terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Nem o frio a afugentou do mar


A beleza da natureza está patente, normalmente, em todas as situações. O frio poderia recomendar a esta ave que deixasse o mar e se refugiasse em alguma réstia de sol algures na povoação ou na floresta, com abrigo garantido. Mas não. A ave ali estava serena no seu sítio habitual. Nem a minha passagem a perturbou. Nem o disparo da máquina a demoveu. E lá continuou.

Urge valorizar o património cultural

O Estado das Coisas   — 100 anos depois

Sandra Costa Saldanha

Tema transversal a diversos domínios, o património cultural parece eternizar-se, todavia, entre uma das áreas em que o Estado e a Igreja Católica mais assuntos têm por resolver


Ultimadas as imensas celebrações em torno do centenário da República, 2011 é o ano em que se evoca a Lei da Separação, acontecimento que, de um modo conse-quente, mais atingiu a Igreja Católica em Portugal. Com iniciativas já programadas e anunciadas entre algumas instituições, subsiste, todavia, a aparente diluição do tema nas anteriores comemorações que, em boa verdade, assimilaram, num corolário lógico, os acontecimentos decorridos em 1911.
Tema transversal a diversos domínios, o património cultural parece eternizar-se, todavia, entre uma das áreas em que o Estado e a Igreja Católica mais assuntos têm por resolver. Tema sensível, já oportunamente lembrado por responsáveis e prelados, a necessidade de encontrar caminhos para resolver as questões do património, em concreto, daquele afecto ao culto católico, é emergente.

Portugal no Mundo




Aqui há marcas de Portugal

Alexandra Prado Coelho

Como se define o que é o património português no mundo? É tudo o que foi construído pelos portugueses? Ou tudo o que, de uma forma ou outra, foi influenciado pela presença de portugueses? A Gulbenkian acaba de editar três volumes com um levantamento inédito

Igrejas, claro, mas também fortalezas, prisões, armazéns, sedes de bancos, hotéis, liceus, cinemas, estações de correios, fábricas, roças em São Tomé, ruas e praças no Mindelo, sobrados no Brasil, casas particulares e grandes edifícios de habitação. Brasil, claro, mas também Angola, Moçambique, São Tomé, Cabo Verde. E Timor e Índia, mas também Sri Lanka e Macau, Indonésia e Birmânia, Etiópia e Tanzânia. A Fundação Calouste Gulbenkian acaba de lançar três volumes com o levantamento do património que os portugueses espalharam pelo mundo. É uma obra de peso - em mais do que um sentido.


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SPORTING


O Sporting está mal. Aquele que foi um dos mais ecléticos clubes desportivos do nosso país, campeão em tantas modalidades, está muito mal. Foi na onda dos que se endividaram de olhos fechados e aí o temos aflito. Os maus resultados em campo não perdoam e o presidente abandona o barco, que pode ficar à deriva, se depressa não se conseguir um timoneiro de cabeça fria e mão firme para segurar o leme. Estou convencido de que ele surgirá a tempo e horas.
Muitos outros clubes também estão endividados. A dívida do Benfica é superior às do Porto e do Sporting juntas. De um dia para o outro as bombas podem rebentar.
Afinal, as dificuldades económico-financeiras do país chegam a todos os lados e a todos os campos. E apesar de o Futebol ser um mundo à parte, não é seguro que possa viver à margem das leis que nos regem. Quem deve tem de pagar, mais tarde ou mais cedo, sendo certo que quanto mais tarde pior.
Gostaria que o Sporting começasse por dar o exemplo de realismo na área das contas, começando pelos ordenados dos seus profissionais. Não é possível gastar-se dinheiro que não existe. Tirá-lo de sacos vazios. De cofres sem cheta.
Os nossos clubes não podem nem devem entrar em loucuras só para satisfazer o ego dos adeptos que querem festa a qualquer preço. O Boavista lá anda pelas ruas da amargura. Outros se lhe seguirão, se os dirigentes não tiverem juízo. Cá por mim, o Sporting tem de continuar, mas apenas e só com as contas em dia. Será possível? Julgo que sim.

Imigrantes desapontados com Portugal

Imigrante


Tenho lido, ultimamente, notícias de imigrantes desapontados com Portugal. Com os brasileiros a liderarem o pelotão, têm estado a regressar aos seus países, por não verem hipóteses de governar vida por aqui. Sem perspetivas de futuro, partem e deixam-nos porventura mais pobres, mais sós.
Os imigrantes vieram na esperança de emprego garantido e ordenado certo, mas esse tempo já lá vai. Faziam tudo mas nem todos foram felizes. Empregadores desonestos sugaram-lhe o sangue, deixando-os ainda mais  pobres. Não houve legislação nem pulso das nossas autoridades que evitassem a exploração de muitos imigrantes. Executavam tarefas que os portugueses recusavam.
Fábricas começam a ser deslocalizadas e a fechar as portas. A crise instala-se no mundo. Portugal, um país pobre e muito dependente do exterior, não suporta o peso da apatia económico-financeira de décadas. O desemprego instala-se e alastra. Os imigrantes são os que mais sobrem. Os apoios sociais escapam à grande maioria. E a hora da fuga, para os países de origem ou para qualquer outro sítio, chegou. Estão de partida e mais tarde ou mais cedo vamos reconhecer que nos fazem muita falta.

