terça-feira, 12 de maio de 2009

Aveiro celebra Santa Joana, padroeira da cidade e diocese

O POVO DE AVEIRO  JÁ CANONIZOU A BEATA PRINCESA 

Tenho para mim que o povo nem sempre segue o Vaticano, quando o Santo Padre canoniza um cristão ou uma cristã, para nos servirem de exemplo. Com frequência deparamos com situações interessantes, que demonstram que o povo tem as suas razões e intuições, ao “declarar” quem são os seus predilectos no seio de Deus. E a Igreja, atenta à acção do Espírito no Povo de Deus, não deixará de canonizar os que foram escolhidos pelos crentes. Mas às vezes demora. Ainda espero, por isso, que a Beata Joana, Princesa de Portugal, venha a ser canonizada pela Igreja, porque em verdade já o foi pelo povo aveirense. 
Aveiro está hoje em festa. A partida para o seio de Deus da Princesa Joana, como cremos, aconteceu a 12 de Maio de 1490, como reza a história. Tinha apenas 38 anos de idade. Foi beatificada em 1693 pelo Papa Inocêncio XII. Como é padroeira da cidade, a autarquia engalana-se e promove diversos festejo. Os discursos políticos, tenham eles as cores que tiverem, não ignoram o exemplo da filha de D. Afonso V, que escolheu um modestíssimo convento dominicano de Aveiro para viver, sem esquecer os mais desvalidos da sorte, que a laguna aveirense mais desvalidos tornava, com as suas águas apodrecidas. 
Diz a lenda que o seu féretro, ao passar pelos claustros do convento, a caminho da sepultura, contemplou a tristeza das flores que se deixaram cair em homenagem à princesa. O povo, que ela tantas vezes socorreu, em horas de dor, decerto também chorou a sua benfeitora. Hoje, como todos os anos, as ruas da cidade mostraram quanto Aveiro gosta da sua Joana. 
A Irmandade, que tem o seu nome, continua a valorizar o culto a Santa Joana. E o povo agradece, enchendo as ruas para a ver no andor e nos rostos de crentes que vestem os trajes com uma dignidade notória. Depois, no final da procissão, o seu túmulo, com os restos da Princesa, volta a ficar rodeado de devotos. Em silêncio. Apenas podemos adivinhar as conversas entre eles e a Santa Princesa. 


Fernando Martins

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Peregrinação a Fátima: 12 e 13 de Maio

Peregrino
Amanhã e no dia a seguir vamos ter momentos altos na Cova da Iria. Para os crentes e devotos de Nossa Senhora de Fátima e também para muitos que nada têm a ver com a frequência da missa dominical. Nossa Senhora, afinal, guarda estes segredos que suscitam devoção mesmo entre os que nada querem, ou querem muito pouco, com o culto católico. Durante dias, pude ver peregrinos que caminhavam em direcção a Fátima, com pés doridos e rostos cansados. As bermas das estradas testemunham a fé de milhares de pessoas, nem sempre compreendidas pelo comum dos mortais. Há, realmente, forças que se manifestam para além do entendimento humano. Peregrinações de todos os quadrantes de Portugal e muitas do estrangeiro. Orações fervorosas sem respeitos humanos, promessas capazes de levar joelhos a sangrarem, lágrimas de agradecimento que comovem. Olho tudo isto com muita compreensão. Que Nossa Senhora então os receba com todo o carinho de Mãe, ou ouça e os ajude a enfrentarem as suas dificuldades com coragem e determinação. São os meus votos. É que Ela, decerto, não vai substituir-nos nas nossas obrigações de lutar pelo nosso futuro. Mas poderá "aconselhar-nos" os melhores caminhos, que são os caminhos da verdade, da justiça social, da fraternidade, da paz e do amor! FM

Uma ideia para Portugal. Cuidados Paliativos

“Cuidados Paliativos acessíveis a toda a população! Existem apenas 17 equipas de Cuidados Paliativos em Portugal e precisávamos, de pelo menos 100, para assistir um universo de cerca de 200 mil pessoas. O sofrimento provocado pela doença grave, progressiva, incurável ou terminal tem sempre impacto nas famílias.”
Laurinda Alves
Citada pelo novo jornal i

Conferências Primavera na Gafanha da Nazaré

Da pobreza à esperança: responsabilidade social
Reflectir sobre pobreza, esperança e responsabilidade social é uma urgência em tempo de crise. Para ajudar nessa reflexão, a paróquia da Gafanha da Nazaré convidou um especialista na matéria, Alfredo Bruto da Costa, que merece escutado. Não é todos os dias que uma autoridade em assuntos de pobreza se desloca à nossa terra. Na quinta-feira, 14 de Maio, pelas 21 horas, no salão Mãe do Redentor, com entrada livre. Haverá, a abrir, um momento musical.

