quinta-feira, 12 de outubro de 2006

JACINTA NO AVEIRENSE

UMA VOZ LUSITANA

QUE SE PROJECTA

PARA LARGOS VOOS

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A cantora de Jazz Jacinta, uma gafanhoa na senda da fama, actuou ontem no Aveirense, com casa cheia. Familiares, amigos e admiradores aplaudiram a artista de voz rara, uma voz lusitana que se projecta para largos voos.

Jacinta encheu o palco com a sua alegria, com a sua arte e com uma segurança enorme. Começou serenamente, como que para aquecer a voz, de timbre único e expressivo, e logo começou a crescer e a merecer os aplausos calorosos do público, sempre bem acompanhada pelos músicos que a completam nesta digressão pelo País. Músicos que estabelecem com a cantora um diálogo intenso, em desafios estimulantes que emprestaram ao concerto momentos únicos.

Foi um espectáculo para quem gosta de música, da boa música que nos enche a alma e nos conduz aos limites da beleza. A sua voz, perfeito instrumento musical, mostrou-se na sua plenitude e é um convite permanente para a termos connosco, nas nossas casas, em momentos de intimidade.

Hoje, voltarei a ouvi-la, graças à tecnologia que nos dá, no dia-a-dia, horas inesquecíveis de música, outrora apenas experimentadas nas salas dos concertos.

Jacinta é para se ouvir com frequência, numa busca constante da arte que a anima, na procura metódica das suas qualidades vocais, na apreciação da sensiblidade com que mostra famosos intérpretes, na leitura melódica do que canta.

F.M.

Um artigo de D. António Marcelino

O APAGAR DA MEMÓRIA


A memória, porque nela se guarda o repositório da história vivida, com êxitos e fracassos, fidelidade e desvios, é uma faculdade indispensável e do maior interesse em relação ao presente e futuro das pessoas e da sociedade. Os que, a pretexto de serem doutos e actuais, a baniram ou dispensaram no processo educativo ou mesmo no seu dia a dia, poderão ver o malogro em que caíram. 
A revolução de Abril, para além do que trouxe de bem, escreveu, também, pela acção imediata e impensada de alguns dos seus mentores e executores, uma página triste e lamentável, ao apagar a memória de séculos de história. Numa euforia emocional queimaram-se livros e documentos, apagaram-se sinais, implementaram-se projectos, exorcizaram-se factos. Assim se empobreceram os mais novos na sua formação e aos mais velhos se retiraram importantes referências. 
Recordo, como nos fins de 1975, numa escola primária que pude visitar na zona de Alcobaça, ao falar às crianças, por qualquer razão de momento, da importância da história, a professora interrompeu-me, com a autoridade de mestra sabedora, para dizer que isso de estudar história era uma perda de tempo. Agora só se falava, dizia ela, de coisas passadas há mais tempo se houvesse na região algum monumento famoso que o justificasse. Se não houvesse, não fazia falta e era perder tempo. Tal qual assim. Menos mal que alunos presentes viviam na zona de um grande monumento. Pena ser um mosteiro frades, mas era o que havia… 
Vejo agora, com interesse, que nasceu uma associação com nomes sonantes, empenhada em que não se apague a memória. Mas qual? A do fascismo salazarista, com todos os horrores das prisões, perseguições, pides, tarrafais e caxias… É preciso que as gerações jovens, de hoje e de amanhã, saibam o que durante quarenta anos de travas se passou em Portugal, para se prevenirem de desvios futuros. Tudo bem. Mas Portugal não começou como nação, nem como país, na década de trinta do século XX, nem em Abril de 1974. Parece, porém, não haver igual solicitude para defender a memória de uma história nacional, longa de séculos, com grandes portugueses como protagonistas e em que aconteceram muitas coisas boas e outras menos boas, que é preciso não esquecer. 
A história não é mestra da vida só quando nos traz factos do nosso agrado ou colados a uma ideologia que nos é querida e simpática. História é história e há que saber lê-la sem preconceitos, para que nos possa ensinar transmitir não apenas cultura, mas também valores e sentido para a vida. Ora vê-se um apagamento programado de valores e uma ignorância crassa de pessoas e de acontecimentos que nos empobrecem cada vez mais.. 
Assiste-se à destruição de instituições, como a família, que constituíram e constituem a fibra resistente do tecido social e humano. Assistimos ao esvaziamento humano e relacional da escola, espaço e tempo indispensáveis como alfobre das gerações que deram alma ao país. Ridiculariza-se o conceito de Pátria, destruindo laços de esperança e de compromisso social. Faz-se contraponto desafinado à acção secular da Igreja, que ainda ninguém igualou na sua diária e decisiva missão humanizadora e espiritual. 
Salvo melhor e mais justificada opinião, tudo isto comporta uma memória que não se pode apagar e é preciso avivar, para que a comunidade tenha alma e alargue os horizontes do saber e do viver. O apagamento da memória, tal como a memória curta, empobrece sempre. Normalmente andam atrelados a interesses que denunciam mais teimosia que sabedoria, e só persistem mais tempo se o vento da história sopra a favor. Mas, até o vento muda…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

