sexta-feira, 24 de novembro de 2006

PROCURAR O MENINO

Um livro do jornalista Joaquim Franco
"UM MENINO
CHAMADO NATAL"
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"Um Menino chamado Natal" foi lançado ontem, 23 de Novembro, em Lisboa, e pretende “recuperar o verdadeiro sentido do Natal” – disse à Agência ECCLESIA Joaquim Franco, autor da obra projectada por duas editoras – Lucerna e Sociedade Bíblica – com uma mensagem de motivação ecuménica, vocacionada para toda a sociedade. Como existe uma mensagem sublime na narrativa do Natal – algo transversal ao Ser Humano – o “Natal é sempre o culminar de uma procura”. Neste caminho existem momentos que nos “confrontamos com a procura” e “há sempre momentos que temos de enfrentar dificuldades” – salientou o autor. Para recuperar o verdadeiro sentido da Natividade “nada melhor do que dar ao Menino que o explica o nome que se assinala” – sublinha. Um trabalho que reflecte também o labor jornalístico do autor. “Aqui está o Joaquim Franco que exerce jornalismo, mas também aquele que é pai e um filho” – disse. Apesar de faltar mais de um mês para a celebração do Natal, “o mistério da Natividade está inerente ao Ser Humano”. E acentua: “entranhou-se nas culturas que vão orientando a vida”. Há o risco de “banalizar o verdadeiro sentido do Natal cristão” até porque, actualmente, se vive mais o Natal da árvore e das luzes. E avança: “O Natal é muito mais que isso”. Com cerca de oitenta páginas, o livro divide-se em três partes: 33 presépios de todo o mundo (da colecção particular de Frei Lopes Morgado; da colecção Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata; Presépio oferecido pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat, ao Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio e um presépio desenhado pela pintora timorense Fátima Guterres para ilustrar um poema escrito, em 1999, em Timor-Leste), Textos bíblicos referentes à Natividade (praticamente todos do Novo Testamento) e textos de autor em vários estilos narrativos. “Três partes que se juntam num todo com o objectivo de fazer presente esta mensagem” – realçou Joaquim Franco.
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Fonte: Ecclesia
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Opiniões de contracapa
De um lado, um natal que se confunde com a vertigem ruidosa da azáfama e se esgota na celebração do consumo. Na outra margem, o convite para ouvir o anúncio da chegada do Messias de que é portador o espantoso mistério do Natal. Ler este livro é aceitar o convite da partilha desse mistério, seguindo a estrela de Belém como outros fizeram há dois mil anos.
Maria João Avillez
:: Na voracidade dos ponteiros do relógio e da sofreguidão comercial precoce, subjaz o nascimento de uma luz-guia. Apesar da longínqua memória bimilenar, a sua exemplar existência reserva-nos a esperança de contarmos com um critério maior: o do amor eterno ao próximo. A Nós.
Jorge Gabriel
:: Natal não é passado, não é data. Esta obra relembra-nos, na simplicidade da nossa linguagem, que o Natal é Presente em cada dia, é a vida continuada de Cristo em cada um de nós.
Fernando Santos
:: A singularidade do Presépio e a eternidade da sua mensagem actualizam-se, no presente, no choque da sua mensagem transformadora com a nossa vida superficial e materialista. Os textos bíblicos e as imagens que simbolicamente ilustram a frágil humanidade de Jesus são transfigurados pela poesia e pela arte em sinais que revelam a compaixão de Deus pela humanidade na sua surpreendente descida a este mundo.
Emília Nadal

TEMPORAL

CHEIAS EM AVEIRO
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Em 1938, o meu ano mais importante, os temporais encharcaram e assustaram Aveiro e suas gentes. Esta foto histórica mostra isso mesmo. Um transeunte ou morador aprecia as águas que inundaram a zona baixa da cidade dos canais. Mais adiante, um outro, talvez cagaréu de gema, tenta amedrontar a água com uma vassoura... É o belo horrível!!!
Só espero (esperamos) que por estes dias, com os temporais anunciados, não aconteça coisa semelhante. Em Aveiro e por outros lados do País.

