sábado, 14 de dezembro de 2013

“Ide contar o que vedes e ouvis”


IDE CONTAR A JOÃO

Georgino Rocha 


Assim começa a resposta que Jesus dá aos enviados de João. “Ide contar o que vedes e ouvis”. João estava na cadeia onde chegam notícias contrastantes com o que havia anunciado. E tem dúvidas, como é normal. Quer esclarecer e procurar a verdade. Não deixa que a cadeia lhe aprisione o espírito nem limite a liberdade. Não deixa adormecer a pergunta inquietante nem se inibe face ao preconceito que mina a confiança. Fiel a si mesmo, honesto e decidido, quer saber e encarrega os seus discípulos de buscarem a resposta desejada. Que belo exemplo nos dá!

O contraste é claro. João anuncia o reino prestes a chegar e urge a conversão com palavras duras, metáforas de amedrontar as “raças de víboras”, invectivas fortes aos palradores que “dizem e não fazem”, ameaças terríveis de castigos iminentes, apelos gritantes ao arrependimento e à correspondente mudança de atitudes. O “juízo de Deus” vai iniciar-se.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Natal - Eram os convidados de honra


«A noite de Natal. A ceia. A aproximação do acontecimento, a repetição sempre apetecida, igual e nova, o diferente que pairava e nos invadia e ficava a agitar-nos como um vento bom. A grande sala de jantar repensada desde os primeiros dias de Dezembro, limpa do tecto às frinchas do soalho, sob a fiscalização da Avó, que já sabia de cor os sítios mais vulneráveis, entre as frinchas que iam de lado a lado, ao comprido das tábuas, na juntura, muito penetradas pela piaçava, rija, a escovar o mais fundo possível, metia-se a vassoura no balde, esfregava-se-lhe o sabão, “é preciso que a água com o sabão entre abundante na frincha e seja arrastada com o rasar da piaçava, para com ela vir todo o lixo”, dizia ao ensinar, depois o pano apanhava-o, depois passava-se por água limpa, constantemente renovada, o pano limpava, por fim, muito espremido, e a madeira ficava repousada, amarelinha e seca, quase. Esta, a última fase da limpeza, todo o resto fora metodicamente executado de cima para baixo e, por fim, podia-se respirar o ar cheiroso a lavado fresco.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

NATAL

NATAL: Uma Alegria que vem de dentro


Não recorras ao que já sabes do Natal,
mas coloca-te à espera
daquilo que de repente em teu coração
se pode revelar

Não reduzas o Natal ao enredo dos símbolos

tornando-o um fragmento trémulo sem lugar
no concreto da vida

Não repitas apenas as frases que te sentes obrigado a dizer

como se o Natal devesse preencher um vazio
em vez de o desocultar

Não confundas os embrulhos com o dom

nem a acumulação de coisas com a possibilidade da festa:
o que recebes de graça
só gratuitamente poderás partilhar

Cuida do exterior sabendo que ele é verdadeiro

quando movido por uma alegria que vem de dentro

Uma só coisa merece ser buscada e celebrada, uma só:

o despertar de uma Presença no fundo da alma

Por isso o Natal que é teu não te pertence

Só a outro o poderás pedir.

José Tolentino Mendonça


NOTA: Publica no Semanário Ecclesia

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Um dia no Hospital de Aveiro

A Lita já está em casa a olhar a vida



Ontem, 11 de dezembro, foi um dia para esquecer. Uma queda de minha mulher, a Lita, num estabelecimento comercial de Aveiro, levou-a a ser tratada nas Urgências do Hospital Infante D. Pedro. Ainda necessitou de ser observada no Hospital de Coimbra, mas, felizmente, já está a descansar em casa. Um dia cheio de preocupações que deu para perceber que a solidariedade não é sentimento vão. O proprietário do estabelecimento apressou-se a ir ao Hospital e telefonou-me depois com compreensível  pena pelo que se passou, oferecendo os seus préstimos para o que fosse necessário.  A solidariedade existe, de facto, a vários níveis, mas raramente é notícia. O normal da bondade humana, mesmo no que diz respeito a servidores públicos, nomeadamente, médicos, paramédicos e demais funcionários, passa-nos ao lado. Mas ela existe, realmente.
Ontem vivi, de lado, a azáfama dos corredores das Urgências, com macas por todo o lado, sem que tenha havido qualquer catástrofe a justificar a afluência de doentes, sobretudo idosos, uns esperando pacientemente a sua vez de serem atendidos, outros impacientes,  e um até gritou, bem alto, que estava vivo!
Penso que todos sonhamos e exigimos médicos e enfermeiros ao nosso lado e na hora de uma dor cuja causa não descortinamos. Mas isso não é possível. Haverá médicos e enfermeiros a menos para o volume de doentes que recorrem aos serviços de saúde, mas o que contemplei foi um ambiente de entrega absoluta, cuidada, atenta, responsável e até com sorrisos animadores na face sobrecarregada de trabalho. Também contemplei gente que protesta por tudo e mais alguma coisa, em jeito de descontentamento,  talvez motivado pela angústia. Porém, nem assim, os funcionários deixaram de  acolher todas as pessoas com solicitude. 
Infelizmente, o bem é normalmente não-notícia,  e qualquer falha, por mais simples que seja, ocupa na comunicação social espaço em caixa alta e letras gordas. Acho que todos teremos de reformular, pela positiva, a nossa visão do mundo em que vivemos. Mundo cheio de coisas boas que, na balança de pratos iguais, vão muito ao fundo, subindo em flecha a realidade das coisas más. Estarei a ser injusto? Julgo que não.
Com a Lita combalida, mas já por aqui a olhar a vida, até me apeteceu ouvir a IX Sinfonia de Beethoven. Grande música para um feliz momento.
Muita saúde para todos.