UM POEMA DE ORLANDO FIGUEIREDO

SE MORRER Se morrer num dia de chuva cantai a chuva Se morrer num dia de sol cantai o sol cantai as nuvens as estrelas cantai cantai Se morrer e houver luar fazei do mundo uma planície verdejante com estrelas penduradas nas árvores todas as manhãs

PONTE DA GAFANHA

QUEM SE LEMBRA
DA ANTIGA PONTE?
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Quem se lembra da antiga ponte da Gafanha, que nos ligava a Aveiro? E do que a circundava? Quem se lembra de caminhar por ela, sentindo-a tremer toda com a passagem de um ou outro carro mais pesado? Quem se lembra de ter de sair do autocarro, passar a pé, para depois voltar a entrar no mesmo ou noutro autocarro, porque o peso de tudo era muito?
Quem se lembra do seu envelhecimento e do receio que havia com medo de ela cair? Quem se lembra da sua substituição por uma de pedra e cimento, e da alegria que isso trouxe ao povo? E quem se lembra de essa mesma, a de pedra e cimento, ter caído com o peso de um camião?
Coisas para recordar. Porque recordar é viver.
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Fernando Martins
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Foto cedida por Ângelo Ribau

ROTEIRO PARA A INCLUSÃO

Cavaco Silva
enaltece trabalho voluntário
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O Presidente da República, Cavaco Silva, iniciou o seu terceiro Roteiro para a Inclusão, percorrendo a cidade de Lisboa para realçar a im-portância do voluntariado e mostrar casos de exclusão entre idosos, prostitutas e sem-abrigo. O Roteiro, dedicado ao "Volun-tariado e Exclusão Social em Meio Urbano" e que se prolonga por três dias, arrancou com a visita a uma instituição sedeada em Alcântara - a Entreajuda - que apoia outras instituições ao nível da organização e gestão, com o objectivo de melhorar o seu desempenho e eficiência. Da "modernização" do voluntariado, o périplo prosseguiu com a exclusão social extrema quando o Chefe de Estado visitou o Centro de Apoio Social de São Bento, uma instituição da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que se dedica à reinserção de sem-abrigo. Na Serafina, onde almoçou, o Chefe de Estado foi conhecer a actividade do Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo, cujo presidente é o cónego Francisco Crespo, ex-líder da CNIS, e mostrar boas soluções práticas para melhorar a qualidade de vida em bairros sociais antigos que se foram degradando. À tarde, o Chefe de Estado visitou uma idosa com dificuldades de locomoção, que vive no último andar de um prédio degradado de Lisboa sem elevador. Na visita, com que pretende chamar a atenção para os casos de idosos isolados nas grandes cidades, Cavaco Silva é acompanhado por voluntários de uma associação, a Coração Amarelo. Ao terminar o primeiro dia do Roteiro presidencial, o Chefe de Estado desloca-se ao Intendente e Alto de São João para visitar instituições que prestam apoio a prostitutas - Lar da Associação O Ninho e Obra Social das Irmãs Oblatas. O Roteiro para a Inclusão teve início em Maio, no Algarve e Alentejo, e foi dedicado às "Regiões Periféricas, Envelhecimento e Exclusão". Em Julho, o roteiro percorreu os distritos de Porto e Aveiro, sob o tema "Crianças em Risco e Violência Doméstica". ::

