quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

ALMOÇO DE NATAL

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Sede do Stella Maris, na Gafanha da Nazaré
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STELLA MARIS QUER CRESCER
NA VERTENTE CULTURAL
E SOCIAL
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O Clube Stella Maris está apostado em renovar-se e crescer na vertente cultural e social. O compromisso foi afirmado com toda a clareza pelo presidente da direcção da instituição que se dedica ao apostolado do mar, com sede na Gafanha da Nazaré.
No almoço de Natal que o Stella Maris ofereceu a mais de uma centena de pessoas carenciadas do concelho de Ílhavo, no dia 22 de Dezembro, Joaquim Simões realçou que embora a instituição que lidera há uns meses passe por dificuldades económicas, “a direcção não está falida”, por se encontrar animada e cheia de dinamismo, como provam as iniciativas recentes (ver CV de 29 de Novembro) e os projectos de renovação. Perante D. António Francisco, Bispo de Aveiro, e Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Joaquim Simões sublinhou que “o sector das pescas mudou”, exigindo que mude também “este equipamento que ao longo dos anos deu grande apoio ao homem do mar e da ria e às suas famílias”. “Com a diminuição dos barcos de pescas, hoje já não se recorre tanto ao Stella Maris. Há uns anos servíamos 100 refeições diárias; hoje servimos 20 a 25. Mas as despesas com pessoal são as mesmas”, disse.
Obras de renovação
O presidente da direcção referiu que o clube vai levar a cabo obras de renovação, de modo a poder ser “mais moderno” e dar “respostas com mais dinamismo”, e agradeceu o donativo de 4 000 euros da Câmara Municipal de Ílhavo.Justificando o subsídio à instituição, Ribau Esteves afirmou: “É um incentivo para que a tornem mais nossa e mais comunitária. A Câmara Municipal de Ílhavo tem o maior prazer em ser parceira de gente que gosta de fazer”. O autarca ilhavense, notando que era a primeira vez que o novo Bispo de Aveiro estava no concelho de Ílhavo, deu-lhe as boas vindas – “Sentimo-lo nosso”, disse – , pedindo a D. António Francisco que conte com a “boa gente de Ílhavo”. No final da refeição, antes da visita guiada às instalações do Stella Maris, D. António Francisco, agradeceu o trabalho “dedicado e generoso” e afirmou que é necessário “fazer desta instituição o que os seus fundadores para ela pensaram e delinearam”. Dirigindo-se aos autarcas de Ílhavo e a alguns responsáveis por instituições de solidariedade social que colaboraram no almoço, o Bispo de Aveiro afirmou: “Sempre que o bem está em causa, aí está a Igreja para colaborar convosco”.
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Fonte: Correio do Vouga

GDG: Juniores - época de ouro

De pé, da esquerda para a direita: Nelson, Djalma, Lombomeão, José Cruz, Teixeira e Jacob. Em baixo: Sizenando, José Nunes, Balacó, Amaro, Costa, Anselmo e Carlitos
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GRUPO DESPORTIVO
DA GAFANHA
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- Uns juniores de raça -
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Hoje veio-me às mãos uma antiga publicação comemorativa do 35º aniversário do Grupo Desportivo da Gafanha (GDG), vinda a lume em 1992. O clube foi fundado, com este nome, em 1957.
Nesta revista, em que colaborei com gosto, falou-se de uma equipa de Juniores e da sua época de ouro, em 1971/72. Venceu a zona C do campeonato distrital, derrotando grandes equipas. Nesse ano, e durante o apuramento, empatou em Águeda e em Aveiro, com o Beira-Mar, vencendo os restantes jogos.
Venceram depois o Paços de Brandão e no F.C. do Porto conheceram o gosto amargo da derrota. Porém, cheios de força, impuseram, no segundo jogo, uma derrota ao mesmo clube por 1 a 0. Os treinadores foram o primeiro sargento Amílcar e José Alberto.
Quem se lembra deste jogo?