Bento XVI já está em Israel para uma visita histórica

Bento XVI chegou esta Segunda-feira ao areporto de Telavive, Israel, onde foi recebido pelo presidente israelita, Shimon Peres, e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O Papa apelou a uma reconciliação entre israelitas e palestinianos que permita a cada povo “viver em paz no respectivo país”. Bento XVI fez votos para que “reais progressos de paz e estabilidade” possam ser conseguidos e destacou o papel que as famílias têm enquanto “veículos de paz”. "Rezo para que todos os responsáveis que considerem o caminho para uma justa resolução das dificuldades, para que ambos os povos possam viver em paz nos seus respectivos países, com fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente", pediu. “Rezo por paz e reconciliação”, assumiu. Bento XVI afirmou ainda que o “anti-semitismo é totalmente inaceitável”.
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domingo, 10 de maio de 2009

Papa destaca coragem dos cristãos na Terra Santa

Missa na Jordânia
Bento XVI presidiu este Domingo a uma Missa no Estádio Internacional de Amã, o maior evento da sua viagem à Jordânia, iniciada no passado dia 8. O Papa deixou uma palavra de encorajamento à comunidade cristã da Terra Santa, que desafiou a “construir novas pontes com pessoas de diferentes religiões e culturas”, e destacou o carisma particular das mulheres na Igreja. "Quanto deve a Igreja nestas terras ao testemunho de fé e de amor de inúmeras mães cristãs, freiras, educadoras e enfermeiras, de todas aquelas mulheres que, de diferentes maneiras, dedicaram sua vida à construção da paz e à promoção do amor”, indicou, na homilia da celebração. Diante de 50 mil pessoas oriundas da Jordânia e de comunidades cristãs dos países vizinhos, inclusive do Iraque, o Papa admitiu que esta dignidade e esta missão das mulheres nem sempre foram inteiramente “compreendidas e estimadas”. Apesar disso, acrescentou, “é com o testemunho público de respeito pelas mulheres que a Igreja na Terra Santa pode dar uma importante contribuição ao desenvolvimento de uma cultura de verdadeira humanidade e à construção da civilização do amor”. Aos presentes, Bento XVI disse que “a comunidade católica está aqui profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afligem todos os habitantes do Médio Oriente. Nunca se esqueçam da grande dignidade que deriva da sua herança cristã". O Papa falou da rica diversidade da Igreja Católica na Terra Santa e lembrando a sua visita ao Monte Nebo, disse que rezou para que a Igreja nestas terras “possa ser confirmada na esperança e fortificada no seu testemunho ao Cristo Ressuscitado, o Salvador da humanidade”.
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Eleições Europeias

Depois queixem-se
Um mês das Europeias, já em plena campanha eleitoral, sinto que os portugueses, na sua grande maioria, estão divorciados do assunto. Não por culpa própria, mas por culpa dos partidos políticos, mais preocupados com os problemas internos e com as guerrilhas entre eles do que com os esclarecimentos de que o povo precisa. Há realmente democracia na Europa? Os deputados europeus são mesmo a expressão daqueles que representam? As leis dimanadas da Europa serão elaboradas pelos parlamentares? Quem elege os membros da Comissão europeia? E os diversos tecnocratas que decidem tudo nos gabinetes, ignorando muitas vezes as realidades dos Estados-Membros? Podia continuar a enumerar questões que põem em dúvida a democraticidade genuína da UE. O povo está a leste disto tudo. Em Portugal, habituou-se à ideia de a UE apenas tem servido para injectar dinheiro em economias débeis. Mas isso terá de acabar um dia. Entretanto, os nossos partidos, sobretudo os com assento na Assembleia da República, estão mais interessados em capitalizar dividendos para as eleições internas. Até que um dia o povo resolva virar-lhes as costas com a abstenção em massa. Depois queixem-se. Fernando Martins