Fonte: SOLIDARIEDADE

Um artigo de António Rego

Questão de vida ou de morte
O que mais enfureceu os ocidentais na reacção do mundo muçulmano à publicação das caricaturas de Maomé foi a ameaça de cercear a liberdade dos artistas e pensadores. Ou, melhor ainda, o risco que corre quem escreve o que pensa sobre qualquer matéria. A liberdade de expressão sentiu-se ofendida por aqueles que se ofenderam com a expressão da liberdade. Estamos num aparente jogo de palavras. Mais que isso, de interesses, que se refugiam nas palavras para imporem os seus pontos de vista. Assim a ética vai ganhando colorações circunstanciais como o bailarino vai rodando e ritmando o corpo consoante a música o exige.
O debate sobre o referendo ao aborto, em Portugal, está a tomar alguns contornos bizarros. Existem áreas sociais e políticas que não têm o mais pequeno rebuço em propagandear o seu ponto de vista e o seu terreno claro de luta, com um inequívoco sim ao aborto. Dessas tribunas emerge a sugestão de que a Igreja mudou de opinião e não faz qualquer campanha contra o aborto. E intercala nessa oratória o pressuposto de que a Igreja se não deve pronunciar sobre a matéria, por não ser religiosa. O político na tribuna partidária, parlamentar ou ministerial, pode confessar-se publicamente sobre o tema - com isso fazendo opinião - quando a sua posição é sim. Na Igreja, o presidente duma celebração está "proibido" de dizer o que pensa e o que pensa a Igreja porque isso é fazer campanha. (Há já escritos com essa teoria).
Tanto dum lado como do outro há regras de decência e linguagem que devem pautar os discursos, na apresentação honesta de argumentos e razões pró ou contra. Mas não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo. A vida concede direitos e argumentos inquebrantáveis. E ninguém que apoie o aborto até às nove semanas e. seis(?) dias, pense que está a apoiar a vida. Chame-se o que se chamar estamos perante uma questão de vida ou morte. Nunca a Igreja em dois mil anos hesitou sobre esta matéria. Reconhecendo, embora, que a questão não é religiosa mas humana. Tal como a pobreza, a violência, a guerra, o racismo não são questões religiosas. Mas têm a ver com o Decálogo.
A liberdade não pode ser coarctada em nome duma imaginária mudança de óptica da Igreja em matéria tão vital.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

PHAROL DA BARRA

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PHAROL DA BARRA AÍ ESTÁ

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PHAROL DA BARRA, assim mesmo, com ph com valor de f. Esta é mais uma foto de um postal que circulou pelo País e quiçá pelo estrangeiro, em nome das nossas belezas. Estou convencido de que há pelo concelho de Ílhavo, e não só, outras fotos sugestivas que vale a pena partilhar. Esta que hoje vos mostro veio do Ângelo Ribau, um amigo que noutros tempos se dedicava à fotografia com paixão, fazendo gala de utilizar, para ver como era, as primitivas técnicas fotográficas. Mas ainda hoje mantém o mesmo gosto, nem que seja nas muitas fotos que guarda com carinho.

