o sinal da cruz com as cinzas, na cabeça das pessoas, dizendo: “Tu és pó e em pó te hás de tornar”. Agora, a frase que acompanha este ritual pode ser substituída: “Arrepende-te e acredita no Evangelho”.
Em todos os dias da Quaresma, ao fim da tarde, havia um vizinho que, num ponto estratégico da aldeia, gritava: “Alerta, alerta: a vida é curta e a morte é certa”. Observava-se o jejum e a abstinência. Para se ser dispensado, comprava-se a Bula. Os preceitos da Santa Igreja não eram muitos: confessar-se uma vez por ano e comungar na Páscoa da Ressurreição. Era a desobriga. Antes da reforma litúrgica, o sábado anterior era designado como Sábado da Aleluia. Mas era no Domingo de Páscoa que havia as grandes manifestações de alegria. Com música e foguetes, a Cruz iluminada visitava todas as casas. Havia sempre um mordomo que organizava essa visita que, muitas vezes, se prolongava até ao Domingo da Pascoela. Certas particularidades dependiam dos costumes locais.

sábado, 5 de março de 2022

Teatro Aveirense foi inaugurado neste dia

Teatro Aveirense tem 141 anos

Foi inaugurado, neste dia do ano de 1881, o Teatro Aveirense, construído junto aos Paços do Concelho. Atuou a Companhia de Teatro D. Maria II com as comédias “Amor por conquista” e “Mantilha de renda”, desempenhadas por um conjunto de grandes artistas, de que faziam parte Brasão, Augusto e João Rosa, Baptista Machado, Rosa Damasceno, Virgínia e Emília Cândida. 
Num dos intervalos, foi recitada e distribuída a poesia “A Sagração” do ilustre aveirense Fernando de Vilhena. (Rangel de Quadros, Aveiro — Apontamentos Avulsos, Manuscrito.

Calendário Histórico de Aveiro

O Covid-19 já morreu?


Ou é impressão minha ou o Covid-19 já passou à história. A guerra, agora, é outra. A Ucrânia, com as atrocidades ali cometidas, com gente em fuga, predominando mulheres, crianças e velhos, passou a ocupar o espaço quase todo dos noticiários nacionais e internacionais. E se é verdade que o coronavírus metia medo a muita gente, não deixa de ser assustador sentir a ameaça de uma guerra mundial, a terceira dos tempos modernos.
Vamos esperar que os vestígios do bem senso dos que começaram os bombardeamentos contra a Ucrânia lhes acordem a razão.

Palavras para mim. 2

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

O cristianismo em grande parte venceu graças à proclamação de Cristo: "Eu sou a Ressurreição e a Vida."

Continuo com palavras que ao longo da vida me foram dirigidas e me marcaram positivamente. Do teólogo Andrés Torres Queiruga. Para o crente, é a própria realidade, comum a todos, que, mediante certas características, como a contingência radical, a consciência da finitude, concretamente frente à morte e ao impulso radical para transcendê-la, a exigência de Sentido último, se mostra implicando uma Presença como seu Fundamento primeiro e Sentido último. Assim, na estrutura íntima do processo religioso, "não se interpreta o mundo de uma determinada maneira porque se é crente ou ateu, mas é-se crente ou ateu porque a fé ou a não crença aparecem ao crente e ao ateu, respectivamente, como a melhor maneira de interpretar o mundo comum".
Do filósofo Miguel Baptista Pereira. "Na leccionação da Antropologia Filosófica, nunca se esqueça da centralidade do homo dolens (o Homem sofredor)".

sexta-feira, 4 de março de 2022

Cáritas diocesana apoia a Ucrânia



Face à situação de guerra na Ucrânia, à chamada que todos estamos a ter, e depois de reunião com o nosso Bispo, partilhamos convosco um conjunto de informações para uma melhor concertação da nossa ação enquanto Secretariado Diocesano da Pastoral Sócio Caritativa.

Donativos em dinheiro: como sabem, a Cáritas Portuguesa lançou recentemente uma campanha com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa. Devemos assim estimular a adesão dos interessados a esta campanha (IBAN PT50 0033 0000 01090040150 12 ou na Rede MB – Entidade: 22222; referência: 222 222 222. A nível diocesano, os contributos podem ser entregues na Cáritas de Aveiro.