Aveiro Direitos Humanos

Mendes Leite
1. Um conjunto de entidades locais parceiras da Plataforma Aveiro Direitos Humanos, despertadas pelo enquadramento de convite CMA Aveiro 250 anos, levam a efeito na segunda quinzena de Maio, um programa social e cultural que procura ser sensibilização alargada para todos. Motiva a iniciativa tanto a dinâmica de continuação de reflexão e acção gerada e lançada publicamente quando dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de Dezembro 2008), como a efeméride de um Aveirense Ilustre, Manuel José Mendes Leite (grande lutador contra a pena de morte…), que celebra neste 18 de Maio os 200 anos de nascimento, personalidade que merecerá destaque na tarde desse dia 18 de Maio (também dia internacional dos Museus), com Sessão solene no Edifício da Assembleia Municipal (18.30h). 2. Um roteiro de iniciativas percorrerá a cidade em diversos locais e com variadas temáticas que são o desdobramento do espírito da declaração universal. De 15 a 29 de Maio, num programa que poderá ser seguido no blog http://aveirodh.wordpress.com/ , os convites à reflexão e acção estão lançados a todos. Uma noção de direitos humanos como «responsabilidades humanas», estas que aliam os direitos aos deveres, será o eixo que percorre o programa. A situação actual, nas conjunturas várias, do social ao político, das visões culturas a uma sociedade civil mais interventiva, e também diante do cenário da crise e pobreza emergentes justificam um interesse generalizado de quem procura gerar o empreendimento que passe do diagnóstico à acção. 3. A Plataforma Aveiro DH, caminhando numa flexibilidade que nunca atrofie a frescura da criatividade, num processo que de meio em meio ano vai tendo visibilidade pública programática, consta nesta AGENDA DH Maio 2009 de 16 entidades que actuam na área transversal dos DH. A consciência de que o trabalho em rede é sinal social. Participamos!
Alexandre Cruz

Catecismos ou roteiros?

“Em vez de catecismos, são indispensáveis roteiros culturais e espirituais para encaminhar com esperança no seio da família, na escola, na profissão, na política, no lazer e para formar comunidades de vida. No cristianismo, o divino e o humano só podem andar juntos. A busca de orientação e de sentido é tão antiga como a vida humana. Dela nasceram religiões e filosofias. A razão, porém, não é tudo nem a única instância. Também acreditamos em Deus por motivos afectivos, estéticos, vivenciais.” Frei Bento Domingues In PÚBLICO de hoje

Pesca do Bacalhau: Navio-Motor VAZ

Um filme sobre o navio-motor VAZ pode ser visto aqui. Interessante para os que viveram a Faina Maior, há anos. Há sempre espaço nos meus blogues para recordações.

Artefactos do Titanic expostos em Lisboa

Colheres do Titanic (Fonte: marintimidades)
Uma exposição com 200 artefactos recuperados do Titanic abriu em Lisboa. A reportagem veio hoje na PÚBLICA, sendo um desafio aos apaixonados por estes assuntos. Ana Maria Lopes, a “dona” do Marintimidades, publicou há tempos uns escritos sobre o seu talher do paquete que “nem Deus seria capaz de afundar”. Tenho cá um palpite que esta ilhavense, especialista em temas marítimos, não deixará de visitar esta exposição. E se assim for, teremos relato pela certa. A mostra pode ser vista no Espaço Rossio, Estação do Rossio, Lisboa, todos os dias, das 10 às 21 horas, até início de Agosto. Par mais informações, ver www.titaniclisboa.com