POBREZA

MANUELA SILVA, PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL DE JUSTIÇA E PAZ:
"ERRADICAR A POBREZA
É UMA TAREFA OBRIGATÓRIA"

Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP) é um órgão laical da Conferência Episcopal Portuguesa. As comissões de justiça e paz nasceram na sequência de um apelo feito pelo Papa Paulo VI, em 1967, na sequência do Concílio Vaticano II, com o objectivo de contribuírem para a difusão e aprofundamento da doutrina social da Igreja e para constituírem uma ponte visível entre a Igreja e a sociedade civil. Em Portugal, a primeira comissão nacional só aparece em 1982, em Lisboa, quase 20 anos depois do Concílio. Um atraso que, provavelmente, ficou a dever-se ao período difícil que se vivia no país, com a Guerra Colonial e o salazarismo. Existem vários grupos de trabalho permanentes na CNJP, dois deles com grande representação. O Grupo de Reflexão sobre Economia e Sociedade tem-se debruçado, fundamentalmente, sobre a questão do emprego/desemprego, da globalização e dos seus efeitos, da sociedade civil, da necessidade de uma cidadania responsável e participativa para fazer face aos grandes desafios que se colocam nas sociedades contemporâneas e na área da responsabilidade social das empresas e da ética empresarial. O Observatório sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas é um grupo mais recente, com cerca de dois anos. Tem um estatuto próprio, trabalha sob a sua inteira responsabilidade, embora em estreita colaboração com a comissão. Foi nessas condições que organizou desde Novembro de 2005 até Maio de 2006 uma audição pública que teve por tema “Por uma sociedade segura e livre de armas”. Foi aprovada uma lei [Lei nº 5/ 2006, de 23 de Fevereiro] sobre o uso e porte de armas que responde às necessidades de segurança que a CNJP defende e que prevê a recolha facultativa. Essa lei dá possibilidade às pessoas que têm em seu poder armas ilegais de legalizarem essa posse ou de se desfazerem delas, entregando-as voluntariamente. “A comissão está interessada em contribuir para difundir essa informação e motivar as pessoas para que cumpram a lei e aproveitem a amnistia que a mesma prevê.” :
Leia a entrevista no SOLIDARIEDADE

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

JUSTIÇA EM PORTUGAL

A LEI É IGUAL PARA TODOS?
Na tomada de posse do novo Procurador-Geral da República, Fernando Monteiro, o Presidente da República lembrou que, “sendo a lei igual para todos, a todos deve igualmente ser aplicada”. Isto já toda a gente sabe. Como toda a gente também sabe que uma coisa é o que se diz no papel e outra o que acontece na prática. Veja-se o famoso processo da Casa Pia. Em circunstâncias normais, com gente normal, isto é, com gente de pouco dinheiro, o caso há muito estaria resolvido. Como aconteceu, aliás, nos Açores, em que uns pedófilos foram condenados, em pouco tempo, enquanto outros acusados foram absolvidos. No fundo o que é que eu quero dizer? Quero dizer que, apesar de a lei ser igual para todos, é mais igual para uns do que para outros. Quem tem dinheiro move montanhas à sombra de lei, legitimamente, diga-se de passagem, porque nos códigos há sempre pontas por onde se lhes pegue, e quem não tem dinheiro tudo vê resolvido sem rodeios, sem requerimentos, sem grandes advogados que ganham bem. Resta saber se uns e outros são tratados com a mesma justiça.
Será que em Portugal a lei é mesmo igual para todos? F.M.

Um poema de António Pina

A Canção dos Adultos Parece que crescemos mas não. Somos sempre do mesmo tamanho. As coisas que à volta estão É que mudam de tamanho. Parece que crescemos mas não crescemos. São as coisas grandes que há, O amor que há, a alegria que há, Que estão a ficar mais pequenos. Ficam de nós tão distantes Que às vezes já mal as vemos. Por isso parece que crescemos E que somos maiores que dantes. Mas somos sempre como dantes. Talvez até mais pequenos Quando o amor e o resto estão tão distantes Que nem vemos como estão distantes. Então julgamos que somos grandes. E já nem isso compreendemos.
Manuel António Pina,
a fechar a colectânea poética
"O Pássaro da Cabeça"
(1985; 2ª ed. – 2005).

