segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

«A morte digna não é a que encurta a vida»


«Desde que assumiu a presidência do Conselho Pontifício para a Família, o arcebispo italiano Vincenzo Paglia tem apostado na recuperação, pela positiva, da defesa da família e da vida. Nesse sentido, defende que «a morte digna não é a que encurta a vida», e está convicto de que os Estados «promovem a eutanásia por cegueira cultural». Por isso, afirma que «a Igreja nunca dirá sim à eutanásia e ao suicídio assistido». Entrevista ao responsável, a três semanas da discussão e votação da eutanásia no parlamento português, prevista para 20 de fevereiro, depois de na legislatura passada a sua legalização ter sido chumbada por cinco votos.»

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domingo, 2 de fevereiro de 2020

De incendiário a bombeiro

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

S. Tomás de Aquino sustentava que, de Deus, tanto mais saberemos 
quanto mais nos dermos conta de que não sabemos.

1. Comecei esta crónica a 28 do mês passado, dia da festa litúrgica de S. Tomás de Aquino. Este dominicano nasceu em 1224/1225 e morreu a 7 de Março de 1274. Era este, aliás, o dia tradicional da sua festa.
Foi condenado no terceiro aniversário da sua morte, pelo Bispo de Paris, E. Tempier, canonizado por João XXII em 1323 e declarado Doutor da Igreja a 28 de Janeiro de 1567 por Pio V.
Leão XIII, em 1892, atreveu-se a dizer que “se se encontram doutores em desacordo com S. Tomás, qualquer que seja o seu mérito, a hesitação não é permitida: sejam os primeiros sacrificados ao segundo”. O Concílio Vaticano II aconselhou que S. Tomás seja seguido nos Seminários e nas Universidades católicas. Paulo VI, comentando esse facto, disse: “é a primeira vez que um Concílio Ecuménico recomenda um teólogo e este é, precisamente, S. Tomás de Aquino”.

2. Umberto Eco fez uma tese sobre a estética de S. Tomás de Aquino e nunca mais esqueceu esse revolucionário que, “em quarenta anos, mudou toda a política cultural do mundo cristão”. Desconstruiu, com ternura e humor, o rol de sufocantes e vazios panegíricos eclesiásticos. Não considerou que a desgraça de frei Tomás de Aquino tenha sido a sua condenação por Tempier nem pelas condenações que se seguiram em Oxford até 1284. O que arruinou a sua carreira aconteceu em 1323, dois anos depois da morte de Dante, precisamente quando João XXII o canonizou. Fez dele “São” Tomás de Aquino! Aventura ingrata. É como receber o Prémio Nobel, entrar na Academia de França, ganhar um Óscar. Passa-se a ser como a Gioconda: um cliché. É o momento em que um grande incendiário é nomeado bombeiro [1].

Religiosidade, Sagrado, Religiões. 1

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Quando, no domínio religioso, não há conceitos claros, entra-se inevitavelmente em confusões deletérias, que impedem a mútua compreensão e o autêntico diálogo inter-religioso. 
Será, pois, necessário, em primeiro lugar, perguntar: qual é o critério decisivo para determinar o que é realmente a religião? 
Há hoje acordo entre os especialistas no sentido de verem esse critério na referência e relação com uma realidade última salvífica. São fundamentais estes dois elementos: entrada em contacto com a ultimidade, que se apresenta como dando sentido último e salvação. Ao contrário da ideia corrente, no domínio religioso, Deus não é figura primeira e determinante a não ser para um determinado tipo de religião: a religião monoteísta. Deus, no quadro do monoteísmo, apareceu tarde. O conteúdo central da religião é o absoluto, o transcendente, o abrangente, o numinoso. O homem religioso depara-se com o Sagrado, o Mistério. 
Para os fenomenólogos da religião, como J. Martín Velasco, por exemplo, o homem religioso é aquele que assume uma determinada atitude face ao Sagrado, entendendo-se por Sagrado aquele âmbito de realidade que se traduz por termos como “o invisível”, “a ultimidade”, “a verdadeira fonte do valor e sentido últimos”, “a realidade autêntica”. A religião não é em primeiro lugar ordo ad Deum (relação com Deus), mas ordo ad Sanctum (relação com o Sagrado). Antes da sua configuração como deuses e Deus, o “objecto” da religião é o Sagrado, que também dá pelo nome de Mistério, que é ao mesmo tempo absolutamente transcendente e radicalmente imanente.

