segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Moliceiro, o amante da Ria


O moliceiro, o amante da ria


O moliceiro, o amante da ria,
Flutua leve, silencioso,
Rompendo a madrugada,
Rasgando o manto misterioso
Da neblina que os veste;
E com a ajuda do sol nascente
Aparece imponente à luz do dia.


Com a sua proa pintada,
A sua vela içada
Prenhe de vento, de maresia
Vai lavrando
As salsas águas da ria.
O moliceiro, o amante da ria,
Carrega no seu ventre
O húmus, a semente,
Que fecunda a terra
Terra que abraça a ria,
Rotunda de seiva, de alegria.


Corta as águas, ora calmo, gracioso,
Porque Eolo, no Olimpo, está alegre
Ora quase naufraga
Porque o deus seta zangado, furioso.


E ria acima, ria abaixo
Ao som da concertina,
Espalha a cor, a alegria,
Ao levar os mancebos e as moçoilas,
A S. Paio em dia de romaria.


O moliceiro, o amante da ria,
Abraça-a nos seus braços esverdeados,
Trocando ósculos entusiasmados,
Que são as marolas da ria
Marulhando no casco do moliceiro.


Assim desliza o moliceiro
Pelas águas esverdeadas da ria
Ora lisas, ora ondeantes
Trocando juras de amor eterno
O moliceiro e a sua amante.

Licínio Ferreira Amador

NOTA: 1.º Prémio de Poesia livre dos VII Jogos Florais da Câmara Municipal da Murtosa em 25/03/2006. Tema: O Moliceiro

domingo, 22 de agosto de 2010

Velharias em Aveiro




Em Aveiro, realizou-se hoje mais uma Feira das Velharias, como acontece aos quartos domingos de cada mês. Andava por ali muita gente, mais a ver do que a comprar. Não sou frequentador assíduo das velharias, mas confesso que gosto de ver objectos que nos recordam outros tempos. E acabo sempre por concluir que, afinal, muitos objectos semelhantes aos que por ali estão à venda também os tenho. É óbvio que aprecio mais as antiguidades, mas essas, normalmente, estão expostas em espaços mais requintados. Outros valores precisam de ambientes especiais. Desta feira trouxe apenas três LP de vinil para matar saudades.

A Terra terá consumido já todos os recursos calculados para um ano


«Ontem, sábado, 21 de agosto, os habitantes da Terra terão esgotado todos os recursos que o planeta lhes proporciona no período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN).
De acordo com o estudo, “foram necessários 9 meses para esgotar o total do exercício, em termos ecológicos.
A GFN calcula periodicamente o dia em que vão se esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer por um período de um ano, consumidos pela humanidade, aí incluídos o fornecimento de água doce e matérias-primas, entre elas as alimentares.
A reportagem é do UOL Notícias.»

Ler mais aqui

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 198

PELO QUINTAL ALÉM – 35


O FEIJÃO

A
José Nunes Ribau e
Maria Merendeiro

Caríssima/o:

a. O quintal sempre foi um alfobre de feijão verde... A rega era com água do poço tirada à bomba (que ainda não de lusalite, de pinheiro furado...); só mais tarde foi instalado um motor eléctrico... Apanhadas as vagens, no mercado de Pardelhas se vendiam. Hoje, a realidade é bem outra, mas o feijão ainda ocupa uma boa leira do quintal.

e. Na Gafanha, o feijão sempre foi uma das culturas preferenciais dos nossos pais e avós, mais como grão seco, nos intervalos do milho. Nas nossas pequenas hortas, a colaboração dos mais novos era com o balde na mão ou a tocar à bomba para a rega.

i. O feijão é a base de um dos principais pratos da culinária típica brasileira, a feijoada tal como em Portugal onde o feijão comum (Phaseolus vulgaris) é a base de várias sopas e da feijoada, misturado com arroz ou como elemento de acompanhamento obrigatório das tripas à moda do Porto e ainda em alguma doçaria (por exemplo, o pastel de feijão). As vagens verdes (feijão verde) podem acompanhar, cozidas, qualquer prato de peixe cozido, e, cortadas às tiras, em sopa (sopa de feijão carrapato). No caso do feijão frade, é frequentemente servido com cebola e salsa picadas, a acompanhar atum.

sábado, 21 de agosto de 2010

Creche "Jardim de Maria" abre portas no dia 1 de Setembro



No dia 1 de Setembro, a Creche  "Jardim de Maria" vai iniciar as suas actividades, tendo por objectivos um novo projecto educativo, assente no princípio "Educar para a Vida". Terá em comum valores semelhantes aos seguidos por outros projectos educativos, mas procura diferenciar-se no dia-a-dia por se inspirar na Missão e Visão filosófica, pedagógica e sacerdotal do Padre José Kentenich, fundador da Obra Internacional de Schoenstatt. A inauguração está marcada para o dia 11 de Setembro de 2010.

