domingo, 27 de agosto de 2006

Ideia interessante

A palavra do Senhor
acompanhada por uma bica
e uma tosta mista
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Quando acaba a adoração, depois dos cânticos e dos momentos de reflexão e do pai-nosso e de todos terem louvado ao Senhor, os fiéis não se vão logo embora. Aproveitam para beber um café, para comer uma fatia de bolo caseiro ou um croquete que sabe mesmo a carne, para discutir os últimos desaires do Benfica, para contar as diabruras dos miúdos. Atrás do balcão, Lina e António estão atarefados. A aparelhagem toca, baixinho, uma música que fala de fé enquanto, na pequena capela ali ao lado, há quem continue de mãos postas a rezar.
São assim as tardes de sábado no Café Cristão, na Amora, Seixal. Inaugurado a 24 de Junho, com a presença e a bênção do bispo de Setúbal, o primeiro Café Cristão da Península Ibérica está ainda em fase de arranque: o calor levou a maior parte dos fiéis para a praia e as acções de divulgação só agora estão a começar. "Lá para Outubro esperamos já estar a funcionar em pleno", garante António Andrade, que, com a sua mulher Lina, gere o espaço.
Por agora, o café é ainda uma curiosidade. Os miúdos do bairro aparecem para comprar guloseimas e para brincar um pouco no espaço infantil. Há quem entre, veja tudo, comente que está muito bonito e vá embora. Há quem nunca tenha ido à missa mas venha aqui tomar café depois do almoço. Na segunda semana de funcionamento um grupo de peregrinos espanhóis entrou por ali dentro num alvoroço: vieram a Fátima mas, como encontraram a indicação do café no site do Vaticano, decidiram ver do que se tratava. "São todos bem-vindos", garante Lina. "Temos aqui pessoas muito diversas, ateus, católicos e de outros credos. É muito bonito."
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Foto do DN
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Um artigo de Anselmo Borges, no DN

A Palestina:
um problema
teológico?
Em 1977, em Jerusalém, tendo-lhe observado que mais cedo ou mais tarde os judeus teriam de partilhar Jerusalém com os palestinianos, um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita atirou-me: "Nunca! Não esqueça que esta terra nos foi dada por Deus há três mil anos!" Já antes me tinha confessado que era ateu, mas formara os filhos no conhecimento da Bíblia e celebrava a Páscoa como está determinado. E eu percebi melhor como tantas vezes a religião não passa de cimento ideológico político. De facto, sobretudo desde a fundação do Estado judaico, há dois povos com a consciência de que a Palestina lhes pertence, respectivamente, há três mil e quase 1400 anos: os judeus reportam-se ao reino de David e Salomão - ano 1000 a. C. - e os palestinianos à conquista pelos árabes em 636 d. C.
Desde o século XIX, o movimento político sionista lutou por um Estado para o povo judeu - pensou-se na Palestina e também noutras regiões. Assim, embora a tenha apressado, o Holocausto não foi a causa da criação do Estado judaico. Em 29 de Novembro de 1947, por maioria sólida e com o beneplácito dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, as Nações Unidas aprovaram a divisão da Palestina em dois Estados: um Estado árabe e um Estado judaico, com fronteiras claras, a união económica entre os dois e a internacionalização de Jerusalém sob a administração das Nações Unidas. Note-se que, apesar de a população árabe ser quase o dobro e os judeus estarem então na posse de 10% do território, ficariam com 55% da Palestina.
O mundo árabe rejeitou a divisão. Mas, à distância, mesmo admitindo a injustiça da partilha e suas consequências - é preciso pensar na fuga e expulsão dos palestinianos -, considera-se que a recusa árabe foi "um erro fatal" (Hans Küng). Isso é reconhecido hoje também pelos palestinianos, pois acabaram por perder a criação de um Estado próprio soberano pelo qual lutam. Em 15 de Maio de 1948, terminava o mandato britânico sobre a Palestina e Ben Gurion proclamou o Estado de Israel. A resposta árabe (palestinianos e Estados árabes vizinhos) não se fez esperar, e deflagrou a primeira de seis guerras. Entretanto, o Estado de Israel continua a não ser aceite por muitos árabes e há judeus que acalentam a tentação do sonho de um Estado que abrangesse toda a Palestina. E aí está um dos focos principais de instabilidade mundial.
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sábado, 26 de agosto de 2006

Uma oferta de Laurinda Alves

Não posso deixar de mostrar, hoje e aqui, a oferta de Laurinda Alves a todos os seus leitores. É uma oferta simples, como todas as que semana a semana apresenta na revista XIS, que acompanha o PÚBLICO aos sábados. Trata-se, neste caso, de um conhecido e bonito texto do Eclesiastes, do Antigo Testamento. Texto conhecido e bonito, mas também poético e oportuno, que nos é dado para reflexão. Aqui fica: ::::
O tempo de guerra é sempre um tempo inquietante, de dor e sobressaltos mas, também, de esperança. Para tudo há um tempo,
para cada coisa há um momento debaixo dos céus
UM TEMPO PARA CADA COISA Tempo para nascer, e tempo para morrer; Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; Tempo para matar, e tempo para sarar; Tempo para demolir, e tempo para construir; Tempo para chorar, e tempo para rir; Tempo para gemer, e tempo para dançar; Tempo para atirar pedras, e tempo para juntá-las; Tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se; Tempo para adquirir, e tempo para perder; Tempo para guardar, e tempo para deitar fora; Tempo para rasgar, e tempo para costurar; Tempo para calar, e tempo para falar; Tempo para amar, e tempo para odiar; Tempo para a guerra, e tempo para a paz. :: (Ecl 3. 1-13)

Imagens da Gafanha da Nazaré

:: IGREJA DE NOSSA
SENHORA DA NAZARÉ ::
Se vier à Gafanha da Nazaré ou por aqui passar, em dia de festa ou noutra altura qualquer, aconselho-o a visitar a igreja matriz. Foi restaurada há tempos, como dei nota neste meu espaço, com muito bom gosto e com muita dignidade, num esforço conseguido de recuperar os traços mais marcantes do passado, ligados a um estilo muito próprio desta região, dos finais do século XIX e princípios do século XX. O arranjo interior apresenta-se ao visitante com sobriedade e com arte, mas também com preocupações de longevidade. Facilmente se vê que o trabalho feito com recurso a bons materiais se destina a algumas gerações. Para além da antiga imagem da Padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, todo o seu enquadramento, em talha dourada, merece uma atenção especial. Mas se o visitante se der ao cuidado de olhar com olhos de ver todo o interior, e mesmo o exterior, confirmará que vale a pena passar por lá, sem pressas. F.M.

