quarta-feira, 27 de abril de 2016

Papa Francisco sempre atento

Diz-se que «está na hora dos leigos, 
mas parece que o relógio parou»: 
Papa adverte para perigos do clericalismo


«O clericalismo leva à funcionalização do laicado; tratando-o como “mandadeiro”, coarta as diferentes iniciativas, esforços, e chego ao ponto de dizer, ousadias necessárias para poder levar a Boa Nova do Evangelho a todos os âmbitos da atividade social e, especialmente, política.»
(...)
É «impossível» pensar que o clero tem de ter «o monopólio das soluções para os múltiplos desafios» da vida contemporânea. «Ao contrário, temos de estar ao lado da nossa gente, acompanhá-la nas suas procuras e estimulando a imaginação capaz de responder à problemática atual. E isto discernindo com a nossa gente, e nunca pela nossa gente ou sem a nossa gente»

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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Promessas escutistas na Gafanha da Nazaré


Saúde, Felicidade e Espírito de Serviço

No sábado, 23 de abril, na missa das 19 horas, houve promessas das várias secções do Agrupamento 588 do CNE (Escutismo Católico Português), que tem por patrono D. José de Lencastre. Igreja cheia de jovens com os seus dirigentes e familiares para participarem na Eucaristia presidida pelo nosso pároco, Padre César Fernandes, que exortou os presentes a levarem à prática, no dia a dia, o mandamento novo — Amai-vos uns aos outros como eu vos amei —, numa alusão clara ao Evangelho do dia. «Sois sinais de Deus no mundo, com a certeza de que Jesus está connosco até ao fim dos tempos», disse.
Reforçou a ideia, alicerçada na promessa que juraram pela sua honra, que urge servir Deus, a Igreja e a Pátria, sempre atentos aos que mais precisam, sobretudo «na tristeza, no sofrimento e na dor», apostando «na gratidão e na construção de um mundo novo».
O nosso prior evocou Baden-Powell (BP), o fundador do escutismo, afirmando que foi um homem que soube descobrir um método educativo tão especial, que deu origem à maior organização juvenil a nível mundial.


Na cerimónia, foi lembrado, citando BP, que «o escutismo é um movimento cuja finalidade é educar a próxima geração como cidadãos úteis e de vistas largas. A nossa intenção é formar Homens e Mulheres que saibam decidir por si próprios, possuidores de três dons fundamentais: Saúde, Felicidade e Espírito de Serviço.»
João Pedro Lagarto, Chefe do Agrupamento, frisou que as promessas «são uma meta porque são fruto de grande preparação para chegar a este momento, significativo e fundamental para a caminhada escutista», mas também são «ponto de partida para levar à prática os princípios essenciais da lei do escuta», que assenta na confiança, na lealdade, na prática de boas ações, na amizade, no respeito pelos outros, na defesa da natureza e na obediência, mas ainda na boa disposição de espírito, na sobriedade, no respeito pelos bens alheios e na pureza de pensamentos, palavras e ações.
Toda a formação escutista, nas diversas secções, aponta para «o serviço aos outros durante toda a vida, mesmo depois de, por razões de idade,  «ficarem desvinculados do agrupamento».
O Chefe João Lagarto salientou que a nova sede, «um anseio do Agrupamento 588», permitirá espaços mais funcionais para as secções (Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros) que acolhem 118 membros, entre dirigentes e escuteiros. Afirmou, concluindo, que a sede, já em fase de projeto, está a ser dinamizada pela comunidade paroquial, sendo certo que conta sempre com «a indispensável colaboração do agrupamento, naturalmente parte interessada».

F.M.

O 25 DE ABRIL

E preciso restituir a esperança
a todos os portugueses


Sobre o 25 de Abril já muitíssimo se disse e escreveu. Tanto que daria para uma biblioteca de tantas estantes quantas as teses pró e contra o que a revolução dos cravos nos trouxe. Certo é que com ele se escancararam as portas da liberdade, da livre expressão de sentimentos, de novas ideias, de partilha de sonhos. Acabaram guerras e a luz brilhante da democracia iluminou caminhos de opções a diversos níveis. Novas ideais inundaram os nossos quotidianos até aí abafados pelo pensar único e imperativo. O povo descobriu que era adulto, que podia escolher, que era parte ativa da sociedade e não agente passivo como burro de carga. E todos ficaram a saber que o povo é quem mais ordena. Para o bem e para o mal. E quando sente ou descobre que se enganou, tem nas suas mãos os votos que tudo podem corrigir.
As promessas de Abril, que indicavam propósitos de democratizar, desenvolver e descolonizar, constituem um processo inacabado. Sempre inacabado… Engana-se quem julga que a perfeição está ao nosso alcance. Não está. Nunca estará. O homem é um ser finito, limitado, imperfeito. Mas tende para a perfeição, mesmo sabendo que estamos no campo das utopias.
O 25 de Abril continua por cumprir. A democracia e o desenvolvimento estagnaram com atrasos imperdoáveis. A descolonização foi um desastre em múltiplas frentes, mas os portugueses que regressaram das ex-colónias souberam dar-nos extraordinários exemplos de readaptação à vida neste Portugal multissecular.
Que as comemorações deste ano do 25 de Abril saibam refletir, serenamente, no sentido de restituírem a esperança porventura perdida a todos os portugueses. São os meus votos.
Fernando Martins

