sábado, 12 de setembro de 2020

António Guterres - O mundo estará perdido...

Depois de ouvir esta tarde o discurso do Papa Francisco sobre a urgência de cuidarmos da casa comum, dizendo que “as mudanças climáticas não apenas alteram o equilíbrio da natureza, mas causam pobreza e fome”, lembrei-me de repescar afirmações de António Guterres, Secretário Geral da Nações Unidas, proferidas há dias sobre o mesmo assunto. Diz ele:

«O mundo estará “perdido” caso não exista uma união de forças entre os Estados para combater as alterações climáticas. Afirmou ainda que a actual pandemia ilustra os danos provocados pela desunião. “Acredito que o fracasso em conter a propagação do vírus, porque não houve coordenação internacional suficiente, (...) deve fazer com que os países compreendam que devem mudar de rumo”, disse António Guterres em declarações à agência France Presse (AFP), a uma semana da abertura da 75.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 15 de Setembro. 
À agência noticiosa francesa, Guterres defendeu que os Estados “devem agir juntos face à ameaça climática”, que é “muito mais grave do que a pandemia em si”. “É uma ameaça existencial para o planeta e para as nossas próprias vidas”, insistiu. “Ou estamos unidos ou estamos perdidos”, avisou o secretário-geral da ONU, apelando, em particular, à adopção de “verdadeiras medidas de transformação nos domínios da energia, transportes, agricultura, indústria, no nosso modo de vida, sem as quais estamos perdidos”»

Li aqui

PAPA ESTIMULA COMUNIDADES “LAUDATO SI”


Carlo Patrini e Papa Francisco 

O Papa Francisco disse hoje aos participantes no encontro das comunidades “Laudato Si'” que “a saúde do homem não pode prescindir da saúde do meio em que vive”, salientando que “as mudanças climáticas não apenas alteram o equilíbrio da natureza, mas causam pobreza e fome”, atingindo “os mais vulneráveis”e obrigando-os, às vezes, “a abandonar suas terras”. Torna-se notório que “o desprezo pela criação e as injustiças sociais influenciam-se mutuamente”, acrescentou o Papa. 
Agradecendo aos membros das comunidades “Laudato Si” que seguem os passos de São Francisco, “com mansidão e diligência”, renovou o seu apelo no sentido de se empenharem “na salvaguarda da nossa casa comum”, que é tarefa de todos, “especialmente dos responsáveis pelas nações e atividades produtivas. “É necessária uma vontade verdadeira para enfrentar as causas profundas dos distúrbios climáticos em curso. Compromissos, palavras, palavras genéricas ... não bastam ...”, frisou o Papa. E citando o teólogo mártir Dietrich Bonhoeffer, adiantou: “nosso desafio, hoje, não é “como vamos fazer”, como vamos sair disso; nosso verdadeiro desafio é “como pode ser a vida para a próxima geração”. 
O papa Francisco apresentou como palavras-chave da ecologia integral a contemplação e a compaixão. Sobre a primeira, disse que nos tornamos vorazes e dependentes de lucros, com resultados imediatos a qualquer custo. “O olhar sobre a realidade está-se tornando mais rápido, distraído e superficial, enquanto em pouco tempo as notícias e as florestas queimam”. E sobre a segunda, sublinhou que compaixão é "sofrer com", é ir  “além das desculpas e das teorias”. E frisou: “Tenho a certeza de que as vossas Comunidades não se contentarão em viver como espetadoras, mas serão sempre humildes e determinadas protagonistas na construção do futuro de todos. E tudo isso faz a fraternidade. Trabalhem como irmãos. Construam fraternidade universal. E esse é o momento, esse é o desafio de hoje.” 