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 130

BACALHAU EM DATAS - 20
Iate Razoilo
OS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX
Caríssimo/a:
1904 - Segundo Rui Cascão : “A partir de 1904, a flotilha passa a contar com outro navio, o lugre LEOPOLDINA. A Figueira ocupava o segundo lugar a nível nacional, com 6 navios bacalhoeiros, a seguir a Lisboa (10 navios) e antes de Aveiro e Ponta Delgada (1 navio cada)”. [Oc45, 80] [Em 1904] o número de navios portugueses na pesca do bacalhau aumentou em mais seis unidades [em relação a 1903 passando a ser 18]. [Oc45, 81] A marinhagem de um barco da Figueira da Foz, quase toda de Ílhavo, foi dizimada por envenenamento das águas de provisão, contaminada pela decomposição do corpo de uma rela: “A água começou a ter mau sabor, mas bebeu-se à falta de melhor. Era a que havia.” [Oc45, 88] O primeiro arrastão francês a vapor que pescara na Terra Nova fizera-o em 1904. [Oc45, 95] 1905 - Os proprietários do NÁUTICO transferem a seca do bacalhau da Gafanha da Nazaré para Lisboa. [Oc45, 82] 1905 foi um ano bom para a pesca do bacalhau. [Oc45, 81] Em 1905, um pescador do lugre ARGUS perdeu-se no seu dóri, e andou, sozinho, na imensidão do oceano, durante três dias e três noites, até ter tido a sorte de ser recolhido por um vapor que ia carregar madeira no Canadá. De outros nunca mais se soube. [Oc45, 88] 1906 - O iate RAZOILO, propriedade de uma sociedade composta por Manuel Faúlho Razoilo, João Ramalheira Júnior e José Pereira Júnior, é enviado, pela primeira vez, à Terra Nova. A seca foi igualmente estabelecida na Cale da Vila, na Gafanha da Nazaré, sendo o bacalhau vendido para a praça do Porto, perante o protesto da imprensa aveirense.[Oc45, 82] Os argumentos apresentados pela imprensa local para a não adopção da pesca a vapor... O «Nauta»: “[...] porque, sendo com vapores, a despesa seria muito maior, e além disso o calor das caldeiras prejudicaria o peixe, logo que não houvesse rigoroso cuidado. Também havia o inconveniente de, no caso de qualquer inesperada tempestade, os vapores não poderem manobrar imediatamente como os navios de vela, visto as caldeiras não estarem acesas.” [Oc45, 81] Note-se que, em 1906, Portugal havia exportado 2.565.819$00 de peixe, mas, em contrapartida, havia importado 4.695.000$000 réis do mesmo produto. Os custos do bacalhau representaram, em 1907, uma enorme fatia de cerca de três quartos [do valor dispendido em todos os peixes adquiridos]. [Oc45, 83] Em 1906, a imprensa local noticia o incêndio a bordo do iate SANTIAGO. Por um descuido do cozinheiro, perdeu-se o navio com todos os seus aprestos e as soldadas dos tripulantes, não tendo havido perdas humanas. O iate, como escreve o capitão Francisco Gonçalves Moreira, num esclarecimento publicado na imprensa, possuía meios elementares para apagar o incêndio (bomba, baldes, etc.), mas, apesar da ajuda das tripulações de outros barcos, não foi possível salvá-lo. O fogo “tinha chegado às latas de petróleo que estavam no rancho e ao carvão que estava no pique também começando a arder o mastro do traquete por baixo da inora e cujo pé do mastro vinha assentar na sobrequilha por dentro do rancho”. Além dos “papéis” pouco mais se salvou. [Oc45, 88]
Afinal, desde sempre, «além dos papéis pouco mais se salva»! E é curioso que os Homens estão incluídos n'«o pouco mais»!
Manuel

sábado, 9 de maio de 2009

Como devem os pais proteger os filhos?


No âmbito da Semana da Vida, que decorre de 10 a 17 de Maio 2009, enquadrando o dia 15 de Maio, constituído, universalmente, como Dia Mundial da Família, a Paróquia de Nossa Senhora da Glória – Sé de Aveiro promove uma conferência sobre “Como devem os Pais proteger os filhos?” 
A conferência vai ter lugar no dia 15 de Maio, pelas 21.30 horas, no Centro Paroquial Nossa Senhora da Glória, na Rua Batalhão Caçadores Dez, 67, com entrada livre. Como convidados, vão intervir o Prof. Freitas Gomes, director da Clínica do Outeiro e professor no Instituto Superior da Maia, Faculdade Lusófona do Porto, e no Instituto Superior de Serviço Social do Porto; e o dr. Rui Nunes, Coordenador de Investigação Criminal da Polícia Judiciária.

"Noite" na Barra vai ter aviso contra drogas

Jesus Zing, jornalista, diz, em artigo publicado no JN, que a “Noite” na Barra vai ter aviso contra drogas. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Prior Sardo, da Gafanha da Nazaré, dirigida aos frequentadores dos espaços recreativos na Praia da Barra, durante a época balnear .