Fernando Martins



terça-feira, 10 de dezembro de 2013

José António Pinto deixa medalha no Parlamento

UMA LIÇÃO DE COERÊNCIA

José António Pinto deixou esta tarde na Assembleia da República a medalha de ouro comemorativa do 50º aniversário da declaração Universal dos Direitos Humanos, que lhe tinha sido entregue como reconhecimento pelo seu trabalho no Porto. O assistente social da Junta de Freguesia de Campanhã afirmou que trocava a medalha por outro modelo de desenvolvimento económico. A sala irrompeu em palmas e ainda ouviu José António Pinto instar os governantes a estancarem "imediatamente este processo de retrocesso civilizacional que ilumina palácios, mas ao mesmo tempo deixa pessoas a dormir na rua".

Porto de Aveiro aposta na ligação a Espanha

Ligação ferroviária do Porto de Aveiro a Salamanca
é necessidade imperativa



«O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Pedro Saraiva, defendeu, em Coimbra, que a ligação ferroviária entre o porto de Aveiro e Salamanca é uma "necessidade imperativa".
Pedro Saraiva falava depois de ter participado numa reunião do Conselho Regional do Centro (CRC), durante a qual foram debatidos os "eixos" e "domínios" do plano de ação da região, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, a vigorar entre 2014 e 2020, no valor de cerca de 20 mil milhões de euros.
Embora se tenha escusado a comentar projetos concretos, pois ainda faltam "contributos" e os cinco "eixos de atuação" e 19 "domínios de intervenção" que sustentam a estratégia regional estão em discussão pública (entre 11 e 31 de julho), o presidente da CCDRC salientou que aquela ligação é apontada como essencial pela generalidade das entidades e pessoas que participaram na discussão sobre a aplicação de fundos europeus na região, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio.»

Frio no Natal

"Ande o frio por onde andar, pelo Natal cá vem parar"


"Deus lhe pague"



Quanto não vale um cunhado…

“Em São Paulo, um transeunte passou mal na rua, caiu e foi levado para o serviço de de emergência de um hospital particular, pertencente à Universidade Católica, administrado totalmente por freiras.
Lá, verificou-se que teria que ser urgentemente operado do coração, o que foi feito com total êxito. 
Quando acordou, ao seu lado estava a freira responsável pela tesouraria do hospital e que lhe disse prontamente: 

- Caro senhor, sua operação foi bem sucedida e o senhor está salvo... Entretanto, há um assunto que precisa de sua urgente atenção: Como o senhor pretende pagar a conta do hospital ?

E a cobrança começou...

- O senhor tem seguro-saúde? 
- Não, Irmã.
- Tem cartão de crédito? 
- Não, Irmã. 
- Pode pagar em dinheiro? 
- Não tenho dinheiro, Irmã.

E a freira começou a suar frio, antevendo a tragédia de perder o recebimento da conta hospitalar !
Continuou com o questionamento;

- Em cheque então, o senhor pode pagar ? 
- Também não, Irmã.
A essa altura, a freira já estava a beira de um ataque. E continuou...
- Bem, o senhor tem algum parente que possa pagar a conta? 
- Ah... Irmã, eu tenho somente uma irmã solteirona, que é freira, mas não sei se ela pode pagar. 

A freira, corrigindo-o disse:
- Desculpe que lhe corrija senhor, mas as freiras não são solteironas, como o senhor disse. Elas são casadas com Deus !!! 

- Ah! Magnífico! Então, por favor, mande a conta pro meu cunhado!

E assim nasceu a expressão: 

"Deus lhe pague"

NOTA: Enviado pela Orquídea Ribau, para vivermos este dia com humor sadio. Depois da crise, poderemos rir com mais gosto. 

Nossa Senhora, ao luar...



Nossa Senhora, ao luar

Nossa Senhora, ao luar,
toda cheiinha de luz,
põe-se a embalar, a embalar
o seu Menino Jesus.

E Nossa Senhora canta
para o adormentar;
mas a Mãe, que o mundo espanta,
tem vontade de chorar.

Entanto o lindo Menino
quere  lua, a rabujar…
Sente que o reino divino
é lá na terra do luar!


