Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias
Sobre o sexo, as mulheres, as religiões e a Igreja já escrevi aqui muitas vezes. Também em livros que publiquei, incluindo o próximo, O Mundo e a Igreja. Que Futuro?, que espero esteja nas livrarias em finais de Outubro. Retomo hoje o tema muito rapidamente, por causa do "alarido" que houve nos media provocado por uma leitura na Eucaristia de um domingo passado, transmitida pela televisão pública. Algum esclarecimento é devido.
1 O que se passou é que foi feita uma leitura bíblica a dizer: "As mulheres sejam submissas aos maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o Chefe da Igreja."
Previno que o texto é da Carta aos Efésios, atribuída a São Paulo, mas a autoria realmente não lhe pertence. Aliás, é preciso dizer que, no cristianismo, com Jesus, que escandalosamente tinha discípulos e discípulas, São Paulo deu um contributo decisivo para a emancipação feminina: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus", escreveu na Carta aos Gálatas; e na Carta aos Romanos descreve Júnia como ilustre entre os Apóstolos.
2 Todas as religiões se entendem a si mesmas como reveladas. A pergunta é: como sabem os crentes que Deus falou?