TURISMO E PATRIMÓNIO RELIGIOSO

Universidade Católica promove curso online
A Universidade Católica Portuguesa (UCP) oferece um curso online de turismo e património religioso a todos os que têm manifestado interesse por estes assuntos. A iniciativa é da Faculdade de Teologia que pretende explorar as potencialidades da Internet com um curso como este, de pós-graduação, acessível a qualquer pessoa, esteja onde estiver. As inscrições estão abertas até 15 de Setembro e podem ser feitas inevitavelmente pela Internet ou pelo telefone.

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

O herói de Cuba e o inimigo americano
Desde que Fidel Castro adoeceu, sendo a sua saúde um segredo de Estado, multiplicaram-se os comentários sobre este dinossauro do comunismo. Com razão. Fidel é o líder político há mais tempo no poder em todo o mundo - desde 1959. Mas pouco se fala da surpreendente popularidade que este ditador ainda conserva no seu país.
Se já era estranho existir há tantos anos uma ilha comunista a menos de 250 quilómetros dos Estados Unidos, ainda mais curioso é o comunismo cubano ter sobrevivido ao colapso do seu protector, a União Soviética. Fidel escapou a dezenas de tentativas para o assassinar (muitas delas gizadas pela CIA) e a vários planos de intervenção militar externa para mudar o regime, o mais célebre dos quais culminou no fiasco da Baía dos Porcos em 1961.
A brutal repressão interna do regime cubano explica parte da sua longevidade política. Mas não explica que a aceitação do tirano Fidel em Cuba seja ainda hoje apreciável. Nada que se compare, por exemplo, à descrença e ao cinismo desencantado que prevaleciam nos anos 70 e 80 nos povos europeus sob o império soviético.
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sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Festa na Gafanha da Nazaré

Largo 31 de Agosto
:: Festa em Honra da Padroeira ::
Neste fim-de-semana, a Gafanha da Nazaré vai estar em festa, como manda a tradição de muitas décadas. Diz a história que os gafanhões honravam a Padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, sempre no último domingo de Agosto.
Era e é uma festa em que se casa razoavelmente bem o profano com o religioso. Não tem havido choques significativos entre esses interesses, embora se diga que o cultural tem ficado um tanto ou quanto esquecido. Concordo perfeitamente, até porque elevar um pouco o nível dos festejos seria, sem dúvida, uma mais-valia para o grande encontro dos gafanhões, tanto dos que vivem na Gafanha da Nazaré e arredores, como dos que por aqui gozam as suas férias.
Para além dos foguetes, que acho exagerados, e da música pimba, que predomina, vejo o prazer que muitos experimentam quando reconhecem os amigos que não viam há anos, sinto em alguns o retorno ao tempo em que saboreavam as cavacas e os suspiros, lembro quantos, na meninice, participavam na procissão como "anjinhos", caminhando com bolhas nos pés ao som cadenciado das bandas de música, que executavam, ano após ano, os mesmos trechos musicais.
A festa da Padroeira era também tempo de roupa nova, dos primeiros namoricos, de pagar promessas a Nossa Senhora, habitualmente levando, com esforço enorme, o andor aos ombros.
Era tempo de petiscos melhorados em casa, de convites aos amigos de longe, de missa cantada pelos corais das bandas de música e de sermão pregado "por distinto orador sagrado", como rezavam os cartazes.
Era tempo de concursos de fogueteiros, de ouvir e proclamar a melhor filarmónica, dos pastores que vinham com os seus rebanhos para que todos os gafanhões pudessem comer carneiro assado no forno.
Era o tempo em que as famílias se reuniam à roda da mesa, depois da missa do dia, em franco e alegre convívio, formulando votos de que no próximo ano tudo seria melhor.
Boas festas para todos.
Fernando Martins

Um poema de Orlando Jorge Figueiredo

MAR
Aqui está o mar inteiro e firme olhos abertos e azuis voz rouca e veemente Cresce em mim como espuma o desejo de amar o mar In “Guardador de Sonhos”

Santo André

Navio-Museu Santo André vai para
doca seca
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Mais de 100.000, é o número de visitantes de que o Navio Museu Santo André se «orgulha» de ter recebido durante os cinco anos de vida como pólo museológico. Atracado junto do Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, este antigo arrastão bacalhoeiro dá como alcançado o grande objectivo que esteve na origem do seu aparecimento como memorial da pesca do bacalhau por artes de rede de arrasto e emalhar.
Um dos raros exemplos de recuperação bem sucedida de exemplares do património náutico português que na passada quarta-feira celebrou cinco anos após a sua inauguração como navio museu. Especialmente vocacionado para as camadas estudantis, este navio pretende despertar as novas gerações para uma parte do património cultural e social do concelho de Ílhavo, que durante décadas esteve directamente ligado à actividade piscatória do bacalhau. E melhor do que consultar livros, ver fotografias ou mesmo ler documentos antigos, será uma visita a um arrastão que fez parte da frota portuguesa do bacalhau e que durante 50 anos rompeu as águas frias do Norte na captura do «fiel amigo», usando as artes do arrasto.
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União Astronómica Internacional decide

Plutão já não é um planeta
O sistema solar passou a ter apenas oito planetas. A União Astronómica Internacional decidiu hoje que Plutão, até aqui um dos nove planetas do nosso sistema solar, é um planeta anão. Os planetas do sistema solar são agora Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.
A primeira definição de planeta, aprovada hoje depois de um debate acalorado entre 2500 cientistas e astrónomos de todo o mundo, traça uma linha clara entre Plutão e os actuais oito planetas do sistema solar.
Segundo a nova definição, para que um corpo celestial possa ser considerado um planeta deve orbitar em torno de uma estrela, ter massa suficiente para ter gravidade própria e assumir uma forma arredondada e ser dominante na órbita.
Esta última norma foi determinante para desclassificar Plutão, que até se cruza com o "vizinho" Neptuno na sua órbita em torno do Sol.
Para além das definições de planeta e de planeta anão, o documento da União Astronómica Internacional cria uma terceira categoria para abranger todos os outros objectos - à excepção dos satélites -, que ficam agora conhecidos como pequenos corpos do sistema solar.
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quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Embrião tem direito à vida

