quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"Fechar as televisões e ir para o café falar"


"Os europeus estão preparados para um movimento ecológico"


Os olhos dos europeus abriram-se: a Terra é finita e a tecnologia não nos salvará. Há economistas a rejeitar o crescimento económico. O jornalista francês Hervé Kempf escreveu um livro onde vai mais longe e pede o fim do capitalismo em alternativa ao caos. Para salvar a democracia é preciso "fechar as televisões e ir para o café falar".
A ideia terá as suas vantagens, mas tenho para mim que a televisão terá mais força. Leiam mais aqui



Um livro de Licínio Amador: “Contos da Terra dos Ílhavos"

 Licínio Amador com uma futura leitora

Ilustração da capa

Estive ontem, 8 de Dezembro, no anfiteatro do Museu Marítimo de Ílhavo, no lançamento do livro “Contos da Terra dos Ílhavos”, de Licínio Amador. Foi, sem dúvida, um acontecimento cultural de relevo, que mobilizou muitos ilhavenses, e não só. O autor e o livro bem justificaram a participação de pessoas de todas as idades e níveis académicos.
Domingos Cardoso, que fez as honras da casa, sublinhou que a cultura é luz que ilumina a nossa civilização. E por se tratar de um acontecimento em Dia da Mãe, adiantou, com sentido oportuno, «que a cultura também é mãe».
Referindo-se ao livro, adiantou que o trabalho de Licínio Amador é uma homenagem aos nossos antepassados, acrescentando que a cultura tem muitas faces, muitas expressões, como se pôde apreciar nos  fados de Coimbra, com cantor e músicos ilhavenses a emprestaram ao evento uma nota muito agradável, com o amor a sobressair.
Depois a velha mas sempre renovada história da “Lâmpada”, roubada, segundo a lenda, à vista de toda a gente, tema glosado num dos 12 contos que enchem aquele  livro de Licínio Amador, que também é poeta premiado. Alunos e professores da Escola João Carlos Celestino Gomes mostraram-se à altura.

A Caminho do Natal


DEUS-MENINO

Era noite; e por encanto
Eu nasci, raiou o Dia.
Sentiu meu pai que era Santo,
Minha mãe, Virgem-Maria.

As palhinhas de Belém
Me serviram de mantéu;
Mas minha mãe, por ser Mãe,
É a Rainha do Céu.

Nem há graça embaladora,
Como a de mãe, quando cria;
É como Nossa Senhora,
Mãe de Deus, Ave-Maria!

Está no Céu o menino,
Quando sua mãe o embala.
Ouve-se o coro divino
Dos anjos, a acompanhá-la.

Como num altar de ermida,
Ando no teu coração;
Para ti sou mais que a vida
E trago o mundo na mão.

Não sei de pais, em verdade,
Mais pobrezinhos que os meus;
Mas o amor dá divindade,
E eu sou o filho de Deus!

Jaime Cortesão

Ainda o falecimento do Daniel Rodrigues

Daniel Rodrigues na Redacção

O Daniel Rodrigues, jornalista em vários órgãos de comunicação social, foi hoje recordado pelo Correio do Vouga, com o destaque que ele merece. Foi director-adjunto deste semanário diocesano, ao qual deu o melhor de si mesmo.
D. António Marcelino, que o conheceu como poucos, ao nível eclesial e humano, lembra-o assim:

«Daniel Rodrigues, jornalista inquieto e cristão inconformado


Conheci-o enamorado de “O Comércio do Porto” e a viver para ele as 24 horas do dia. Vi-o a correr ofegante para estar em todas. Ouvi-o a dizer palavras em catadupa, com receio de não comunicar tudo quanto tinha lá dentro. Observei-o entre os colegas de profissão, amigo de todos, fiel a todos. Escutei-lhe os desabafos ante a morte anunciada do “seu” jornal. Testemunhei como viveu o diaconado permanente como caminho de realização humana e cristã, e como serviu o Correio do Vouga, sem condições. Acolhi, com respeito e abertura, as suas confidências, preocupações e projectos. Vi os seus olhos a reluzir, sempre que recordava e sonhava passos andados a bem da região e da Igreja. Saboreei a sua paixão pelos pobres, pelos ciganos e os excluídos sociais. Senti-o a definhar-se na sua saúde, a pedir que não dessem por definitiva a sua debilidade, porque alimentava, até ao fim a esperança de viver, comunicar, servir, ser forte… Um homem da cidade que ele amava e o amava; da Igreja, de que falava com amor e servia com generosidade; das suas terras do Paiva, horizonte largo e duro do homem lutador que ele era; dos muitos amigos, espalhados por esse Portugal fora, que me perguntavam por ele, a jeito de quem o recordava como ele sempre foi…
Era assim, e muito mais, o Daniel. Morreu, mas continua vivo, como todos os que não viveram em vão. Semeou muito. Até ao fim. Os frutos hão-de vir.»

