sábado, 25 de julho de 2015

Eu sou um rural






Eu sou um rural. Disso não tenho dúvidas. Gosto do campo e da sua simplicidade. Comungo, com verdade, a natureza e  dela recebo a imensa riqueza que nos oferece. As cores, os cheiros, a serenidade, a liberdade e a proximidade que em nós cultiva. As pessoas são a nossa família mais alargada. Antigamente, os mais velhos eram todos tios e tias. 
Se é indiscutível que tenho na alma e no sangue o mar e a ria, que me viram nascer e crescer, também é certo que a serra me fascina desde menino, quando ao longe divisava os seus contornos para mim misteriosos. E quando pela primeira vez pisei solo serrano fiquei extasiado, sem fala. 
Em casa, não dispenso o quintal, não para dele cuidar que as forças já não o permitem, mas para apreciar o que da terra brota ou as árvores oferecem. Hoje andei a contemplar as primeiras maçãs de novas macieiras que substituíram as mais antigas que morreram ou definharam. As plantas são como as pessoas. Não são eternas. 

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MEC chegou aos 60 anos


«Hoje é o primeiro dia do pouco que resta da minha vida. O sacana do Salmo 90:10 não se presta a confusões: "Os dias da nossa vida são setenta anos e, caso houver força, chega aos oitenta. Mas é força que só traz trabalho e tristeza: passa num instante e voamos...".»

Nota: O Miguel Esteves Cardoso (MEC) completou 60 anos, razão para dissertar com graça sobre a sua idade. Como leitor assíduo das suas saborosas e oportunas crónicas, aqui o homenageio desta forma tão simples, com a transcrição do seu recente escrito no PÚBLICO

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Francisco: uma Igreja outra

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


Papa Francisco 
«A Igreja tem pela frente duas tarefas urgentes: 
a da democracia e a do reconhecimento 
da igualdade das mulheres.»


1-Na recente visita do Papa Francisco à América Latina, foi marcante, para dizer ao que vem este pontificado, o discurso no encerramento do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Continuou a reclamar "os três t": terra, tecto, trabalho. "Disse e repito: são um direito sagrado." E que estava a falar não apenas de problemas da América Latina, mas de toda a humanidade: "Está-se a castigar a Terra, os povos, as pessoas, de um modo quase selvagem." É preciso "dizer não a uma economia de exclusão e iniquidade", assegurando que "o problema é um sistema que continua a negar a milhares de milhões de irmãos os mais elementares direitos económicos, sociais e culturais" e que este sistema "atenta contra o projecto de Jesus", já que o destino universal dos bens não é um adorno da doutrina social da Igreja, mas uma realidade anterior à propriedade privada. Arremeteu contra o "novo colonialismo que se esconde por trás do poder económico do ídolo dinheiro", lembrando que "a concentração monopólica dos meios de comunicação social, que pretende impor comportamentos alienantes de consumo e certa uniformidade cultural, é outra das formas que o novo colonialismo adopta.

Dai-lhes vós mesmos de comer

Reflexão de Georgino Rocha



«O facto histórico 
tem um alcance simbólico excepcional.
 A razão vê o facto. 
A fé capta o alcance da realidade 
contida no símbolo»


A multidão anda entusiasmada com Jesus. Nem sequer pensa nas suas necessidades básicas: descanso para a fadiga, casa para dormir, pão para alimento. A acção de Jesus e os seus ensinamentos exerciam uma sedução que compensava largamente tudo isso. E lá vai seguindo o Mestre que sobe ao monte, se senta compadecido por aquela gente e dialoga com os discípulos sobre o que fazer para lhe acudir e valer. Quer associá-los ao que vai fazer. E surge o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, a partir da “merenda” levada por um jovem. Jo 6, 1-15.

João, o autor da narrativa que hoje se lê na liturgia da Palavra, inicia um longo discurso/ensinamento de Jesus que continuará a ser proclamado nos próximos domingos. Constitui uma esplêndida catequese sobre a eucaristia, o pão e o vinho do trabalho humano, o corpo e o sangue do Senhor Jesus, entregue por todos e cada um de nós, a humanidade inteira.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Marisco para todas as bolsas

Ria com gosto em agosto 
na Costa Nova



Mesmo não estando em maré de grandes despesas, poderá ser possível degustar uns mariscos mais baratinhos na nossa Costa Nova. Há lá de tudo e para todos os gostos. 