Afonso Lopes Vieira

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ainda e sempre Mandela




«Está na hora de voltarmos a ouvir, uma vez que seja. os Special AKA e o grito que tantos ecos despertou: Free Nelson Mandela! Depois, já em silêncio, vale a pena pensar como um recluso resistente, mitificado ou não, deu lugar a um homem que nunca prescindiu dos princípios e da ideologia, nunca trocou palavra com o preconceito, nunca olhou de cima para ninguém. Nem para os seus carrascos. Mesmo agora, diminuído pelo tempo, pelas sevícias, pelo desgaste, ouvia-se a sua voz, mesmo que não precisasse de falar. Não há insubstituíveis, pois não - mas há "os que lutam uma vida inteira, e esses são os imprescindíveis". Obrigado pelas lições contínuas. Que descanse em paz e que outros aproveitem os caminhos que rasgou, a bem de todos.»

João Gobern Sotto-Mayor

Li aqui 

domingo, 8 de dezembro de 2013

Diocese de Aveiro relançada na missão

Celebração deste domingo 
reuniu cerca de oito mil cristãos em Aveiro

Bispo de Aveiro

Cerca de oito mil cristãos da Diocese de Aveiro responderam à convocação e marcaram presença no Dia da Missão, que decorreu, em Aveiro e que teve o ponto alto na Eucaristia celebrada no Parque Aveiro-Expo, na qual foi lida a mensagem que o Papa Francisco escreveu à Diocese e onde se evocou a passagem do 7. aniversario do início do múnus episcopal de D. António Francisco em Aveiro.
Logo pela manhã, mais de quatro mil pessoas reuniram-se em diferentes pontos da cidade e aí fizeram a oração da manhã. Depois, em caminhada festiva e animada, dirigiram-se para um ponto comum onde D. António Francisco e o presidente da Câmara de Aveiro descerraram uma placa evocativa dos 75 anos da Restauração da Diocese junto ao barco composto por 101 pedaços representando cada uma das paróquias.

O discurso do método do Papa Francisco

Frei Bento Domingues



1. O Papa está a tornar-se a referência dos que precisam de energia espiritual para resistir à idolatria do dinheiro, à tirania dos mercados, à especulação financeira, à economia que mata, às políticas que consideram os doentes e os velhos um estorvo e o desemprego uma fatalidade.
Como não há coragem, nem dentro nem fora da Igreja, para o mandar calar de vez, os seus adversários encomendaram a jornalistas e comentadores de serviço, a sua desvalorização: este Papa não diz nada de novo; repete o que está dito e redito, desde o séc. XIX, na Doutrina Social da Igreja, não passa de um populista.
Os desconsolados com o Papa Francisco não são contra a solidariedade. Sabem o que fazer para que nunca haja falta de pobres. Insuportável é o método do seu discurso e actuação: convocar toda a Igreja a olhar este mundo a partir dos excluídos, mudar o centro da sua missão para a periferia e organizar-se a partir daí.

Deus na criança




DEUS NA CRIANÇA

Silêncio! Não vês? — Repara:
A manhã fez-se mais clara…

Silêncio! Devagarinho …
Cuidado com as pedras do caminho…

Silêncio! Não fales… Não…
Deixa-me ouvir bater o coração…

Silêncio! Todo o Universo
Está ali — dentro dum berço!

Além… Não vês que dorme uma criança?
Silêncio!

É Deus que descansa.

Miguel Trigueiros,


no livro “Deus”

sábado, 7 de dezembro de 2013

Câmara de Ílhavo atribui Bolsas de Estudo



A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou Bolsas de Estudo Municipais para o ano lectivo 2013/2014. Candidataram-se à atribuição 53 Alunos, tendo sido atribuídas 25 Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Secundário e do Ensino Superior residentes no Município de Ílhavo, correspondendo 10 a novas Bolsas e 15 a renovações (Alunos a quem foi atribuída Bolsa no ano anterior e que mantiveram o nível de aproveitamento escolar). O montante da Bolsa varia entre 51,13 euros e 102,25 euros, consoante se trate de um Aluno do Ensino Secundário ou do Ensino Superior.
Congratulo-me com a decisão da CMI de continuar a atribuir bolsas de estudo, sobretudo numa época muito difícil para as famílias de fracos recursos. Para os beneficiados, as bolsas implicam um redobrado esforço no sentido do aproveitamento escolar. Estou convencido que todos saberão reconhecer que tem de ser assim. 

Noite de Natal

NOITE DE NATAL 

Como esse mar onde mal chega o rio,
Como esse poço onde mal sopra o vento,
Aqui me tens, negando o lume e o frio,
E cego e surdo ao próprio pensamento.

Como esse mar onde mal chega o rio,
Como esse poço onde mal sopra o vento.
Não haveria quem sonhe à minha beira
E, ao menos, longe em longe me sorria?

Às vezes cuido que na terra inteira,
Já ninguém sente regressar o dia.
Não haverá quem sonhe à minha beira
E, ao menos, longe em longe me sorria?

Areia. Pó. Um charco e uma parede,
Tudo confundo: a sombra, o medo, a luz.
Nem lágrimas. Porquê? Morro de sede.
É esta a noite – E vai nascer Jesus.

Pedro Homem de Melo


In “Natal… Natais”

NOTA: Ilustração do Google