GRUPO ETNOGRÁFICO DA GAFANHA DA NAZARÉ

Fundado em 3 de Setembro de 1983, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré é uma referência na cultura local, como se depreende da entrevista concedida pelo seu presidente, Alfredo Ferreira da Silva
Em dia de "Janeiras", Ferreira da Silva ao centro
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Grupo Etnográfico
da Gafanha da Nazaré:
23 anos de danças,
cantares e tradições
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Nestes 23 anos, qual tem sido a actividade do Grupo Etnográfico?
A actividade tem sido em torno da pesquisa das tradições desta terra, como a recolha de cânticos, danças, rezas e todas essas tradições. Começámos por fazer um festival por ano, temos tido algumas deslocações ao estrangeiro, como Espanha, França, Alemanha, Itália, Sicília, e também em Portugal, incluindo os Açores. A par da preservação, temos feito algumas exposições retratando a actividade desta terra, de há décadas atrás, algumas fixas, no salão da Junta de Freguesia, e outras móveis, uma delas por ocasião de um festival, em que também fizemos um cortejo com cinco carros exemplificativos de como se trabalhavam as artes desta terra. Tentamos cativar gente jovem para o grupo, para que os jovens não andem por aí. Recriámos também a Procissão da Senhora dos Navegantes na ria, que tem sido um espectáculo com uma adesão fantástica. Fazemos também, anualmente, um festival na Barra, em Agosto. Quando se começou a construir em altura aqui na Gafanha da Nazaré, e as pessoas começaram a vender as suas casas antigas para se construírem prédios, andámos pela freguesia à procura de uma casa antiga, do tipo gafanhoa, procurámos incentivar as pessoas a preservarem algumas dessas casas antiga, o que foi difícil, mas, ao fim de alguns anos, conseguimos arranjar uma, onde hoje está a Casa Museu Gafanhoa. Esta tem sido a nossa actividade. Somos uma associação sem fins lucrativos, de utilidade pública.
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Trabalho do jornalista Cardoso Ferreira
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Toda a entrevista no Diário de Aveiro

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

ANO NOVO
É muito difícil adivinhar o que se escondeu por detrás do rosto, traje e ritmo, na celebração da passagem de ano. Dos que partiram para longe e dos que ficaram. Dos que se ocultaram na agitação de anónimos em salas, praças, ruas e castelos de fantasia inventados para a circunstância. Tudo na escorregadia passagem do tempo que, à esquina, tanto promete e nada garante. Que será afinal um ano que passa, um número que muda e conduz à exaustão física, psicológica, económica, os agentes deste ritual complexo que a todos envolve e questiona? No momento de falar todos tartamudeiam os mesmos lugares comuns nos desideratos para um Ano Novo. Mas todos, possivelmente, encobrem um oceano de inquietações, anseios, procuras, incertezas, medos recônditos. Trata-se de espantar os monstros que podem surgir na neblina de cada novo minuto que o rodar do tempo transporta. Ninguém é dono do tempo e dos factos. As notícias escorrem, com uma sensualidade estranha, sobre os naufrágios, os acidentes de estrada, os fogos, os crimes, os cataclismos e as lágrimas de tantos fustigados pela dor. E sabemos que muitos dramas ficaram por dizer e muitas alegrias por contar. E tantos acontecimentos de festa e ternura tratados com o desprezo de causas insignificantes. O que dá importância à celebração dos acontecimentos e os transforma em liturgia é a sua capacidade de se projectarem para além do seu tempo real. E esse valor mede-se pela intensidade com que se vivem. A passagem de ano tem realmente um significado dentro de cada ser humano que experimenta a sua limitação de tempo e a sua incapacidade de controlar a história. Sempre no ímpeto irreprimível de felicidade. Há algo de transcendente dentro de cada ser como vocação de infinito que o leva a olhar o imediato como medida estreita para os horizontes que interiormente vislumbra. A chegada do Ano Novo parece-se muitas vezes, exteriormente, com um Carnaval selvagem e uma explosão celebrativa próxima da histeria. Mas esconde anseios no coração de cada ser que o remetem à sua vocação humana de infinito. As fronteiras do absurdo e do sublime confundem-se por vezes na complexa condição humana. Aos cristãos incumbe colocar o tempo, o espaço e divertimento no seu lugar certo. Com a força dum espírito que olha e celebra o longe.