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Um amigo


«Que belo é ter um amigo! Ontem eram ideias contra ideias. Hoje é este fraterno abraço a afirmar que acima das ideias estão os homens. Um sol tépido a iluminar a paisagem de paz onde esse abraço se deu, forte e repousante. Que belo e que natural é ter um amigo!»



Miguel Torga
Diário - 1935

Nota: Texto publicado há um ano neste meu blogue.


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Costa Nova: passadiços

As nossas praias


Gosto de caminhar pelos passadiços das nossas praias, apesar de alguns não se apresentarem devidamente cuidados. Gosto do ar que se respira, do cheiro a maresia e da paisagem dunar. Este verão ainda não usufruí da qualidade das nossas praias, mas vontade não me falta. Talvez na próxima semana, se Deus quiser.


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Liberdade

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir"


George Orwell (1903-1950), escritor e jornalista inglês


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domingo, 19 de julho de 2015

A bicicleta do Padre Manuel Maria

Merecida homenagem a um homem bom



Um objeto de pessoa que estimamos, cuidado e guardado com gosto, é sempre uma homenagem merecida. Esse objeto, por mais simples que seja, torna presente as boas recordações que essa pessoa nos suscitou ao longo da vida. A bicicleta do Padre Manuel Maria Carlos, restaurada a rigor, tem agora lugar cativo no Museu Paroquial da Gafanha da Nazaré, graças à sensibilidade do nosso prior, Padre Francisco Melo, e ao saber e esmero do restaurador João Vinagre.
Quando nos foi dada a notícia do restauro da velha bicicleta, surgiu de imediato a necessidade de apreciar o trabalho levado a cabo pelo João Vinagre, motorista marítimo reformado e apaixonado por este tipo de tarefas, por simples prazer e para ocupar o tempo de forma saudável e útil. Já restaurou mais de 20 bicicletas e tem cinco em mãos. A arte de reparar e restaurar bicicletas veio-lhe da juventude, quando aprendeu e trabalhou numa oficina de seu tio Joaquim Vinagre, antes de enveredar pela mecânica, que o levaria a embarcar e a seguir a profissão de motorista marítimo.
Olhámos para a bicicleta, que lhe foi entregue em «péssimo estado, com peças podres e uma roda inadequada», e logo nos veio à memória o Padre Manuel Maria, que a utilizava nas suas voltas pela Gafanha da Nazaré, tal como pela Torreira, onde foi pároco, entre 1960 e 1974.

A religião não é para mulheres

Crónica de Frei Bento Domingues 


«É sempre como mulheres e homens 
que Deus os cria e recria, sem subordinações 
nem imposições recíprocas»

1. Em 1946, depois de cuidada preparação, começava, em Palma de Maiorca, o conhecido movimento Cursilhos de Cristandade. Eduardo Bonnin Aguiló foi sempre reconhecido como o seu carismático fundador. Vi-o e ouvi-o apresentar-se apenas como “aprendiz de cristão”.
Em Portugal, realizou-se o primeiro cursilho, em Fátima, de 19.11 a 02.12, de 1960. Frequentei o terceiro realizado no Porto. Ainda conservo o meu Guia de Peregrino. 
No princípio, este movimento destinava-se a proporcionar aos homens a descoberta, em três dias, de uma nova paisagem católica e operar uma viragem radical de comportamento pessoal, para alterar ambientes onde os participantes fossem considerados “vértebras da sociedade”.
Cada cursilho obedecia a uma selecção dos participantes, apenas de varões, apoiado em ficha secreta. Era moderadamente interclassista. O cenário do acolhimento, o cancioneiro espanholado, de colores, os gestos, os rolhosdoutrinais, recheados de anedotas certeiras, destinavam-se a desconstruir o imaginário de uma religião beata e para beatas e fazer a passagem exaltante para o essencial de um catolicismo másculo, marcado pela euforia do sacrifício e do testemunho, sem preocupações de transformação social imediata. O grande e repetido enunciado de marca, com eficácia do melhor marketing, era este: a religião católica não é para mulheres.