Apresentação de livro na Biblioteca de Aveiro

Em 18 de Outubro, às 21.30 horas
"Lavrar o Mar",
de Daniel Sampaio
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Doze anos depois da publicação do seu conhecido livro "Inventem-se Novos Pais", Daniel Sampaio actualiza as questões de relacionamento entre pais e filhos adolescentes. "Lavrar o Mar" propõe um novo olhar sobre o quotidiano das famílias: é tempo de responsabilizar os jovens pelos seus comportamentos, é o momento para deixarmos de os considerar seres imaturos a quem não podemos pedir contas.
Nesta obra, salienta-se a decisiva importância de uma infância organizada à volta do amor e da disciplina, como garante de uma adolescência saudável; estimulam-se novas formas de diálogo entre pais e filhos, sem esquecer que a decisiva palavra tem de caber aos mais velhos; e são dados numerosos exemplos de possíveis conflitos quotidianos como os horários, os dinheiros, os prémios e os castigos, a Internet, o sexo, o álcool e as drogas. Em correspondência com Eulália Barros, o tema da escola é revisitado e são apontadas novas linhas de reflexão sobre o ensino e a aprendizagem. Escrito de forma clara e acessível, mas sedimentado numa vasta experiência do autor no trabalho com adolescentes, "Lavrar o Mar" é uma obra indispensável a pais e educadores e um oportuno momento de reflexão para os mais jovens.
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Fonte: Biblioteca Municipal de Aveiro

OBSERVATÓRIO SOCIAL

A Cáritas quer conhecer
a situação da pobreza
em Portugal
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A Cáritas Portuguesa está a preparar o lançamento de um Observatório Social, organismo que terá como objectivo fazer o ponto de situação da pobreza em Portugal, anunciou, em Fátima, o presidente naci-onal da Cáritas. Segundo Eugénio Fonseca, que falava aos jornalistas à margem da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, este Observatório visa obter dados, por amostragem, sobre a pobreza no nosso país. Numa fase inicial, que deve estar em funcionamento no primeiro trimestre de 2007, vão fornecer dados para o Observatório cinco paróquias de cada uma das 20 Dioceses, esperando a Cáritas ter dados actualizados, no período de uma década, de 25 por cento das paróquias nacionais. De acordo com o presidente nacional da Cáritas, o Observatório permitirá obter dados sobre «as causas dos problemas sociais que afectam os portugueses, quantos portugueses são pobres, que idades são mais atingidas pelo fenómeno da pobreza e que tipo de pobreza existe». «No fundo, vai permitir ter recursos de leitura social », disse Eugénio Fonseca, admitindo que «hoje não se sabe, por exemplo, quantas pessoas é que a Igreja apoia em Portugal». O Observatório deverá ter dados actualizados semes-tralmente. Entretanto, da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, que decorreu ontem em Fátima, saíram algumas propostas para linhas de acção da Cáritas para os próximos anos, das quais se destaca a necessidade de existir, em cada paróquia, um grupo de acção social organizado, a par da tomada de consciência de que os cristãos devem ser chamados a partilhar o que têm. A definição do lema “Igualdade de oportunidades para todos” para o Dia Nacional da Cáritas, em 11 de Março do próximo ano, foi outra das propostas saídas do encontro. Estas orientações deverão ser confirmadas na próxima reunião do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, a realizar em Novembro nos Açores.
: Fonte: Diário do Minho, citado pela Ecclesia

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NOTA: Penso que esta proposta da Cáritas Portuguesa é de grande interesse social. Por ela, vamos ficar a saber que tipo de pobreza existe no nosso País, meio caminho andado para se actuar com consistência e oportunidade. Fala-se muito dos muitos pobres que temos, um pouco por todo o lado, e também se diz que há bastantes pobres envergonhados. Mas a verdade é que não se conhece qualquer estudo, actualizado, que nos diga onde estão eles, com realismo. Ora este projecto, que promete uma actualização semestral, vai servir, disso estou certo, para respostas atempadas, no sentido de se evitar a miséria e o desespero. Oxalá a Cáritas possa contar com a contribuição de todos, Estado, instituições, autarquias, Igrejas e pessoas, para se ficar a saber onde estão os pobres, quem são e do que necessitam.