Um poema de Cesário Verde

Avé-Maria
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes. E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção!
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Nota: Ontem ouvi o escritor multifacetado, tradutor renomado e eurodeputado Vasco Graça Moura falar de livros e de autores, numa entrevista na 2:. Aí, dando a sua opinião abalizada, considerou Cesário Verde, depois de Camões (que este é insuperável), o melhor poeta português. Por isso, mas não só por isso, aqui deixo um poema de Cesário, para quem gosta mesmo de poesia.
F.M.

NATAL MAIS SOLIDÁRIO

"Dar por um sorriso"
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Por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro, vai decorrer, na área do concelho, a campanha “Dar por um sorriso” . Trata-se de uma acção que procura sensibilizar a população para um Natal mais solidário, promovendo, até 11 de Dezembro, a recolha de roupa, brinquedos e material escolar, destinados a famílias carenciadas.
Os interessados em contribuir para esta campanha podem entregar as suas ofertas na Casa Municipal da Juventude de Aveiro, sita na Rua Engº Silvério Pereira da Silva (junto ao Mercado Manuel Firmino), entre as 9.30 e as 18 horas, de segunda a sexta-feira, até ao próximo dia 11.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Missão da Educação em Angola

Mafalda Frade
partilha testemunho
da realidade…
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"Parece que já estou cá há um mês, tal a quantidade de informação que absorvi ao longo destes dias. Ontem, dei por mim a dizer à minha mãe que a minha sobrinha mais nova devia estar enorme. Depois é que me lembrei de que a vi há pouco mais de dez dias... Enfim, é o que dá vir para um novo mundo.
Este é, de facto, um mundo novo. De Portugal tem a língua e pouco mais. O que mais chama a atenção é a pobreza gritante em que vive a maioria da população. Aqui mesmo em frente da Universidade, que fica em Viana, há um musseque (bairro pobre, uma autêntica favela) onde vivem sete mil pessoas. A estrada é de terra batida e as casas, embora sejam quase todas de tijolo, são muito pequenas. Todos os dias são construídas novas, pelas próprias pessoas que as habitam. Suponho que umas pequeninas casinhas que coexistem ao lado destas 'moradias' sejam casas-de-banho. Há também casas de chapa de zinco."
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Ler mais em CUFC

UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

ERROS QUE A NATUREZA
E O TEMPO NÃO PERDOAM
Parece claro que a melhor prática democrática, por si mesma, não cria valores novos, nem é critério definitivo de verdade. A democracia é uma maneira prática, com limitações, mas ainda assim a mais consensual, de dirimir questões e não empatar decisões, quer através da vontade directa expressa pelos cidadãos, quer por mediadores legalmente escolhidos, que se pressupõe desejarem servir a nação acima dos interesses partidários. Porém, a democracia não torna bom nem justo o que o não o é. Daí poder dizer-se, com fundamento, que nem tudo o que é legal é moral. Esta tensão sempre existiu entre o legal, ou seja o que a lei determina ou permite, e o moral e o ético, entendidos como o que corresponde à rectidão e à coerência dos comportamentos responsáveis confrontados com os princípios morais e éticos. Agora, porém, agudizou-se, porque não falta quem se arvore em moralista de uma moral de situação, que parece não ter outro fundamento além do que a cada um convém ou interessa em cada momento e circunstância. Não se aceitando valores universais, nem verdades objectivas, fica o campo a descoberto e à mercê dos semeadores do joio e da cizânia, e dos doutrinadores oportunistas, que o impedem de dar fruto e, a seu tempo, o transformam numa selva inabitável. Isto exige aos legisladores ordinários e aos cidadãos em geral quando são chamados a pronunciar-se sobre matérias que tocam situações de especial melindre e importância pública, que honestamente ponderem as razões dos seus actos e os resultados que ao longe se tornarão inevitáveis, ainda que ao perto parecem aceitáveis. O respeito que cada um nos merece num regime democrático pela sua opinião, livremente expressa, não nos permite nem nos obriga a dizer que tem total razão e que o diz é sempre certo. Milhões de opiniões não fazem uma verdade, embora não sejam precisas tantas para fazer uma lei. Somos todos livres de ter opiniões. Estas valem tanto mais, quanto mais respeitam e se inspiram em valores morais indispensáveis. É ainda mais assim quando se pretende viver em sociedade com paz, justiça e tolerância activa, frutos de um esforço diário para aceitar verdades e princípios, com os incómodos que o viver em comum sempre comporta. Legislar por força de emoções ou de promessas eleitorais é entregar-se ao efémero das soluções inconsistentes, tão variáveis como o tempo, ludibriando assim os interesses da comunidade no seu conjunto, para ceder à preocupação de agradar a uns e minimizar a falta pública de outros. Fica deste modo manifesta a falta de horizontes sociais e políticos e a incapacidade de antever as consequências dos actos praticados. Assim se entende o apelo dos bispos portugueses, fieis à sua missão socialmente humanizante, para que os eleitores não deixem de reflectir, serenamente, sobre o dom da vida e a responsabilidade do mesmo, na perspectiva de um referendo sobre o direito de destruir seres humano em gestação, para já só em algumas circunstâncias a acrescentar a outras já legisladas, sem que isso constitua crime. Trata-se de seres humanos indefesos no seio da mãe que os gerou, com o contributo normal de um pai que vergonhosamente se esconde e a quem de certo interessa uma tal lei permissiva. É este, concretamente, um acto moralmente inqualificável, que um moralismo fácil pretende camuflar chamando-lhe eufemisticamente “interrupção voluntária da gravidez”. Estamos perante um acto civilizacional de consequências imprevisíveis. Os que foram à frente e que servem de modelo cego aos nossos políticos, modelo que estes querem impor ao país, empenhando-se de modo tão pouco normal dadas as nossas necessidades e urgências, já começaram a ver que só a vida garante a vida, e que o respeito pelos outros não se traduz em canonizar os erros, mas em ajudar a superá-los.

