Reflexão de Georgino Rocha
para a Missa do Dia de Natal
“Vimo-Lo cheio de graça e de verdade”, é como João apresenta o Verbo de Deus que se faz carne humana e habita entre nós. “Vimo-lo” é certeza reconhecida e anúncio jubiloso. O Verbo de Deus faz-se carne humilde e débil. A sua glória brilha na fragilidade de uma criança, Jesus. A terra do nascimento é Belém de Judá, aldeia humilde, embora de nobres tradições, e não Jerusalém ou outra cidade importante. A Palavra eterna ressoa nas vozes do tempo e assume as formas de comunicação humana. A tenda de Deus ergue-se na história e regista as “marcas” contingentes da humanidade, configurando-se não como templo de pedras, mas como consciência desperta para a dignidade da sua vocação a deixar-se encher de graça e de verdade. Grande maravilha! Felizes os que a sabem apreciar. Jo 1, 1-18.
João Evangelista apresenta-O, assim, não por fantasia engenhosa, pessoal e da comunidade a que se dirige, mas por terem visto a glória do Senhor e experienciado o seu amor, por terem ouvido a sua palavra e transmitido a sua mensagem, por terem tocado as suas “chagas” e partilhado a sua paixão. Apresenta-O assim, com um propósito claro explicitado na sua 1ª. carta: “ Para que estejais em comunhão connosco. A nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo … para que a vossa alegria seja completa” (Jo 1, 3 e 4). Estes escritos são redigidos muito mais tarde e visam dar uma visão teológica do acontecimento natalício, contemplando Deus no seu ser de relação trinitária.