terça-feira, 3 de novembro de 2009

Intervenção da Igreja na sociedade

UM MUNDO EM TRÂNSITO
E UMA IGREJA EM RENOVAÇÃO
Saiu há pouco mais um livro de Georgino Rocha, padre da Diocese de Aveiro e docente universitário, sob o título “Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea”, com prefácio de D. Manuel Clemente, Bispo do Porto. Trata-se de um trabalho que vem na sequência de muitos outros, em que o autor, estudioso profundo de temas eclesiais com incidência, óbvia, na sociedade, e vice-versa, nos oferece “contributos para a emergência da democracia”, com a “leitura de um percurso com luzes e sombras”.
D. Manuel Clemente sublinha que nesta obra “encontramos referências múltiplas e concatenadas que não podem ser esquecidas, para nos compreendermos como cidadãos e crentes, quase a cumprir-se a primeira década do terceiro milénio”.
Diz que todos “ganharemos então com a leitura destas páginas. E com a atenção redobrada a alguns percursos pessoais, como aqueles que o autor refere, de padres e leigos”.
Na Apresentação, que deve ser lida numa perspectiva de se ficar a saber o que se vai encontrar na leitura, serena e reflexiva, Georgino Rocha lembra que “A acção da Igreja portuguesa, designadamente a do seu Episcopado, tem sido analisada e caracterizada, a partir de ângulos muito diversos e, por vezes, contrastantes”, especialmente desde o liberalismo, atingindo “fases históricas cruciais na instauração da República, na vigência do Estado Novo, na implantação e consolidação do regime democrático”.
Afirma  que, com a entrada no III Milénio, nasce uma nova etapa, marcada pela “mudança de época” e pelo “papel da sociedade mediática e da globalização económica, deixando em aberto novas fronteiras e desafios à ética social na vida pública”.
Os textos que integram este trabalho, de teor académico mas dirigidos a todos os que sentem necessidade de conhecer as causas e as consequências das intervenções da Igreja em cada tempo da história dos homens, no nosso País e não só, apresentam-se sistematizados e mostram como é complexa a “marcha para a democracia”, no dizer do autor.
Com data de 26 de Abril, dia da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, Georgino Rocha oferece, logo a seguir à Apresentação, um excerto da Conferência Episcopal Portuguesa sobre esse acontecimento que colocou o nosso Santo Condestável nos altares, onde se sublinha que D. Nuno “optou corajosamente por ser parte da solução e, numa entrega sem limites, enfrentou com esperança os enormes desafios sociais e políticos da Nação”.
Os dez capítulos desta obra abordam, com riqueza de pormenores e evocação de factos, inúmeros temas de diversas épocas, desde a Concordata de 1848 à Rerum Novarum e desta ao advento da República. Depois, da 1.ª República à revolta de 1926.
O Estado Novo, sua implantação, consolidação e desmantelamento; da Revolução do 25 de Abril ao fim do século XX, com a democracia em construção; e a sociedade portuguesa no início do milénio, bem como o magistério social da Igreja, entre 2000 e 2004, são assuntos que não podem nem devem ser ignorados pelos que estão empenhados na construção de um mundo melhor.
O catolicismo social português e os católicos na transição democrática (1973-1982); a pastoral social e a função da Cáritas, numa sociedade em mudança, convidam-nos a uma reflexão, sempre importante. Conclui o seu trabalho com Gaudium et Spes: o paradigma conciliar, numa perspectiva de “um mundo em trânsito” e de “uma Igreja em renovação”.

Fernando Martins

Para começar o dia: Uma marca do passado em Aveiro


Chaminé de cerâmica

Quando caminho pela cidade de Aveiro, é frequente encontrar marcas simbólicas do passado, que me ajudam a reviver momentos da azáfama fabril no meio urbano. Impensável nos tempos de hoje, em que as zonas industriais proliferam, e bem, por todo o País. Neste caso, a chaminé de uma cerâmica, que deu trabalho e arte a muita gente, está no seu sítio próprio, para ali fazer memória.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Crónica de um Professor: “O trapo faz a modelo”





Ser Modelo!


