PAI SURPREENDENTE
Georgino Rocha
Cresce a murmuração a respeito dos comportamentos de Jesus por causa de acolher e comer com pecadores. São seus porta-vozes os fariseus e os escribas, conhecidos pelo zelo em relação à observância das leis. Era manifesto que ele andava com “mas companhias”, gente “fora de lei”, excluída das bênçãos de Deus, marginalizados sociais, proscritos contagiantes e amaldiçoados. De facto – informa Lucas na parábola do Pai bondoso e cheio de misericórdia -, “publicanos e pecadores aproximavam-se todos de Jesus para O ouvirem”.
A resposta à murmuração chega em género de parábola, a mais bela do Evangelho. É tão rica que se converte em fonte de inspiração para artistas de rara qualidade. Sirva de exemplo Rembrandt, pintor flamengo do século XVII, e Nouwen, escritor jesuíta contemporâneo com o seu livro “O regresso do Filho Pródigo”. É tão rica que fica como o “retrato” mais expressivo do Pai que surpreende pelas atitudes que toma, pelos sentimentos que revela, pela determinação serena e firme que assume face aos filhos que não se relacionam nem reconhecem como irmãos. Assim, é Deus. Assim somos nós, sempre que reproduzimos este comportamento.