domingo, 2 de junho de 2019

Anselmo Borges - Nós e os outros. A urgência e a dificuldade do diálogo


Anselmo Borges

Estamos a viver uma transformação prodigiosa do mundo. Há hoje várias revoluções em marcha. Uma revolução económica, com a globalização, que significa a concretização da ideia de McLuhan de que formamos uma “pequena aldeia” e a chegada ao palco da História de grandes países emergentes, como a China, a Índia... Outra é a revolução cibernética, que, como disse Jean-Claude Guillebaud, faz nascer um quase-planeta, um “sexto continente”. Nunca como hoje houve tanta informação e com a rapidez com que circula pelo mundo. Esta é a era da informática. A internet, o correio electrónico, os telemóveis, as televisões põem-nos em contacto constante e imediato com tudo o que acontece no mundo. Depois, com a facilidade dos transportes e no quadro das novas condições económicas, há a circulação permanente das pessoas de uns países para outros e também entre continentes. As NBIC (nanotecnologias, biotecnologias, inteligência artificial, Big Data, ciências cognitivas, neurociências...), em interconexão, transformam a nossa relação com a vida e a procriação e podem fazer bifurcar a Humanidade: a actual continuaria ao lado de outra a criar; por isso, se fala em transhumanismo e pós-humanismo. Também está aí a urgência da revolução ecológica, que, se a Humanidade quiser ter futuro, obriga a uma nova relação com a natureza. Como se não pode esquecer de modo nenhum o perigo do terrorismo global e de uma guerra atómica. Está aí, omnipresente, de múltiplos modos, o terror da violência... 
Perante todas estas revoluções e face aos problemas que agora são globais, como a droga ou o trabalho, os mercados, impõe-se, em primeiro lugar, pensar numa governança mundial. Depois, não se sabe de que modo o futuro será, como diz J.-Cl. Guillebaud, uma “modernidade mestiça”, mas, para evitar o “choque das civilizações”, impõe-se o diálogo intercultural e inter-religioso. De facto, como escreveu o teólogo José María Castillo, com todos estes factos, produziu-se “um fenómeno inteiramente novo na história da Humanidade: a mistura, a fusão ou o choque, a inevitável convivência de culturas, tradições, costumes, formas de pensar e de viver, de pessoas que vão de uns países para outros, de um extremo ao outro do mundo. E vão, não para fazer turismo, mas para tratar da vida, fugir das guerras, da fome e da morte. Mas, como é lógico, este reboliço de pessoas, de notícias, de ideias, de formas de viver fez com que – sem nos darmos conta muitas vezes do que realmente se passa – bastantes critérios, convicções, costumes e tradições que até há poucos anos tínhamos como seguros e intocáveis, hoje estejam abalados, tenham perdido segurança, se tenham esfumado, modificado ou, em todo o caso, perdido a firmeza e estabilidade que antes tinham para nós.”

sábado, 1 de junho de 2019

Gato vadio espera nova oportunidade


À espera de nova oportunidade
Sorrateiramente, o gato rastejava pela relva. Um palmo agora, outro depois, e mais uns tantos a seguir. O desafio veio de uns melros que, debaixo da laranjeira, debicavam miudezas para alimento, que ração especial não havia. Não será preciso cuidar das aves do céu, que a natureza se encarregará de as sustentar. 
Em silêncio, fiquei a aguardar o desfecho da eventual caçada. Os melros, olho nas sementes do chão, olho no perigo, lá se foram entretendo. E o gato insistia com a perspicácia que terá herdado da família dos gatos selvagens que nos rodeiam a casa. Alguns, porém, sem darem a mão, apenas se deliciam com as rações e água limpa que a Lita lhes vai garantindo durante o dia. Chegam a entrar em casa, em jeito de quem lembra que está na hora de manducar a oferta, mas ninguém ouse passar-lhe a mão pelo lombo. Não suportam o carinho de mãos humanas. 
O perseguidor estava perto do melros. Pacientemente, mais um avanço, curtíssimo, e mais outro, mas o melro de bico amarelo, tem faro de cão ou instinto de ave. E fugiu. O gato derrotado dá uma volta sobre o lombo para desentorpecer os nervos. E retira-se para planear um novo estratagema para logo mais voltar à caça. 

F.M.

O Dia Mundial da Criança passa a ser todos os dias...