DIA MUNDIAL DA PAZ - 1 DE JANEIRO

HOMILIA DO BISPO DE AVEIRO NA SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, E DIA MUNDIAL DA PAZ

PAI E MÃE
BERÇO DA VIDA
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"A coragem com que defendermos a vida; a lucidez com que mediarmos os conflitos; o caminho que percorrermos para aproximar os desavindos; a disponibilidade com que acolhermos quem nos procura; a capacidade de perdoarmos sem medida nem cálculos; o exercício da compaixão da reconciliação e da misericórdia; o gosto, o encanto e a alegria das bem-aventuranças; o ânimo evangelizador e o testemunho da generosidade e da fidelidade dos nossos sacerdotes, diáconos e consagrados; o exemplo das famílias cristãs, santuários de vida e comunidades de amor, em que se reflecte o rosto de um amor feliz e fecundo constituem um dom abençoado e insubstituível que a Igreja oferece à Humanidade. Só assim pode crescer no mundo “a árvore da paz”. No oceano imenso da necessidade e da urgência de paz, quer a Igreja de Aveiro respondendo ao apelo do Santo Padre nesta Mensagem “fazer-se ao largo”, com Deus ao leme, para que cada homem e mulher, cada idoso, jovem ou criança seja coração da paz e cada família, cada mãe e cada pai sejam sempre berço da vida, acolhida com generosidade tantas vezes heróica e com respeito sempre sagrado"
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Leia toda a homilia em ECCLESIA

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 1

ENCALHADO…
Caríssimo: Encalhei. Foi tudo muito certinho – tirando o avião que se atrasou. No mais, normalidade. Bem vejo as gaivotas, os corvos e até os pardais, pousados nos esguios ramos daquela árvore que ali se projecta no ceu cinzento. Adivinha-se a terra coberta por branco manto de gelo. A medo tento pôr um pé de fora e depois o outro. Mas o deslize é inevitável. Recolho. Há que esperar. * -Sabes, o bacalhau hoje está embrulhado… -Pois, acabaste de comer e logo te sentaste a ler e a escrever. Não pares, anda! -Ando?…Como?… Ando por onde? -Anda aqui para a minha beira e fica de pé enquanto passo a ferro… -!?! * Encalhei e agora, como dizem os Escoceses, “o tempo está mau; muito gelo; era preciso vento para vir neve; precisamos de muita neve”. Será que com ela a temperatura sobe e eu poderei sair? Para já o –3 graus é uma constante e dizem que até o gelo fica “preto” nas ruas e nos passeios… Entretanto vai olhando pelas janelas o Manuel Ainda a tempo:
1 - Surge o “TECENDO…” como resposta a um desafio. Veremos… 2 - Ao Ângelo e a todos os Amigos que vão conversando, fica a saudação amiga e grata.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

UM POEMA DE FERNANDO PESSOA

Barra: mar de Verão
Olhando o mar,
sonho sem ter de quê
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Olhando o mar, sonho sem ter de quê. Nada no mar, salvo o ser mar, se vê. Mas de se nada ver quanto a alma sonha! De que me servem a verdade e a fé? Ver claro! Quantos, que fatais erramos, Em ruas ou em estradas ou sob ramos, Temos esta certeza e sempre e em tudo Sonhamos e sonhamos e sonhamos. As árvores longínquas da floresta Parecem, por longínquas, 'star em festa. Quanto acontece porque se não vê! Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta. Se tive amores? Já não sei se os tive. Quem ontem fui já hoje em mim não vive. Bebe, que tudo é líquido e embriaga, E a vida morre enquanto o ser revive. Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser Motivos coloridos de morrer? Mas colhe rosas. Porque não colhê-las Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
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Publicação sugerida
pelo leitor José Lima Simões

IMAGENS DA GAFANHA DA NAZARÉ

FAROL DA BARRA
O Farol da Barra é, sem dúvida alguma, um ex-libris do concelho de Ílhavo. Localizado na Praia da Barra, Gafanha da Nazaré, por onde entram e saem os mais variados tipos de embarcações (pesca, turismo e transportes marítimos), é ponto de passagem obrigatória para quem vem até aqui, quer em viagem de férias quer de negócios, mas também para quem busca, com a visão do mar, uns momentos de stresse.
O nosso Farol suscita curiosidade, ou não fosse ele um dos mais altos da costa portuguesa. Daí que seja sempre ponto de focagem para quem gosta de levar recordações desta terra que o mar e a ria beijam por todos os lados. E com a vantagem de permitir ser fotografado de qualquer ângulo e a qualquer hora. Experimentem.
F.M.