Os cristãos do Oriente

Quando se fala nos cristãos do Oriente, pensa-se geralmente nos "ortodoxos", que, em 1054, cortaram os laços com o Papa de Roma. Aqui, porém, refiro-me aos cristãos do Médio Oriente e do Egipto, incluindo os arménios, e também os do Iraque, Irão, Turquia, Etiópia. Na sua visita à Jordânia, Israel e Territórios Palestinianos, o Papa encontrará alguns deles, pois também há comunidades católicas. Embora o cristianismo tenha lá o seu berço, o número de cristãos no Médio Oriente é hoje minoritário, rondando os 6 milhões, uns 4% da população da região. Em Israel, são uns 500 000 (8% da população); na Palestina, 54 000 (1,5%); no Líbano, 40% (1 milhão e 400 mil); na Síria, 4% (750 000), no Egipto, 4 a 5 milhões (6%). Segundo a revista l'Histoire (Dezembro de 2008), há 4 milhões na diáspora (Europa, Estados Unidos e Austrália) e uns 6 milhões de cristãos siríacos na Índia. Estas Igrejas, que remontam muitas vezes aos inícios do cristianismo - foi em Antioquia, então capital da província romana da Síria, hoje, na Turquia, que aos discípulos de Jesus foi dado pela primeira vez o nome de cristãos -, caracterizam-se pela língua (frequentemente, o aramaico) e rituais litúrgicos especiais. A sua diversidade deve-se a múltiplos factores: históricos, políticos, teológicos. As controvérsias teológicas e a História - lembrar o Império bizantino, a irrupção islâmica, as cruzadas (a quarta teve efeitos dramáticos, com o terrível saque de Constantinopla), a conquista otomana, a Primeira Guerra Mundial, a queda do Império otomano, o imperialismo europeu, o estabelecimento do Estado judaico em 1948, a invasão do Iraque...) - criaram um mosaico de comunidades para as quais não é fácil traçar linhas claras de identificação. De qualquer modo, ainda hoje, quando por lá passamos, fica-se impressionado com divisões que podem chegar a agressões físicas por causa da ocupação dos "Lugares Santos". Os debates teológicos tiveram lugar nos primeiros séculos, concretamente IV e V, na tentativa de compreender o mistério de Cristo. Como é que Jesus pode ser Deus e homem? O arianismo negou a divindade de Jesus e foi condenado no Concílio de Niceia, convocado pelo imperador Constantino em 325. Os nestorianos reclamam--se de Nestório (381-451), patriarca de Constantinopla, que deu origem ao nestorianismo: afirma que Maria é mãe de Cristo-homem e não mãe de Deus (theotokos). Os coptas são monofisitas, afirmando que Cristo tem uma só natureza - a natureza divina. O monofisismo foi condenado em 451, no Concílio de Calcedónia, que formulou a definição da fé de que em Cristo há duas naturezas - a natureza divina e a natureza humana - que subsistem numa só pessoa, e teve como consequência a formação de Igrejas independentes: coptas, jacobitas, arménios, nestorianos. Nesta história complexa, estão presentes as controvérsias teológicas, mas não se pode esquecer a conquista muçulmana nem as cruzadas. De qualquer forma, os cristãos, cujo estatuto, no Império otomano, estava subordinado à lei islâmica, que os discriminava, mas não os impediu de ocupar cargos importantes, representariam, aquando da Primeira Guerra Mundial, 25% da população total na grande Síria otomana (Síria, Líbano, Palestina actuais). Depois, o século XX trouxe tempos mais sombrios - hoje serão, como disse, uns 4% -, do genocídio arménio ao êxodo em massa do Iraque. Mas, como escreve C. Mayeur-Jaouen, atenção para não reduzi-los a um "estatuto de eternas vítimas"! Têm de ser denunciadas a prática quotidiana de desigualdade e a perseguição a que estão sujeitos, mas também se não pode esquecer as consequências do fim do império otomano nem o "discurso de cruzada" do invasor americano no Iraque. Para o decréscimo do seu número contribuíram também razões demográficas e até mais possibilidades de saída para o Ocidente - 25 000 caldeus (ramo católico) vivem em França. É esperável um contributo positivo da viagem, difícil, de Bento XVI. A paz e o futuro destes cristãos dependem também da capacidade que os Estados da região e a comunidade internacional tenham para formar sociedades pluralistas e democráticas. Anselmo Borges

Um poema de Domingos Cardoso

POVO Cai o sol às chapadas sobre a aldeia E a procissão se alonga, lentamente, Entre a gente apinhada, pura e crente, Olhos no andor que o santo bamboleia. Embalada p’la banda que estrondeia Marca passo a irmandade reluzente Nas suas brancas opas, penitente, Remindo, quase sempre, culpa alheia. São homens que da terra se alimentam E, em suas mãos, os calos representam A nobre identidade... o seu brasão! O orgulho que em mim cresce é grande, é imenso Por ver que a este povo eu já pertenço Desde que ao mundo vim, sobre este chão!... Domingos Freire Cardoso