Criadas células estaminais
sem destruição de embriões
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A descoberta de cientistas norte-americanos pode acabar com as reservas éticas na produção de células estaminais. O estudo dá conta de uma técnica que não implica a destruição de embriões. A técnica, descrita na revista "Nature", é inspirada no diagnóstico de pré-implantação, usado para escolher embriões criados através de fertilização in vitro livres de doenças genéticas. A equipa de Robert Lanza, da empresa Advanced Cell Technology (Massachusetts, EUA), já tinha conseguido fazer isto com células de ratinhos, no ano passado. Agora, conseguiu criar duas culturas de células estaminais embrionárias humanas, usando células colhidas em 16 embriões que sobravam de tratamentos de infertilidade. Com o método tradicional para obter células estaminais, os cientistas usam embriões que se desenvolveram durante cinco a seis dias, até serem uma minúscula bola com cerca de uma centena de células. Com o novo método, usam-se embriões bastante mais imaturos, com apenas oito células. É colhida apenas uma, que é cultivada em laboratório. O embrião não precisa de ser destruído – pode continuar a desenvolver-se até termo da gravidez, se for implantado no útero de uma mulher. Os cientistas testaram as culturas de células criadas com este método e confirmaram que podem ser usadas para produzir um vasto leque de tecidos. Esta descoberta é relevante para os Estados Unidos, onde está proibido o financiamento público de experiências que investiguem o potencial terapêutico das células estaminais.Para Daniel Serrão, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, a produção de células estaminais sem destruir o embrião é uma notícia "verdadeiramente extraordinária, confirmando que a ética não é inimiga da ciência - quando a ética levanta dificuldades estimula a ciência a resolver os problemas". "Nós sempre dissemos que o embrião tem direito absoluto à vida e ao desenvolvimento", sublinha. : Fonte: Rádio Renascença

Um artigo de António Rego

Navegações
em tempo de Verão
Antes, havia os inventores de quase tudo. Os cientistas e descobridores corriam como atletas loucos para chegarem primeiro e darem o seu nome a um asteróide, um princípio, uma teoria, uma hipótese. Quando sabemos o meridiano exacto em que nos encontramos, ou a que distância ou altitude está uma terra ou elevação, nem nos apercebemos da quantidade de pessoas e experiências que contribuíram para termos dados precisos do nosso planeta, das forças que nos circundam, da informação que hoje quase instantaneamente surge no painel de cristais que faz parte dos nossos quadros rotineiros de consulta. Desapareceram grande parte dos nomes. Hoje as descobertas são plurais e complementares. Grupos de trabalho, equipas multidisciplinares, oceanos e continentes colocam-se de permeio com o grupo de anónimos que, numa qualquer empresa ou no seu laboratório privado, vão dando passos em todas as direcções do progresso de que vemos apenas alguns sinais. Eles concretizam-se nos instrumentos de precisão, no carro, nos electrodomésticos, nos múltiplos afazeres da informática. O nosso quotidiano está cada vez mais inundado de novidade que há anos atrás seria tida como pura magia ou poderes preter – naturais. O Padre Gaspar bem se cansa de explicar ao seu amigo Roberto – “o único ser da nossa espécie a haver naufragado num navio deserto” – fenómenos complexos da natureza – desde algumas teorias galileicas jamais aplicadas, à completa harmonia lógica entre a descrição bíblia do Dilúvio e as convulsões dentro e fora da Arca de Noé, e uma perfeita sequência de hipóteses descritas com exaltação. Ele não sente dificuldade em conjugar a bíblia com a ciência, mesmo na mais rigorosa interpretação literal em pleno século XVII. Umberto Eco transporta-nos a este universo fascinante e divertido - quase tanto como o Nome da Rosa - num livro que é uma Ilha do Dia Antes, mas com uma ironia doce numa procura sequiosa de encontrar “o Ponto Fixo”. Pode inscrever-se na moda dos muitos enigmas pseudo-científicos da nossa era. Mas pode conduzir-nos a um universo humanizado pelas pesquisas pacientes e perseverantes dos muitos mistérios que se escondem no universo. Os brinquedos tecnológicos que nos rodeiam poderão sugerir-nos que tudo está encontrado. Na verdade continuamos no encalço desse Ponto Luminoso, como atracção irresistível de todo o ser inteligente. Não vale a pena exacerbar o conflito entre ciência e fé. Ambos têm o seu lugar. E é no coração do homem que ambos encontram o seu refúgio – divino e humano.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Navio-Museu Santo André assinala aniversário

Dia Aberto
até à
meia-noite O Navio-Museu Santo André celebra hoje o seu 5.º aniversário. O Dia Aberto prolonga-se entre as 10 e as 24 horas. Durante o dia, o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo permanecerá no local para trabalhar em regime de presidência aberta, ouvindo os munícipes que queiram colocar-lhe questões.
Álvaro Garrido, director do Museu Marítimo de Ílhavo, salienta a importância do Navio Santo André, que já registou 99.430 visitantes desde que abriu portas como memorial da pesca do bacalhau por artes de rede de arrasto e emalhar. Na perspectiva do responsável, «o Santo André é um dos raros exemplos de recuperação bem sucedida de exemplares do património naútico português».
No âmbito da remodelação integrada das exposições permanentes do Museu Marítimo de Ílhavo, o navio Santo André, atracado junto do Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, irá ser objecto de intervenção e remodelação do seu discurso expositivo até ao final deste ano. O plano será apresentado, hoje, durante a cerimónia de aniversário, que terá lugar no porão de salga do navio pelas 18.30 horas. Durante a sessão proceder-se-á à entrega dos prémios relativos ao concurso de fotografia do Município de Ílhavo «Olhos sobre o Mar», cujos trabalhos se encontram em exibição por todo o mês.
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ler mais no Diário de Aveiro Características do Navio-Museu

Um poema de Reinaldo Matos


MARÉ ENCHENTE

Salvei
Uma criança
De morrer
No mar.

Avancei
Para as ondas,
Sem saber Nadar.
Pudera
Lá ficar,
No turbilhão das ondas…
Quem me dera
Morrer
Salvando uma criança!
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Nota: O facto é real e passou-se com o poeta
na Praia da Torreira, Murtosa,
em Setembro de 1978. In “Sinfonia de Poemas de Reinaldo Matos”

Pesca desportiva

:: Desportistas sem stresse
::
Ontem, o molhe da meia-laranja, na Praia da Barra, estava cheio de pescadores desportivos. Tudo indicava que se tratava de um concurso de pesca, tal era o número de pescadores. Predominantemente homens, mas também havia uma ou outra mulher. Todos de cana de pesca bem erguida e atentos ao picar do peixe. Quando passei, nem um peixe vi sair da água serena do oceano. No final do concurso, porém, não terão faltado belos exemplares, que os concorrentes não estão ali para aquecer. Ou talvez estejam... O calor era forte.
Certo é que a pesca desportiva é uma actividade anti-stressante. O praticante está atento ao que está a fazer, mas também deitou para trás das costas os problemas da vida, as inquietações do quotidiano, as agruras das lutas diárias, profissionais ou outras. Ali, envolvido pela natureza, ele dá descanso à sua mente, refresca o corpo e as ideias, viaja em sonhos (mesmo acordado), reflecte, programa a vida. Ele, cheio de paciência, afinal continua muito activo. De forma diferente e sadia.
Fernando Martins

