sábado, 25 de julho de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Voltar atrás?... Ao olhar para mim não me revejo No petiz que eu fui, jovem que sonhou, Parecendo que a fé já se esfumou Na tortuosa estrada em que mourejo. Em adulto perdi todo o ensejo De fazer o que sempre me animou E a vida tão sonhada se mudou De grande sinfonia em fraco harpejo. No tremor alquebrado dos joelhos Sinto que foram vãos esses conselhos Que tanto me previram este fim. Tentar voltar atrás de nada vale Por não haver regresso que me cale A saudade que sofro já por mim! Domingos Freire Cardoso

Aventuras de um boxer

Férias de Verão
Neste Verão é bom ouvir: As férias estão a chegar! E a minha dona sentir P’lo meu pêlo a mão passar!
A palavra férias soa agora com a magia de sempre! Numa altura meteorológica que se assemelha mais a um Outono tardio, ou até a um Inverno pesado, elas aí estão. Animadoras dos espíritos cansados do trabalho! Mas como em muita coisa na vida, parece haver alguma contradição, pois ouço dizer aos humanos que o trabalho dá saúde! Será assim? Ah, percebo agora por que razão andei adoentado, com a cabeça metida num funil, que me tornou tão infeliz! Eu que gosto de meter o nariz em todo o lado, até naquilo em que não sou chamado! Aqui, neste particular, não me demarco dos humanos, pois há muitos que padecem da mesma enfermidade, p’ra não dizer moléstia! Pela lógica humana, se trabalhasse tanto como a dona, teria a saúde de ferro que ela ostenta! Mas...eu passo a vidinha toda em férias! Até pareço um reformado que não tem horas para nada! Tem o tempo todo do mundo! Era isso mesmo que ela dizia a um dessa classe e que não gostava nada de a ouvir! Ficava tão amofinada a criatura! Até se zangava e tudo! O que vale é que a minha dona deixou de dizer esses desaforos! Queria viver em paz com todos e por isso passou a respeitar a isenção de horários dos retirados do trabalho! Ah! Mas que bom é sentir o clima de férias que se vive em meu redor! A casa parece que ganhou outro brilho! Há mais luz, mais calor humano! Este é alimentado pelas visitas que cá vêm e que me vão passando a mão pelo pêlo! Será alguma tentativa sub-reptícia de sedução? Que queiram conquistar alguma coisa, vá que não vá, mas eu sou desconfiado! Quando a esmola é grande, o pobre desconfia! Mas que é bom o ar de férias, lá isso é! Até o rancho melhorou para os meus lados! Vejo a dona a usar o barbecue com mais frequência, há mais comensais à mesa...enfim, também sobra sempre alguma coisa p’ra mim! Apesar de apreciar o fast food, sempre ali prontinho a comer, lambo-me todo quando vejo aproximar-se de mim o prato com aqueles petiscos que a minha dona tão bem prepara! Que delícia! Sou, na verdade, um cão sortudo e não faço nada jus ao aforismo popular referente a uma qualquer criatura que parece abandonada ao seu destino cruel e suscita a evocação, dita com ar de desdém: “vida de cão”! Pertenço ao rol daquelas avezinhas do céu, citadas na Bíblia, que não semeiam nem colhem e têm a mesa sempre posta na natureza! Eu... tenho-a em casa, desfrutando do dedicação afectuosa e exclusiva dos meus donos! Agora em férias, privamos ainda mais tempo, o que até certo ponto é contraproducente, pois no dizer da dona sempre crítica e nunca abstraindo do seu tom pedagógico, eu fico estragado com mimos! Mas... um cão que se preze é sempre um cão, com toda a dignidade que a espécie lhe confere! Eu vou continuar a desfrutar destas férias do pessoal cá de casa e aproveito todas as mordomias que me fazem. Para alguma coisa sou o guardião desta mansão e nunca deixei os meus créditos por patinhas alheias! M.ª Donzília Almeida

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE

Livros para momentos de lazer
A leitura é ainda um prazer indispensável em tempo de férias. Quem tem o hábito de ler, nunca deixa de aproveitar a oportunidade da pausa maior da actividade profissional para pôr a leitura em dia. E como sugeri há dias umas visitas turísticas à cidade de Aveiro, proponho hoje a leitura de dois livros referentes à nossa capital do distrito. Permitam-me que indique, então, o livro "A PRINCESA SANTA JOANA E A SUA ÉPOCA (1452-1490)", de João Gonçalves, que nos revela o essencial sobre a padroeira da cidade e Diocese de Aveiro. Do mesmo autor, "AVEIRO 2009 – Recordando Efemérides", que nos oferece uma excelente resenha de acontecimentos e pessoas que ajudaram a construir a velha cidade, que tem estado a celebrar os seus 250 anos de existência.