- É modelo?
A frase soou nebulosa, dentre uma chusma de alunos, tal qual a voz orquestrada por um coro de jornalistas que assediam uma pop star.
Foi no percurso para a sala de aula, quando já se preparava para entrar, que foi surpreendida por aquela abordagem insólita.
Olhou em redor, procurando vislumbrar o alvo de tão inesperada quanto estranha pergunta.
Num espaço onde se cruzam e entrecruzam as mais diversas indumentárias, algumas um tanto bizarras, haveria de encontrar o protagonista.
O coro de vozes intensificou-se e, de repente, entendeu que a pergunta lhe era dirigida.
Seria a curiosidade infantil, característica de uma faixa etária cuja espontaneidade e sentido crítico estão à flor da pele, ou haveria, na verdade algo naquelas cabecinhas ingénuas, que lhes faria associar à teacher, a imagem de uma qualquer modelo de passerelle?
Explorando o campo semântico da palavra, evocava algo semelhante a “um modelo de virtudes”, que não lhe assentaria, certamente,  como uma luva, pois a profissão docente conduz mais à categoria de mártires... do que de santos! E... modelo modelo, só o Continente na sua forma apelativa de marketing!
Que estaria a perpassar naquelas cabecitas tontas, tão observadoras e perspicazes, para atirarem aquela pergunta: - É modelo?
Após uns segundos de reflexão, repara que havia colocado na lapela uma flor retirada dos tons outonais que revestem a natureza.
Sensível às mutações cromáticas que se operam em seu redor, e transpondo para a toilette do dia, esse colorido, conjecturou que talvez fosse esse o motivo da observação.
Mas daquela gente de palmo e meio ainda a dar os primeiros passos na formação da personalidade e numa crescente adultez, saiu a observação estética sobre o vestuário da sua professora.
Durante a aula, aqueles olhitos não paravam de observar e de quando em vez, inoportunamente (!?), saltava o comentário: - A teacher, hoje, vem muito bonita!
E... pensamos nós, adultos, que as adoráveis criancinhas são indiferentes a muita coisa e nem reparam naquilo que é acessório, como o traje e a apresentação dos adultos.
Chamando a brasa à sua sardinha, como sempre num compromisso pedagógico, aproveita, ali, a circunstância, para fazer uma breve explicação do novo léxico.
- Pensei que modelos eram só as teenagers!
Essa idade lhes concede, a beleza, a elegância e a graciosidade necessárias para essa profissão e os requisitos indispensáveis para vingarem na mesma.
Constatou também como a aspiração de vir a ser modelo povoa a mente sonhadora e a fantasia de tantas adolescentes e jovens.
Quando se olham ao espelho e o narcisismo lhes acalenta a auto-estima, vão alimentando o sonho de vir a ser gente nesse mundo de competição. Mal sabem, pobrezitas, o mundo cão em que se vão meter e as decepções e frustrações que ele lhes acarreta.
No seu espírito de pessoa madura, pensa a teacher: - Afinal, se como o povo diz, “O hábito não faz o monge”, também é verdade que “O trapo faz a modelo”, na simplicidade e apreciação desta gente miúda!

M.ª Donzília Almeida
30.10.09

Uma curiosidade para começar o dia: xilofone de búzios



Na Casa-Museu Afonso Lopes Vieira, em S. Pedro de Moel, vi um xilofone de búzios, cujo som não pude apreciar. 
Vale pela originalidade, como demonstração de que a imaginação do homem não tem limites. Ontem como hoje e sempre. E o escritor e homem culto era, sem dúvida, um apaixonado pela arte-

domingo, 1 de novembro de 2009

Tempo Glorioso para a Bíblia

Na crónica deste domingo no Público, frei Bento Domingues regressa ao tema da Bíblia para se referir também a uma presença portuguesa na Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém: a de frei Francolino Gonçalves.

Leia excertos do texto aqui.

Boa Reflexão do Dalai Lama



NOTA: Penso que já publiquei esta reflexão do Dalai Lama cheia de verdade. Pelo sim pelo não, aqui fica ela, por sugestão do Ângelo Ribau.

Dia de Todos os Santos



Um Botão de Rosa para cada um


Hoje, no respeito pela tradição e pelas minhas devoções, fui ao cemitério da Gafanha da Nazaré, debaixo de uma chuva miudinha, para visitar os meus santos. Nas suas campas deixei um botão de rosa, como sinal de bonitas recordações que deles guardo para a vida inteira. E como crente, num gesto da fé que todos eles me ensinaram a viver, dirigi uma prece ao Senhor Misericordioso, para que os guarde, no seu seio de amor maternal, até à minha chegada, que só Deus sabe quando será.

Fernando Martins