Valores do desporto

Vaticano publica obra dedicada aos valores do desporto
O Conselho Pontifício para os Leigos acaba de publicar o volume “O mundo do desporto hoje. Campo de compromisso cristão”, no qual se recolhem as intervenções do seminário sobre este tema, que o Vaticano acolheu em Novembro do ano passado. A obra é mais um sinal de que a Igreja olha com atenção para o mundo desportivo, seja o que atrai as grandes multidões, seja o desporto de base. O trabalho deste seminário quis apontar um “horizonte ético” para o desporto, lembrando que o mesmo tem como fim “o bem da pessoa humana”. Nem sempre, contudo, o fenómeno desportivo tem sido sinónimo de paz ou de tolerância, apesar de representar uma herança cultural comum da humanidade. Uma das intervenções recolhidas pelo livro lembra que, em muitas ocasiões, a actividade física tem sido reduzida “ao culto do corpo” e que a ânsia por conseguir grandes prestações desportivas tem eliminado, progressivamente, a “dimensão recreativa”. Outro aspecto negativo apontado ao desporto modernos é a sua comercialização, com o risco de se centrar na vertente económica e secundarizar a dimensão ética.
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Fonte: Ecclesia

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Um artigo de Alexandre Cruz

Europa,
onde estás?
1. Mais parece virtual que real a realidade europeia no seu posi-cionamento diante de cada dia de vida global. São inúmeros os esforços e os desafios, mas são do mesmo modo as inquietações da insignificância real da União Europeia que é incapaz de ter vez e voz no cenário incerto do tempo presente. Mas talvez, à luz dos pais fundadores, do-mal-o-menos, já se conseguiu muito nesta aprendizagem comum, num esforço em aprender a “viver juntos”, pelo menos evitando guerras e batalhas de campo entre os históricos e rivais países europeus. Por vezes dá-nos a sensação que a Europa não existe; ou então que ser europeu será mesmo assim! Lá que exista projecto em realização de “espaço único de educação europeia” a par de uma união monetária de quase todos os países isso é verdade; mas união monetária (de moeda e moedas) sem união económico-social, o que também fragiliza toda a vontade de Europa Social, esta que de forma aberta e inclusiva deveria vir antes, como alicerce, de tudo o mais, até pelo histórico de “dignidade da pessoa humana” encontrado neste lindo continente azul que dos tempos da cultura grega até os nossos dias sempre se procurou reger por sentidos de humanismo. Este é o “sonho”! 2. Talvez mais que “Europa” existem países individualizados do velho continente que, apesar de quase tudo se decidir em Bruxelas, vão procurando todos os pretextos e contextos para se firmarem e afirmarem nesta conjuntura de “dúvidas” em que está mergulhado o mundo e o próprio “lugar europeu” no mundo. Neste tempo que vivemos, de incertezas que acabam por justificar inseguranças e consequente busca de “algo a que se agarrar”, temos vindo a assistir, na ausência de projecto europeu capaz, ao salve-se quem puder de cada país, nomeadamente no posicionamento face à guerra e forças de paz no Líbano e agora, nestes dias mais próximos, a posição de defesa diante dos milhares de pessoas humanas imigrantes africanos que fogem de África (sugada) rumo à Europa. Afinal, como se entrelaçam e interagem nesta aldeia mundial, e para nós europeia, todos os projectos políticos, humanitários, educativos, sociais? Andarão, por falta de “alma unitária” uns para cada lado? Que faltará para, num espírito pluralista por isso de identidade e unidade da diversidade, ser possível unir mais forças naquilo que é preocupação e esperança comum? Esquecemo-nos de que se hoje fechamos a porta da casa europeia amanhã a casa é arrombada por outro lado? É o que vimos assistindo em muitas situações (como está agora a acontecer nas lhas Canárias): o dito mundo rico explora o continente africano com intenções de subjugação económico-cultural travando a autonomia e o desenvolvimento (isto para além de todas as complexas condicionantes sócio-culturais e políticas), esquecendo que a pobreza que se “fabrica” lá longe mais cedo ou mais tarde vem bater à nossa porta. As voltas que o mundo dá! Em estudos da ONU, há breves anos dizia-se que o mundo “produz” 47 novos pobres por minuto. É chegada a hora do reencontro com a verdade histórica que realizamos no mundo; não é possível fugir, e na Europa sem filhos, o futuro estará mesmo nas mãos de quem chega. 3. É certo que, com realismo, não é possível acolher e integrar todos os milhares de imigrantes clandestinos que chegam à Europa; mas é verdade bem maior que a resposta de solução não pode ser o fechar-se em si mesmo fazendo conta de que não é nada connosco. A nós portugueses que “somos” país de emigração (e sabemos que milhares e milhares de emigrantes nossos andaram pelo mundo de forma ilegal em bairros de lata desumanos a “fazer caminho” para a legalidade e “ganhar a vida”) parece um pouco estranho e frio quando se diz que “governo prepara plano para travar entrada de imigrantes ilegais por mar” (Público de 22 Agosto). É verdade absoluta que ilegalidade é ilegalidade, sempre a combater e nunca permitir. Mas, diante deste cenário cada vez mais o futuro, será esta a melhor resposta? Será solução europeia fechar as portas? Que pensa (?) a Comissão Europeia sobre a matéria? Não existam dúvidas que a porta virá abaixo! Para bem ou para mal, isso será outra questão. Mas o facto está aí, a construir-se todos os dias no mundo das desigualdades que crescem, numa abertura de mundo sem fronteiras nem barreiras onde a luta pela sobrevivência humana derruba tudo o que nós, comodamente instalados, chamamos de legalidade. É que acima da legalidade dos nossos papéis diplomáticos está a própria sobrevivência de quem corre quilómetros por um pedaço de pão. E se nós fôssemos “os outros”?! (É que somos mesmo!) 4. Mais ainda, e bem preocupante: em todo este enredo está criado o terreno para o fechar nacionalista nos países europeus; está criada a conjuntura propícia para o emergir de populismos nacionalistas anti-europeus, como forma de fugir a toda esta nova (des)ordem mundial. Sendo certo que a democracia é a melhor forma de governo a verdade é que muitas vezes ela é perdedora em si mesma, quando a maioria quer “fechar as portas” ao outro que quer sobreviver. Torna-se urgente, primeiro: sem esquecer a realidade local e nacional, levar a mensagem de “comunidade” naquele sentido mais amplo que nos entra pela internet (mundial e europeia) para as escolas e sistemas de educação para os “valores fundamentas”, dizendo que “afinal” somos todos cidadãos do mundo e “pertencemos” a espaços muito para além da própria “concha” individualista (cada vez mais, só neste pressuposto o voto em eleições será um acto consciente e cívico); segundo, com qualquer um dos nomes que se lhe queira chamar, será essencial neste vazio de referenciais retomar e envolver pedagogicamente todos num “documento” (“tratado constitucional”?...) europeu que nos faça entender neste novo mundo a nossa identidade na pluralidade. Caso assim consigamos então tudo quanto é “bom para todos” entra na vida comum; caso não, até o que é bom e importante acaba por ficar perdido no meio do joio. Haverá que postar mais na “qualidade humana” que cria mais laços comuns!