DIA MUNDIAL DA PAZ

Mensagem de Bento XVI para a celebração do Dia Mundial da Paz
A PESSOA HUMANA,
CORAÇÃO DA PAZ
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"O dever de respeitar a dignidade de cada ser humano, em cuja natureza se reflecte a imagem do Criador, tem como consequência que não se possa dispor da pessoa arbitrariamente. Quem detém maior poder político, tecnológico, económico, não pode aproveitar disso para violar os direitos dos outros menos favorecidos. De facto, é sobre o respeito dos direitos de todos que se baseia a paz. Ciente disso, a Igreja faz-se paladina dos direitos fundamentais de cada pessoa. De modo particular, ela reivindica o respeito da vida e da liberdade religiosa de cada um. O respeito do direito à vida em todas as suas fases estabelece um ponto firme de importância decisiva: a vida é um dom de que o sujeito não tem completa disponibilidade. Igualmente, a afirmação do direito à liberdade religiosa põe o ser humano em relação com um Princípio transcendente que o furta ao arbítrio do homem. O direito à vida e à livre expressão da própria fé em Deus não está nas mãos do homem. A paz necessita que se estabeleça uma clara fronteira entre o que é disponível e o que não o é: assim se evitarão intromissões inaceitáveis naquele património de valores que é próprio do homem enquanto tal"
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Leia toda a mensagem em Ecclesia

domingo, 31 de dezembro de 2006

Ano Novo - Vida Nova - 2007


Logo mais, se Deus quiser, ao toque da meia-noite, saltamos para 2007. É um momento mágico que nos leva a desejar a quantos nos rodeiam um ano cheio de paz, saúde, amor e alegria. Tenho a certeza até de que todos formulamos estes votos de coração lavado, na ânsia, de facto, de vivermos um ano melhor do que o anterior. 
Olhando para trás, podemos constatar que cada ano tem coisas boas e coisas más. Os homens e mulheres deste mundo parece que nem todos conseguem aprender os caminhos da paz e da harmonia universais, teimando, alguns, em construir socalcos pedregosos que dificultam a marcha de quem sonha com uma sociedade de justiça e de fraternidade. 
Claro que não importa hoje lamuriar o que de menos bom nos aconteceu, porque o importante é assumir o esforço de lutar, pelos meios legítimos ao nosso alcance, para que toda a gente respire os ares do bem, do bom e do belo, com Deus sempre nos nossos horizontes. 
Com estes propósitos desejo a todos os meus leitores e amigos um 2007 muito melhor do que 2006. 

Fernando Martins

IMAGENS DA GAFANHA DA NAZARÉ

PARA VER MAIS LONGE
O mar sempre foi um desafio. Tanto para quem o conhece bem como para quem mal o conhece. Mas não há dúvida de que as autoridades continuam atentas a quem gosta de ver mais longe, para descobrir no mar imenso o que os olhos nus não vêem.
Na Praia da Barra, na Gafanha da Nazaré, este monóculo permite ver muito mais mar, a troco de uma simples moeda. Ao longe, muito ao longe, há sempre barcos que demandam outros portos e que nem se dão ao trabalho de dar uma voltinha pelas nossas praias, para os vermos melhor. Não nos interessa saber o que transportam, mas as silhuetas harmoniosas, mesmo vistas ao longe, têm sempre um encanto. Experimentem.
F. M.