  Pode ler mais aqui, em "Bem-haja, Sr. Daniel!", "Duas propostas para lembrar um grande jornalista" e "Daniel Rodrigues foi o primeiro jornalista profissional em Aveiro"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Gafanha da Nazaré: Rua 13 de Maio

Primeiras aparições
Fátima torna as pessoas mais generosas e mais fraternas

Passei há dias pela Rua 13 de Maio, que fica perto da Escola Preparatória da Gafanha da Nazaré. A nossa terra está cheia de ruas que a cortam em todas as direcções. Umas com nomes expressivos e outras que nada nos dizem. Como o dia 13 de Maio entrou na vida de muitíssimos gafanhões, e não só, quase desde a fundação da freguesia e paróquia, permitam-me que avance por aqui, sendo certo que muitos outros arruamentos ficarão em carteira, sem preocupações de cansar quem quer que seja, mas tão-só com o objectivo de oferecer, nestas linhas simples, algumas notas informativas a quem mora ou passa pela Gafanha da Nazaré.
O dia 13 de Maio está, obviamente, associado às aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, em 1917. Lembremos que a paróquia e a freguesia da Gafanha da Nazaré foram criadas em 1910. E, que se saiba, por tantos testemunhos que ouvi, o povo das Gafanhas nunca, desde aí, deixou de peregrinar a Fátima, quer a pé, quer de bicicleta, quer ainda de camioneta e mesmo de comboio. As devoções, legítimas, a isso obrigam, para alegria dos crentes.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alçada Baptista faleceu há dois anos

Alçada Baptista

Alçada Baptista: um escritor de afectos

Neste dia, há dois anos, faleceu o escritor António Alçada Baptista, com 81 anos. Católico progressista, deixou nos romances e crónicas que escreveu sinais claros de uma sensibilidade muito própria. Li, à medida que iam sendo publicados, os seus livros, mas também saboreava as suas crónicas publicadas em jornais e revistas, escritos que me atraíam pela proximidade que o escritor sabia estabelecer com os seus leitores.
Na homenagem que lhe foi prestada, por intelectuais e amigos, em livro editado em Fevereiro de 2007 (António Alçada Baptista: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor e amigo de todos nós), o nosso país ficou a saber quanto ele  era estimado por todos, independentemente das orientações políticas ou religiosas de cada um.  Escritor profundamente memorialista, sabia tornar-nos próximos do seu mundo familiar, das suas vivências, dos seus afectos, da ternura que nutria pelo ser humano.
Na altura da publicação desse livro escrevi um simples texto. Ver  aqui.

Álvaro de Campos: A música, sim, a música...


A música, sim, a música…

Piano banal do outro andar…
A música em todo o caso, a música…
Aquilo que vem buscar o choro imanente
De toda criatura humana,
Aquilo que vem torturar a calma
Com o desejo duma calma melhor…
A música… Um piano lá em cima
Com alguém que o toca mal
Mas é música…


Ah, quantas infâncias tive!
Quantas boas mágoas!
A música…
Quantas mais boas mágoas!
Sempre a música…
O pobre piano tocado por quem não sabe tocar.
Mas apesar de tudo é música.


Ah, lá conseguiu uma música seguida —
Uma melodia racional —
Racional, meu Deus!
Como se alguma coisa fosse racional!
Que novas paisagens de um piano mal tocado?
A música!... A música…!

Álvaro de Campos
NOTA: A Biblioteca Particular de Fernando Pessoa está aqui