Mestre Mónica

Há dias abordei neste meu espaço o estado de abandono em que se encontra o monumento a Mestre Mónica, tendo sublinhado que ele merecia, e merece, um pouco mais de respeito de todos os gafanhões. Tempos depois, encontrei nas minhas estantes uma revista, perdida no meio de outra papelada, denominada "Estaleiros MÓNICA - LXX - 1887-1957 - Aniversário da Fundação", com um texto antológico do primeiro Bispo da restaurada Diocese de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal. Publico-o, hoje e aqui, para que se não perca este bocadinho de prosa poética, tão ao estilo do saudoso prelado aveirense.
F.M.
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D. João Evangelista
de Lima Vidal Arcebispo-Bispo de Aveiro
Parece-me que respiro melhor, quando vou à Gafanha benzer os barcos de Mestre Mónica. Mas não é só o ar da ria que tem o dom de nos abrir os pul­mões. É não sei que fulgor de abundância, de riqueza nacional, de vitorioso progresso que por ali passa e nos bate em cheio no peito. É um milagre de beleza que Mestre Mónica sabe extrair de troncos rudes, de matéria informe. Quando passam os carros a gemer sob o peso morto daqueles pinheiros, quem imagina a elegância e a majestade, a doçura e a força, a maravilha e a arte que dali vão sair? Vai, Ilhavense; vai Santa Joana; vai, Santa Mafalda; vai, Avé-Maria, desce imponente a húmida calha, entra nas águas, encanta os mares, recolhe a presa, e depois, ao regresso, entra airosa na barra, ao som da orquestra, ao flutuar das bandeiras, à alegria das multidões!
Aveiro, 5 de Abril de 1957 + JOÃO EVANGELISTA Arcebispo-Bispo de Aveiro

Imagens da Ria

:: Forte da Barra
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Normalmente, os veraneantes ou visitantes da Praia da Barra, quando chegam, correm logo para o mar. Compreendo perfeitamente, pois o mar atrai quem anseia pelo sortilégio de um ar diferente e de paisagens sempre em mutação. No entanto, se passearmos em sentido contrário ao Farol, chegaremos a um recanto pouco conhecido, como este que hoje aqui mostro. Depois, ao sair dali, caminhe pela margem da ria para completar o passeio.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Jacinta apresenta novo álbum

Jacinta lança amanhã um novo álbum

Amanhã, dia 22, Jacinta apresenta em Vilamoura um novo álbum -"Daydream". É uma oportunidade para ouvir um timbre quente, aveludado, poderoso, afiança a Rádio Renascença. "O novo disco da cantora, que tem recolhido o aplauso da crítica nacional e internacional, foi gravado em Nova Iorque com o grande saxofonista norte-americano Greg Osby. Mais uma vez, traz a chancela da prestigiada Blue Note. Jacinta foi a primeira portuguesa a integrar o valiosíssimo catálogo do selo, com o disco "Tributo a Bessie Smith".

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Fonte: RR

Um livro de Amaro Neves

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D. FREI MIGUEL DE
BULHÕES E SOUSA (1706 – 1779)
“D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa (1706 – 1779)” é o mais recente livro do historiador aveirense Amaro Neves. Trata-se de uma obra que vem na linha de muitas outras que escreveu sobre a região aveirense, todas ligadas à história, com predominância para a história da arte. Com ela, Amaro Neves recorda o “Emérito Bispo Aveirense – Governador do Grão-Pará e Maranhão”, que nasceu no lugar de Verdemilho a 13 de Julho de 1706, do então Bispado de Coimbra. O autor mostra-nos, nesta obra, “o essencial de uma personalidade portuguesa”, que “foi titular de bispados em três continentes – Ásia, América e Europa – como figura marcante da sua época, na Igreja e no Império Português". Ler este livro de Amaro Neves é ficar a conhecer a vida e a obra deste bispo aveirense que estava esquecido no tempo, mas também o meio económico e social de S. Pedro de Aradas, freguesia a que pertence Verdemilho, bem como o contexto e a evolução regionais, no princípio do século XVIII. A família e o nascimento de Miguel José, o seu núcleo familiar e a educação que recebe até à entrada nos Dominicanos, onde é ordenado sacerdote, são temas abordados pelo autor, que permitem ao leitor ficar por dentro do pensar e do viver na época em que cresce e se forma o jovem que há-de chegar longe. Amaro Neves conduz-nos depois, com inúmeras referências e transcrição de vários documentos, até à ordenação de D. Frei Miguel como Bispo de Malaca, à sua nomeação como Bispo-coadjutor de Belém do Pará, acabando por embarcar para o Brasil como efectivo Bispo de Belém do Pará, onde reabre o seminário diocesano e desenvolve acção pastoral meritória. O historiador, que vive em Aradas há mais de 25 anos, transporta-nos, neste seu livro, aos ambientes e trabalhos de D. Frei Miguel de Bulhões no Brasil, quer como prelado, quer, também, como Governador, cargo que exerceu durante cerca de quatro anos, sempre bem apoiado em documentação que pesquisou com o cuidado a que nos habituou. Depois, podemos acompanhar o autor até Leiria, onde o emérito bispo aveirense assumiu o Bispado de Leiria entre 1761 e 1779, ano da sua morte. Neste capítulo, é interessante ficar a conhecer facetas da sua personalidade e acção pastoral. “De qualquer maneira, o emérito Bispo de Leiria continua indelevelmente ligado ao passado e à imagem da cidade [Leiria], apesar de ter andado um tanto esquecida a sua memória, por um complexo conjunto de circunstâncias, ainda que dele se tenha deixado um retrato psicológico e episcopal de justo apreço”, salienta Amaro Neves. D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa, nos horizontes da memória; Sinopse cronológica da vida e obra de D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa; e Anexo documental completam este livro, que sai enriquecido, ainda, com bastantes indicações bibliográficas e fontes manuscritas, e com 26 fotografias inseridas no texto, muito elucidativas. Título: D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa (1706 – 1779) Autor: Amaro Neves Editor: ADERAV/Junta de Freguesia de Aradas Fotografia (Leiria/Verdemilho): M. Fernanda G. Neves Páginas: 160 Fernando Martins

Imagens da Ria

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Museu Marítimo de Ílhavo: Salina

Agora que as marinhas de sal estão a ficar motivo de museu, pese embora o facto de algumas funcionarem para turista ver ou pela teimosia, bem intencionada, de certos proprietários ou marnotos, é bom recordar o que foi a safra do sal. O turista, ou o interessado no passado, pode muito bem apreciar imagens como esta, para ficar a saber mais alguma coisa de interessante.