Crónica de um Professor

IRREVERÊNCIA
A aula iniciara às 8:30, como era a rotina, de mais uma 2.ª feira do seu horário lectivo. Era um bloco de 90 minutos… para começar bem a semana! Depois de um break prolongado do fim-de-semana, para recobrar forças, preparava-se a teacher parar um profícuo trabalho. Apresenta o material da aula, tenta cativar a atenção dos mais obstinados na dispersão mental, envolve-os nos skills que pretende desenvolver, nomeadamente no Speaking e a aula segue o seu ritmo habitual. Observa, com alguma estranheza, que o L.P. se dispersava, se perdia em gestos e movimentos pouco habituais. Era um aluno dedicado, participativo, com alguma puerilidade excedentária para a sua faixa etária e nível escolar. Várias vezes o interpela, no sentido de o chamar à ordem, no intuito de o fazer apreender e aprender os conteúdos daquela lição. Mas… o L.P., evocando na teacher o movimento de longa duração dos discos de vinil do século passado, teimava em manifestar a sua irrequietude. Estava agitado, aos olhos da mestra que já fora até, noutra circunstância, alvo de um seu rasgadíssimo “piropo”! Era uma “música” que não parava de “tocar”, insistente, insistente. Estranhava este inusitado comportamento! Era um modus operandi atípico, nesta criança dócil, viva, só um nisquinho irreverente, mas nada com que uma paciente e experiente professora não pudesse lidar. - Estranho! Cogitava a mestra falando com os seus botões! Noutro aluno, até teria achado normal, não num discente que sabia, até, ter um fraquinho por ela! No fim da aula, sorrateiramente, abeira-se dela e revela o segredo. - Setôra… hoje… portei-me mal… tenho consciência disso! Costumo portar-me bem e como já não me portava mal, há muito tempo… quis recordar o que era isso! A teacher fica desconcertada e um sorriso malicioso aflorou-lhe ao rosto… desvanecendo qualquer indício de irascibilidade. O que lhe perpassou, num relâmpago, foi a expressão muito utilizada pelas mães da Gafanha, no século passado, quando se deslumbravam com as gracinhas dos seus rebentos! - Apetecia-me roê-lo todo! Sem qualquer conotação pedófila (!?)… o que a teacher quis manifestar foi o gozo, o humor que aquela tirada do L.P., havia provocado nela. E… perante isto... que para a teacher é apenas mais uma das suas inúmeras peripécias docentes, resta a sugestão: a próxima canonização a integrar a Hagiografia Portuguesa, logo a seguir ao beato Nuno, deverá ser de um Professor! Merecem, não acham? Não se candidata, pela simples razão – tem o martírio (!!!), mas nem sempre a resignação de santo! E… mais acrescenta… até se disponibiliza a formar a comissão ad hoc, tal como aconteceu para a comemoração do Dia Mundial do Homem. As mulheres… trabalham!!!
Mª Donzília Almeida 08.05.09

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bento XVI e rei Abdallah II reforçam necessidade de diálogo na promoção da paz e respeito pelos lugares santos

Bento XVI sublinha as suas intenções de “peregrino da paz”, de quem quer “venerar os lugares santos que têm desempenhado uma parte tão importante em alguns dos principais acontecimentos da história bíblica”. No discurso de chegada, o Papa evidenciou a sua motivação espiritual e pastoral na viagem à Terra Santa. O Papa expressou um “profundo respeito pela comunidade muçulmana” e saudou o papel de liderança do rei Abdallah na promoção “de uma melhor compreensão das virtudes do Islão”. Bento XVI recordou a mensagem de Amman (2004), uma das “nobres acções” para “promover uma aliança de civilizações entre o Ocidente e o mundo muçulmano”, contrariando “as previsões daqueles que consideram a violência e os conflitos inevitáveis”. Também o rei Abdallah II, no seu discurso de boas vindas, apontou os esforços para promover a paz no Médio Oriente e no mundo, “incentivando o diálogo inter-religioso, apoiando os esforços para encontrar uma solução justa, evitando o extremismo”. O Papa relembrou ainda os esforços de paz desenvolvidos pelo antigo rei Hussein, pai de Abdallah II. “Que o seu empenho em resolver os conflitos na região continuem a dar frutos num esforço para promover uma paz duradoura e verdadeira justiça para todos aqueles que vivem no Médio Oriente”.
Fonte: Ecclesia

