quinta-feira, 11 de outubro de 2018

D. António Marcelino faleceu há cinco anos


(Foto do meu arquivo)

Há cinco anos, D. António Baltasar Marcelino partiu para o seio do Pai que ele tão bem soube testemunhar, estimulando quantos o procuravam e ouviam a terem em conta a Boa Nova de Jesus Cristo. Tive o privilégio de o ouvir imensas vezes e de editar, no Correio do Vouga, as suas reflexões semanais, carregadas de entusiasmo por uma Igreja que levasse à prática o Vaticano II, o mesmo concílio que muitos queriam  fechar em gavetas de sete chaves. Curiosamente, faz hoje, também, 56 anos que o Papa João XXIII abriu o Concílio Vaticano II, na esperança de que o ar fresco acabasse de vez com os bolores que inundavam o pensar e o agir de uma Igreja que urgia renovar e revigorar. 
Na altura da partida do Bispo que me ordenou Diácono Permanente para o regaço maternal de Deus, resolvi suspender as edições do meu blogue, em sinal de saudoso respeito pelo então Bispo Emérito de Aveiro, que fez questão de permanecer nesta cidade que se revia no dinamismo de um prelado carismático. Recordo-o com muita saudade.
O que então escrevi pode ler-se aqui.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

FILARMÓNICA GAFANHENSE celebra aniversário



No dia 13 de outubro de 1986, na Secretaria Notarial de Aveiro, foi registada uma nova escritura, desta vez para alterar os estatutos. Com esta alteração, ficou estabelecida a mudança da sede social da Música Velha para a Gafanha da Nazaré. A Associação Musical Filarmónica Ilhavense passou a designar-se, estatutariamente, Filarmónica Gafanhense (a Música Velha), como veio exarado no Diário da República, n.º 273, de 26 de novembro de 1986. 
Depois de mais de um século de existência, a Música Velha passou a celebrar esta data da sua refundação, festejando, também, a sua nova vida em prol da cultura musical. 
Assim, no próximo sábado, a Filarmónica Gafanhense vai celebrar o seu aniversário com o seguinte programa: 

SÁBADO DIA 13: 
21H30 - Concerto de Aniversário na Fábrica das Ideias na Gafanha da Nazaré (Antigo Centro Cultural); 

DOMINGO DIA 14: 

09h30 - Romagem ao Cemitério; 
10h30 - Missa de Aniversário; 
12h30 - Almoço no Restaurante Solar das Estátuas (Cacia) 

Nota: Já estão disponíveis os bilhetes para este grande concerto.

Os meus sinceros parabéns à nossa Filarmónica, com votos dos maiores êxitos

Ilha de Sama ou Ilha do Rebocho

Em dezembro de 2007, publiquei um texto que mereceu a atenção de amigos que muito prezo. Um deles, o Ângelo Ribau, já não está entre nós, embora continue connosco a sua memória. 


As tecnologias fazem por vezes quase o impossível. Na Gafanha da Nazaré, junto ao Porto de Pesca Longínqua, vê-se ao longe a célebre Ilha de Sama, também conhecida por Ilha do Rebocho. O que mal se vê ou vê mal a olho nu pode ser ampliado por qualquer razoável máquina fotográfica. O que fica, nesta fotografia, é uma imagem do abandono a que foi votada a ilha. A casa em ruínas dá a sensação de que é filha de guerra ou de puro esquecimento. Numa zona turística talvez a ilha pudesse ser devidamente aproveitada. Outrora foi propriedade agrícola, não sei se muito ou pouco produtiva. Mas tinha alguma vida. Hoje, está em agonia plena.
Presumo que continua na mesma. Não tive oportunidade de confirmar, mas vale a pena ler aqui as considerações então feitas no meu blogue, na altura noutra plataforma.

Biblioteca de Ílhavo vai atuar fora de portas


Com o objetivo de promover a leitura e o livro junto da comunidade sénior, a Câmara Municipal de Ílhavo, vai, esta quarta e quinta-feira (dia 10 e 11 de outubro), transportar a Biblioteca Municipal (BMI) para “fora de portas”. 
A BMI vai visitar vários lares de Terceira Idade realizando, em cada um deles, uma Sessão de Contos e deixando um baú repleto de livros para que os cidadãos seniores não se sintam privados de um importante veículo cultural, de saber e conhecimento. 
Não desejando ficar por aqui, a BMI avança também amanhã, 10 de outubro, quinzenalmente, com um serviço de apoio na utilização da Web, em especial na área do Facebook, direcionado para a população mais adulta. Neste caso, é necessária inscrição prévia junto da biblioteca.