Bento XVI e o mundo moderno

Papa diz que muitas ocupações podem levar à dureza do coração Bento XVI criticou ontem o activismo que ameaça o homem moderno e defendeu a importância da experiência do silêncio e da contemplação. “É necessário livrar-se dos perigos de uma actividade excessiva, qualquer que seja a condição e cargo desempenhado, porque as muitas ocupações levam muitas vezes à dureza do coração”, explicou. Antes da recitação do Angelus deste domingo em Castel Gandolfo, o Papa XVI falou de São Bernardo de Claraval, grande Doutor da Igreja que viveu entre os século XI e XII. Foi eleito abade do mosteiro cisterciense de Claraval aos 25 anos de idade, permanecendo à sua frente durante 38 anos até à sua morte. A dedicação ao silêncio e à contemplação não o impediu de desempenhar uma intensa actividade apostólica. Recordando a figura de São Bernardo, Bento XVI falou da sua exortação a Eugénio III, o Papa daquela época, ao qual o monge escrevia que do activismo excessivo apenas deriva sofrimento do espírito, extravio da inteligência, dispersão da graça. “A admoestação – salientou – vale para todo o tipo de ocupação, mesmo aquela inerente ao governo da Igreja”. A concluir, o Papa invocou da Virgem Maria “o dom da paz verdadeira e duradoura para o mundo inteiro”.
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Fonte: Ecclesia

domingo, 20 de agosto de 2006

Gastronomia de Ílhavo

Pão de Vale de Ílhavo não corre risco de extinção
As famosas padas de Vale de Ílhavo já não correm perigo. O receio, manifestado nos últimos anos, de que a tradição se perdesse ao ritmo da saída de cena das velhas padeiras está ultrapassado. "Cerca de metade das pessoas que produzem o pão e o folar tem cerca de 40 anos, o que nos dá uma segurança relativamente à continuidade de uma realidade económica tradicional importante em Ílhavo", refere Ribau Esteves, presidente da Câmara, que ontem homenageou as 18 padeiras.
À velhice das padeiras seguiu- -se outro perigo. "Por volta de 2000, a nova legislação obrigou ao cumprimento de regras mais exigentes do ponto de vista higiénico ou sanitário, mas as pessoas adaptaram-se à nova realidade e exceptuando um ou outro caso, cujo processo de regularização está a decorrer, a situação foi ultrapassada, lembra o autarca.
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Leia mais no JN, o artigo de João Paulo Costa

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Os livros sagrados e a sua leitura crítica
Lê-se em Josué, um dos livros da Bíblia, capítulo 10, versículos 12-13: "No dia em que o Senhor entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, Josué falou ao Senhor e disse, na presença dos israelitas: 'Detém-te, ó Sol, sobre Guibeon'. E o Sol parou no meio do céu e não se apressou a pôr-se durante quase um dia inteiro."
Este é o passo famoso que deu origem à oposição dos representantes da Igreja a Galileu e à ciência. Como podia ser a Terra a girar, se a Bíblia diz que o Sol parou? Mas já na altura Galileu foi mais avisado do que os seus opositores, quando contrapôs que a Bíblia não nos diz como é o céu mas como se vai para o Céu.
Que a leitura dos livros sagrados não pode ser literal mostra-se inclusivamente pelo facto de eles conterem erros científicos no domínio da física, da astronomia, da história. Pense-se, por exemplo, em todos os debates cegos à volta do Génesis e concretamente do mito da criação, quando se não percebe que não se trata de informação científica de física ou biologia, mas de uma mensagem religiosa em linguagem mítica: James Usher, arcebispo de Armagh e primaz de toda a Irlanda (1581-1656) pretendeu saber a data da criação da Terra: 23 de Outubro de 4004 a. C., tendo Bertrand Russell observado corrosivamente que esse dia caiu numa sexta-feira, já que Deus descansou no sábado! Há também o caso risível de um teólogo de Münster que, no século XIX, pretendeu apresentar uma prova "científica" da existência do inferno no interior da Terra, argumentando com os vulcões! É claro que teologias ridículas como estas só podem contribuir para o aumento do número dos ateus.
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Leia mais em DN

Imagens de Aveiro

Posted by Picasa
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O palacete do"brasileiro" Sebastião de Carvalho Lima - pai do escritor Jaime de Magalhães Lima e de Sebastião de Magalhães Lima, dirigente republicano e Grão-Mestre da Maçonaria portuguesa - foi o primeiro edifício da cidade a ter fachada revestida de azulejo. (Hoje é sede da Associação de Municípios de Aveiro.)
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Foto e notas do livro "Aveiro, cidade de água, sal, argila e luz", com texto de Manuel Ferreira Rodrigues. A edição é da Câmara Municipal de Aveiro.

Um poema de Sophia

Sophia de Mello Breyner Andresen
:: O ESCULTOR E A TARDE No meio da tarde Um homem caminha: Tudo em suas mãos Se multiplica e brilha. O tempo onde ele mora É completo e denso Semelhante ao fruto Interiormente aceso. No meio da tarde O escultor caminha: Por trás de uma porta Que se abre sozinha O destino espera. E depois a porta Se fecha gemendo Sobre a Primavera.
In O Cristo Cigano

sábado, 19 de agosto de 2006

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

A paz impossível no Médio Oriente
É surpreendente a quantidade de pessoas a proporem soluções para o conflito entre árabes e israelitas. Até parece fácil resolver aquele que é, provavelmente, o mais antigo e complexo conflito da cena internacional.
Em plena primeira Guerra Mundial (1917), a Grã-Bretanha decidiu apoiar a criação na Palestina de um Estado para o povo judeu. Três anos depois, os britânicos tornaram-se administradores da Palestina e daquilo que é hoje a Jordânia e o Iraque.
Naturalmente, não agradou aos árabes da Palestina a perspectiva de serem expulsos para darem lugar aos judeus, que entretanto iam para ali emigrando. Em 1933 rebentou uma revolta árabe que durou três anos.
Mas as autoridades britânicas na região também eram alvo da violência dos judeus, que - nessa altura - não tinham escrúpulos em recorrer a acções terroristas. Nestas se destacou M. Begin, depois primeiro-ministro de Israel. O hotel Rei David em Jerusalém, então quartel-general britânico, sofreu em 1946 um atentado judaico que provocou mais de 40 mortos.
Mal foi declarado o Estado de Israel, em 1948, rebentou a guerra com os árabes. Guerra que, em rigor, nunca mais parou. O Estado de Israel ainda não é aceite por muitos árabes, até porque em 1967 os israelitas ocuparam novos territórios. Aliás, a rejeição muçulmana de Israel é hoje mais forte do que era há anos atrás. E o prometido Estado palestiniano já esteve mais perto de se concretizar.
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Leia mais no DN