O Sonho de Abril

Crónica de Maria Donzília Almeida

25 de Abril
Este mês de abril é rico em efemérides e para acabar, aí temos mais uma vez, a comemoração da Revolução de Abril, que vai já na sua quadragésima segunda vez, consecutiva.
Quando, há 42 anos, explodiu ao som das baionetas o grito da liberdade, o povo estremeceu e começou a sonhar. 
Não foi tanto o espalhafato, a euforia incontrolada, a loucura do romper das barreiras que deixou o povo estonteado. Foi a esperança numa vida diferente, numa vida sem mordaças, mas que trouxesse alguma melhoria a quem sempre fora explorado.
Fizeram-se comemorações, de lés a lés, o país estrebuchou e deu largas à sua alegria incontida.
Passaram-se já 42 anos, já se ouviu chamar jovem democracia......mas, c’os diabos! As pessoas têm um tempo para crescer, para amadurecer, para se tornarem adultas! Não será infantilização, chamar-se ao regime em que vivemos, uma jovem democracia? Não terá já passado o tempo suficiente para que a “criança” tenha crescido e assumido postura de adulto?
Pela observação do que nos cerca, constata-se que afinal a democracia ainda não mostrou o lado bom, o lado da maturidade, da consolidação de propósitos e valores.
Vivemos num mundo sem amarras, é verdade, sem mordaças, é certo, mas que importa podermos dizer o que sentimos o que achamos sobre aqueles que nos governam, se nada é feito para alterar o que está mal?

domingo, 24 de abril de 2016

A alegria do amor (II)

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO
 
Frei Bento Domingues
«Escutar sempre a voz de Deus,
nas vozes do mundo»
 

1. Quando tudo parece sem remédio, surge o Papa Francisco a dar uma estranha solidez à esperança, a virtude das situações difíceis. É normal que nem todos vejam assim os seus gestos. Mesmo dentro da própria Igreja, existem grupos, movimentos e personalidades que se opõem à sua orientação, usando diversos métodos para neutralizar a sua influência. A prática mais corrente é a da resistência passiva. Fazem de conta que as suas iniciativas, convocatórias e tomadas de posição não têm nenhuma importância. As pessoas com responsabilidades diocesanas e paroquiais sabem que as rotinas bastam para barrar o caminho a propostas desestabilizadoras.
Outro método frequente é a desqualificação de Bergoglio. O que este argentino propõe de mais acertado já estava dito pelos seus antecessores. Quando procura ser original, não passa de um demagogo do terceiro mundo. A sua perspectiva social, condensada em três T- trabalho, tecto (casa) e terra –, apresentada no Vaticano, ao acolher os Movimentos Populares [1], como anseios e direitos sagrados de qualquer família, é um exemplo de pregação irresponsável. O jesuíta, C. Theobald, mostrou, pelo contrário, a originalidade e a pertinência do estilo concreto do Papa Francisco, atento à existência social infinitamente diversa e plural [2].

sábado, 23 de abril de 2016

A Paleografia

Crónica de Maria Donzília Almeida

Abertura dos Pelouros 
Professora Doutora Maria José Azevedo Santos

Foral Manuelino
Trabalhos de decifração
Jean Mabillon, um frade beneditino, é considerado o fundador da Paleografia, em 1681. Esta ciência, que alguns consideram uma arte, tem por finalidade a decifração e a transcrição de documentos antigos, para a morfologia da escrita atual.
Essa prática requer muito treino, pois se trata da escrita de outros tempos, em que poucos sabiam escrever. Até ao século XVI, na Europa, somente uma pequena parcela da população era letrada, pois o monopólio de ensino pertencia à Igreja. Era nos mosteiros cristãos que o conhecimento era preservado, já que na Idade Média, não havia imprensa. O processo da escrita e composição de livros era feito nos mosteiros, pelos monges copistas. Segundo a nossa formadora, era no chamado scriptorium que o monge copiava livros, havendo alguns que não sabiam escrever, embora todos pudessem ler. Para o serviço litúrgico, os monges precisavam unicamente de ler.
A escrita pode ser encontrada em diversos materiais, mas é de ressaltar que a Paleografia estuda a escrita nos suportes perecíveis e de fácil transporte, como o papel, o pergaminho e as tabuinhas enceradas.
Os conhecimentos dados pela Paleografia possibilitam à Filologia estudar as origens e a evolução da escrita portuguesa.