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 46

QUE NOVAS CORES
NOS TRAZ S. SILVESTRE?
Caríssimo/a: E vamos para a noite última do ano, a noite de S. Silvestre. Traz-nos gratas recordações da nossa juventude e das brincadeiras que organizávamos (a reunião começou a ser na barbearia do Hortêncio e de lá se partia...) e levávamos a efeito durante essa noite. Também nos regozijávamos com as vitória dos nossos atletas nas corridas de S. Silvestre. Quer dizer, S. Silvestre há-de ser... Vamos buscar os livros: “Silvestre I foi Papa de Janeiro de 314 a 31 de dezembro de 335, durante o reinado do imperador romano Constantino I, que instaurou o cristianismo como religião do Estado. A sua autoridade foi eclipsada pela de Constantino, e não assistiu ao sínodo de Arles (314) nem ao Concílio de Niceia (325), convocados pelo imperador. Não obstante foi durante o seu pontificado que a autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram os primeiros monumentos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, e as primitivas basílicas de Roma (São João de Latrão e São Pedro), bem como das igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia em Constantinopla. Atribui-se em geral a conversão de Constantino a uma visão que terá tido antes da batalha da ponte de Milvius (312). Mas a tradição medieval, deu-nos outra interpretação : o imperador teria lepra incurável, e logo que Silvestre o baptizou por imersão numa piscina ficou imediatamente curado. Esta versão não tem fundamento, pois sabe-se que Constantino foi baptizado por Eusébio, bispo de Nicodemia. Silvestre I foi um dos primeiros santos canonizados sem ter sofrido o martírio. Festa em 31 de Dezembro.” Pronto, aqui fica a minha brincadeira deste ano que foi dar-vos a conhecer um Santo que durante anos e anos foi o protector dos nossos risos e das nossas malandrices. Certo é que talvez fosse o seu manto protector que nos levou sempre a brincar procurando o bem e afastava de nós as autoridades que nos buscavam nos momentos em que se viam ludibriadas. Mas, ... cala-te boca. Manuel

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Ano Velho, Ano Novo
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Ainda hoje, há zonas do mundo onde, na noite de passagem de ano, o que é velho ou considerado desnecessário e gasto é atirado pela janela, de tal modo que algumas ruas de grandes cidades ficam mesmo intransitáveis. Nesta noite, há festejos estrondosos, euforias e loucuras, e as sociedades permitem excessos no comer, no beber e até de ordem sexual. De algum modo, é como se tudo voltasse ao caos originário para que se refaça o cosmos. Como aconteceu no princípio. "Naquele tempo" - in illo tempore, o tempo das origens, o tempo sem tempo, o tempo mítico fundacional -, os deuses organizaram o caos, que se tornou cosmos e mundo (não é de cosmos que vem cosmética e a mundo não se contrapõe imundo?).
A noite de passagem de ano ritualiza, actualizando, o mito das origens. As sociedades precisam de dar lugar à expansão das forças caóticas, para que, em seguida, tudo regresse à ordem.
É o mito da renovação e, de algum modo, do eterno retorno: tudo vai e tudo volta.
Mas, na passagem do Ano Velho para o Ano Novo, há uma outra experiência funda e dramática. É por esta altura - Natal e Ano Novo - que de maneira especial nos lembramos dos familiares e dos amigos, e a família junta-se e, pelo menos, há um contacto telefónico, um postal de Boas-Festas, um SMS...
Mas, todos os anos, quando folheamos a agenda dos nomes, somos, de repente, confrontados com a falta deste e daquele, desta e daquela. Afinal, no ano passado, ainda cá estavam e agora já cá não estão. E alguns - os amigos - a falta que nos fazem! É como se - quem o disse de forma inultrapassável foi Santo Agostinho, ao escrever, nas Confissões, sobre o amigo que partira - uma parte de nós estivesse morta. Também morremos com eles. Sem eles, como a vida se empobreceu!
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Leia mais em DN

sábado, 30 de dezembro de 2006

PENA DE MORTE

PORTUGAL FOI O PRIMEIRO
PAÍS DA EUROPA
A ABOLIR A PENA DE MORTE
"Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos"
: Victor Hugo, 1876,
a propósito da abolição
da pena de morte em Portugal