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Novo contacto

Por razões de capacidade do servidor, o meu novo contacto passa a ter o seguinte endereço, conforme se pode confirmar no próprio blogue, no local indicado:
Continuo a contar com a simpatia dos meus amigos, esperando eu poder responder a todos, dentro do possível. Tanto no meu blogue, como pessoalmente.
Fernando Martins

Citação

O código do Opus Dei
"O famoso Código da Vinci, uma “simples” ficção, primeiro em livro e depois em filme, arrisca-se a deixar a maior mossa da história na imagem do Opus Dei. Efectivamente, ele é muito mal tratado e acredito que em parte injustamente. No entanto, o impacte e o incómodo gerados são de certa forma proporcionais à falta de transparência da organização. (…) Mais que protestar inocência, o Opus Dei só tem uma forma de convencer, que é “abrindo-se”, tornando-se visível. Explicando quem são, quantos são, como recrutam, quais os critérios de admissão, quais os seus rendimentos, qual o seu património e como está aplicado, qual a sua presença e missão na sociedade em geral e em particular no ensino superior. Esclarecer os aspectos mais polémicos, como o que há de verdade sobre a autoflagelação, se são assim tão frequentes as rupturas dos jovens admitidos com as suas famílias naturais, qual a idade mínima com que os jovens começam a ser abordados, o que se passa quando alguém quer sair, se é verdade que um membro do Opus não pode ler o Código da Vinci, ou outro livro qualquer, sem prévia autorização superior e tudo o mais. Só “dando a cara” aberta e sinceramente permitirão que o público em geral deixe de acreditar em histórias com monges albinos assassinos. (…) Carlos J. F. Sampaio Esposende" : In PÚBLICO de hoje

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Um artigo de Joaquim Franco, na SIC

Fórum
em tempo
de guerra
É um tema recorrente. Já aqui tive oportunidade de escrever, em várias ocasiões, sobre as relações entre a "guerra" em terras do Médio Oriente e o sentimento religioso daqueles povos. À primeira vista, diz-nos uma certa leitura simplista que há culpas de parte a parte, com muito "ódio" religioso - expressão desadequada e paradoxal - pelo meio. Só aprofundando a reflexão seremos tentados a separar definitivamente as águas. ::: Enchem-se muitos livros sobre o assunto, gastam-se muitas horas em conferências e colóquios inter-religiosos para reforçar essa separação. A guerra, em qualquer circunstância, não tem directamente a ver com as religiões dominantes na região. Mas as religiões têm muito a esclarecer sobre a guerra que as utiliza como escudo ideológico e estratégico (ver artigo de análise "Caricaturas boomerang" de 11-02-2006). :: Ler mais em SIC Online

Imagens da Ria

Foto da CMI
Costa Nova:
Cais dos pescadores
Visitar a Costa Nova não é só passar pela praia ou deambular frente ao casario típico voltado para a Ria. Um pouco mais à frente, na estrada que conduz à praia de Vagueira, fica o cais dos pescadores, com os seus barcos e casinhas onde eles guardam os apetrechos do dia-a-dia. Depois, ainda há um bar com esplanada. Dali se avista uma boa porção da ria, com barquinhos à vela. Diz quem já experimentos que num desses barquinhos desaparece, como por magia, o stresse.

Tasquinhas de Ílhavo

Mostra Gastronómica
decorre entre
23 e 27 de Agosto
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Tasquinhas voltam a animar Ílhavo e sua região. A edição de 2006 das Tasquinhas de Ílhavo vai decorrer a partir do próximo dia 23 e prolonga-se até dia 27, no Jardim Henriqueta Maia, no centro da cidade
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O Jardim Henriqueta Maia, no centro da cidade, volta a ser palco de mais uma edição - a oitava - das Tasquinhas de Ílhavo, onde os pratos de bacalhau e derivados são ementa obrigatória de todos os participantes.
A organização é da Confraria Gastronómica do Bacalhau e Câmara Municipal, sendo os espaços gastronómicos presentes da responsabilidade de instituições do concelho de Ílhavo.A organização preparou um programa de animação, a decorrer todas as noites em simultâneo com as Tasquinhas. Assim, estão agendados vários espectáculos musicais com destaque para a Orquestra Ligeira de Aveiro «Acolá», Grupo de Danças e Cantares de Vale Domingos (Águeda), fados por artistas da região, Grupo Rusga Típica da Corrilhã (Ponte de Lima) e, no último dia, estará presente a cantora Dina.
Como nas edições anteriores aguarda-se a presença de milhares de apreciadores do «fiel amigo» vindos dos mais diversos locais do país, prometendo a organização algumas surpresas nesta VIII edição das Tasquinhas de Ílhavo, que serão reveladas no dia da inauguração.
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Fonte: Diário de Aveiro

Um cidadão exemplar

Faleceu o capitão Nordeste

Faleceu o capitão Adriano Nordeste, figura de cidadão exemplar no concelho de Ílhavo. A sua morte, de alguma forma inesperada, traduz-se numa grande perda para Ílhavo e suas gentes. Foi um cidadão que desde há muito se deu à comunidade, sem nada esperar em troca, o que não é muito frequente nos nossos dias.
Nordeste, como era mais conhecido, esteve sempre onde era preciso. No dirigismo desportivo e no social, na política e na atenção aos outros, nunca virando a cara às solicitações que lhe chegavam, a maioria das vezes em momentos difíceis da comunidade a que pertencia. Foi, por toda essa dedicação sem limites, um exemplo para os ílhavos, e não só, ficando na memória de todos como um cidadão a imitar e a seguir. 
Dele guardo, ainda, a delicadeza com que me tratava, a bonomia com que conversava comigo, a atenção cuidada com que ouvia as minhas opiniões, a singeleza com que apresentava os seus pontos de vista.
Por tudo isso, paz à sua alma.