ROTA DA LUZ

Fórum de Aveiro
Pedro Silva, presidente da Rota da Luz:
«Estamos numa região
que tem uma
originalidade mundial»
O presidente da Região de Turismo da Rota da Luz, Pedro Silva, faz o balanço do 1º Congresso Regional de Turismo, promovido pela Rota da Luz, e aborda temas como a certificação da qualidade desta região de turismo e o caminha que deve traçar para atrair mais visitantes
:: Que balanço faz do 1º Congresso Regional de Turismo, promovido pela Rota da Luz?
Os objectivos que foram definidos inicialmente estão assumidos e foram ultrapassados. O primeiro desses objectivos, que era o do permitir às pessoas, aos agentes e operadores de turismo conhecerem-se e encontrarem complementaridades de trabalho e até cumplicidades, foi atingido. Isso foi conseguido não só durante as sessões, mas também no exterior, nos momentos de contacto directo entre eles. Isso significa claramente que iremos trabalhar todos juntos, o que era, talvez, um dos principais óbices que havia. Um segundo aspecto dizia respeito aos oradores, os quais teceram um conjunto de considerações sobre esta nossa região, de acordo ou com os seus objectivos particulares ou com a transversalidade do tema, o que releva numa lista de trabalho que daqui sai e que agora nós, região de turismo, vamos ter que agregar, de acordo com esta lista e com este levantamento de necessidades de intervenção, chamando os agentes e os vários actores para darmos resposta a cada um dos itens levantados e, assim, podermos caminhar naquilo que será o progresso da região.
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Entrevista conduzida pelo jornalista Cardoso Ferreira
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Leia mais em Diário de Aveiro

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

LAVAR OS OLHOS

Nada tem um ângulo único. Tudo pode ser visto de outro modo, observado com outro olhar, interpretado com outro código. Dizemos, para nos entendermos, que o mundo não é a preto e branco. (Diz-se até, para complicar, que uma foto a preto e branco revela melhor a alma dum rosto). Mas não podemos reduzir o planeta à nossa pequena casa, nem encarcerar os séculos nos estreitos minutos das nossas vidas. Depois, há pessoas cuja vida é olhar o mundo, as coisas, a gente, os acontecimentos. Contam e cantam, escrevem e dizem os tons e os sons das realidades e das fantasias, dos projectos e frustrações, dos amores e amuos. Espelham e espalham acontecimentos, fazendo chegar ao resto do mundo por jornais, letras e satélites, a sua forma de ler as cartas da vida que a transparência das comunicações favorece. Os pontos cardeais deixam de ser em cruz e aconchegam-se a uma intimidade de família humana próxima, como que à lareira, a contar e ouvir as mesmas histórias. É a nossa condição humana, peregrinos nesta travessia constante que nos faz conhecer e amar o próximo e o distante. E também azedar com os dissabores da vida e as desistências de projectos nunca alcançados à mistura com erros teimosamente repetidos. Assim nos perdemos em desencantos, quase não consentindo o vislumbre da esperança sobre o tempo e a própria eternidade. Por isso o mundo se narra, quantas vezes, nos seus destaques de contra -luz tirando mais prazer do turvo que da clara transparência da alegria. Cada um vê o mundo como quer. Conta-o como entende. Mas a nossa vocação é mais alta que as nossas histórias mesquinhas. E os narradores da vida, jornalistas do quotidiano e do imperecível, têm obrigação de se não fechar no ângulo apertado do medo e do desamor. Para se ver bem o que quer que seja é preciso ter os olhos lavados. E felizes os que se comprazem em espalhar boas notícias.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

