quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O nome da batata


“Há dezenas de variedades de batatas e de cebolas, cada uma com os seus defeitos e qualidades. E quantas conhecemos? Nenhuma.”

«Queixamo-nos que as batatas fritas não prestam. Respondem que "é da variedade". E qual é, ao certo, a variedade da batata? "Isso já não lhe sei dizer..."
Há dezenas de variedades de batatas e de cebolas, cada uma com os seus defeitos e qualidades. E quantas conhecemos? Nenhuma. Um dia vamo-nos rir da nossa brutalidade e da nossa ignorância ao entrar numa mercearia e pedir só "batatas" ou "cebolas".
Ninguém entra numa florista e pede só "flores". A não ser o meu pai. Quando ele comprou uma casa perguntei-lhe como era e ele respondeu, enfastiado, "Ó pá - é uma casa!" Acontecia o mesmo com os carros: É um carro!" "De que marca?" "É um carro, pá!"
Estou sempre a chorar que já não há aquelas batatas amarelas-escuras, muito firmes, nada farinhentas, que se comiam com sardinhas. Mas nunca me dei ao trabalho de tentar descobrir qual é a variedade, para eu poder semeá-las. Isto faz sentido?
O estado civilizacional a que chegamos já distingue entre as batatas para fritar e as batatas para cozer — mas as outras centenas de variedades fritam-se e cozem-se de maneiras obviamente diferentes.
"Não tem aquelas boas cebolas que tinha a semana passada?" A pergunta e a resposta não fazem sentido se não se mencionar a variedade. Já provou a branca de Lisboa? E a Setúbal? Já provámos de certeza mas não sabemos quais são.
É uma forma de analfabetismo vegetal e gastronómico. Os vendedores até podiam cobrar mais se identificassem as variedades e pintassem um bocadinho a manta: "Cebolas Setúbal do Vale do Sado".»

Miguel Esteves Cardoso 

Li no PÚBLICO

NOTA: Gosto das crónicas curtas e diretas do MEC (Miguel Esteves Cardoso) publicadas diariamente no PÚBLICO. Enquanto alguns cronistas especulam com verborreias que não levam a nada, em muitos casos, o MEC aborda o nosso dia a dia com graça, mas com verdade. Este texto vem mesmo a propósito, ou não passasse a Lita a protestar contra a má qualidade das batatas que se vendem em todo o lado: que têm zonas pretas, que são farinhentas, que ficam umas mal cozidas enquanto outras se desfazem, que têm mau sabor, etc., etc. Urge, penso eu, estudar a melhor forma de passarmos a ter batatas com selo de garantia: tempo de cozedura, origem e outras indicações gastronómicas. O MEC tem razão.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos



Em Aveiro, a celebração ecuménica da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos terá lugar no dia 24 de janeiro, às 21h00, na Igreja Metodista (Rua Oudinot, em Aveiro). Em Aguada de Cima, será no dia 25, na Igreja Metodista local.
A semana de Oração pela Unidade dos Cristãos decorre de 18 a 25 de janeiro. Este ano,  o tema —  “Procurarás a justiça, nada além da justiça” — foi preparado por um grupo de representantes de diferentes comunidades cristãs da Indonésia e publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.


NOTA: A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, ano a ano celebrada, vai ser vivida, tanto quanto é público, em Aveiro, por apenas duas Igrejas Cristãs. Tanto quanto é público, também, são as que aceitam, promovem e celebram a necessidade e oportunidade da união, sobretudo ao nível de algumas colaborações concretas no dia a dia. Sei que é difícil, mas nada será impossível se todos quisermos.
Sabemos que já muitos passos foram dados no sentido da aproximação  e de alguma unidade,  nomeadamente ao nível do reconhecimento mútuo do Batismo, mas  vamos rogar a Deus que nos inspire outros e renovados caminhos. Ficar indiferentes é que não estará certo.

Fernando Martins

António Aleixo para pensar

 

                                     Para não fazeres ofensas 
                                      E teres dias felizes,
                                      Não digas tudo o que pensas,
                                      Mas pensa tudo o que dizes.
 
 
NOTA: No meu blogue, na margem direita, há o registo das mensagens mais vistas e porventura mais lidas neste meu recanto do ciberespaço. Programe eu o que programar (mais vistos no mês, no ano ou na semana), têm lugar garantido as quadras de António Aleixo. Mas há outras, claro. Ainda tentei publicar outras quadras  do mesmo poeta popular, no sentido de satisfazer os gostos dos meus leitores, mas falta-me a paciência para fazer a escolha. Se algum amigo se quiser dar a essa seleção, agradeço.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Mastros e farol à vista


Estava eu por aqui, numa modorra (in)compreensível, sem saber que fazer, quando me surge esta fotografia como desafio ao  sonho, numa altura em que o tempo nos convida (ou obriga?) ao aconchego da casa.  
Quando estou assim, sinto uma nostalgia que até me comove, decerto por estar longe dos meus dias agitados de ainda há poucos anos, quando corria de um lado para o outro para acudir às mais variadas solicitações.
Então, ao olhar estes mastros de barcos  acolhidos na marina do Oudinot, talvez à espera de ventos de feição ou em puro descanso, imaginei-me a navegar num deles, não em pleno mar alto, mas tão-só na laguna tranquila que nunca deixou de me seduzir, com farol à vista.
Boa semana para todos.

Fernando Martins