quarta-feira, 20 de março de 2019

Dia Internacional da Felicidade para todo o mundo


Celebra-se hoje, 20 de março, o Dia Internacional da Felicidade. A sugestão veio do Butão, um pequeno reino budista dos Himalaias,  que adota como estatística oficial a “Felicidade Nacional Bruta” (FNB) em vez do Produto Interno Bruto (PIB), conforme li no Google. E será preciso lembrar, realmente, que toda a gente, mesmo a mais cética, aspira e luta pela felicidade? Julgo que não. 
Contudo, penso que, apesar de ser consensual o desejo universal de cada um se postar numa procura permanente da felicidade, é justo admitir que importa lutar e apoiar o esforço de quem ainda está longe dela, por motivos diversos. É claro que não há a felicidade plena em cada ser humano, mas quanto mais perto dela estivermos tanto melhor. 
Normalmente, associamos o conceito de felicidade a uma boa situação económica, mas tenho para mim que será redutor ficarmos por aí. Conheço pessoas ricas (economicamente falando) muito infelizes enquanto outras, com muito menos dinheiro, ostentam uma vida rica de sentimentos e de disponibilidade para os outros, dando-se, diariamente, a quem sofre, cultivando artes e cultura, espalhando harmonia à sua volta, estabelecendo pontes de diálogo e entendimento, promovendo o bem e a justiça social, valorizando a alegria, o bom humor, o otimismo e a esperança em dias melhores. 

FM

Chegou a primavera!


"O que nos faz vibrar na Primavera 
não são as cores garridas, 
os sons da alegria e o ar quente. 
É o espírito silencioso e profético 
de infinitas esperanças, 
a antevisão de muitos dias felizes"

Novalis

terça-feira, 19 de março de 2019

Dia do Porto de Aveiro

Navio-Museu Santo André 
Cenário das Celebrações



O Dia do Porto de Aveiro vai ser celebrado em novo cenário, bem enquadrado no já emblemático Navio-Museu Santo André, ancorado no Jardim Oudinot. A cerimónia inclui, como um dos seus pontos altos, a homenagem aos trabalhadores com mais de 25 anos na empresa.
A esta homenagem associar-se-ão todos os presidentes do Conselho de Administração até à data, e o último presidente da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA).

NOTA: Informação do Porto de Aveiro e Comunidade Portuária.

Lembrança consoladora do meu pai


“Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra São José. Associo muito o meu pai a São José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos sabiam amar muito.
O meu pai faleceu há bastantes anos. Foi nos idos de 75 do século passado. Inesperadamente. De forma apressada e sem hipótese de cura. Nunca o tinha visto doente. Nunca se queixava de qualquer incómodo que nos levasse a pensar num possível enfarte. Era um homem saudável e até brincava com as nossas fraquezas. Mas a primeira doença que teve foi fatal.” 
Partilho estas frases escritas há 10 anos. E não será preciso dizer mais nada, a não ser que o meu pai continua comigo na caminhada da vida. Até um dia, querido pai. 

Fernando Martins

domingo, 17 de março de 2019

Bento Domingues - O impossível pode acontecer

Bento Domingues
"A situação actual dá a impressão de que os europeus se cansaram de 74 anos de paz e, agora, dão passos para barrar os caminhos da cooperação no desenvolvimento de todos. Parecem apostados em regressar, com novos moldes, a uma época de insensatez, em nome de um nacionalismo vesgo"

1. Em Guimarães, de 7 a 12 de Março deste ano, além de outros programas, a Biblioteca Municipal dedicou o Festival Literário, Húmus, a estudar Raul Brandão, uma das suas glórias. Participei, no dia 9, com Alberto S. Silva, numa Mesa de Debate sobre As Cruzadas vistas dos dois lados, moderada por Pedro Vieira. Estava anunciada nestes termos: “Durante séculos, cristãos e muçulmanos lutaram pela posse do território. Da época do Al-Andalus, seguido do período da Reconquista, às Cruzadas dos séculos XI a XIII, estes movimentos influenciaram em muito a história de Portugal e da Península Ibérica. Mas todas as histórias têm dois lados. Como são interpretados os factos históricos dos dois lados da barricada?” 
Esta interrogação envolve séculos de grandes realizações, destruições, confrontos, períodos de entendimentos e muita violência. As religiões foram texto e pretexto para alternadas dominações políticas, económicas e culturais. Não se pode esperar muito de uma mesa de diálogo amistoso com um tempo necessariamente limitado. Mas o tema devia tornar-se incontornável. António Borges Coelho ajudou-me a vencer a minha ignorância [1]. 
Apesar de tudo o que permanece oculto, até os mais cépticos concedem que o passado, quanto mais estudado, mais desmitificado. Esta é a tarefa dos historiadores, com os seus métodos de investigação e interpretação. O proveito é para todos os interessados em saber donde viemos [2]. 
Não podemos deixar que os confrontos entre religiões durmam o sono dos arquivos, memórias de outras épocas enterradas. Somos hoje testemunhas de tragédias que continuam a desenhar mapas de sangue e crueldade. Podemos e devemos admirar castelos, fortalezas e prisões de tempos guerreiros por razões de ordem estética, científica e moral. Mas agrada-me sempre mais ver, nas relações de Portugal com os reinos de Espanha, castelos e fortalezas transformados em pousadas, do que apenas testemunhos de ignorâncias e ressentimentos não resolvidos. 