CRIME POR CRIME

SADDAM FOI ENFORCADO
Como estava previsto, Saddam foi enforcado esta madrugada. Em nome da lei. Com leis como esta, em que crimes são pagos com outros crimes, à sombra de opções humanas, temos de reconhecer que a nossa civilização ainda tem muito que andar, para atingir um grau em que os homens e mulheres sejam dignificados. O homem, olhado no sentido lato, ainda está longe de respeitar a vida, em toda a sua plenitude. Não é com a morte, seja de quem for, que o ser humano cresce e honra a dignidade de filho do Criador. Não está em causa o criminoso que Saddam foi. Não está em causa a onda de crimes hediondos que perpetrou, com os genocídios que protagonizou. Não está em causa o terror que alimentou. Nada disso. Ele merecia ser castigado. Ele merecia ser retirado do seio dos homens e mulheres amantes da paz. Mas nunca pela pena de morte. Que as mortes, como as vidas, para um crente, são apenas da vontade de Deus. Eu penso que os castigos são legítimos para quem transgride as leis que regulam as relações entre as pessoas ou entre estas e a sociedade. Mas defendo que esses castigos devem preservar sempre a vida.
Saddam, que nunca manifestou arrependimento pelos crimes que cometeu, podia, mais tarde ou mais cedo, na prisão, tomar consciência dos males que causou a tanta gente, e partir daí para tomar atitudes que o dignificassem. Afinal, a justiça pôs termo a um eventual processo de arrependimento de um homem que deixou na história marcas horríveis de tirania, de frieza de sentimentos, de brutalidade contra gente indefesa. Mal vai a sociedade que, em pleno século XXI, não consegue abdicar da pena de morte. Fernando Martins

IMAGENS DE AVEIRO

Aveiro: Canal Central
VER A CIDADE
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Apetece-me sugerir hoje aos meus leitores que registem imagens da cidade. Uma simples compacta digital, como a que uso, permite guardar recordações do que vimos e gostámos. E do que gostamos.
Aveiro, com os seus espelhos de água, favorece as imagens. Quem há por aí que não fique extasiado com fotos como tantas que ponho no meu blogue? E não é legítimo pensar que as boas fotografias só estão ao alcance dos fotógrafos profissionais... Qualquer pessoa, com um mínimo de sensibilidade, poderá tirar fotografias... para mais tarde recordar.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

UM ARTIGO DE PACHECO PEREIRA

UM INTELECTUAL ORGÂNICO EUROPEU:
JOSEPH RATZINGER
(BENTO XVI)
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Olhando para 2006 com os olhos do fim do ano, pequena convenção do tempo, há uma figura intelectual que emerge da Europa, onde hoje elas não abundam: Joseph Ratzinger, o actual Papa Bento XVI. Não é tanto o Papa que me interessa em primeiro lugar, nem são motivos religiosos que me levam a destacar Ratzinger, mas sim o seu papel como intelectual na feitura da Europa como nós a conhecemos e do "Ocidente" como nós já não o conhecemos. Este tipo de aproximação a Ratzinger é provavelmente uma das que mais lhe desagradará, após uma vida a combater uma visão que considerará relativista e positivista e que acaba inevitavelmente por minimizar, na sua análise, o homem de fé que o padre, bispo, cardeal e agora Papa é sem dúvida. Ele próprio resumiu algumas das suas recusas em tomar determinadas posições com a afirmação definitiva: "Se o fizesse, não seria capaz de afirmar o Credo." Neste sítio, onde eu paro, começa Ratzinger.
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Leia mais em ABRUPTO

IMAGENS DE AVEIRO

PAINÉIS CERÂMICOS
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A vida vai obrigando toda a gente a correr. Isso mesmo verifico quando vou sem pressas a Aveiro. Que, é verdade, muitas vezes também lá vou a correr.
Mas quando vou sem ter que olhar para o relógio, é certo e sabido que sei e gosto de contemplar o belo que há em cada canto. Os panéis cerâmicos, que ornamentam alguns recantos outrora frios, sem expressão, são agora excelentes motivos para um visita à capital do Distrito.
Se puder, vá por lá um dia deste e confirme que eu tenho razão. A arte de artistas aveirenses de renome merece a nossa atenção.

