Capital para investir e render, os dons naturais
António Marcelino
Já em tempo de férias, algumas revistas generalistas trataram, como tema de interesse, o facto de haver, em Portugal, empresários empreendedores e de sucesso, que não eram nem doutores, nem engenheiros. Pudemos ver, assim, a carreira de êxito de muita gente, uma mais conhecida que outra, mas toda ela a denunciar a riqueza de dons naturais, que se acolheram e se souberam reconhecer, valorizar e investir, mesmo quando as situações sociais e familiares dos seus inícios eram adversas e difíceis de contornar.
Gente que veio de meios pobres, onde o pão do dia a dia era amassado com o suor e dor. Gente que soube aguentar dificuldades e nunca desistiu de ir mais longe. Gente para a qual o trabalho e a persistência no sonho foram a riqueza que antecipou outras riquezas. Gente humilde que, como tal, soube viver, mesmo quando o fruto do trabalho lhe abriu horizontes novos. Gente que pode confessar agora, com simplicidade e verdade, que, nas suas empresas, com centenas de colaboradores, nunca aí se despediu um trabalhador, mesmo em momentos de crise. Quem cresceu a contar os tostões e a fixar o olhar pensativo nos filhos que iam crescendo e no modo de prevenir o seu futuro, sabe bem a fragilidade de um lar quando não tem hoje a garantia do pão de amanhã.