Anselmo Borges - Seis anos depois: desafios para Francisco

Primeiro contacto com o povo depois da eleição


"Francisco prometeu que todos os acusados serão entregues à justiça. O abuso de menores e adultos vulneráveis é não só um pecado mas também um crime, que é obrigatório denunciar. Já não haverá lugar para os encobridores..."


1. Fez no passado dia 13 seis anos que Francisco, ao anoitecer em Roma, compareceu como novo Papa perante a multidão que o aguardava, saudando-a com um “boa noite” e pedindo-lhe a bênção, antes de ele próprio a abençoar. Que os cardeais o tinham ido buscar ao “fim do mundo”. Pelo nome, Francisco, lembrando Francisco de Assis, a quem Jesus crucificado tinha pedido que restaurasse a sua Igreja em ruínas, pelo novo estilo, pela humildade e simplicidade, ficou a percepção nítida de que iria estar a caminho um modo novo de pontificado papal: nem sequer se chamou Papa, mas Bispo de Roma, e era um pontífice, no sentido etimológico da palavra: alguém que quer estabelecer pontes. E o povo cristão e o mundo não se enganaram. O nome de Deus, foi dizendo Francisco ao longo destes anos, é Misericórdia. É necessário perceber que o princípio primeiro não é o cartesiano “penso, logo existo”, mas outro, mais essencial: “sou amado, logo existo”. E agir em consequência, e Francisco tem estado, por palavras e obras, junto de todos, a começar pelos mais frágeis, pelos abandonados, marginalizados, migrantes, pobres, pelos menos amados ou pura e simplesmente sem amor. Um cristão, que põe no centro Jesus Cristo e o seu Evangelho, notícia boa e felicitante, contra “a globalização da indiferença”. A Igreja não pode entender-se em auto-referencialidade, pois tem de estar permanentemente “em saída”, ao serviço da Humanidade, como “hospital de campanha”. A Igreja “somos nós todos” e, por isso, é preciso que caminhemos juntos, “em sinodalidade”. O poder só se legitima enquanto serviço e, assim, não se cansa de denunciar os bispos “príncipes e de aeroporto”. O clericalismo e o carreirismo são uma “peste” na Igreja, repete permanentemente. A Cúria, cujas doenças gravíssimas denuncia, precisa de uma reforma radical, tal como se impõe a transparência no Banco do Vaticano. A Igreja não pode viver obcecada com o sexo, havendo uma nova orientação neste domínio: pense-se na possibilidade da comunhão para os recasados, na nova atitude face aos homossexuais, na nova compreensão para as novas formas de casamento.

sábado, 16 de março de 2019

Andanças: Vouzela e Paços de Vilharigues

A Lita com ponte ferroviária à vista. Agora pedonal 
Eu em Vouzela à espera que a  Lita disparasse a máquina
Ao longe, a Torre Medieval 
Capela de Santo Amaro



Torre medieval

Inscrição junto à Torre Medieval
Vouzela vista da Torre
Vouzela e Paços de Vilharigues é uma freguesia do concelho de Vouzela. Não é uma freguesia muito povoada, pois tem apenas cerca de dois mil habitantes, mas tem carisma e história, que os meus leitores poderão consultar no ciberespaço. Passei por lá nas minhas andanças por terras sem mar à vista. 
Era um dia normal de trabalho e no centro da vila registava-se algum movimento. Não fomos lá apenas para recordar bons tempos em que acampávamos com a família em Serrazes, muito perto de Vouzela, mas também levávamos em mente comer os célebres pastéis que ostentam o nome da vila e apreciar alguns monumentos. O tempo urgia, mas deu para os saborear no Café  Central e desandar, que se fazia tarde. 
A esse café associávamos duas senhoras de idade, decerto já falecidas, com jeito de proprietárias e de postura senhorial. Não as vimos, mas vimos duas ou três mesas com senhoras um pouco idosas em hora do lanche. Aliás, nós também já não somos muito jovens. 
Numa volta pela vila, apreciámos os monumentos com inscrições esclarecedoras, A certa distância, lá estava a ponte ferroviária, agora pedonal, um ou outro palacete e na memória eu ainda tinha gravada a estória do Alferes Duarte de Almeida, o decepado, herói da batalha de Toro, em 1 de março de 1476, do tempo de D. Afonso V, que se meteu na guerra da sucessão de Castela. 
Rumámos para Vilharigues, graças ao desafio da Torre Medieval, bem cuidada e enquadrada, a mais de 400 metros de altitude, mas de portas fechadas. Havia sinais de utilização cultural, mas nem sequer um cartaz elucidativo havia à vista. Ao lado, a capela de Santo Amaro. Todo o conjunto se apresentava bem tratado. E desandámos para outra etapa, de que falarei um dia destes. 

FM