Fonte: CMI

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Da oração, segundo Khalil Gibran




«Depois, uma sacerdotisa disse-lhe: Fala-nos da oração. 
E ele respondeu: 
Vós orais na aflição e na necessidade; gostaria que pudésseis orar igualmente na plenitude da vossa alegria e nos vossos dias de abundância. 
Pois, que é a oração se não a expansão de vós mesmos no ar vivo? 
E se, para vosso alívio, lançais no espaço as vossas trevas, é para vossa alegria que abris o vosso coração à aurora. 
E se só sabeis gemer quando a vossa alma vos incita à oração, ela deveria estimular-vos, embora gemendo, até finalmente chegardes ao riso. 
Quando orais, erguei-vos para encontrar nos ares aqueles que oram nesse mesmo instante, e só na oração os podereis encontrar.»
(...)

In “O Profeta”

domingo, 7 de outubro de 2018

Hierarquias ciumentas?

Bento Domingues

"A irritação com o Papa Francisco é o pânico de que ele, apesar de todas as iniciativas para o travar, não desista do seu programa global."

1. Segui vários cursos sobre as diversas expressões do profetismo bíblico, orientados pelo dominicano Francolino Gonçalves, um dos maiores especialistas mundiais em literatura profética do antigo Oriente [1]. Confesso que esses cursos e a frequente leitura dos seus textos serviram mais para admirar o seu saber e verificar a minha ignorância, do que para me sentir minimamente competente, no meio desse vastíssimo e diferenciado fenómeno de muitos estilos. Na nossa linguagem corrente, profeta é aquele ou aquela que prevê, ou se atreve, a predizer o futuro. Um adivinho. Na Bíblia, é um ser humano que tem o dom divino de ser lúcido acerca do presente, vendo as esperanças e as ameaças que encerra. Sabe discernir as opções que libertam o horizonte das que conduzem ao desastre colectivo. Importa não confundir os verdadeiros com os falsos profetas, isto é, os defensores das populações com os bajuladores dos poderosos.
No mundo sacral, a religião, com os luxuosos cerimoniais em que vive a classe sacerdotal, serve para dar cobertura à exploração dos trabalhadores e à humilhação dos pobres. Essa religião é vomitada por Deus. Sem a prática da justiça e o cuidado dos pobres, a religião é uma abominação.

sábado, 6 de outubro de 2018

Pensantes e não pensantes

Anselmo Borges

Imersos numa crise sem precedentes da Igreja Católica, que está longe de terminar, retomo, na substância e com a devida vénia, um texto que escrevi para o livro Portugal Católico. A Beleza na Diversidade.

1. Quando cheguei à universidade, admirava-me com o espanto de estudantes e até de professores por causa do meu pensar interrogativo no que se refere à religião. No entanto, I. Kant tinha razão ao escrever que a religião, apesar da sua majestade, não pode ficar imune à crítica. Só uma Igreja autocrítica e que acolhe a crítica da sua realidade tantas vezes tenebrosa pode criticar as infâmias do mundo.
Julgo que continua em Portugal a ideia de que o católico na Igreja está infectado por uma fé dogmática, imóvel e incapaz de pensamento aberto e crítico. A pergunta é: Quem assim pensa estará enganado? Infelizmente, parece-me que não. De facto, quando se pensa nas feridas deixadas pela Inquisição, que tolheu a abertura do pensar, e num clero frequentemente inculto, que se deixou ultrapassar pelo mundo moderno - ouça-se as homilias de grande parte dos padres, impreparadas, inúteis ou mesmo prejudiciais -, fica-se com a convicção de que a Igreja se imobilizou num mundo do dogma repetitivo de uma doutrina que já não é aliciante para a vida e que, pelo contrário, transformou o Evangelho, notícia boa e felicitante, em Disangelho, notícia infeliz e de desgraça, para utilizar a palavra de Nietzsche. Drama maior: a modernidade acabou por ter de impor à Igreja oficial o que é património e herança do Evangelho: os direitos humanos, a liberdade, a igualdade, a separação da Igreja e do Estado.