IGREJA NA TURQUIA

CRISTÃOS SÃO VÍTIMAS
DE ATAQUES FUNDAMENTALISTAS
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A "Fundação Ajuda à Igreja que Sofre" constatou que os cristãos na Turquia não têm hoje acesso aos meios de comunicação social, sentin-do-se cada vez mais iso-lados na sociedade. As di-versas comunidades cristãs (ortodoxa, católica-caldeia, católica-arménia e sírio-católica) sentem-se impo-tentes perante as campanhas de difamação de que estão a ser alvo e indefesas face ao aumento dos ataques fun-damentalistas a padres e fiéis.
Apesar das reformas legislativas introduzidas entre 1924 e 1957, que conduziram à transformação daquele país num Estado laico moderno, com a extinção dos tribunais islâmicos e a atribuição do direito de voto às mulheres, a verdade é que a sociedade continua marcada pelo fundamentalismo islâmico, segundo afirma aquela fundação.
Isto significa que os entraves para a entrada da Turquia na UE vão continuar, até que aquela nação, onde no séc. I o apóstolo Paulo pregou o cristianismo, se assuma verdadeiramente democrática e respeitadora da liberdade religiosa para todos os seus membros.
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Fonte: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

UM POEMA DE CAMÕES

Amor é fogo
que arde sem se ver
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Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME

A NOSSA COLABORAÇÃO
É INDISPENSÁVEL
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No próximo fim-de-semana, o Banco Alimentar Contra a Fome vai proceder a mais uma recolha de alimentos junto das grandes superfícies comerciais e supermercados, um pouco por todo o País. Também na região de Aveiro, obviamente. Isto significa que o Banco Alimentar precisa da nossa indispensável colaboração.
Todos sabemos que esta instituição, desde a primeira hora compreendida e amada pelos portugueses, contribui, durante todo o ano, para que milhares de pessoas possam ter que comer no dia a dia. Serve-se, para isso, de muitas e diversificadas instituições que estão mais em contacto com as pessoas, conhecendo, assim, quem mais precisa de ajuda, em tempos de tanta abundância para alguns e de tanta fome para muitos mais.
Nesta campanha, o Banco Alimentar Contra a Fome precisa de receber muitos alimentos não perecíveis a curto prazo, sobretudo leite, óleo, azeite, enlatados, feijão, grão e bolachas. Mas também recebe outros bens e até ofertas em dinheiro. O que é preciso é que as pessoas generosas reconheçam a urgência de contribuir, para que muitos possam vir a beneficiar de ajuda.
Recorde-se que, em 2005, os dez Bancos Alimentares distribuíram um total de 17 704 toneladas de alimentos, através de 1048 instituições portuguesas.