Conferências Primavera: Carlos Borrego falou sobre ambiente

Carlos Borrego, Alexandre Cruz e Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré
É POSSÍVEL POUPAR ENERGIA SEM PERDER QUALIDADE DE VIDA
Depois de justificar que as areias depositadas na área do Porto de Aveiro resultaram de dragagens necessárias para a manutenção da Ria, Carlos Borrego, professor catedrático da universidade aveirense e presidente do Conselho Directivo do Departamento do Ambiente e Ordenamento, garantiu que há, “efectivamente”, zonas próximas do porto “que têm concentrações de partículas na atmosfera um pouco mais elevadas do que deveriam ter”, mas isso “não é genérico para toda a Gafanha”. O antigo ministro do Ambiente e Recursos Naturais de um Governo de Cavaco Silva abriu o 1.º Ciclo de Conferências da Primavera, ontem, no salão principal da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, por iniciativa da paróquia, abordando o tema “Questões Ambientais: Moda ou Urgência?” Antecedendo a intervenção do Prof. Carlos Borrego, actuou o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que apresentou alguns números do seu reportório, com o natural agrado dos que aderiram ao convite da paróquia.
Aspecto da assistência
Sobre a questão das areias depositadas na zona portuária, Carlos Borrego lembrou que a Ria precisa de ser dragada, para não correr o risco de desaparecer. Disse que tem conhecimento dos esforços desenvolvidos pela APA (Administração do Porto de Aveiro), mas não deixou de frisar que, por vezes, os benefícios de uns podem trazer prejuízos a outros. Reclamou o bom senso de saber “até onde é que nós devemos andar sem criar problemas ambientais complicados de resolver”. A propósito de algumas críticas sobre a instalação de certas unidades fabris, Carlos Borrego referiu que temos de olhar os assuntos sem o “fundamentalismo” que muitas vezes as questões ambientais suscitam. Contudo, salientou que “há limites, mas também há muito progresso que pode continuar a existir, desde que adequadamente sejam feitas as intervenções, sem criar problemas ao ambiente”. “Há hoje uma componente tecnológica que tem vindo a reduzir os efeitos que as indústrias têm, quer sobre a humanidade propriamente dita, quer relativamente a alguns recursos que temos disponíveis.” Na opinião do conferencista, se não houver respeito pela natureza, dentro de um século, 67 por cento da costa portuguesa poderão desaparecer, chegando “as praias a Coimbra”, tendo em conta que as temperaturas irão sofrer um aumento até sete por cento. O professor da UA afirmou que “a pobreza é o verdadeiro problema do ambiente, porque o número de pobres não pára de crescer”. Em 2007 havia no mundo 854 milhões de pessoas a passar fome, adiantou. Entretanto, enfatizou o facto de as catástrofes naturais estarem a crescer, década após década, naturalmente pelas ofensas que são feitas à natureza. Nessa linha, sugeriu que os consumidores devem rejeitar os produtos inimigos do ambiente, nunca descurando a obrigação de poupar energia. Sobre a poluição, que temos “o hábito de atribuir sempre aos outros”, o conferencista lembrou que uma simples e pequena pilha, atirada para o solo, pode poluir mil litros de água, se atingir o nível freático.
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Mostrou, com exemplos práticos, que é possível diminuir os consumos “sem perder a qualidade de vida”. Desperdiçamos água e energia eléctrica, poluímos o ar e os solos, ignorando que são bens escassos, esclareceu. “Só perdemos qualidade de vida se não formos criativos”, referiu. Considerou importante e urgente promover campanhas de esclarecimento sobre a poupança nos consumos. Disse que as energias eólica, solar e das marés “não resolvem os problemas da sociedade”, acabando por anunciar que, dentro de 50 anos, a fusão nuclear será a mais viável “alternativa às actuais formas de energia”. As Conferências prosseguem nas restantes quintas-feiras de Maio, pelas 21 horas. Fernando Martins

PORTO DE AVEIRO

Trabalho gentilmente cedido por Carlos Anastácio, que agradeço.
FM

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O país dos hipermercados

Dolce Vita Tejo
1. A inauguração nestes dias de mais um mega centro comercial (Dolce Vita Tejo, inaugurado a 7 de Maio) continua a suscitar muitas e justas reflexões. Antes de mais, mesmo em cenários de crise, o novo espaço abre com 99% de ocupação, e estando apontado o retorno do investimento para longo prazo (15 anos). Claro que nada falta no novo espaço, havendo lugar privilegiado para a área de hipermercado além de toda uma variedade de serviços que vão crescendo nestas novas catedrais públicas que são os centros de consumo. Todas as marcas querem aparecer e reservar o seu lugar, as apostas da empresa promotora, a Chamartin Imobiliária, diz que o projecto está muito para além das crises ocasionais ou sazonais. 2. O investimento rondou os 300 milhões de euros, estando previstos cerca de 18 milhões de visitantes por ano e uma facturação estimada a mais de 280 milhões de euros. Tudo números tão altos que querem eles próprios ser atractivos e multiplicadores, não parecendo deixar qualquer sobra para o pequeno, para o campo e a aldeia, para o rústico, para o designado mercado tradicional. Ao olharmos para os países desenvolvidos do norte da Europa, observamos que conseguiram regular em ordem à preservação da loja, do mercado familiar e local, de modo a tudo não ficar centralizado unicamente nas mãos de alguns. Que significará a sedução nacional pelos grandes centros comerciais como se fossem o novo modelo de vida tido como moda de rico ou estilo citadino desenvolvido? Será reflexo do abandono rural da “terra” e do “campo”? Ter-nos-á faltado a devida regulação para não permitir toda esta centralização? 3. Nem saudosismos do passado, nem uma indiferença presente em relação ao tradicional e local que garanta a justa subsistência de tantas famílias… Talvez o “meio” esteja mesmo em fazer crescer, até pelas comunicações de internet, a rede de ofertas de bons produtos tradicionais (agrícolas) e serviços para que tudo não fuja para o hipermercado. Há vida para além...
Alexandre Cruz