F.M.

GAFANHA DA NAZARÉ ANTIGA

QUEM A VIU E QUEM A VÊ
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Esta, por estranho que pareça, é a Avenida José Estêvão, a principal avenida da Gafanha da Nazaré. Tal qual. Mas isto foi há muitos anos, era eu menino e jovem. A foto, tirada, possivelmente, de cima da igreja matriz, mostra-nos uma avenida sem trânsito e com pouquíssimas casas de habitação. O que sobressaía era a terra de cultivo que, naquele tempo, era o ganha-pão da maioria dos gafanhões.
Contudo, a foto já mostra alguns edifícios de primeiro andar, símbolo de algum desenvolvimento deconómico. Há os Correios e casas que ainda existem. Ao fundo, à esquerda, há até um prédio que acolhe vários inquilinos e que ainda pode ser visto. Era conhecido, ao que julgo, pelo nome da sua proprietária, a D. Ermelinda, se não estou em erro. O marido era marítimo e, talvez por isso, ficou a esposa a dar o nome ao prédio de rendimento.
Quem souber mais, que diga...
Fernando Martins

: Nota: Foto gentilmente cedida por Ângelo Ribau

domingo, 8 de outubro de 2006

FESTA DE MÚSICA

ESPECTÁCULO MUSICAL NO SEMINÁRIO DE AVEIRO
O Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, vai oferecer um espectáculo musical a todos os amigos, no próximo dia 14, sábado, no seu anfiteatro, pelas 21.30 horas. Três coros infantis (Um de Victória – Espanha, um de Portalegre e outro de Espinhel) vão decerto mostrar como se pode ajudar o Seminário, que tem andado em obras de restauro e de manutenção. Esta festa da música está integrada num festival promovido pelo Coral de Espinhel, de que faz parte um antigo aluno desta casa de formação. As entradas são livres, embora se espere que cada um dê o seu contributo, espontaneamente, para as despesas das obras do Seminário de Santa Joana Princesa.