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Mais filosofia,
menos (anti)depressivos
1. A forma de viver acelerada deste nosso “tempo ocidental” tem trazido consigo inúmeras consequências para a saúde pessoal (e por isso) social de espírito, saúde esta que se quer sempre fresca, estimulante, criativa, repleta de horizontes que saibam redescobrir continuamente a paz (mesmo no meio da tempestade). Mas a prática é bem diferente; são hoje inúmeras as causas que levam a números dramáticos da recorrência – em excesso – ao antidepressivo como forma de ir (sobre)vivendo na gestão complicada da vida. Será isto “viver”?! E o caso agrava-se ainda mais quando na agenda não há tempo nem sabedoria sobre este olhar para si mesmo na busca de uma “estima” serena; fica mais difícil ainda quando menos se reinventam os tempos de paz, de reequilíbrio, no desporto, numa caminhada, no horizonte do sentido da vida que na dimensão da Religião (re-ligação) promove a dignidade de humana a divina, buscando uma harmonia que assim refresque a própria existência e faça ver na “noite” mais escura dos problemas a luz da “esperança luminosa” que pode brilhar. 2. Ou seja: parece que cada vez mais, e quantas mais “coisas tecnológicas” as mãos tiverem mais será importante este sublinhar, a vida é um imperioso desafio a saber situar-se diante de tudo o que existe e a buscar uma harmonia equilibrada para a própria vida. Lendo a história que nos precede, apercebemo-nos que o viver das sociedades ao longo dos séculos têm os seus percursos que vão criando as formas de estar na vida; e tudo é pensado, premeditado, idealizado, mesmo o próprio “afastamento” das ideias, dos sonhos, dos ideais. É, talvez, este o terreno complexo da sociedade presente; por conjunturas e/ou preconceitos, tendo rejeitado a Religião (esta sempre nostálgica, que também “teima” em não saber acompanhar a contemporaneidade) como ponte suprema de sentido do SER, da vida encontrado no Absoluto de Deus, e tendo afastado também já a Filosofia como procura inquietante da Verdade para a Humanidade, está, a sociedade desta globalização do Século XXI, rendida às coisas e tecnologias, por isso dando ainda mais Valor ao TER, esquecendo o que o essencial continua a ser “invisível aos olhos”. E depois admiramo-nos da crise da Ética! Ou então daquela jovem modelo brasileira anoréxica que, de tão leve pela procura da elegância da moda, falecera há dias. Não nos admiremos, pois é isto que as referências actuais – cada vez menos pensantes - permitem e constroem. 3. Vêm a propósito estas ideias escritas no contexto da oportuna e “irreverente” obra daquele homem que se apercebeu que a filosofia, o habituar a pensar, o trabalhar a mente (coisa que os orientais sabem bem mais que nós) poderá ser um potencial de transformação da própria vida. Felizmente que alguém com esta grandeza aventurou-se a tamanha obra. Ele (que esteve em Portugal há dias) inaugurou o conceito de “Consultas de Filosofia” que dá, procurando seguir a luz da filosofia ao longo dos séculos na sua aplicação às questões do (vazio no) mundo contemporâneo. Lou MARINOFF, professor em Nova York especializado em Filosofia (pioneiro do movimento da prática filosófica e Presidente da APPA – American Philosophical Practitioners Association) é autor da obra de referência, com o título: “MAIS PLATÃO, MENO PROZAC!” Trata-se de um trabalho que não é um fim si mesmo, mas um forte estímulo (de divulgação) a ser revalorizado todo o património da sabedoria que nos conduziu ao presente. É que quanto mais a superficialidade inundar de vazio o ser humano menos qualidade de sentir, estar, pensar e gerir existirá. 4. Por outras palavras, sem “filosofia de vida” não se irá a lado nenhum, sendo o caminho um à deriva sem referências que valham a pena. Quem sabe um dia os estudantes façam uma manifestação pedindo: “Queremos educação filosófica!” Quem sabe se muitas depressões futuras seriam afastadas pela habilidade encontrada em gerir o pensar, a vida, o ser profundo. É importante demais o habituar a pensar para haver tão pouco tempo lectivo dedicado ao SER DA PESSOA. É que por traz de qualquer técnico há sempre uma pessoa, e, sabemos, quanto mais pessoa for melhor profissional será. Também, valerá a pena referir que a própria filosofia é um caminho de busca; esta deverá, na sua maior elevação, criar ponte para o Absoluto (que por sua vez deve procurar a sua personalização mais sublime). Como nos diz Eduardo Lourenço, “as religiões são as tentativas de resposta, as mais subtis e sublimes que os homens foram capazes de imaginar, para converter a necessidade e o destino, a violência e o mal em existência que salva e liberta.” (Eduardo LOURENÇO (1998). Religião – Religiões – Laicidade, in Europa e Cultura, Ed. Fundação Calouste Gublenkian, Lisboa 1998, pág. 13.) 5. Queremos conhecer a PESSOA que há em nós e subir nas nossas possibilidades de ser, pensar e agir (ou basta umas compras com stress, a TV, o telemóvel e a Internet)?! Todo o futuro (especialmente dos mais novos) começa agora; pensá-lo já é transformá-lo! Será mais Natal!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