A Igreja e o social (2)

O amor é o princípio
de toda a acção humana
individual e colectiva
O amor é o princípio de toda a acção humana individual e colectiva. Evidentemente, não pode existir sem a justiça, embora a supere. Mas o amor e a justiça têm de ser iluminados pela verdade, sendo esta luz da verdade simultaneamente a da razão e da fé. "Só com o amor - "caritas" -, iluminado pela luz da razão e da fé, é possível conseguir objectivos de desenvolvimento com um carácter mais humano e humanizador", segundo o princípio: "Se não for do Homem todo e de todos os homens, não é verdadeiro desenvolvimento." A partir deste fundamento, a encíclica, lembrando que "a Igreja, estando ao serviço de Deus, está ao serviço do mundo em termos de amor e de verdade", acusa os desvios e problemas dramáticos do desenvolvimento, ao mesmo tempo que avança com princípios e propostas. Assim, previne para o risco de confiar todo o processo do desenvolvimento apenas à técnica, segundo a mentalidade tecnicista, que "faz coincidir a verdade com o factível". Critica as posições neoliberais, cujo único objectivo é o lucro. Contra a pretensão de o Homem encontrar, sozinho, a solução dos problemas, afirma: "A razão, por si só, é capaz de aceitar a igualdade entre os homens, mas não consegue fundar a fraternidade" e, por isso, "a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos mais próximos, mas não mais irmãos." Como admitir que a riqueza mundial cresça em termos absolutos, mas aumentem também as desigualdades? Encontra-se corrupção e ilegalidade nos países ricos e também nos países pobres. "Há formas excessivas de protecção dos conhecimentos por parte dos países ricos" e "as ajudas internacionais desviaram-se frequentemente da sua finalidade por irresponsabilidades tanto nos doadores como nos beneficiários". É um equívoco pensar que a economia de mercado precisa de uma quota de pobreza e de subdesenvolvimento para funcionar melhor. Os organismos internacionais de ajuda deveriam perguntar-se pela eficácia real dos seus aparelhos burocráticos de alto custo. As organizações sindicais nacionais não podem ignorar os trabalhadores dos países em vias de desenvolvimento. Para o seu correcto funcionamento, a economia precisa da ética, "uma ética amiga da pessoa". O comércio mundial tem de ser justo. O desenvolvimento tem de respeitar a ecologia ambiental, humana e social, pensando também nas gerações futuras. No quadro da interdependência global, impõe-se que nos tornemos seus protagonistas e não vítimas, sendo urgente uma nova síntese humanista para um humanismo integral e uma globalização orientada pela relacionalidade, comunhão e participação de todos, no vínculo indissolúvel de solidariedade e subsidiariedade. É neste contexto que aparece a proposta mais sublinhada por todos: "Perante o imparável aumento da interdependência mundial e também face a uma recessão de alcance global, sente-se intensamente a urgência da reforma tanto da Organização das Nações Unidas como da arquitectura económica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para pôr em prática o princípio da responsabilidade de proteger e dar também uma voz eficaz nas decisões comuns às nações mais pobres. Isto revela-se necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e económico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos." Para conseguir o governo da economia mundial, o desarmamento, a segurança alimentar e a paz, a salvaguarda do meio ambiente e a regulação dos fluxos migratórios, "urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial", "que deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efectivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos direitos". Anselmo Borges In DN

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Crianças austríacas entre nós, depois da segunda grande guerra


Quem me ajuda a recordar?

O Presidente da República, Cavaco Silva, está de visita oficial à Áustria, onde recebeu homens e mulheres que, depois da segunda grande guerra de 1939-1945, foram acolhidas por famílias portuguesas. Na altura, fugiam à miséria provocada pela guerra. Segundo se diz, foram cerca de cinco mil. A responsável pela vinda das crianças foi a Cáritas Portuguesa, criada, na altura, para responder a esse desafio. As notícias da visita do Presidente da República referem que algumas dessas “crianças”, agora na casa dos 70 anos, manifestaram a sua alegria por este encontro, com o País que as acolheu. Recordo-me, perfeitamente, do dia da chegada de um grupo dessas crianças à Gafanha da Nazaré, concretamente, junto à Escola da Ti Zefa, que eu frequentava. O prior da freguesia, o Padre Bastos, é que orientava a distribuição. Ele próprio ficou com uma menina, que o visitou há poucos, em Trofa do Vouga, tanto quanto sei. Recordo algumas famílias que receberam as crianças austríacas. Contudo, não publico hoje o que sei, na esperança de que alguns conterrâneos me possam ajudar. Fico a aguardar.