Relativamente ao destino a dar aos bens doados: as entidades já vão conseguindo encaminhar os bens que têm sido recolhidos um pouco por toda a Diocese. Não obstante, informamos que foi decidida a colaboração em comunhão com a Igreja Ortodoxa Ucraniana de Aveiro a este nível, tendo a mesma um centro logístico de expedição no armazém sito na Avenida Europa nº 437, armazém G (atrás da estação de serviço Express), das 09h00 às 19h00. Poderão, caso assim o entendam, entregar os bens recolhidos pelas vossas instituições neste endereço. Os mesmos serão enviados através de transporte com autorização para entrar na Ucrânia, que os entregará às organizações civis já no interior do país. Se necessário, e para agendar as vossas entregas, entrem em contacto connosco;

Natureza dos bens necessários para enviar para a Ucrânia: São importantes os seguintes bens, pelo que é aqui que devemos concentrar a nossa atuação:

Alimentos enlatados prontos a consumir;
Alimentos para bebés e crianças;
Águas e bebidas;
Medicamentos e material de enfermagem de todo o tipo;
Artigos de higiene pessoal.
Famílias de Acolhimento e Alojamentos: será necessário um grande esforço a este nível. Aqui seria muito importante conseguirmos identificar estas famílias ou alojamentos que possam ser disponibilizados. Para tal, iremos desenvolver uma base de dados com todos os casos identificados pelas nossas entidades, informando posteriormente dos mesmos o responsável pela logística da Igreja Ortodoxa Ucraniana de Aveiro, Alberto Teixeira.

Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM): será também importante, termos sempre presente a existência destes Centros Locais de Apoio especializados aos migrantes. Na área geográfica da Diocese de Aveiro existem os seguintes 
(contactos em https://plim.acm.gov.pt/plim/contactos/contactos-rede-claim): CLAIM Águeda; CLAIM Aveiro; CLAIM Aveiro – Universidade de Aveiro; Equipa Caleidoscópio – Aveiro; CLAIM Albergaria-a-Velha; CLAIM Oliveira do Bairro; CLAIM Sever do Vouga.

Diretora do SDPSC

Fernanda Capitão

Faz tuas as opções de Jesus que nos abre o caminho da Páscoa

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Primeiro Domingo da Quaresma

As provações sedutoras insinuam-se constantemente. O dinheiro/ouro luz, reluz e seduz; o poder atrai e exibe-se; o êxito afirma-se e impõe-se. E os três pretendem ser os pilares da nossa sociedade, os objetivos de tantas carreiras profissionais, o móbil que condiciona as consciências e faz girar o mundo. A tríade ramifica-se em muitos “filhotes” que a publicidade consumista se encarrega de fazer apresentar de forma insinuante e atraente.

“Parem com a guerra; façamos a Paz”, gritam milhares de manifestantes. Gritos em lágrimas que o Papa Francisco faz ressoar em tom de exortação veemente, dando-lhes um novo horizonte “Convido todos a fazer no próximo dia 2 de Março, Quarta-feira de Cinzas, um dia de jejum pela paz. Encorajo de modo especial os crentes a fim de que naquele dia se dediquem intensamente à oração e ao jejum. Que a Rainha da paz preserve o mundo da loucura da guerra”, afirmou, referindo a sua tristeza pelo agravamento da situação na Ucrânia, precisamente na véspera do início da invasão.
Exortação dirigida a todos, porque irmãos em humanidade; dirigida especialmente aos unidos pela fé no Senhor Jesus. A todos, o jejum solidário; aos cristãos, a oração intensa que confia em Deus Pai de todos e reconhece a pequenez humana, a precariedade das criaturas e da criação.

quarta-feira, 2 de março de 2022

A GUERRA

Guerra na Ucrânia (Foto das redes globais)

A GUERRA continua e o mundo pasma de tanta dor. Homens matam homens e mulheres, crianças e velhos inofensivos em nome de interesses suspeitos ou de políticas sem éticas. O caos instala-se e as armas cumprem a sua estúpida missão, matando gente e destruindo marcas culturais de civilizações de séculos.
As fomes assentam praça em regiões com história. Fomes de pão e de vinganças que não terão fim. A guerra é isto. Não tão longe de nós como alguns pensarão, mas com reflexos dramáticos, mais dia, menos dia, em todos os quadrantes do mundo dito civilizado. Vozes de protesto não faltam, ajudas não param de surgir, mas também há quem aceite a guerra como ação inevitável. O mundo é assim. Infelizmente.