Filarmónica Gafanhense celebra aniversário

170 anos a ensinar
e a difundir
a arte musical
A Filarmónica Gafanhense está em festa, com a celebração dos seus 170 anos de existência. Não foi baptizada com este nome, nem nasceu na Gafanha da Nazaré. Nasceu em Ílhavo e ali recebeu o nome de Filarmónica Ilhavense, passando à história com o epíteto de Música Velha de Ílhavo. Depois, por vontade dos homens, foi adoptada pela Gafanha da Nazaré e aqui recebeu um novo baptismo, para evitar uma condenação à morte. Com o nome de Filarmónica Gafanhense, esta banda tem levado bem longe a cidade que a acolheu, como antes o fizera com a terra que a viu nascer. No sábado, andou pelas ruas a mostrar-se, tocando músicas que habitam a nossa memória, enquanto os seus dirigentes foram explicando ao povo que a banda precisa de ser auxiliada. Em troca dessa ajuda, vai oferecendo a arte que cultiva e ensina nas suas escolas. Mas também foi dizendo que nos dias 13 e 14 de Outubro vai proporcionar aos amantes da música, pelas 21 horas, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, dois espectáculos musicais.
No primeiro dia, actuarão o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, o Grupo de Violas e Guitarras, com Fados de Coimbra, e a Orquestra Jovem da Banda Nova de Fermentelos. No dia seguinte, para além do concerto com a Filarmónica Gafanhense, exibir-se-ão os Alunos da Escola de Música Gafanhense e o Grupo Coral do Pessoal da APA. A presença do povo nestes espectáculos será a melhor prenda que poderá ser oferecida à Filarmónica Gafanhense. F.M.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Cristianismo e bioética (2)
A palavra bioética foi usada publicamente pela primeira vez pelo oncologista Rensselaer van Potter, em 1970, num artigo emblemático, "Bioethics: The Science of Survival", e repetida, no ano seguinte, no seu livro Bioethics: Bridge to the Future.
Para ele, a nova disciplina tem o propósito de contribuir para o futuro da humanidade, procurando proporcionar o "conhecimento de como usar o conhecimento" para "a sobrevivência do homem e a melhoria da qualidade de vida".
Há a percepção de que a bioética é a ciência da sobrevivência, concretamente quando ela é compreendida como ética global, portanto, como ética médica e ética ecológica, abrindo para a urgência do debate sobre o que se chama cidadania mundial, que implica um conjunto de valores universais para um desenvolvimento sustentável. A cidadania mundial é um requisito para a sobrevivência, pois leva a compreender que, se sou cidadão do mundo, os problemas são do mundo, a comunidade verdadeira é toda a humanidade, os seres humanos fazem parte da natureza, impondo-se, portanto, que é preciso atender às necessidades universais de todos, incluindo as gerações futuras, e respeitar a biosfera.
Reflectir sobre esta abertura da bioética a um horizonte de cidadania mundial não foi dos menores contributos do XXVI Congresso dos Teólogos e Teólogas João XXIII, em Madrid, de 7 a 10 de Setembro passado.
Este debate sobre ética, justiça e ecologia, que coloca a questão difícil da particularidade e da universalidade dos valores, foi lançado por Lidia Feito, da Universidade Rey Juan Carlos. Neste enquadramento, Begoña Iñarra, religiosa do Congo, denunciou o comércio internacional organizado para benefício dos ricos, nomeadamente com os subsídios aos seus produtos agrícolas, e pediu que se facilitasse o comércio africano mediante o alívio das barreiras alfandegárias. Marcelo Barros, monge beneditino brasileiro, acentuou a dimensão social da bioética e propugnou uma espiritualidade macroecuménica cósmica.
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Gotas do Arco-Íris – 34

ÁGUA + COR
= POLUIÇÃO = MORTE
Caríssimo/a: E foi assim... Tudo começou numa brincadeira de caranguejos: olha ali um! Cuidado com as tenazes! Este é macho! Aquele é mais redondo, é fêmea! Este é rijo! Um mole! Guarda-se para isca!... Mas que é isto? Um fio verde? Como é bonito! Vou enrolá-lo nas mãos! Já estão verdes! ... Agora não é só um fiozinho, alargou-se... E o nosso rapaz esquece os caranguejos, despe-se e atira-se para aquela água diferente para um banho de causar inveja aos outros... Quando eles souberem até vão ficar de olhos trocados: não que de um banho em água tão especial ainda ninguém se tinha gabado!... Porém, nova mudança de cor na água - de verde passou a cinzenta escura -trouxe-lhe inquietação: a água era um caldo que até cheirava mal. Que chatice! E como é que ia tirar aquela porcaria do corpo? E do cabelo? Parecia cola... Lá se arranjou como pôde e fugiu, fugiu mesmo, a correr, afastando-se daquela água que o encantara e agora o assusta. À tarde, com o grupo lá do canto, enojou-se e virou o nariz, afastando a vista daquela mortandade de peixes. Nunca tal se vira, e quem o garante é o ti João André. Aquilo é obra de Cacia. E agora, com os peixes todos mortos, de barriga para o ar, que vai ser de nós? O que valeu ao rapaz é que a maré sobe e desce e o mar – aquele gigante!... - engole tudo, até a sujidade do homem. E vêm-me à esferográfica duas pérolas [a nós atribuir-lhe a cor]: «O problema não está na poluição, mas no que lançamos para a água e para o ar.» (Lula da Silva) «Louvado sejas, Senhor, pela nossa irmã água que é muito útil e humilde, preciosa e casta!» (Francisco de Assis) Manuel

