domingo, 31 de julho de 2016

Fora do estudo não há salvação

Crónica de Frei Bento Domingues 


1. Ao apresentar em Luanda, com este título, um programa de trabalho histórico-teológico a um grupo de jovens estudantes dominicanos, sobre os modos de fidelidade e infidelidade ao carisma da Ordem dos Pregadores – ao longo dos seus 800 anos – um deles destacou os graves inconvenientes desta afirmação. A sua sonoridade evocava demasiado uma outra expressão que envenenou séculos de teologia missionária e pastoral: fora da Igreja não há salvação! Mas o que agora propomos é algo que nada tem a ver com essa aberração. O título diz apenas que em qualquer tempo, lugar e cultura, sem a dedicação permanente ao estudo, os dominicanos não podem realizar a sua missão na Igreja, acabando por cumprir tarefas que os não definem e os torna facilmente dispensáveis e substituíveis.

sábado, 30 de julho de 2016

As obras de misericórdia (2)

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Consolar os tristes
No "Ano da Misericórdia", aí estão, com Xabier Pikaza, as obras de misericórdia. São catorze: sete corporais e sete espirituais. Vinculam a justiça e o coração: a misericórdia não pode esquecer a justiça, mas a justiça tem de ser mobilizada pela misericórdia. Para sermos humanos.

Obras de misericórdia corporais

1 "Dar de comer a quem tem fome". Há certamente muitas outras necessidades: afecto, cultura, carinho, palavra... Mas a maior e mais urgente é a comida. Nem só de pão vive o homem, mas sem pão não vive. É uma vergonha haver comida suficiente para todos e morrerem de fome todos os dias 40 mil pessoas (16 mil crianças). Há várias, mas duas são "as causas principais" da fome: o egoísmo de indivíduos e de grupos e a injustiça do sistema dominante.

2 "Dar de beber a quem tem sede". Sem água não há vida. Jesus disse: "Quem vos der de beber um copo de água não ficará sem recompensa." Multiplicar-se-ão os conflitos por causa da falta de água. O Papa Francisco chamou a atenção para isso na encíclica "Laudato sí", sobre a ecologia.

3 "Vestir os nus". "Os nus carecem de protecção pessoal, estão indefesos, desarmados, e à mercê da violência alheia." A roupa cobre, protege e dignifica. A nudez acaba por significar abandono e exclusão, e, sobretudo no caso das mulheres e das crianças, exploração e tráfico sexual.

4 "Dar pousada aos peregrinos". No Evangelho segundo São Mateus, são referidos concretamente os estrangeiros, aplicando-se o termo grego "xenoi" concretamente a homens e mulheres que formam parte de um grupo social e cultural diferente: "Fui estrangeiro e acolhestes-me ou não me acolhestes", dirá Jesus no juízo definitivo. "A pátria do cristão é o diálogo e o acolhimento."

5 "Assistir aos enfermos". Visitá-los, cuidar deles. Se, no Evangelho, há preocupação constante da parte de Jesus é pela saúde das pessoas, de quem cuida e que cura.

6 "Visitar os presos". Não se trata simplesmente de visitar. Trata-se de "oferecer-lhes assistência e cura, porque estão em necessidade (sejam culpados ou não) e porque podem curar-se".

7 "Enterrar os mortos". Miséria suprema: morrer e não haver ninguém a reclamar os mortos. Mas se isso acontece na morte, já na vida viveram abandonados. Esta obra de misericórdia realiza-se verdadeiramente não só na sepultura do cadáver, mas na exigência de acompanhar e ajudar na velhice, de modo eficaz, com dignidade.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Mau jornalismo, bom jornalismo

Um texto de Pedro Correia 
no "Delito de Opinião"

«O tratamento jornalístico do terrorismo abusa de dois males simétricos: confere projecção global a quem dispara, mata, fere, mutila e viola - favorecendo comportamentos miméticos de um incontável número de potenciais assassinos sequiosos dos seus 15 minutos de fama - enquanto silencia os nomes e esconde os rostos das vítimas. Como se elas nos envergonhassem.»

Ler mais aqui  porque vale a pena.

Grandes Veleiros — 5 a 8 de agosto

O que resta de religioso nesta sociedade "laica"

Reflexão de José Tolentino Mendonça




As nossas sociedades tornam-se fisicamente extenuantes para os indivíduos, e parece faltar um apoio para as difíceis questões que respiram em nós com maior frequência: «Porquê precisamente a mim?»; «Que fazer da minha vida quando tenho de decidir sozinho?»; «Para que serve viver, se temos de desaparecer sem deixar rasto?»

Relativizado o círculo confessional, a religião tornou-se um estimulante terreno inculto para a produção científica e cultural mais heterogénea. É um fenómeno aparentemente inexaurível de meditação no qual todos têm alguma coisa a dizer: sociólogos, antropólogos, pensadores de teoria política, romancistas...
Nos nossos dias vão adquirindo plausibilidade, aplicadas ao religioso, expressões que aos ouvidos de outros séculos pareceriam totalmente insólitas, como «restrição de campo», «reconfiguração», «deslocação para a esfera íntima», «mudança de papel social», «religião implícita», tudo expressões que dizem muito do processo epocal em que nos encontramos.

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SER RICO AOS OLHOS DE DEUS

Reflexão de Georgino Rocha


Jesus termina com esta afirmação exortativa a parábola do homem rico que conseguiu uma boa colheita e possuir grande riqueza. Narra esta parábola para fazer uma “catequese” sobre o valor dos bens materiais e a atitude a cultivar na relação com eles. Quer deixar claro que o projecto de Deus se manifesta no sentido da vida dos discípulos missionários e nas prioridades que eles assumem. O mais importante deve marcar as pautas de comportamento. A liberdade em segurança vive-se com regras. O possível comporta energias a desabrochar. Em cada opção corrente está contida o gérmen da opção final.