BLOGOSFERA

PRAGA DOS ANÓNIMOS
Os protestos contra os anónimos que encharcam a blogosfera são pertinentes. À sombra dessa máscara, têm-se multiplicado, como bolas de neve, as difamações e as acusações infundadas contra personalidades impolutas. E pelo que se adivinha, será difícil chamar à pedra essa gente sem princípios que se esconde sem coragem para assumir as suas atitudes. Sempre aqui disse que as críticas, sugestões e achegas são bem-vindas, pedindo a todos que assinassem os seus escritos, com coragem e com amizade franca. Mas nem todos assim procedem. Porquê? Tanto quanto sei, alguns porque ainda não aprenderam a lidar com as técnicas, aliás simples, de enviar comentários; outros porque, talvez, têm medo de ser mal interpretados. Há os que usam iniciais, nomes que desconheço e alguns que, pura e simplesmente, gostam de ficar na sombra. Isto mesmo já me tem obrigado a cancelar a entrada de comentários, mas julgo que não é a melhor forma de estar na blogosfera. Peço, então, a todos os meus amigos e leitores o favor de assinarem os seus comentários, de forma clara. Obrigado. F.M.

domingo, 19 de novembro de 2006

LIVROS

CADA DIA HÁ MAIS 50 LIVROS
O semanário "SOL" noticiou ontem que em cada dia são publicados em Portugal 50 livros. No ano passado entraram nos escaparates das livrarias 16 mil títulos, quase o triplo de há dez anos.
Ao contrário do que se tem dito, afinal publica-se bem no nosso País, havendo assim literatura para toda a gente e para todos os gostos. O que importa, a meu ver, é que se estimule o gosto pela leitura, levando os portugueses a ler mais e a ler o que é bom.
Apesar de se publicar bem em Portugal, penso que isso não será o suficiente para deixarmos os últimos lugares, a nível europeu , na tabela de leitores. Há, por isso, um longo caminho a percorrer, com a colaboração das famílias, escolas e outras instituições.
É conhecida a importância da leitura como fonte de saberes. Sem leitura, ficamos mais pobres e com ideias limitadas do mundo. Por outro lado, importa saber escolher os bons livros, tendo em atenção as críticas dos entendidos e os conselhos dos mais informados a este nível. É que há livros que são pura perda de tempo, apesar das suas grandes tiragens, enquanto outros, de muito mais valor, ficam esquecidos nas prateleiras das livrarias.
F.M.

QUESTÕES DE EDUCAÇÃO

Afirmou Júlio Pedrosa, Presidente do Conselho Nacional da Educação
Eliminar as «calamidades»
na educação
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No âmbito do debate naci-onal sobre a educação, o Conselho Nacional da Educação (CNE) organizou um seminário sobre “Equi-dade na Educação: preven-ção de Riscos Educativos”.
Em declarações à Agência ECCLESIA Júlio Pedrosa, Presidente da CNE, subli-nhou que é fundamental “uma maior capacidade de integração das diferentes competências e programas existentes no terreno”.
Com a pluralidade étnica existente nas escolas e o aumento do insucesso escolar, Júlio Pedrosa afirma também que como estas realidades são locais “é fulcral envolver todos os agentes e instrumentos que no terreno têm responsabilidade de lidarem com estas questões”. E avança: “olhar também para estes problemas mais cedo”. Os participantes destes seminário apelaram ainda para a “criação de oportunidades mais frequentes para encontro destes diferentes actores”. O trabalho em rede poderá ajudar a limitar estes riscos educativos. “Só assim os programas encontram destinatários que estão ao alcance de diferentes pessoas.” Num país tão “carente de trabalho continuado”, todos os actores “são poucos” para responderem aos problemas existentes. Certamente, as instituições – “como a Escola Católica” - que tenham condições “devem mobilizar-se para responder de forma mais efectiva” – salientou o presidente do CNE. E avança: “é uma certa calamidade que nós temos em alguns territórios do país”. A Escola Católica, que conhece estas realidades e “tem associadas comunidades sensíveis a estas realidades sociais poderá dar um certo contributo” – afirma. Nesta iniciativa apresentou-se também um estudo – apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian – sobre uma área do Porto (Campanhã e Bairro do Lagarteiro) onde “há contextos sociais difíceis que geram um grande abandono escolar e situações de vida das crianças que conduzem ao risco”- frisou Júlio Pedrosa. Com este tipo de trabalho, “adquirimos uma percepção - muitas vezes não existe – que há muitas crianças que abandonam e não são visíveis”. Perante estes casos é fundamental continuar a procurar instrumentos para lidar com estas situações. “Estratégias pedagógicas e formas de tratamento com a diversidade existente na sala de aula” – disse Júlio Pedrosa. E acrescenta: “De tal forma que as crianças com diferentes condições de aprendizagem possam ser levadas o mais longe possível”.
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Fonte: Ecclesia

