domingo, 22 de fevereiro de 2015

Necessidades

«Quem não tem necessidades  próprias 
dificilmente se lembra das alheias»

Mateo Alemán (1547-1614), escritor espanhol


NOTA: Admiro muito os que, com meia dúzia de palavras, conseguem transmitir mensagens verdadeiramente intemporais.

Mudar radicalmente a religião (1)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO



Os caminhos de Deus não se podem 
confundir com os de uma só religião



1. Não tive condições para seguir as cerimónias que envolveram a nomeação dos novos “príncipes da Igreja”. Um amigo, pouco dado a críticas à hierarquia eclesiástica, manifestou-me, no entanto, o seu desapontamento. Daquilo tudo, só as palavras do Papa estavam ajustadas a um programa de reforma da cúria e da Igreja.
Seria arcaico exigir dos novos cardeais vestes parecidas com as do carpinteiro de Nazaré. Mas aquele espectáculo era a reprodução de sempre do mau gosto purpurado. As delegações portuguesas, ao convidar o Papa para vir a Fátima, revelaram pouca imaginação e, até parece, uma oposição ao seu programa.
Seja como for, importa redescobrir o papel das religiões no mundo, na Europa e em Portugal. O que as terá anestesiado para que, durante estes anos todos de miserável humilhação dos povos do Sul da Europa e de transformação do Mediterrâneo num cemitério medonho, não tenham suscitado um imenso movimento de resistência não violenta?
Sobre o papel das religiões existem as posições mais desencontradas. Comecemos por uma das mais negativas:

sábado, 21 de fevereiro de 2015

“As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes”

Mais um livro de Manuel Olívio da Rocha


“As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes” é mais um livro de Manuel Olívio da Rocha em edição familiar, com capa de Domingas Vasconcelos. Trata-se de um brinde de Natal, o 26.º da coleção “Cadernos de Família”, extensivo apenas a alguns amigos, que não deixarão de saborear o trabalho decerto intenso do autor, durante todo o ano. Se Deus quiser, no próximo Natal há mais, talvez com tema que ninguém ousará adivinhar. 
Quando este brinde me chega, é certo e sabido que fica logo no sítio ideal para uma leitura serena, até porque o seu conteúdo não é nem tem sido para ser engolido sem mastigar, como quem bebe um batido de amoras silvestres.
Devo confessar que este livro  está profusamente recheada de informação consistente, de curiosidades inesperadas para muitos, de saberes acumulados ao longo de anos pelo Manuel Olívio, criteriosamente guardados na sua memória poderosa e nos seus arquivos certamente bem ordenados.

Não a ofertas à custa da injustiça

Não se podem fazer ofertas à Igreja 
às custas da injustiça com os trabalhadores, 
sublinha papa Francisco
Pedintes aquecendo-se (det.), Jose Gutierrez Solana,
1933 Galeria Leandro Navarro, Madrid, Espanha, D.R.

«O papa sublinhou hoje , no Vaticano, a importância da coerência entre a espiritualidade da Quaresma, que acentua a esmola, o jejum e a oração, e os comportamentos sociais dos cristãos, designadamente com as pessoas mais pobres.
«O amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade, e se tu queres fazer penitência, real, não formal, deves fazê-la diante de Deus e também com o teu irmão, com o próximo», afirmou Francisco na homilia da missa a que presidiu, refere a Rádio Vaticano.»