Miguel Torga faleceu há 16 anos


Faz hoje precisamente 16 anos que Miguel Torga faleceu. O escritor transmontano, porém, mantém-se vivo, porque a sua poesia e a sua prosa são intemporais. Várias vezes apontado como merecer do Prémio Nobel da Literatura, nunca foi distinguido pelo mais alto galardão universal para o setor das letras, que não soube reconhecer o mérito indiscutível que lhe brotava da alma.
Passei hoje, em Coimbra, pela rua que lhe foi dedicada e lembrei-me então de inúmeros poemas que me encantaram pela beleza da harmonia e pela simplicidade do ritmo. E da prosa, para além do Diário, jamais esquecerei a Criação do Mundo, um dos poucos livros que me provocaram saudades antes de chegar ao fim: Que pena senti quando li a última página!
Natural de S. Martinho de Anta, onde repousam os seus restos mortais, Miguel Torga viveu grande parte da sua vida em Coimbra, cidade que cantou como poucos. Por isso, a Casa-Museu Miguel Torga assinalou hoje esta efeméride com um programa em que procurou realçar a forma como o grande escritor abordou a cidade universitária.

FM

domingo, 16 de janeiro de 2011

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues


(clicar na imagem para ampliar)

O Porto de Aveiro

A entrada na Barra

O Porto de Aveiro é uma notável  mais-valia para a economia regional e até nacional. Agora com a ligação ferroviária à Europa, mais notável se torna. Não é por acaso que costumo dizer que a Gafanha da Nazaré é filha do Porto. Porém, não falta quem conteste a importância do Porto, clamando que está muitos dias às moscas. Confesso que não acredito e os números que a APA (Administração do Porto de Aveiro)  vai divulgando garantem que o Porto de Aveiro está em progresso, recomendando-se com justiça.
Na mais recente visita à Barra, de que aqui já dei conta  ontem, assisti à entrada de mais um navio de carga, com destino  à zona portuária. E fiquei contente. Para além do espetáculo  que é ver o navio bem orientado, há a certeza de que o Porto de Aveiro tem vida saudável.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 220

DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM - 3



O TI MELRITO

Caríssima/o:

Talvez nunca tenhas ouvido falar do Ti Melrito...
Para nós foi importante conhecê-lo. Sabes porquê?
Foi um homem simples, trabalhador e que cuidava do seu quintal com esmero, indo ao ponto de sulfatar as videiras, o que era raro na nossa Terra nos meados do século passado; mas ia muito além disso: tinha o cuidado de levantar um letreiro para avisar os incautos que prevaricassem e lhe debicassem algum cacho verdoengo. Lá se podia ler: “CONTÉM GUMITÓRIO”. Agora cada um que se acautelasse...
Bem, mas eu queria falar do exemplo que o Ti Melrito nos dava quando todo curvado (não sou capaz de precisar a idade que teria...), não sendo capaz de montar a bicicleta, agarrava-se ao guiador... e lá ia ele a pé, a puxar a sua companheira, num passeio que o levava até ao Farol...
Muito mais se poderia acrescentar, mas a nossa imaginação não fará grande esforço ultrapassando o Ti Melrito (quiçá levando-nos a saltar o muro para aquele canto onde as uvas estão mais amarelinhas... e ... antes que ele aparecesse além na curva...)

A bicicleta era usada como meio de transporte que levava muitos ao seu local de trabalho; mas o quadro que pintou Maria Teresa Filipe Reigota, no seu livro “Gafanha... o que ainda vi, ouvi e recordo”, na página 50, mostra-nos a bicicleta noutra função, também ela da maior importância. Vamos apreciá-lo:

«O Janicas [...] casou já “entradote”. Claro que namorara muitas cachopas mas só encalhou com a Laura, natural de Vagos onde vivia. Ia namorá-la à noite, às terças, quintas, sábados e aos domingos de bicicleta. Contava ele:
“Já havia uma estradita de terra batida que ligava a Gafanha da Boavista a Vagos e como de costume lá fui namorar a Laura de bescleta. As casas eram poicas e ali nos Cardais, a partir do pontão nem habia casa nenhuma. Não habia luz, o caminho era escuro, negro com'o bréu. Nunca acontecera nada,mas naquela noite já binha p'ra casa e ali na altura dos Cardais, na Quinta da Palmirinha, sinti uma coisa sempre atrás de mim e pus-me a pedalar mais; mas o raio da bescleta parecia que nem andaba, quanto mais eu pedalaba, mais a coisa corria. Parcia-me passos de animal e logo pensei: Ó é alma penada ó balisome.
Só sumbe o que era qu'ando cheguei a casa, saí da bescleta e abrim o portão. A coisa ainda introu primeiro ca mim – era o meu cão que partira o cadeado, fugiu e foi ao meu encontro.”»

Manuel

sábado, 15 de janeiro de 2011

Misericórdia de Ílhavo com nova Mesa

Nova Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo:
Fernando Marques, Laurentino Pires Vaz, Margarida São Marcos,
 João Bela, Carlos Duarte, Rui Dias, Manuel da Cruz Ribeiro


A nova Mesa da Santa Casa de Ílhavo, ao tomar posse, assume, realmente, uma tarefa importantíssima de âmbito social e cultural. O peso da história que lhe está subjacente servirá, decerto, como estímulo para o desenvolvimento de tarefas sobremaneira oportunas e urgentes. As crises que nos preocupam vão afetar em especial os feridos da vida que existem nas nossas comunidades, exigindo de cada um nós, pessoal ou coletivamente, intervenções justas e adequadas. A composição da Mesa, liderada por João Bela, está à altura do que a espera. Porém, isso não nos pode deixar no comodismo cego que leva muita gente a pensar que a vivência da solidariedade é preocupação apenas de alguns. Os meus votos de excelente trabalho, com a certeza da minha contribuição possível.

FM