IMAGENS DE AVEIRO

RUA DIREITA... MUITO TORTA
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Penso que em cada cidade há uma Rua Direita, muito torta. Em Aveiro também. Diz-se que se chama assim por nos conduzir mais depressa ao centro. Pode ser...
Um dia destes andei pela Rua Direita da cidade dos canais. A cidade da minha infância e juventude, onde estudei, e da minha idade adulta, onde desempenhei tarefas diversas.
Quando lá vou, com frequência, recordo sempre pessoas e recantos que me fazem reviver casos e pessoas. E confesso que é bom correr o tempo desde a infância até agora, de que guardo indeléveis momentos de satisfação interior.
Na Rua Direita cruzei-me com muita gente conhecida... Os nomes já me escapam, mas os seus rostos são-me familiares e dizem-me qualquer coisa....
Há anos, quando ia a Aveiro, fazia-o, normalmente, por deveres profissionais. Agora vou lá sem pressas, sem programa, sem objectivos muito bem definidos. E talvez por isso, vejo muito mais: gente que passa, exposições que nos convidam a entrar, edifícios com história, estabelecimentos modernos, casas em ruínas, flores nas varandas, ovos moles que apetece saborear, eu sei lá que mais!
Hoje aqui deixo o desafio a andar pela cidade sem rumo certo. Hão-de ver que sabe bem!
Fernando Martins

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

A mentira da morte
e a morte da mentira
Terminou ontem no Porto um colóquio sobre "O Homem e a(s) Mentira(s)". Coube-me falar sobre o tema em epígrafe.
Afinal, quem mente: a morte ou o Homem?
Ninguém sabe o que é morrer. Mesmo que tenhamos visto alguém morrer, foi de fora. Vimos alguém ainda vivo. Depois, é uma ausência.
Ninguém sabe o que é estar morto. O que é estar morto para o próprio morto?
Dizer, perante o cadáver do pai, da mãe, do amigo, da amiga, do filho, da filha, do irmão, da irmã: o meu pai está aqui morto, a minha mãe está aqui morta, o meu amigo, a minha amiga, o meu filho, a minha filha, o meu irmão, a minha irmã está aqui morto, está aqui morta, não tem sentido, pois o que falta é precisamente o sujeito. Eles não estão ali. Se estivessem, não estavam mortos. Onde estão então? Há aquela pergunta infinita que Tolstoi coloca na boca de Ivan Ilitch moribundo: onde é que eu estarei, quando cá já não estiver?
Dizer que os levamos à sua última morada é outro contra-senso da linguagem. Quem é que se atreveria a enterrar ou a cremar o pai, a mãe, o filho, a filha, o amigo, a amiga, o irmão, a irmã?
E também não faz sentido afirmar que vamos ao cemitério vê-los. Nos cemitérios, com excepção dos vivos que lá vão, não há ninguém.
Mas então o que há nos cemitérios, para que a sua profanação seja, em todas as culturas, um crime hediondo? Há a memória. Mas o que sobretudo há é o que nos faz homens: um in-finito ponto de interrogação, que vem ao nosso encontro como pergunta in-finita: o que é ser Homem?; porque é que há algo e não nada? A morte coloca-nos perante o abismo do nada. E o que é que se diz sobre o nada?
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GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 40