sábado, 7 de outubro de 2006

Ao sabor da maré – 1

A MINHA RELAÇÃO
COM OS LIVROS
A minha relação com os livros é muito bonita. Não sob o ponto de vista comercial ou de coleccionador, mas afectivo, porque me recordam coisas boas. Tenho sempre uma história sobre cada livro dos que ocupam lugar de honra nas minhas estantes. Olho-os como quem olha amigos de coração, com quem se dialoga a propósito de tudo e de nada. E a muitos deles associo lugares, situações, gentes. Um dia destes, dia de limpeza e arrumação, dei de caras com uma edição antiga de um livro de Fernando Namora. Capas gastas pelo tempo, mas com as ilustrações de Manuel Ribeiro de Pavia ainda bem visíveis. Tem por título “Casa da Malta” e a 2ª edição, revista, a que eu possuo, é de 1951. Comprei-o num alfarrabista do Porto, perto da Praça Humberto Delgado, numa visita que fiz à capital do Norte. Recordo-me bastante bem. Fui de comboio e no regresso, como faltava muito para a hora da partida assinalada na estação de S. Bento, resolvi dar uma volta pela cidade. Num escaparate lá estava o livro a desafiar-me. Comprei-o. Minutos depois já me quedava num banco da praça a lê-lo, com a avidez que a juventude animava. A leitura continuou no comboio até Aveiro. Quando cheguei a casa, já estava e reconstruir a história que Fernando Namora engendrara com a mestria que o tornou famoso com “As Sete Partidas do Mundo” (1938), “Mar dos Sargaços” (1940) e “Fogo na Noite Escura” (1943), entre outras obras que depois continuou a publicar. Gosto de reler livros que encheram a minha imaginação, que me fizeram viajar e sonhar, que me ensinaram tanta coisa que me tornou mais rico. Os livros são assim como amigos para a vida, amigos que nos dão tudo sem exigir nada em troca. Fernando Martins

JACINTA EM AVEIRO

CONCERTO IMPERDÍVEL
A cantora de Jazz Jacinta, nossa conterrânea, presentemente em digressão pelo País, vai estar em Aveiro, no Teatro Aveirense, no próximo dia 11. Será, garante a crítica especializada em Jazz, um concerto imperdível, para quem gosta de momentos inesquecíveis.
Diz Maria João Lopes, no PÚBLICO, que Jacinta tem "alma lusitana e uma voz única, cheia de carácter e de personalidade", motivo mais do que suficiente para a aplaudirmos. O seu primeiro disco colocou-a de imediato entre as melhores intérpretes portuguesas de Jazz. Com “Daydream”, Jacinta destacou-se na cena nacional ao fazer-se acompanhar por alguns dos mais reputados músicos internacionais liderados por Greg Osby, que também produziu este álbum.
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Ficha artística: Jacinta (voz), Rui Caetano (piano), Jorge Reis (sax), João Lencastre (bateria), João Custódio (contrabaixo).
Ficha técnica: Miguel Ramos (Iluminação), Joana Pereira (Assistente de Jacinta), João Cortez (Assistente de Produção), António Cunha (Direcção de Produção), Tela Negra (Desenho de Iluminação), João Paulo Nogueira (Técnico de Som & Direcção Técnica)
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Uma produção UGURU
Preços: 1ª Plateia: 15 €; 2ª Plateia: 12 €;
1º Balcão: 10 €; 2º Balcão: 8 €

Um poema de Alexandra Varela

Posted by Picasa
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“O SENTIDO DA VIDA, QUE HORIZONTES?”
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O "nonsense" dos sentidos ludibriados
Garantiram em mim a explosão do sentido.
A luz fez-se, os dias são marcados
Por um fio condutor indissolúvel
Que me tranquiliza e me acolhe.
Parar
Ouvir
Olhar e sorrir
Desequilibram a dor que emerge
E teima em surgir.
No horizonte a luz renasce.
Vejo as lindas paletas de cor
Sinto o calor
Abrandar a dor
O cheiro da flor...
E a harmonia de Deus em todo o seu esplendor.
In IGREJA AVEIRENSE