Li aqui

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Solidão e ética do cuidado

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

Anselmo Borges


Italo Calvino escreveu, em As Cidades Invisíveis: "A cidade de Leónia refaz-se a si própria cada dia que passa: todas as manhãs a população acorda no meio de lençóis frescos, lava-se com sabonetes acabados de tirar da embalagem, veste roupas novinhas em folha, extrai do mais aperfeiçoado frigorífico frascos e latas ainda intactos, ouvindo as últimas canções no último modelo do aparelho de rádio. Nos passeios, embrulhados em rígidos sacos de plástico, os restos da Leónia de ontem esperam o carro do lixo. Não só tubos de pasta dentífrica bem apertados, lâmpadas fundidas, jornais, contentores, restos de embalagens, mas também esquentadores, enciclopédias, pianos, serviços de porcelana: mais do que pelas coisas que dia-a-dia são fabricadas, vendidas, compradas, a opulência de Leónia mede-se pelas coisas que dia-a-dia se deitam fora para dar lugar às novas. De tal modo que há quem se interrogue se a verdadeira paixão de Leónia é realmente como dizem o gozar as coisas novas e diferentes, ou antes o rejeitar, o afastar de si, o limpar-se de uma constante impureza. A verdade é que os varredores são recebidos como anjos, e a sua tarefa de remover os restos da existência de ontem está rodeada de um respeito silencioso, como um ritual que inspira devoção, ou talvez porque uma vez deitadas fora já ninguém quer tornar a pensar nessas coisas."

Aprender a viver; aprender a morrer

"Quando eu pensar que aprendi a viver, terei aprendido a morrer."

Leonardo da Vinci 
(1452-1519)


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Mensagem quaresmal do Bispo de Aveiro

Jesus é o Filho de Deus: escuta-O!



«A decadência do catecumenado trouxe alguns elementos positivos que importa realçar: estruturou-se a Quaresma como um período intenso de formação dos futuros batizados, e a Igreja, como boa mãe, alimenta, com o seu ensino e os ritos litúrgicos aqueles que já renasceram na fonte das águas batismais, mas ainda necessitam continuar a crescer na fé.»



Ler a Mensagem aqui

Vencer a tentação da indiferença

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


Após o baptismo, Jesus dirige-se imediatamente ao deserto. Mc 1, 12-15. Os Evangelhos mostram-nos o contraste aqui ocorrido: Ele, que havia sido proclamado Filho de Deus é tentado na sua condição divina para que mostre “o que vale e o que pode”. As obras seriam as suas credenciais por excelência. O prestígio do poder, a ganância fácil da economia, o pronto socorro da religião são-lhe propostos como caminhos de realização da sua missão. A tentação sedutora tem como fundamento as apetências humanas e como motivação próxima a prova de Jesus ser o Filho de Deus. Por isso continua tão actual e a dominar muitos corações.

Foto do Dia — Barcos em descanso

barcos na Ria

Os nossos olhos não se cansam de contemplar a laguna
que serenamente nos aconchega e atrai. A magia dos largos horizontes
 são desafios permanentes aos nossos sentidos.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Foi há 40 anos que faleceu o meu pai

O meu pai
Foi há 40 anos que faleceu o meu pai, Armando Lourenço Martins, mais conhecido por Armando Grilo. Parece que foi há dias, tão presente tenho esse momento doloroso na minha memória. A partir do dia 20 de fevereiro de 1975, a sua recordação faz parte da minha existência. Não há dia sem o seu sorriso, a sua voz forte e doce, as suas mãos calosas de tantas lutas na vida, de trabalho sem férias. Desde os 14 anos na pesca do bacalhau e depois nas instalações em terra da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), nunca gozou férias na verdadeira aceção da palavra. 
Quando as teve, ficava envolvido em tarefas caseiras e no quintal da nossa casa. Ria-se quando eu lhe sugeria que fosse passear com a minha mãe, embora algumas vezes desse uma volta comigo e com o meu irmão. Mais nada. Morando perto de mim, todos os dias nos visitava para brincar com os netos, com os quais tanto se ria e gargalhava. 
Morreu com enfarte no miocárdio. Às três horas da manhã, um médico diagnosticou-lhe dores no estômago e só mais tarde, ao fim do dia, nos foi dito que a doença seria fatal. Homem sem doenças, resistiu cerca de um mês na casa de saúde da Vera Cruz. Tinha 61 anos.
O meu pai era um homem bom. Não me recordo de qualquer ralhete, de qualquer zanga, de qualquer azedume em relação fosse a quem fosse. E quando ajudava alguém, não escondia a alegria de ter cumprido um dever para com seu semelhante. Como crente que sou, tenho a convicção de que o meu pai foi acolhido pela ternura materna de Deus.

Evoquei o meu Pai também aqui

Fernando Martins