 FM

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE: Ovos-moles e não só

Quem quiser conhecer a cidade de Aveiro, não pode deixar de saborear os seus famosos ovos-moles, agora com qualidade garantida pela UE. Mas também se recomendam as enguias de escabeche e até a caldeirada num dos restaurantes da Beira-Mar, o velho bairro, tão típico, com as suas tradições. E, pelo que me dizem, ainda há por ali umas tascas onde se podem provar sardinhas fritas e outros petiscos, bem regadas com um bom tinto.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ler para crescer

Maria José Nogueira Pinto escreveu no Diário de Notícias uma crónica sobre a importância da leitura, sublinhando, a abrir, que "O Plano Nacional de Leitura decidiu encorajar os avós a lerem histórias aos netos". Vale a pena ler.

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE

Oração pelas férias Dá-nos, Senhor, depois de todas as fadigas um tempo verdadeiro de paz. Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria. Dá-nos, depois das insatisfações que travam a alegria como um barco nítido. Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão. Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente. Dá-nos de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado. Dá-nos a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe. Faz-nos peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível. José Tolentino Mendonça

Rádio Terra Nova em Praga?

Um amigo teve a gentileza de me enviar esta foto, onde se pode ver bem, em letras gordas, TERRANOVA. E diz: "Com que então têm uma delegação em Praga e não dizem nada à malta?"
Referia-se ele, naturalmente, à nossa Rádio Terra Nova, que tem os pés, por ora, bem assentes na Gafanha da Nazaré, embora possa ser ouvida em Praga, como em todo o mundo, afinal. Mas, já agora, a ideia de delegações da RTN noutras paragens não será viável? Julgo que o sonho até é bonito. Mas como foi possível que um comerciante, tão longe, se tenha lembrado de utilizar o nome da nossa rádio para promover a sua loja? Mistérios!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

António Guterres, em entrevista ao PÚBLICO, clama por mais atenção para os refugiados

António Guterres,
Alto-comissário das Nações Unidas
para os Refugiados, afirma:
"A mesma comunidade internacional que se sentiu obrigada a gastar centenas de milhares de milhões para salvar o sistema financeiro devia também sentir-se obrigada a salvar as pessoas que estão neste grau desesperado de necessidade."
Leia toda a entrevista no PÚBLICO online, de hoje, no 2.º Caderno, páginas 4, 5, 6 e 7

VI Concurso de Fotografia Olhos Sobre o Mar

Primeiro lugar cor
Primeiro lugar preto e branco Vencedora da secção especial Fórum Náutico
Êxito renovado e esperado
Organizada pela Câmara de Ílhavo, realizou-se a 6.ª edição do concurso de fotografia, que teve por tema Olhos Sobre o Mar, com desportos náuticos. Presentes a concurso 112 fotógrafos de todo o país, com mais de 500 fotografias a cores e a preto e branco. Segundo o júri, os trabalhos presentes tiveram mais qualidade do que nas edições anteriores, o que ocasionou mais atenção da parte de quem teve de avaliar e classificar as fotografias. O júri foi constituído pelos fotógrafos profissionais, Diogo Moreira, Ivo Tavares, José Mário Marnoto, Paulo Ramos e Pedro Tavares, e, ainda, pelo Vereador Paulo Costa e por Carlos Duarte. As fotografias serão expostas durante o mês de Agosto no Navio-Museu Santo André, sendo a entrega dos prémios no dia 23 do mesmo mês, em cerimónia integrada no Festival do Bacalhau..

Com eleições à vista, é preciso reflectir e procurar esclarecimentos

PARA VOTAR EM CONSCIÊNCIA
Votar em consciência, seja em que situação for, exige reflexão, estudo e procura de esclarecimentos. Tudo medido, e de acordo com as nossas opções e princípios, temos a obrigação de votar, como direito cívico inalienável. Já começaram a aparecer sinais interessantes, como grupos de cidadãos que questionam os partidos. Não faltarão outros. É preciso estarmos atentos.

Atitudes singulares

Lwena - Angola
PARA SERVIR GENEROSAMENTE
Todos os anos, de há muito a esta parte, há jovens de todas as idades que põem em prática a sua opção de servir generosamente quem mais precisa.
Durante as férias, e para além delas, partem em missão, para países de gentes carentes de afecto e de quem lhes mostre solidariedade. São, no fundo, atitudes singulares, em épocas de hedonismos desenfreados e de egoísmos incompreensíveis. De Aveiro, e à semelhança de outras regiões do País, partem 12 voluntários, por intermédio da Orbis e do Secretariado Diocesano de Animação Missionária, depois de algum tempo de preparação específica, adequada aos trabalhos que em diferentes paragens vão exercer a sua missão, em tempo de férias. Aveiro envia 12 voluntários Do Bunheiro para Mona Quimbundo (Angola) vão Inês Tavares Rodrigues, Carla Cruz Filipe, Padre Filipe Coelho, António Silva, Ana Rita Amador Silva, Ana Daniela Guerra; De Ílhavo para Lwena (Angola): Sara Santana; Do CUFC para Lwena: Ana Guedes; para Benguela (Angola): Paulo Fontes; De Santa Joana para Lwena: Pedro Barros; De Trofa do Vouga para Benguela: Carina Figueiredo; De Angeja para Manicoré (Amazónia, Brasil, onde já se encontra há meio ano Sónia Pinho): Isabel Capela.