Dia Internacional das Zonas Húmidas - 2 de Fevereiro

Zonas Húmidas e Biodiversidade 


As zonas húmidas absorvem parte do CO2 da atmosfera, protegem as zonas costeiras de tempestades e da invasão das águas salgadas, atuam como um filtro purificador das águas doces, superficiais e subterrâneas e ajudam a preservar a biodiversidade, mantendo condições favoráveis e sustentáveis ao desenvolvimento da vida. 
Atualmente, Portugal possui 31 locais designados como Zonas Húmidas de Importância Internacional (Locais de Ramsar), com uma superfície de 132.487 hectares. (disponíveis em www.ramsar.org/wetland/portugal). As Alterações Climáticas afetam, direta ou indiretamente, a médio ou longo prazo, a saúde pública, causando, anualmente, segundo a Agência Europeia do Ambiente, 150 000 vítimas mortais em todo o mundo e, até 2040, segundo a Organização Mundial de Saúde, essas mortes aumentarão para 250 000. Os fenómenos meteorológicos extremos já figuram entre os principais impactes das alterações climáticas na saúde pública. 
Além disso, prevê-se um aumento da mortalidade causada pelas ondas de calor e pelas inundações, especialmente na Europa, e a alteração na distribuição das doenças transmitidas por vetores, nomeadamente doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e o dengue, e por carraças, como a Doença de Lyme ou a Febre escaronodular, também conhecida como “Febre da carraça”. Veja-se a atual tragédia dos incêndios na Austrália com 500 milhões de mortes estimadas de animais e numerosas vítimas humanas. A nível europeu existe uma Estratégia de Ambiente e Saúde que visa reduzir as doenças provocadas por fatores ambientais, resultado do trabalho conjunto dos Comissários responsáveis pelo ambiente, saúde pública e investigação. 

Para saber mais, 
consulte o link: www.eea.europa.eu/ pt/sinais-da-aea/ sinais-2015/entrevista/ alteracoes-climaticas-e-saudepublica 

ACES Baixo Vouga - Unidade de Saúde Pública

Fonte: Agenda "viver em..." da CMI

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Forte da Barra de Aveiro já pode ser transformado num hotel

Reportagem de Maria José Santana no PÚBLICO



«Imóvel edificado no século XVII, e situado de frente para a ria, terá de ter utilização turística. Concurso público para a concessão a privados, no âmbito do programa Revive, acaba de ser lançado.

É o primeiro forte a ser alvo de concurso público para concessão ao abrigo do programa Revive. Edificado no século XVII, o Forte da Barra de Aveiro, situado na Gafanha da Nazaré, pode estar prestes a ser requalificado e a dar lugar a uma unidade hoteleira. Tudo depende, agora, do interesse que ele venha a suscitar junto dos privados. O concurso para a sua concessão - lançado esta quinta-feira pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques - prevê um prazo de 90 dias para a apresentação de propostas. E ainda que esta não seja a primeira vez que o imóvel é alvo de uma tentativa de alienação, as entidades envolvidas no processo mostram-se optimistas quanto ao seu desfecho.»

Ver texto completo no PÚBLICO

NOTA: Congratulo-me com esta decisão por me parecer a mais viável e atrativa. Muitos sugeriam mais um museu aquele espaço Seria mais um museu às moscas... Mas é óbvio que no projeto deveria ficar exarado a criação de um espaço museológico aberto a todos, incluindo os turistas. Hoje há muitas formas de expor o que temos de valioso, do passado distante e mais próximo. Assim espero.

Simeão, o idoso, vê, em Jesus Menino, o Salvador

Georgino Rocha
Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa da Apresentação do Senhor 

"Um povo que não respeita os avós 
é um povo sem memória e, portanto, sem futuro"

Papa Francisco 

A apresentação de Jesus, no Templo de Jerusalém, constitui um acontecimento marcante na série de factos que manifestam a sua identidade e missão. É uma nova Epifania que está centrada no encontro de Simeão e de Ana, símbolos de uma humanidade insatisfeita com o presente e aberta ao futuro da esperança. É uma festa judaica que contém em gérmen e desvenda em profecia o propósito que dá sentido à vida de Jesus: “Estar na casa do Pai”, fazer a sua vontade e anunciar o Evangelho do Reino. É um ritual familiar que celebra uma etapa significativa na inserção religiosa e social de Maria e José que vão apresentar o seu Menino ao Senhor e serem reconhecidos pela autoridade do Templo, cumprindo os preceitos da Lei. Que belo exemplo deixam aos pais que sentem o impulso natural de apresentar os seus filhos a Deus, agradecer o dom da vida e pedir a bênção para a aventura iniciada!
Peregrinos, como quaisquer outros, que alegria e gratidão não sentiriam ao empreenderem a viagem a Jerusalém e ao entregarem, ao Senhor, aquele que haviam recebido e estava confiado aos seus cuidados! Que surpresa e admiração teriam ao ver o gesto acolhedor e abençoado de Simeão e ao ouvir o que, entusiasmada, dizia Ana a respeito do que via! Que força discreta esconde Maria e que silêncio eloquente anima José, neste encontro recheado de novidades inquietantes! Lc 2, 22-40.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Gripe da China – Todo o cuidado é pouco