OS CARTÕES TÊM COR?
Caríssimo/a: “Anos de Cristo!” “Biscoito!” “Cadeira de S. Pedro!”
E os números vão saindo da saca... Os rapazes, sentados à volta na eira, com os cartões desbotados à sua frente, fazemos as marcações com pedrinhas que foram sendo guardadas nos bolsos das calças. Quando alguém do lado dá alguma sugestão ou ajuda, a reprimenda sai de jacto: - Não fales que dá azar! Só se ouve a voz do 'cantador' que atira um número de cada vez:
“A conta que Deus fez!” “Palitos da Areosa” “Cuidado qu'o burro arrebenta!” Foi precisamente este número, o 40 (será que estava nos meus cartões?), que me recordou este jogo que tantas tardes nos ocupou nos recantos mais sossegados. Já não me lembro de quem eram os cartões, nem tão pouco as suas cores se me apresentam, tão desvanecidas elas estavam, agora o que me vem logo à ideia era a pergunta que fazíamos: - Quarenta: “cuidado que o burro arrebenta”! E então o noventa? E todos os outros 'entas'? A cantilena dos números é assaz curiosa e remete-nos para a forte tradição religiosa, para cenas da vida real e factos ocorridos com o seu quê de pícaro ou mesmo picante. Mas a nossa dúvida vinha só na facilidade com que o 40 rebentava o animal! Agora aqui sentado até acho fácil a solução (será solução? será fácil?). Não terá a ver com os 'quarenta dias que Jesus passou no deserto'? Ou melhor, com os 'quarenta anos que Moisés levou a atravessar o deserto'? Enormidade, duração desconhecida e sempre a apontar muito, muito tempo... Nestas buscas pelos dicionários até houve um que me mostrou uma curiosidade que partilho: “nas línguas persa e turca, a 'centopeia' é chamada 'quarentopeia'! Sabias que eu não sabia? XUI! Manuel

sábado, 18 de novembro de 2006

SÍMBOLOS DE NATAL

O MENINO JESUS
FOI UM MARCO
DA NOSSA CIVILIZAÇÃO
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Hugo Chávez, presidente da Venezuela, disse, há dias, que não queria nos departamentos públicos símbolos de Natal que nada tivessem a ver com as tradições do país. Excluía, assim, os Pais Natais, que foram uma criação dum célebre refrigerante americano. Quer, por isso, que os enfeites de Natal andem à volta do Menino Jesus. Não sou contra proibições deste género, que podem ser um desafio à desobediência das pessoas, virando-se o feitiço contra o feiticeiro. Mas sou a favor de uma pedagogia que leve as pessoas a pensar um pouco. De facto, a nossa sociedade, marcada pelo consumo, impôs por todo o lado o velhinho de vermelho, com a sua história de oferecer prendas aos meninos na quadra natalícia. Nada tenho contra a publicidade que se serve das armas que entender para vender os seus produtos. Mas acho que a nossa sociedade não devia descurar os símbolos natalícios, com o Menino Jesus a envolver-nos, com toda a sua ternura, no Natal que se avizinha. Ao lado dos comerciantes que se agarram ao que faz vender mais prendas, penso que nós, sobretudo nas nossas casas, podíamos e devíamos utilizar enfeites que nada tivessem a ver com o Pai Natal, mas sim com o Menino Jesus, que foi um marco da nossa civilização. Fernando Martins

UM ARTIGO DE FRANCISCO SARSFIELD CABRAL NO DN

CIENTISMO NÃO É CIÊNCIA
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"O cristianismo não implica um conflito inevitável entre a fé sobrenatural e o progresso científico." Estas palavras do Papa Bento XVI, pronunciadas na semana passada, passaram despercebidas entre nós. Não parecem trazer novidade, até porque o actual Papa tem repetidamente valorizado a racionalidade humana, em particular a de raiz grega, enquanto património da própria mensagem cristã. Só que no passado Verão levantou-se algum alvoroço em torno de uma eventual rejeição, pela Igreja Católica, da teoria da evolução de Darwin. Bento XVI reunira em Castelgandolfo, a sua residência de Verão, alguns antigos alunos para, com a ajuda de peritos, debaterem o tema "evolução e criação". Ora um artigo do cardeal de Viena no The New York Times em Julho de 2005 e duas declarações de Joseph Ratzinger nesse mesmo ano haviam levantado suspeitas de que a Igreja Católica poderia vir a reabrir um conflito com o evolucionismo de Darwin. Conflito muito aceso nos Estados Unidos, mas por parte de algumas igrejas protestantes, que reclamam a proibição do ensino das teorias de Darwin nas escolas ou, pelo menos, querem o ensino simultâneo do "criacionismo".
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