As eleições legislativas e autárquicas estão mais próximas do povo do que as europeias

Corrida difícil a que não faltam candidatos
Todos os países passam por momentos de perplexidade, dados os problemas a enfrentar, com propostas e soluções sempre mais difíceis e complexas. Pouco tempo passado das eleições europeias, com o amargo de boca e o desconforto das muitas abstenções, o anúncio, para breve e já com data marcada, das legislativas e autárquicas, faz viver um desses momentos, que não deixam tranquilos os responsáveis da nação, nem os cidadãos mais atentos. A menos que se pense que a solução dos problemas é só dos políticos ou a da terra queimada…
Muitos problemas se perfilam neste horizonte, em que já se multiplicam rumores, se jogam previsões, se anunciam candidatos, se insinuam ameaças, se profetizam desgraças. Ao povo, comunicação social e políticos não lhes falta imaginação.
Fala-se, com alguma razão, do descrédito da classe política; dos problemas graves não resolvidos; dos motivos conhecidos que levam à escolha dos novos candidatos; dos já eleitos antes que os votos cheguem às urnas; da crispação social e da ausência de esperança; das soluções propostas em anteriores legislaturas, que, por vezes, se agravaram os problemas que pretendiam resolver; dos políticos medíocres que querem tronos que excedem a sua estatura; da classificação, nada democrática, de os adversários normais se considerarem inimigos detestáveis; dos cidadãos de primeira, que têm tudo, mesmo sem o pedir, e dos cidadãos desqualificados e anónimos, que se vão cansando de gritar e de esperar pela resposta a direitos, não respeitados nem atendidos.
Portugal, ainda sem tempo suficiente para ter amadurecido politicamente, foi-se politizando, mais por influência de grupos, mais marcados por ideologias pobres e ânsia de poder, do que por compreensão do regime democrático e dos objectivos do bem comum, que devem ser o clima de respeito e o motor de decisão para participar e governar.
Parece urgente uma reflexão de senso comum, que, mesmo assim, em muitos casos já não vai a tempo, em virtude de compromissos assumidos, de influências locais, de caminhos mal pensados, mas abertos, por onde se passa e se chega ao sítio desejado.
As eleições legislativas e autárquicas estão mais próximas do povo do que as europeias. Os candidatos a escolher e a propor ao escrutínio eleitoral são mais conhecidos pelos eleitores a quem não escapa o juízo realista sobre as suas qualidades e defeitos, nome e fama, êxitos e fracassos pessoais, profissionais e cívicos, pelo trabalho antes realizado ou aproveitamento dos cargos onde se ganharam influências mas se perdeu o nome.
Legislar não se compadece com pessoas que pouco mais vêem que os seus interesses e os do seu partido. Não nos venham dizer que basta que alguns saibam ver o alcance das leis que se fazem e aos outros, a maioria, apenas resta votar como lhes é mandado. O país paga a todos por igual, para que, por igual, todos saibam o que fazer, a favor de todos. A situação lastimável a que se chegou com algumas leis é culpa maior dos responsáveis pela escolha, por vezes insensata e por motivos ocultos, dos candidatos a legisladores.
As autarquias, por sua vez, são hoje lugar de responsabilidades acrescidas, campo minado, ocasião de tentações. São, por isso, instâncias de exigência, maior e permanente de honestidade, de saber e competência, capacidade de acolhimento, diálogo e aguda sensibilidade, trabalho de equipa e abertura a todos.
Motivos de escolha para pagar favores, compensar perdas e desgostos políticos, por pressão de grupos e manobras locais, aparecem como desonestidade cívica, desrespeito pelos eleitores, colocação de interesses pessoais e partidários acima dos nacionais e locais. Governa-se com pessoas normais, desde que se saiba o que significa a normalidade, os seus limites e exigências. Neste juízo, cabe a lucidez sobre a capacidade dos candidatos a propor. António Marcelino