JOVENS EM ZAGREB

40 000 jovens em Zagreb para o Encontro Europeu animado pela Comunidade de Taizé
Zagreb, na Croácia
UM CRISTIANISMO EM FESTA
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A cidade de Zagreb acolhe o 27º Encontro Europeu de Jovens promovido pela Comunidade de Taizé. De 28 de Dezembro de 2006 a 1 de Janeiro de 2007, a Croácia vai ver os rostos e as cores de um Cristianismo em festa. 40 000 jovens de toda a Europa e representantes de outros continentes são esperados na capital croata. Um dos momentos mais simbólicos acontece na noite de passagem de ano, quando os participantes, nas paróquias, promovem uma vigília de oração pela paz “em comunhão com os povos que sofrem”, seguida de uma “Festa dos povos”. À chegada cada um receberá, na sua língua, uma carta do irmão Alois, Prior de Taizé. Nesse texto, intitulado “Carta de Calcutá” (que se segue a um encontro de Taizé nesta cidade indiana, teve lugar em Outubro de 2006), o sucessor do irmão Roger escreve: “Os imensos problemas das nossas sociedades podem alimentar o derrotismo. Quando escolhemos amar, descobrimos um espaço de liberdade para criar um futuro para nós mesmos e para aqueles que nos são confiados”. Na carta do Ir. Alois, Prior da Comunidade de Taizé, destaca-se a necessidade de dar uma resposta concreta e cristã aos que “aspiram hoje a um futuro de paz, a uma humanidade livre das sombras da violência”. Aos jovens é lançado o desafio de fazer espalhar “por toda a Terra” uma “parábola de partilhas”, com o objectivo de “criar comunhão na família humana.”
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Fonte: ECCLESIA
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Nota: Quando tantos jovens se juntam, em ambiente ecuménico, para conviver e rezar, numa altura em que tantos outros vivem indiferentes à força do espírito, julgo que vale a pena pensar um pouco sobre esta realidade, ano após ano repetida num qualquer ponto do mundo, por iniciativa da Comunidade de Taizé.
A Comunidade de Taizé (localidade francesa) é de expressão inicial protestante, mas desde o princípio alimentou, de forma exemplar, o espírito ecuménico. Hoje, tem no seu seio cristãos de todas as tendências, numa demonstração clara de que, pela oração e abertura de coração (e não pelas altas teologias), é possível a convivência e a caminhada em comum de cristãos de todas as denominações.
Já não tenho idade nem condições para uma visita a Taizé, onde pudesse estar com cristãos de diversas correntes, para aí sentir a força da unidade em torno do mesmo Senhor. Mas se não posso ir, fisicamente, lá estarei com eles, durante este fim-de-semana, em Zagreb, para mostrar ao mundo que a paz entre todos os homens e mulheres de boa vontade é possível.

F.M.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

MUSEU DE ÍLHAVO

IMAGEM DA RIA
O Museu Marítimo de Ílhavo, dos mais notáveis no seu género, merece perfeitamente uma visita em dias de férias para alguns, como são os dias correntes. Tenho visto gente que anda por aí, quase sem programa, que bem podia aproveitar umas horinhas para visitar este Museu que retrata, com muita nitidez, o amor que os ílhavos têm ao mar e a tudo o que lhe diz respeito. Ali, podem descobrir facetas curiosas da nossa Ria, enriquecendo, por essa forma tão simples, o espírito.

GAFANHA ANTIGA

PORTO DE PESCA LONGÍNQUA
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Aqui fica mais uma foto da GAFANHA ANTIGA. Trata-se de uma Seca de Bacalhau de há décadas. Agora, pelo que sei, o bacalhau é seco em estufas, com temperaturas e humidades controladas, para sair no ponto. No ponto, quer dizer de acordo com os gostos dos portugueses, gostos esses criados há meio milénio. Que estas coisas não podem ser feitas à sorte.
Não sei em que ano foi tirada esta fotografia. Estava por aqui, por casa, perdida no meio de papelada. Penso que já a publiquei, mas não tive tempo de o confirmar. De qualquer forma, o registo é sempre importante, ou não fosse a quadra que atravessamos marcada por umas boas postas de bacalhau, com batatas e couves das terras gafanhoas, mais um ovinho cozido e uns dentes de alho, e tudo bem regado com azeite de qualidade. Claro que nunca falta um bom tinto (tinto, sim senhor, que faz bem ao coração, segundo dizem), mais boa broa.
Se querem um conselho de amigo, esta será uma excelente proposta para a passagem do ano. Há quem vá para outros pratos que nada trazem de novo. Cá por mim, juro que fico por este. No fim de contas, é o que me dá mais gosto saborear. Sempre.
F.M.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