Andamos todos aflitos por causa da gripe da China que ainda não chegou. Não se fala noutra coisa cá por casa, não vá ela entrar por qualquer frincha da porta ou da janela. Tanto se  fala e teme a sua chegada, que não faltou quem avançasse com a ideia de comprar máscaras para toda a gente que mora cá por casa. Só não sabe se as máscaras que por aqui temos  servem ou não. E lançou a dúvida... Ninguém soube responder, mas tenho para mim que algum de nós vai averiguar isso. 
É certo que estamos vacinados contra a gripe, mas também sabemos que em cada época gripal há estirpes novas. De modo que nem sei que fazer... Só sei que todo o cuidado é pouco e mais vale prevenir que remediar. 
Vamos ouvindo, lendo e vendo as notícias sem conseguirmos afugentar o perigo. Eu bem digo que ainda não há registos dessa gripe entre nós, mas os meios de comunicação social deixam-nos inquietos por tanto falarem do assunto,  sugerindo ainda os maiores cuidados com tudo o que vem ou possa vir de fora. O melhor talvez seja ficar por aqui, tranquilamente, a ver passar a carruagem, na certeza de que, pessoa prevenida vale por duas. 

Rui Pinto - Como descalçar este par de botas?

Rui Pinto volta ao Twitter: 
“Há ainda muita coisa que os portugueses 
merecem saber”


A Justiça Portuguesa tem agora em mãos um caso muito bicudo. Rui Pinto, com ou sem razão, afirma que “Há ainda muita coisa que os portugueses merecem saber”. O problema é que ele garante que conhece casos criminosos que descobriu fraudulentamente. E agora? Agora não os poderá divulgar porque vai agravar a pena a que está sujeito. E a Justiça nada pode fazer porque não o pode imitar nem tem meios para investigação. A não ser que um juiz decrete e dê liberdade ao Rui Pinto ou a um seu semelhante para agir, em nome da luta contra a corrupção. As escutas telefónicas não são autorizadas pelos juízes? E não houve escutas à margem das leis? Quem vai e de que forma descalçar este par de botas?
Eu tenho muita dificuldade em aceitar crimes de qualquer ordem e nunca concordarei com a devassa pública da vida de qualquer cidadão. E aquando das escutas telefónicas sempre me repugnou que alguém pudesse ouvir e registar o que os cidadãos conversam ao telefone. Mas também não compreendo como é que há negócios à vista de todos envolvendo milhões e milhões de euros que, ao abrigo de paraísos fiscais,  passam impunes durante tanto tempo.

Fonte: PÚBLICO 

Para não esquecer Aleixo

Vinho que vai p'ra vinagre
Não retrocede o caminho
Só por obra de milagre
Pode de novo ser vinho

Vós que lá, do vosso império
Prometeis um mundo novo
Calai-vos que pode o povo
Querer um mundo novo, a sério!

Aquele que trabalha e come,
Não come o pão de ninguém.
Mas quem não trabalha e come,
Come sempre o pão de alguém!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Evocando um escritor que muito apreciei


António Alçada Baptista nasceu neste dia do ano 1927. Oriundo da Covilhã fixou-se em Lisboa onde desenvolveu intensa atividade cultural, em especial depois de pôr de lado a advocacia. Começou a escrever com notoriedade na década de 70 do século passado. E eu comecei a lê-lo nessa altura, graças à fama que o seu primeiro livro, “Peregrinação Interior – Reflexões sobre Deus”, suscitou no mundo  livreiro. 
Aquele primeiro livro despertou em mim imensa curiosidade por abordar um tema, “reflexões sobre Deus”, que sempre me entusiasmou. O  mesmo aconteceu com os demais que escreveu e que li com avidez. Depois, não mais deixei de o ler e reler, chegando a recomendá-lo  a bons amigos, alguns muito jovens. Para além dos livros, que ocupam um lugar especial nas minhas estantes, não perdia as suas crónicas, dispersas por revistas e jornais e, se bem me lembro, também na rádio e na televisão. 
Apreciava neste escritor o sentido intimista da vida, graças ao dom que possuía de grande memorialista que sobressaía na sua escrita. As suas personagens tornaram-se próximas na minha vida. E ainda viajei com Alçada Baptista sentado e debruçados sobre os seus romances,  com tal realismo que ainda hoje me encantam com a força da sua simplicidade  e originalidade. 
Lembro, por exemplo, que no Dia de Portugal, Camões e das Comunidades, de que foi o principal orador, em Chaves, defendeu a alteração da letra do Hino Nacional, porque não fazia sentido “lutar contra os canhões”, e noutra livro entendeu que a conhecida oração, “Salve Rainha”, precisava de ser alterada, porque este mundo não é um “vale de lágrimas” nem “um desterro”. 

Nesta data, em que evoco o nascimento de um escritor que tanto me entusiasmou, ocorreu-me oferecer aos meus leitores uma história retirada de um dos seu livros. Aqui fica. 

«O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe: 
— Então, rapaz, tens lido alguma coisa? Gostas de ler? 
Ele pensou só um bocadinho e respondeu: 
— Evito.»