terça-feira, 21 de julho de 2009

Férias em tempo de crise: Aveiro ao alcance de todos

Painel cerâmico (pormenor)
Aveiro, com a sua história,
espera por nós em dias de descanso
Desta feita proponho Aveiro, com toda a sua história, para dias de descontracção, em tempo de crise. Não haverá, se quisermos, despesas de monta. Basta chegar, de preferência com itinerário estudado, e andar. Ver a cidade, com olhos de ver, sem pressas, o visitante pode optar pela cidade antiga ou pela moderna. Ou por ambas. É que há bairros ou novas urbanizações que, porventura, nunca nos atraíram. De quando em vez dou conta de pormenores num ou noutro local que se tornam agradáveis à vista. Mas se preferirmos o antigo, então há que recorrer a literatura que o Turismo nos fornece, para uns passeios proveitosos pela cidade e pelos seus canais. Penso que vale a pena entrar num dos mercantéis que esperam por gente interessada em conhecer a cidade de novos ângulos. Não tem havido funcionários que expliquem, mas se manifestarmos gosto por saber o que está à vista, o melhor é ocupar um lugarzinho junto ao mestre do barco. Ele explica. Então o visitante poderá confirmar quanto vale a cidade vista dos seus canais. Depois da viagem, salte até à Sé de Aveiro. Cá fora está uma réplica de um cruzeiro do século XV. Mas vale a pena entrar na Sé, para apreciar, ao vivo, o autêntico. Fica do lado direito, logo à entrada. Se sentir vontade de conversar um pouco com Deus, usufrua, em dias de canícula, de uma igreja fresca… Sente-se um bocadinho, medite sobre o bem e o bom que a vida nos dá. Em seguida, aprecie com calma a nossa Sé, que tem por padroeira Nossa Senhora da Glória. Ali ao lado há o Museu dedicado a Santa Joana, padroeira da cidade e Diocese de Aveiro. O seu túmulo é uma obra-prima, em que se distingue, para além da “singularidade decorativa”, um trabalho notável de incrustações em mármore. Mas a história da Santa Joana, pelo seu significado, vale muito mais. Igrejas de vários estilos e épocas, bem como espaços expositivos, sem esquecer a Arte Nova, com belos exemplares na cidade, de que se destaca a Casa Major Pessoa, junto ao Rossio, merecem uma visita. Depois passe pelo Jardim Infante D. Pedro, onde tantas gerações deambularam, em franca cavaqueira, em horas de “feriados”, em tempos de aulas. Na altura, o único sítio onde se corria, caminhava e apreciava a natureza verdejante, com lago à vista. Em tempos recuados, de água límpida, até se andava bem de barquinho a remos. Já agora, aprecie as estátuas que decoram a cidade, enquanto lembram a quem passa gente que fez história. Sem correrias, leia as legendas e outros escritos que completam os monumentos. Junto ao “olho da cidade”, há uns azulejos, em alto-relevo, com motivos aveirenses, da autoria de artistas locais. Mas haverá muito mais que ver e que apreciar? Claro que há. Aqui ficam apenas meras sugestões, de quem não se cansa de Aveiro. Fernando Martins

Uma voz incómoda: Padre Agostinho Jardim Moreira

Em entrevista ao Jornal de Leiria, o Padre Agostinho Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, mostra por que razão é uma voz incómoda e inconformada, mesmo no seio da Igreja Católica. Os pobres são a sua grande preocupação...
"Os pobres. Sempre os pobres. São um desafio constante e uma exigência grande para viver mais aproximadamente o Evangelho. Também me obrigam a fazer, quase anualmente, uma reformulação da pastoral e das respostas sociais. Quando comecei aqui, em 1969, na Ribeira (freguesias de S. Nicolau e Vitória, na periferia da Torre dos Clérigos) praticamente não havia nenhuma obra social e hoje temos várias. Continuam a ser as mais pobres, embora já não as mais populosas devido à desertificação – em 40 anos perderam mais de 20 mil habitantes. Hoje tenho menos gente mas muitos mais problemas. As pessoas estão isoladas porque não há resposta da família, nem da gente com dinheiro para poder partilhar com as necessidades dos mais fracos. Hoje tudo acorre ao padre e à Igreja numa atitude de exigência. Como se a Igreja tivesse obrigação de fazer aquilo que cabe ao Estado. Como o meu nome vai aparecendo nos jornais e na televisão, acham que isso é uma mais valia de poder intervir a seu favor. O que não deixa de ser verdade mas não é essa a minha missão explícita. Até porque tenho a direcção em Portugal da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP) que me preenche muito tempo."
Leiam toda a entrevista aqui

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Padre Tomás Afonso celebra Bodas de Ouro de ordenação presbiteral

SERVIÇO POR UM MUNDO MELHOR


Participei ontem, 19 de Julho, em Estarreja, num encontro comemorativo das Bodas de Ouro da ordenação do Padre Tomás Marques Afonso. Na eucaristia de acção de graças, a que presidiu D. António Francisco, marcaram presença o Bispo Emérito da Guarda, D. António dos Santos, padres e diáconos permanentes amigos, bem como pessoas oriundas das terras por que passou, no exercício do seu múnus sacerdotal, tanto de paróquias como das Forças Armadas, onde serviu como Capelão Militar. 