Fernando Martins

Ler o discurso do Papa aqui 

Nota: Carlo Patrini é o fundador das comunidades “Laudato Si”

Conversa com Hans Küng. 1

 Crónica de Anselmo Borges no DN

Hans Küng

Na sequência das crónicas sobre J. Ratzinger/Bento XVI, revisitei a conversa que tive em 1979, em Estugarda, com o célebre teólogo Hans Küng sobre o Deus de Jesus. Foi assim: 

Continua fascinado por Cristo. Quero perguntar-lhe: o que pode, na sua opinião, significar hoje o cristianismo? 
Dou-lhe uma resposta simples. Para mim, ser cristão tem ainda hoje sentido, pois, com o cristianismo, pode-se ser Homem num sentido mais profundo e radical. 
Esta afirmação já não é suspeita, pois foi feita também — é com alegria que o digo — pelo novo Papa (João Paulo II). Escrevi um livro com o título Ser cristão. Ora, alguns criticaram-no, porque diziam que nele se falava demasiado do Homem. Mas hoje vê-se cada vez melhor que o cristianismo não é uma pura ideologia para si mesmo. A Igreja não tem a sua finalidade em si mesma. O cristianismo deve ajudar o Homem a ser Homem melhor e mais radicalmente. 
Mais radicalmente em que sentido? 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Em memória da Tita



Cá por casa houve sempre animais domésticos, concretamente,  desde que os filhos foram nascendo e crescendo. E ainda hoje, não faltam por aqui animais vadios, sobretudo gatos, atraídos pela simpatia da Lita, que trata deles como se fossem domésticos. Alguns, porém, por mais que ela os acarinhe, mantêm o seu ADN intacto. Mas ela não desiste...
Hoje, dia de mexer e remexer nos meus arquivos, encontrei esta colagem feita em homenagem à nossa Tita, a cadela que mais saudades nos deixou com a sua partida para o céu das nossas memórias. Sim, ela nunca passaria pelo purgatório! 

F. M. 

Nota: Flores do nosso jardim.

QUERIDO MÊS DE AGOSTO



Há muito tempo que Agosto se tornou o mês do lazer por excelência para o grosso da população. Para férias de alunos de todos os graus de ensino, para profissionais de vários quadrantes, para aposentados que aproveitam a ocasião para fugir ao ramerrão da vida sem compromissos, mas ainda para os que conhecem a importância de se libertarem de hábitos rotineiros.
Agosto, com as temperaturas mais convidativas a sair, proporcionam a frequência das praias, os tratamentos termais, os passeios ao ar livre para se apreciar a natureza, a visita a monumentos, a peregrinação a santuários e o encontro com familiares e amigos, respeitando as regras do distancionamento.
Agosto é, também, para os mais caseiros, um mês propício à reflexão sobre a vida e as suas circunstâncias, à leitura de livros que já conhecemos há bastante tempo, mas que merecem uma releitura, sem descurar um olhar atento e interessado ao que se vai editando, de autores antigos e modernos, tendo sempre em consideração que a leitura é uma extraordinária fonte de saber, de conhecimento e de diversão, enquanto nos permitem viajar por todo o mundo, exibindo novas paisagens, culturas e povos.
Por força dos condicionamentos impostos pelo Covid-19, que limitou radicalmente os nossos hábitos, Agosto foi e é para muita gente um mês de poucas saídas, circunscrevendo a vida aos arredores das suas casas, o que pode proporcionar a possibilidade de olhar com mais atenção o que temos quase à nossa porta.
Um jardim que atravessamos frequentemente a correr pode enriquecer o nosso espírito quando paramos, com serenidade e atenção, tentando descobrir o que os nossos autarcas e demais entidades, estatais ou outras, através dos tempos, criaram para os nossos tempos de lazer.
Os tempos que correm têm sido propícios, apesar de certas críticas pessimistas de alguns, ao desenvolvimento pessoal, dentro do possível e desejável. Não falta quem escreva e fotografe autênticos postais ilustrados da nossa região, quem desenhe e pinte, quem crie artesanato e cultive outras artes decorativas, quem investigue o nosso passado e divulgue as suas descobertas nas redes sociais, quem escreva poesia e prosa, quem participe em jornadas de formação e informação, mas também nas atividades programadas expressamente para este mês, quem reze em grupo ou pessoalmente, e quem viva, afinal, com a intensidade própria da sua idade. Importa, contudo, que os mais idosos e mais livres projetem o espírito do mês de Agosto o mais longe possível. Sempre no cultivo da alegria, do otimismo, da partilha, da sobriedade e da solidariedade.

Fernando Martins

Nota: Fotos: Boca da Barra, Cais dos Botirões e Jardim Oudinot

11 DE SETEMBRO


 11 de Setembro de 2001. Faz hoje 19 anos. O mundo passou a ser diferente.