O dia 1 de junho começa bem com o Dia Mundial da Criança. Vão cantar-se loas ao futuro do mundo de que serão protagonistas os meninos e meninas dos nossos dias. Os meninos e meninas da minha geração ajudaram a construir o presente. E olhando para trás, percebemos que fizemos caminhadas possíveis de sucessos e fracassos de que nos orgulhamos, nuns casos, e arrependemos, noutros. Contudo, o saldo será positivo e o mundo, apesar de tudo, vale a pena ser vivido. 
Neste Dia Mundial da Criança, celebrado em Portugal desde 1950, não faltarão eventos para os mais novos e para todos os gostos: Festas, visitas a museus, jogos, brinquedos, espetáculos, prendas, leituras, desportos e muito carinho. As crianças sentir-se-ão muito felizes porque estarão a ser os reis e rainhas do dia, centro de todas as atenções, aplaudidas e acarinhada, enaltecidas entre risos abertos. Contudo, no dia seguinte, já amanhã, cairão na realidade dos dias iguais, na monotonia da luta para vencer obstáculos, nem sempre ultrapassados. E não seria muito bom que soubéssemos criar, hora a hora, condições para que o Dia Mundial da Criança fosse celebrado todos os dias do ano?

F.M.

Pode ver aqui o que a CMI organizou para as nossas crianças 

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Georgino Rocha - Festa da Ascensão do Senhor


SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS


Georgino Rocha
Ao longo do tempo pascal, a Igreja apresenta-nos o Ressuscitado em várias aparições que credibilizam o que aconteceu a Jesus crucificado e fazem memória dos seus ensinamentos. Mostra-nos também a reacção dos discípulos que vão refazendo as suas convicções e atitudes. Faz a ponte, como em Lucas, com a Igreja nascente, salientando a função singular do Espírito Santo.
S. Leão Magno, papa do século V, procura o sentido destas semanas e afirma: “Irmãos caríssimos, durante todo este tempo, decorrido entre a ressurreição do Senhor e a sua ascensão, a providência de Deus esforçou-se por ensinar e insinuar, não só nos olhos mas também nos corações dos seus, que a ressurreição do Senhor Jesus era tão real como o seu nascimento, paixão e morte”.
Lucas, o autor dos relatos lidos na liturgia de hoje, localiza a Ascensão em Betânia, nos arredores de Jerusalém, após a aparição aos discípulos e a sua identificação, mostrando os sinais da sua paixão e comendo um pedaço de peixe grelhado. (Lc 24, 46-53). Narra a pedagogia de Jesus que acompanha, recorda, caminha, dialoga, exorta, dá a bênção e faz a promessa de, juntamente com Deus Pai, enviar o Espírito Santo. “Vós sois testemunhas disso”, atesta com toda a clareza. A bênção constitui o legado de toda a sua vida; a promessa garante o Espírito Santo, o Mestre que, de agora em diante, recorda o que aconteceu e descobre o seu sentido profundo, ilumina os caminhos da missão, “unge” e robustece as forças organizativas da instituição eclesial.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

D. Pedro V – um rei profeta



“Quando as nações tiverem abandonado os seus prejuízos e visto a realidade, a Europa formará uma grande federação de povos que se compreendem e que realizam mutuamente os seus interesses” 

Pedro V (1837-1861), rei de Portugal de 1853 a 1861 

Citado pelo PÚBLICO de Domingo

A nossa gente - Eco-Embaixadora Mónica Ribau


Tinha onze anitos, em 2003. Uma miúda insegura, agarrada aos pulsos do papá e da mamã a quem o chefe Nuno disse: “Patrulha Andorinha, exploradora do Agrupamento 189 de Ílhavo”. Longe estava de saber que já nascera exploradora e andorinha para a vida toda. 
Hoje, tem vinte e sete. Estudou jornalismo e trocou as ciências dos laboratórios da Secundária, pela Rádio Universidade de Coimbra. Trabalhou como jornalista, na SIC, e argumento de séries de televisão e novelas, na SP Televisão. Fez mestrado em Gestão e Política Ambientais na Universidade Nova de Lisboa, onde trabalhou como investigadora, na área da literacia oceânica e processos de participação pública. Depois de participar na Conferência do Clima de Marraquexe, em 2017, dedica-se à Comunicação em Ciência e Alterações Climáticas. Atualmente, é bolseira de doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, na Universidade de Lisboa, onde estuda o papel das histórias na perceção da incerteza em problemas complexos. 
O facto da zona da ria de Aveiro, assim como as praias, ser um dos territórios da Europa com maior risco de sofrer com as Alterações Climáticas, ditou o seu caminho profissional e académico. No ano passado, voltou a Ílhavo no âmbito do programa ClimAdapt, onde o município é exemplo. Afinal, as andorinhas dão voltas ao mundo, mas voltam sempre ao ninho.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Dia Mundial da Criança: Ao Encontro da Natureza



«No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança (01 de junho) os “Amigos do Oceano” convidam crianças, entre os 7 e os 12 anos, a virem ao encontro da Mãe Natureza. O dia será passado entre o Mar e a Ria. Vamos aprender algo com as ondas do mar, o sol, o vento e as gaivotas. Vamos também conhecer um pouco da Ria e ajudá-la a continuar limpa e bonita.
A atividade tem um número limitado participantes e com INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA. O dia (entre as 09h30 e as 16h30, almoço incluído) será composto por atividades de iniciação ao meio aquático, exploração da natureza e de sensibilização ambiental.»

Fonte: Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré

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