A Alegria do Amor. 2

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Anselmo Borges

«Cada pessoa, independentemente 
da própria orientação sexual, 
deve ser respeitada na sua dignidade»

1 A Exortação A Alegria do Amor, do Papa Francisco, é isso: um hino ao amor. Cita, por exemplo, M. Benedetti: "Se te amo, é porque és/o meu amor, o meu cúmplice e tudo/e na rua, lado a lado,/somos muito mais do que dois." Sobre o prazer erótico no amor, cita J. Pieper: por um momento, "sente-se que a existência humana foi um sucesso". Mas Francisco conhece o coração humano, a sua exaltação e as suas misérias e há as pulsões e o amor e as histórias de cada um. Por isso, aponta ideais, mas conhecendo a realidade e falando para pessoas concretas, criticando os que na Igreja "agem como controladores da graça e não como facilitadores".
À Exortação é devida uma leitura atenta e meditada. Deixo aí apenas algumas questões que concitam mais a atenção.

AMOR, A FORÇA QUE MOVE O MUNDO

Reflexão de Georgino Rocha

«O amor é força criativa 
que move o mundo»

Jesus está a viver os momentos imediatos à saída de Judas, após a ceia de despedida. Tinha-lhe dado o pedaço de pão da fraternidade que havia repartido pelos outros apóstolos. Vê-o abandonar o grupo para ir denunciá-lo e fazer a sua entrega: consumar a traição que, há tempos, amadurecia no coração. Pressente que se aproxima a parte final do seu processo persecutório. E cheio de emoção confiante, confidencia os segredos mais íntimos aos seus apóstolos, agora carinhosamente tratados como “meus filhos”.
Perante o fracasso iminente, Jesus declara ter chegado a hora da sua glorificação. A traição e o assassinato fazem brilhar a paixão de amor criativo que sempre o move na vida. O abandono e a cobardia não cortam os laços de amizade radical como evidencia quando Judas o identifica com o beijo no Jardim das Oliveiras. O seu amor é para sempre, incondicional, para todos. A desolação e o desabafo abrem espaço à manifestação da profunda comunhão com Deus Pai, à confiança filial que dá alento ao seu último suspiro, à exaltação que emerge da cruz ignominiosa.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sobre a anedota dos caranguejos

Uma reflexão de Pedro José Lopes Correia



1.“Um pescador andava há horas na orla do mar a recolher caranguejos para um balde. Ao chegar a um café de praia, um homem que ali estava pousou o jornal e perguntou-lhe: – Desculpe, como é possível não lhe fugir nenhum caranguejo, se o senhor vira costas para ir apanhar mais e nunca deixa o balde tapado? – Ora, amigo, não vê que são caranguejos portugueses? Se algum deles tentar subir, os outros juntam-se logo para o deitar abaixo”.

Ler toda a reflexão aqui


Nota: Pedro José Lopes Correia é pároco das Gafanhas da Encarnação e Carmo e vigário paroquial da Gafanha da Nazaré. Escreve num estilo muito pessoal e as suas reflexões, assentes no quotidiano das pessoas e comunidades em que vive e trabalha, têm substância e arte, ou não fosse ele um homem de leituras abrangentes, contudo muito direcionadas para testemunhar a vivência da fé em Jesus Cristo que o anima. É por essas razões que aprecio muito o que escreve e como escreve. 

Poesia ao ar livre

De passagem por uma Estação de Serviço

A Lita lê o poema de amor...
Gosto imenso de poesia e outras artes ao ar livre… Quem passa, se tiver algum sentido de observação e de sensibilidade, não ficará indiferente. 
Numa Estação de Serviço, lá para os lados de Leiria, vimos e lemos há anos este lindíssimo poema de amor do nosso rei e poeta D. Diniz, que foi um monarca extraordinário no seu tempo… Aqui fica como recordação e como exemplo para muitos autarcas. Se não puderem nem souberem dar-nos outras coisas, ao menos brindem-nos com poesia, que até é gratuita!