O peixe… estava no fundo do prato



PRATO DA ABUNDÂNCIA


Prato em faiança tradicional portuguesa que, às refeições, ficava ao centro da mesa e nele eram colocados os garfos correspondentes ao número de pessoas presentes, para que, desse prato, todos pudessem comer o escoado (“Coziam-se em água as batatas cortadas às rodelas com couves, que depois eram escoadas e colocadas no prato com um pouco de azeite. O peixe… estava no fundo do prato.”). Quando não estava a ser usado servia como adorno na cozinha.
Centro do prato: Decoração policromada, em parte estampilhada, em tons de verde, azul, amarelo, rosa e castanho tendo ao centro composição com postas de peixe com barbatanas, rede, talheres cruzados e 30 pintas azuis.
Significado: O peixe é um dos mais antigos símbolos da arte cristã, simboliza o milagre da partilha e da multiplicação, quanto mais peixe se reparte, mais peixe aparecerá. Os talheres, os utensílios usados às refeições.
As pintas azuis simbolizam o dinheiro que surgiu por milagre na boca do peixe quando foi pescado, ou seja, o resultado do trabalho na pesca (simbolizado também pela redes pintadas), ou do trabalho no campo.
Beira do prato: Decoração policromada, em parte estampilhada, em tons de verde, lilás, rosa e castanho-claro, com uma serpente pintada na caldeira do prato e sete composições vegetativas de parra, uvas, espiga de trigo e papoila, na beira.
Significado: As sete composições significam os dias da semana, simbolizadas pela espiga de trigo e pelas uvas as necessidades diárias e o milagre da partilha e multiplicação do pão (que dá vida ao mundo) e do vinho (sangue da vida), quanto mais pão se reparte, mais pão aparecerá.
A serpente simboliza a tentação e o pecado, sempre presentes todos os dias e todas as horas, servindo para lembrar que os devemos evitar.

Texto da OFICINA DA FORMIGA – Cerâmica Tradicional
http://www.oficinadaformiga.com/ - oficinadaformiga@gmail.com

Para recordar Alexandre O'Neill, no dia da sua morte




A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer


A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O'Neill

TRABALHO COMO MAÇADA E SOFRIMENTO...


Encostar os feriados

Anselmo Borges


É um paradoxo. As pessoas que trabalham, ali pela quinta-feira, já começam, aliviadas, a desejar umas às outras bom fim-de-semana. Cá está a constatação do trabalho como maçada e sofrimento. Mas, por outro lado, de vez em quando, lá volta o debate sobre a diminuição do número dos feriados e a necessidade de encostá-los à segunda ou à sexta-feira. Porque é preciso trabalhar e produzir mais. Por causa da concorrência e da crise.
É sobre isso que queria reflectir hoje, começando por esclarecer que até posso ser favorável à diminuição do número de feriados, mas não concordo com que passem automaticamente para a segunda ou para a sexta-feira. A razão dessa oposição não está propriamente na defesa dos dias santos da Igreja Católica, mas essencialmente na antropologia e na simbólica dos feriados.
É verdade que o trabalho tem essa dimensão de esforço e sacrifício. Só quem nunca trabalhou é que o não sabe. Por isso, os gregos associavam-no aos escravos - daí, a expressão "trabalhos servis". A palavra deriva de tripalium (três paus), instrumento romano de tortura. O livro do Génesis põe na boca de Deus: "Ganharás o pão com o suor do teu rosto."

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Carro antigo no Jardim OUdinot


Num recanto do Jardim Oudinot, ao lado da tenda das potencialidades económicas, custurais e artesanais, está em exposição este automóvel "Morris", conservado a rigor e com ar desafiador para nos levar a dar uma voltinha. Propriedade do industrial Rui Costa e Sousa, faz publicidade ao "Sr. Bacalhau", uma marca que se impôs no mercado pela qualidade do produto que oferece.
Embora não seja um bom volante nem maluco por carros, confesso que senti vontade de conduzir este automóvel, um carro com história...