Jesus é surpreendido pelo pedido de um anónimo que ergue a voz do meio da multidão: ”Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo”. Lucas, o narrador do episódio, nada diz sobre os motivos de tal pedido: Injustiça na retenção da herança, ganância do irmão, cobiça do queixoso? Outras razões? Nada. É pedido que pode nascer no coração humano que sente o pulsar da vida. O apelido de “mestre” pôe em evidência o reconhecimento do nível (status) de Jesus. O uso da palavra “amigo” indica a atenção e a proximidade da relação. A parábola dá a resposta em género de “conto” de uma situação existencial bem conhecida pelos ouvintes. E deixa-os a pensar, a ponderar. A narração visualiza com grande realismo o alcance das opções correntes e o “balanço” final de toda a existência.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

A enguia na Ria de Aveiro

Uma riqueza gastronómica regional 

Caldeirada de enguias
«Pela abundância com que ocorreu na laguna e pela sua qualidade alimentar, a enguia é uma imagem da Ria de Aveiro, diremos que um ex-libris. A pesca exercida sobre esta espécie espalhava-se da Torreira à Vagueira, através do chinchorro, com galrichos, numa área mais ampla, e à sertela (ou minhoqueiro). As capturas eram abundantes e fomentaram duas atividades económicas que ainda persistem e continuam a ser de relevo elevado para a região: o turismo gastronómico e a indústria conserveira.»

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

SPA salínico revitaliza salinas de Aveiro

Notícia da LUSA editada pelo Diário das Beiras

DR
«Um “SPA salínico” é inaugurado quinta-feira em Aveiro, numa iniciativa privada que procura revitalizar as marinhas “Grã Caravela e Peijota”, transformando-as em piscina salgada, a par da exploração do sal.
Outrora o “ouro branco” aveirense, devido à sua importância na conservação dos alimentos, o sal de Aveiro era já explorado antes mesmo da fundação da nacionalidade, como o atestam documentos coevos e marcou a paisagem da cidade, rodeada de “mosaicos” de água, mas a atividade entrou em decadência e das 252 marinhas referenciadas na Ria de Aveiro já só apenas nove estavam em laboração em 2009.
A “Grâ Caravela” e a “Peijota” são duas marinhas sobreviventes “às portas da cidade”, junto ao Ecomuseu Municipal da Troncalhada, cujos proprietários procuram agora reanimar, dando-lhes novos usos num “Salinário” de utilidade também terapêutica.»

Li aqui 

NOTA: Texto e foto do Notícias Google

calado como na missa?!

Uma reflexão de Pedro José Lopes Correia

calado como na missa ?!


“Chamo liberdade à minha ignorância do destino; e destino ao meu ignorar da liberdade”. Agostinho da Silva (1906-1994, filósofo e ensaísta português) in Público, 26-07-16.

[No contexto de receber o troco ao balcão… no almoço de 3 trabalhadores]

[1ªvoz – gerente] – Fica por 20,20 euros… fica por 20,00 euros certos.

[2ªvoz – cliente] – 0,20 cêntimos já dá para pôr de oferta na missa…

[3ªvoz – cliente] – 0,20 cêntimos não chega para nada, a pintura da Igreja é mais de 100.000 mil!

[2ªvoz – cliente] – o resto que ponha o Padre, que também ganha!?

Eu ouvia – calado como na missa?! – e aguardava a vez para pagar o meu almoço-refeição – na escolha da ementa económica: 6,00 euros – num restaurante implantado na Gafanha da Nazaré. Não longe da nossa Igreja Matriz. Suspeito que não falavam assim… Sabendo que eu era padre, residente e trabalhador, na paróquia, e estava ao seu lado no balcão do pagamento. Sabendo ou não. Não fiz “alarme” de nada… Falar o quê? Deus é Silêncio. Tornei a mastigar, por dentro, a comida que me foi excelentemente servida. Agora sem serviço às mesas repartidas.

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terça-feira, 26 de julho de 2016

À descoberta da Gafanha da Nazaré




Das dunas batidas por vento agreste, um povo
habituado a vida dura noutras paragens,
soube tirar o seu sustento.
A laguna deu-lhe o moliço com que fertilizou os campos.
Gente humilde e trabalhadora juntou ao das terras
o amanho das águas de onde tirou sal.
Aventurou-se e fez-se ao mar, em demanda do fiel amigo,
e o mar deu-lhe riqueza, mas reclamou inúmeras vidas.
De todo o lado vieram e fizeram grande
esta terra de oportunidades e tolerância
que ainda busca identidade.
Para os visitantes reserva sempre a melhor parte
e um convite para que venham…

Helena Maia Silva, João Alberto Roque
Roteiro Turístico
Junho de 2016



Ficha Técnica

Iniciativa: Departamento de Línguas do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré
Coordenação: Helena Maia Silva
Pesquisa e redação: Alda Fernandes, Helena Maia Silva e João Alberto Roque
Edição: João Alberto Roque
Tradução: Elementos do Departamento de Línguas
Fotografia: Helena Maia Silva e João Alberto Roque (ver nota)
Tratamento de imagem: João Alberto Roque
Impressão: Tip. Minerva Central, Lda – Aveiro
Tiragem: 1500 exemplares
                Junho de 2016

Apoios: Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré
Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré
Câmara Municipal de Ílhavo

Nota: Algumas fotos relativas a associações e eventos foram retiradas dos respetivos sítios da internet, blogues ou facebook e não foi possível identificar os autores.
O mapa foi elaborado a partir dos mapas Sapo.