O Bispo de Aveiro, D. António Francisco, referiu, à homilia, o Ano Sacerdotal que está a decorrer, “por vontade expressa do Papa Bento XVI”, sublinhando a importância das vocações sacerdotais, “nascidas em famílias cristãs de vida dinâmica”. Depois frisou a caminhada presbiteral do Padre Tomás Afonso, dizendo que, presentemente, agora na sua terra, se encontra a servir o Povo de Deus, que está em Veiros. 
D. António agradeceu ao Padre Tomás o serviço “tão generoso” por ele prestado à Igreja de Jesus Cristo e ao seu povo. “Dou graças a Deus por este povo que ele serve, pelo serviço por um mundo melhor”, disse o Bispo de Aveiro. 
O Padre Tomás Marques Afonso começou a exercer o seu ministério sacerdotal precisamente na Gafanha da Nazaré, como coadjutor do Padre Domingos José Rebelo dos Santos. Natural do lugar de Póvoa de Cima, freguesia de Beduído, onde nasceu em 6 de Janeiro de 1934, foi ordenado presbítero em 19 de Julho de 1959, na sua igreja matriz, por D. Domingos da Apresentação Fernandes. 
Entrou na Gafanha da Nazaré em 27 de Outubro do mesmo ano, aqui tendo permanecido até 27 de Outubro de 1961. Depois passou por outras paróquias e pelas Forças Armadas, como Capelão, tendo atingido a posição de Coronel. 
Na Gafanha da Nazaré, tanto quanto me lembro e está registado na Monografia da Paróquia, o Padre Tomás desenvolveu a sua acção na Catequese, na Visita a Doentes, no Grupo Coral, no apoio à Juventude. Foi ainda capelão da Praia da Barra, tendo colaborado nas primeiras obras de restauro da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, obras levadas a cabo pelo Padre Domingos. 
Estes encontros celebrativos oferecem-nos, para além do mérito de podermos recordar e enaltecer o labor de uma vida de meio século dedicado aos outros, a oportunidade de rever amigos que connosco caminharam em Igreja, tendo no horizonte um mundo mais fraterno. 
Outros dois coadjutores da Gafanha da Nazaré ali encontrei: os Padre Arménio Pires Dias e José Manuel Ribeiro Fernandes. O primeiro, que antecedeu nas funções o Padre Tomás, precisamente, entre 27 de Dezembro de 1958 e 25 de Dezembro de 1959, e o segundo, que se lhe seguiu, entre 24 de Novembro de 1961 e 10 de Outubro de 1965. Destes dois, ficaram na minha memória, os mesmos sorrisos e as mesmas disponibilidades para o serviço dos outros, numa entrega total. 
O Padre Arménio é o pároco de Salreu e o Padre José Manuel está ao serviço da emigração, nos Estados Unidos da América. 
O Padre Tomás, ao recordar um pouco da sua vida, agradeceu a Deus, que sempre o dinamizou no cumprimento da sua missão, “quer dentro dos Quartéis ou Unidades Militares, quer nas paróquias” que serviu. Recordou “os nativos africanos da Guiné, Moçambique e Angola”, que o ensinaram “a cultivar maiores conhecimentos dos Povos e do Universo”, e manifestou a sua gratidão aos muitos conterrâneos, familiares, amigos e outros povos, por onde passou e de quem se tornou servo. 
O Padre Tomás ainda manifestou vontade de trabalhar por mais uns 25 anos, porque se sente com coragem para isso. Eu, que até acredito na possibilidade da concretização dessa vontade, prometo que tentarei ficar por cá, para com ele comemorar as suas Bodas de Diamante da ordenação presbiteral. 

Fernando Martins

Férias em tempo de crise: Ao encontro da Natureza

A Natureza é sempre uma opção
viável e até necessária
Em tempo de crise ou de progresso, o encontro com a Natureza é sempre uma opção viável e até necessária. Viável, porque, em princípio, não implica grandes despesas; necessária, porque nos oferece uma infinidade de sensações e emoções que nos ficam para a vida. Quem há por aí que possa ficar indiferente à beleza das paisagens, aos tons da vegetação, aos sons da brisa que nos refresca a face, às cores ímpares de um pôr do sol, à suavidade das borboletas que pousam nas flores, à cadência das ondas do mar ou aos espelhos da nossa laguna? Por tudo isso, e pelo muito que fica por dizer, proponho hoje que aproveitemos as férias para cirandarmos pela nossa região, tentando ver e sentir o que a natureza, na sua pureza, ainda nos reserva. Passeando pela ria, usufruindo da mata da Gafanha, descansando à sombra de uma árvore, de preferência com um frugal farnel, que recorde os tempos dos nossos avós. Tratemos dos nossos jardins, visitemos outros de vizinhos e amigos, ou mesmo os públicos, por onde, normalmente, passamos a correr. Visitemos os parques de lazer e saibamos olhar o céu estrelado em noite de calmaria, alimentando conversas que em dias de trabalho nem tempo temos para manter. A Natureza é sempre, se quisermos, uma inesgotável fonte de reflexão e uma riqueza permanente para o despertar dos nossos sentidos, face à beleza que dela emana. As cores, as formas, os sons e o casamento perene entre terra e céu aí estão à nossa discrição, como dádiva de Deus a não perder. Nas férias e fora delas. Fernando Martins