Regata Santa Joana Princesa

Nos próximos dias 9 e 10 de Maio (sábado e domingo), vai realizar-se a Regata Santa Joana Princesa/Porto de Aveiro/ Universidade de Aveiro. Prova desportiva a decorrer no Campo de Regatas de Aveiro (logo após a Marinha da Troncalhada) entre as 11h-18h. Conta com o apoio do Porto de Aveiro e organização em parceria com a Escola de Vela do Sporting Clube de Aveiro. A regata vai reunir mais de uma centena de velejadores das várias classes de Vela, provenientes de vários pontos do país, proporcionado momentos de rara beleza.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

Saber ouvir com o coração

Ser Professor
Saber ouvir com o coração! Esperar pelo fruto que semeou; Renunciar à decepção! Prometer a si mesmo Repudiar o desalento. Onde há sinceridade, Ficará a amizade. Eternamente sonhador; Sonhos loucos Sonhos poucos Onde está o Reformador? Mª Donzília Ameida 06.05.09

ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO

Planta da Barra em 1843. Arquivo do Porto de Aveiro
Ao longo do ano de 2008 assistiu-se, com agrado, às diferentes iniciativas e cerimónias destinadas a assinalar os duzentos anos da abertura da Barra de Aveiro.
Organizaram-se exposições muito interessantes e elucidativas sobre os antecedentes que levaram à execução do projecto, a complexidade dos trabalhos a executar, a tremenda dificuldade para os levar a cabo, a importância do seu funcionamento para o progresso verificado paulatinamente na região, a qualidade dos responsáveis e executores principais, que foram homenageados, como era natural.
Orquídea Ribau
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quarta-feira, 6 de maio de 2009

ALIMENTO PARA TODOS

A crise alimentar tem muitas faces, mas duas são especialmente provocantes: a que se manifesta na legião dos esfomeados do mundo inteiro e a que se desvenda a conta gotas na opulência obesa de pequenas minorias “orgulhosamente sós”. A crise não está em haver falta de alimentos, mas na injustiça da posse, na iniquidade das leis da distribuição e comercialização, na sedução publicitária das marcas criadas para satisfazer necessidades de ostentação e luxo, na apetência desmedida que pretende alcançar e manter um padrão de vida superior às posses reguladas pela justiça equitativa. Há fome de pão, fome que “rói” o estômago, fome que prejudica o normal funcionamento da mente e leva à inanição, à morte. E esta não se soma por dezenas ou centenas, mas por muitos milhões. E esta está remetida ao silêncio “oficioso” enquanto outras são objecto de notícias constantes, de alertas públicos, de medidas de prevenção generalizada. Por que não atender a umas e a outras? As razões serão muitas, mas uma adquire especial relevância: a do vazio de valores éticos, a da anorexia espiritual, a da religião dos satisfeitos com os mínimos. Esta parece ser a realidade mais dura do mundo detentor dos alimentos, da riqueza, da obesidade e de tantas outras malformações consequentes. Há alimentos para todos. Não tem justificação ética a actual situação em qualquer parte do mundo. E ou se resolve a bem de uns e de outros ou tenderá a acentuar-se a desigualdade social com o cortejo de “anoréxicos” espirituais e de famintos reais, com o aumento dos que morrem por doenças de abundância egoísta e com o crescimento exponencial dos que são vítimas do esgotamento total das energias humanas. Isto é, a humanidade pressionada pelas circunstâncias tem de redescobrir a sua vocação original: reconhecer a dignidade de cada um, ser solidária, fazer chegar a todos o indispensável para uma vida digna. É lei da própria natureza, assumida pela ética cristã e pela moral económica: os bens estão ao serviço da vida. Não há contra-ordenação justificável. Em caso de extrema necessidade, tudo está permitido e pode ser recomendado. A procura de bens para sobreviver pode chegar a estes limites, como parece verificar-se na situação actual.
Georgino Rocha