GAFANHA ANTIGA

RESPOSTA A UM DESAFIO
Leitor que gosta de rever o passado desafiou-me a publicar fotos da GAFANHA ANTIGA. Para recomeçar (Já o fiz várias vezes), aqui vai uma foto, com uma informação e um desafio. Foi tirada na década de 40 do século passado. Dou um doce a que souber o nome destas mulheres e em que seca do bacalhau trabalhavam...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

NATAL - 22

CRISTO,
PALAVRA DE DEUS Antes de o mundo ser mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus. Desde sempre ele esteve com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada foi criado. Nele estava a vida, e essa vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a venceram. Só aquele que é a Palavra era a luz verdadeira, que alumia toda a humanidade, luz que apareceu neste mundo. Ele veio realmente ao mundo, mas o mundo não o reconheceu, apesar de ter sido criado por meio dele. Veio para o seu próprio povo, que não o quis receber. Mas àqueles que o receberam e acreditaram nele deu o privilégio de se tornarem filhos de Deus.
Do Evangelho de São João

domingo, 24 de dezembro de 2006

A melhor prenda de Natal

O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia. 
As prendas dos mais directos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau. Assim, receber quase três meses de uma só vez sempre será muito bom para que os trabalhadores bem comportados possam passar esta quadra mais folgadamente, costumava dizer o empresário, em jeito de quem gosta de mostrar a sua generosidade. Os outros, os que levam a vida a protestar, esses que aprendam a viver e para o ano logo se verá, sublinhava o Albano, quando alguém o criticava por só olhar para alguns. Agora, com a esposa, filhos e pai é que é mais complicado. 
Com os primeiros, porque ficam sempre descontentes e à espera de mais, e com o velho, internado num Lar da Terceira Idade, porque nunca reclama nada. Que está tudo bem, que os netos é que precisam, que há pobres a quem falta tudo, que há gente que passa fome, que há refugiados de guerra, que há imigrantes entre nós sem trabalho. Mas para ele, que tem cama, mesa e roupa lavada, nada mais é preciso, garantiu no ano passado ao Albano, quando lhe foi levar um livro como prenda de Natal. 
Um livro que o velho afinal nunca abriu. Olhos cansados, uma melancolia que o tem invadido, um gosto pela solidão que ninguém entende, diz a família a quem pergunta por ele. O pai do Albano, Alberto Ferreira, funcionário numa Repartição de Finanças durante uma vida, sempre foi uma pessoa amável e prestável. No fim da carreira, já ajudava a resolver problemas de filhos e netos de contribuintes que o viram entrar na repartição. Conhecia toda a gente e para todos os que se abeiravam dele tinha palavras amigas, entrecortadas pelas últimas anedotas políticas, de que era um exímio mas prudente coleccionador.

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 45

LENHA AMARELA? VERDEAVERMELHADAAZULADA?
Caríssimo/a:
“Em 1900 ainda era frequente
queimar à noite o cepo de Natal.”
Assim escreve o padre João Vieira Resende, na página 257, da “Monografia da Gafanha”. E quando muito se fala em “voltar às origens”, aqui deixo esta imagem de encantamento, como prolongamento da Ceia. Voltaremos a encontrar este “culto do fogo” lá mais para o Verão na inesquecível noite de S. João, quando meninos e moços, saltávamos a fogueira das palhas das favas que se guardavam. Mas fogo aconchegador era o que vomitava as chamas pela porta do forno, mudando as cores do barro das paredes para preparar a fornada do pão ou o assado do carneiro. Menos violento e mais próximo o que acariciava a panela que, nesta Noite, sempre esconderá alguma maravilha (quem sabe, talvez umas enguias...). E nós lá íamos atrás dessas chamas que subiam, desciam, se encolhiam, se retorciam, mudavam de cor, se extinguiam. Pegar no fogo, da bica ou do cavaco, era perigoso!... Onde o encanto do sopro quente que nos fazia proteger os olhos e defender a cara do calor? Uma boa Noite da Ceia! Feliz Natal! Manuel