domingo, 19 de julho de 2009

Momentos mágicos

Pôr do sol


Não há dúvida. De facto, há momentos mágicos nas encruzilhadas da vida. De todos os dias. Como este pôr do sol que hoje registei na A25, no regresso a casa; como o encontro em que participei, onde vi, recordei e conversei com pessoas que não via há muito. Disso falarei amanhã.

No meio do mar: Pedras com expressão



Na Praia da Barra, lá bem dentro do mar, umas centenas de metros, é possível parar um pouco e apreciar este farolim, que se encarrega de assinalar a presença do molhe protegido por pedras com expressão. Clique para ampliar e veja como algumas pedras manifestam mágoa, cansadas de estar à defesa das investidas do mar. Outras sorriem.

Intelectuais lançam manifesto com “questões prementes” destinadas aos partidos políticos

Porque me parece pertinente, aqui fica:

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 140

BACALHAU EM DATAS - 30 .
EPA - EMPRESA DE PESCA DE AVEIRO
Caríssimo/a:
1928 - Constituição da E. P. A. (Empresa de Pesca de Aveiro) - primeira grande empresa virada para a pesca do bacalhau na Terra Nova, com dois barcos - S. JACINTO e SANTA JOANA, e em 1935, a construção de mais dois - SANTA MAFALDA e SANTA ISABEL. Em 1939, mudou-se para o lugar que hoje ocupa, tendo comprado praias de junco onde fez a construção dos armazéns.
1929 - « [É publicado] "A campanha do Argus", livro da autoria de Alan Villiers.» [C, 20]
1930 - «Durante o Estado Novo, o Governo, com a política de fomento das pescas, procurou incrementar a captura do bacalhau nos pesqueiros da Terra Nova, tendo esta pesca assumido, a partir dos anos trinta, uma importância estratégica no desenvolvimento da economia nacional. No discurso do Estado Novo, foi o próprio Estado quem, através do sistema corporativo, impulsionou a pesca do bacalhau, regulando directamente a produção, importação e preços e dirigindo a acção de armadores, produtores, pessoal de mar e comerciantes. Neste âmbito salientam-se a criação da Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau (1934), do Comércio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau (1935), da Mútua dos Navios Bacalhoeiros (1936) e da Cooperativa dos Armadores de Navios de Pesca (1938). A partir de 1930, a frota portuguesa começou a pescar na Gronelândia, que se revelou um pesqueiro mais abundante que os bancos da Terra Nova, e adaptou-se uma nova técnica de pesca, designada por «trole», aparelho constituído por várias linhas ligadas entre si - 20 linhas de 50 braças; de cada braça ficava suspenso um anzol, ao todo cerca de mil.»
1931 - «Em 1931 e 1932 apenas pescaram 26 a 30 embarcações respectivamente e o nível de capturas regressa aos valores dos primeiros anos da I Guerra.» HPB, 77
«O Capitão João Ventura da Cruz, veterano dos lugres bacalhoeiros, [foi] um dos que, em 1931, demandaram pela primeira vez os bancos da Gronelândia.» HDGTM, 7
1932 - «O primeiro fluxo de inovação [das características técnicas introduzidas nos navios bacalhoeiros da frota portuguesa do bacalhau] surge em 1932 com a motorização de uns poucos de lugres: LUSITÂNIA III, armado pela Lusitânia - Companhia Portuguesa de Pesca da Figueira da Foz, e o GAMO, da Parceria Geral de Pescarias, de Lisboa.» Oc45, 100
1933 - Funda-se a Sociedade Gafanhense com dois barcos de pesca à linha: ANTÓNIO RIBAU e LUÍSA RIBAU. Manuel

sábado, 18 de julho de 2009

Gafanha da Nazaré: Marcha das Festas dos Santos Populares

A marcha da Gafanha da Nazaré, para as Festas dos Santos Populares, foi dedicada à Mulher Gafanhoa, que bem mereceu esta homenagem. Os meus parabéns a quem a cantou e dançou. Clicar nas fotos para ampliar.

Matrimónios nulos

Casamentos que a Igreja anulou
"Não separe o homem o que Deus uniu." É esta a frase que remata o rito do casamento católico. Apesar de não reconhecer o divórcio, por considerar que, à luz da fé, a união entre marido e mulher é indissolúvel, a Igreja Católica admite que alguns casamentos não são válidos. Porque algo falhou: a vontade, a capacidade para cumprir os seus requisitos ou os propósitos da união. Para conferir nulidade a um casamento, o caso é analisado num tribunal eclesiástico, é moroso, sigiloso. E delicado, pois envolve a intimidade do casal. O DN foi conhecer três vidas assim. Uma das pessoas já voltou a casar e tem família. Porque, diz a Igreja, o seu primeiro casamento nunca aconteceu
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A Igreja e o social (1)

Leão XIII
"O desenvolvimento humano integral
na caridade e na verdade"
Não terá sido mera coincidência a terceira encíclica de Bento XVI sobre "o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade" no contexto da presente crise económica mundial, Caritas in Veritate (A caridade na verdade), ter sido publicada pelo Vaticano na véspera da cimeira do G8 e dois dias antes do encontro de Obama com o Papa. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Franco Frattini, veio sublinhar o facto na RAI, televisão pública do país, declarando que a encíclica papal "guiou"os trabalhos do G8. A chamada "Doutrina Social da Igreja" é constituída fundamentalmente por uma série de encíclicas de Papas, a primeira das quais foi a Rerum Novarum, de Leão XIII, seguindo-se a Quadragesimo Anno, de Pio XI, a Pacem in Terris, de João XXIII, a Populorum Progressio, de Paulo VI, a Laborem Exercens, a Sollicitudo Rei Socialis e a Centesimus Annus, de João Paulo II. A mais de 40 anos da publicação da Populorum Progressio, Bento XVI quer, com esta nova encíclica, homenagear o seu autor, Paulo VI, retomando os seus ensinamentos, mas actualizando-os, para que iluminem o caminho da Humanidade em vias de unificação. Caritas in Veritate foi recebida com indiscutível interesse. O debate público à sua volta revela a grande autoridade do Papa não só no mundo católico, mas também entre políticos e organismos internacionais. Vários media mundiais de referência consagraram-lhe o editorial, sublinhando a sua importância e até a sua inesperada orientação à esquerda. Defende o mercado e a liberdade individual, mas denuncia o capitalismo selvagem; apela para os valores éticos que devem guiar a economia e a política - "para o seu correcto funcionamento, a economia tem necessidade da ética, e uma ética amiga da pessoa"; pronuncia-se pela necessidade de o Estado recuperar um papel activo, destinado inclusive a crescer, sobretudo por causa da regulação do mercado; declara a urgência da reforma das Nações Unidas e da arquitectura financeira global, acentuando a necessidade de uma "Autoridade política mundial" reconhecida por todos, que, actuando segundo os princípios da solidariedade e da subsidiariedade, goze de poder efectivo. O que conta é o Homem, e o desenvolvimento só é verdadeiro, se for integral, isto é, do Homem todo e de todos os homens. Reclama, pois, uma globalização que tenha em conta a dignidade pessoal de todos. Assim, "a crise obriga-nos a rever o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, a apoiar-nos nas experiências positivas e a rejeitar as negativas". "Devemos ser protagonistas e não vítimas da globalização". Neste domínio, "a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer" e também não pretende "de modo nenhum meter- -se na política dos Estados". Mas, estando ao serviço de Deus, tem uma missão a cumprir a favor de uma sociedade à medida do Homem e da sua dignidade. "A fidelidade ao Homem exige a fidelidade à verdade, que é a única garantia de liberdade e de possibilidade de um desenvolvimento humano integral". Precisamente "caridade" e "verdade" não são apenas as palavras que dão o nome à encíclica. São o seu fundamento. Porque Deus "é ao mesmo tempo Agapé e Lógos: Caridade e Verdade, Amor e Razão". Assim, o amor é o caminho real da doutrina social da Igreja. Mas a verdade é luz que dá sentido e valor ao amor. Sem verdade, o amor cai em sentimentalismos. "Sem verdade, sem confiança e amor pelo verdadeiro, não há consciência e responsabilidade social, e a actuação social fica à mercê de interesses privados e lógicas de poder". A caridade na verdade é "o princípio sobre o qual gira a doutrina social da Igreja", que actua nos dois critérios fundamentais orientadores da acção moral: a justiça e o bem comum. Quem ama é justo e até supera a justiça, com relações de gratuidade. O bem comum é exigência da justiça e do amor. "Trabalhar pelo bem comum é cuidar e utilizar o conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que se configura assim como pólis, como cidade", cada vez mais cosmopólis. Anselmo Borges In DN