Fernando Martins

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Imagens da Ria

:: Antigo Jardim Oudinot
O antigo Jardim Oudinot, que desapareceu para dar lugar ao Porto Comercial, vai ser recordado em breve, aquando das festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, que se vão realizar no mês de Setembro, por iniciativa do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Gentes de Aveiro, Ílhavo e Gafanhas, com outras das redondezas, nele confraternizavam, enquanto saboreavam deliciosos petiscos. A festa era isso mesmo, era fundamentalmente um convívio.
É claro que o jardim foi deslocado, mas ainda não conseguiu atrair assim tanta gente como antigamente, nem nada que se pareça. Os tempos são outros, é certo, mas toda a área, incluindo a que envolve o Navio-Museu Santo André, continua à espera de arranjos atractivos, com infra-estruturas mais condizentes com as exigências do nosso tempo.
Toda a gente já ouviu falar dessas infra-estruturas, mas a verdade é que o tempo passa, ano após ano, e tudo se encontra, em parte, semiabandonado. Até quando?
Fernando Martins

Um artigo de António Rego

O som dos ossos
Há longa data que os produtos para crianças e jovens trazem anexos alguns brindes como chamariz publicitário. Também hoje os jornais de venda ao público trazem muitas vezes produtos que nada têm a ver com os conteúdos ou o projecto editorial. Tanto no caso da Farinha Amparo como publicações que vendem mais baratas quinquilharias mil em visíveis doses de mediocridade, subjaz uma ideologia que se exprime no objecto “oferecido ao prezado leitor”. As bancas e tabacarias estão cheias desses objectos, ao lado de mil revistas com mil fotos que aconchegam pequenas histórias que brotam também duma óptica do tempo. Não raro surgem, nalgumas publicações,”ofertas especiais” de tatuagens para todos os gostos. Que vêm ao encontro dum estranho ritual dos nossos dias que povoa imaginários de crianças e adolescentes, depois de ter passado por passerelles de todas as modalidades. Estamos perante algo mais longínquo do que parece.Com cerca de 4000 anos de existência, segundo os arqueólogos, do Nilo à Polinésia, Nova Zelândia,essa marcação com pretensões de “perenidade no corpo” acabou por ganhar o nome a partir do som estranho produzido por agulhas de ossos que imprimiam exóticos desenhos no corpo humano. Também teve o seu tempo de maldição expressa, como artifício demoníaco. No Livro do Levítico (cap.9) proíbe-se – dentro doutro contexto - “a impressão de qualquer marca no corpo”. Outras correntes consideram a tatuagem como instrumento terapêutico de grande alcance. Mas talvez o mais curioso seja perguntar pelo significado no corpo dos artistas, homens e mulheres de notoriedade que criam uma verdadeira torrente de imitadores que jilgam imperfeito o seu todo sem o artifício dum estranho desenho impresso ainda que sem promessa de vitalício. É expressão corrente “tatuar uma vida” com um sentimento, um gesto, uma expressão, um sinal, uma “impressão de carácter”, um dizer forte e profundo sem palavras. Curioso o tempo que vivemos, na procura descoordenada de novos rituais que exprimem os desconhecidos camuflados dentro de cada ser. Que quererá dizer um jovem quando imprime em si próprio aquilo que desconhece?

Um artigo de Alexandre Cruz

O aquecimento
que nos queima e que derrete
a Gronelândia
1. A natureza vai-nos dando os seus sinais. A subida das temperaturas em termos gerais, consequência trágica da poluição que sempre acompanha o desenvolvimento, tem proporcionado preocupantes sinais que vão sendo constantes do clima em alteração. Dos especialistas vem-nos a observação cuidadosa e permanente desta “nova ordem climática”, mas também a certeza de que estamos a “dar cabo” da natureza e a alterar o mapa climático mais do que em qualquer outra época histórica. Por vezes ouve-se que “nestes últimos 30 anos poluímos mais que em 30 séculos…!”; se é certo que não poderemos confirmar tal ideia geral, a verdade é que a poluição, nas suas múltiplas variedades cuidadosamente estudadas por especialistas e cientistas, cresce numa espiral absolutamente imparável o que poderá colocar em perigo a própria sobrevivência. São inúmeros, a nível internacional, os acordos, protocolos, acontecimentos académicos e políticos que procuram fortemente alertar e despertar todos para esta realidade da responsabilidade de deixar “mundo habitável” aos vindouros. Mas as boas intenções em grande parte caem por terra quando o principal poluidor do planeta, os EUA, consideram-se senhores de um outro mundo, não dando mínimo “sinal” da alteração do seu modelo de vida poluidor; os EUA que não subscreveram como compromisso o famoso Protocolo de Quioto (aprovado em Quioto, Japão, a 11 de Dezembro de 1997, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança no Clima. Documento-compromisso que de forma metodológica aponta caminhos de luta contra as alterações climáticas através de uma acção internacional de redução das emissões de determinados gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global). 2. Será caso para dizer que se mesmo com todas as boas vontades o panorama seria extremamente complexo nesta luta pela sobrevivência humana, então quando nem sequer há margem política para as boas intenções a derrota nesta luta contra a natureza parece garantida. Amarrados e dependentes desta forma de vida, persistimos neste modelo de dia-a-dia extraordinariamente poluente; por razões geo-estratégicas e macro-económicas são recusadas as energias alternativas; vai-se adiando, talvez à espera de uma catástrofe climática, a autêntica reforma de modelo de vida neste planeta azul que pintamos de cinzento; e, pior que tudo, sabemos para onde estamos a caminhar e não queremos, teimosamente, arrepiar caminho. Seres racionais (!), preferiremos, aliás como hábito, apagar o fogo em vez de apostar tudo na mudança, na prevenção. Não há volta a dar-lhe, na falta da generosidade de princípio, tal como em muitas outras realidades, só quando algumas pessoas importantes sentirem na pele então é que, de facto, se mudará algo…sabendo que nessa altura já será tarde demais. É certo que a vida na terra e o ser humano têm sempre a capacidade de adaptação à mudança. Mas não esqueçamos que a realidade de que falamos é absolutamente nova e com fortes marcas de desertificação e secura. E então com as temperaturas altíssimas não haverá “cabeça fria” para gerir a permeabilidade aos incêndios semeados que nos devoram (e que já devem ter reduzido a cinzas a própria justiça…), e com armamento poluidor em todos os sentidos da guerra no médio oriente (em pausa de momento?), assim todo o panorama não será nada bonito de ver, parecendo uma fotografia queimada de destruição. 3. A notícia de que, da observação estudada de satélite, o “aumento da temperatura acelera degelo na Gronelândia”, chegou à terra no mesmo dia da suspeita de atentado terrorista “sem precedentes e de impacto inimaginável”, este que paralisou aviões ingleses (dia 10 de Agosto, dia este em que, após esforço, conseguimos encontrar uma boa notícia: “Obiqwelu é campeão da velocidade!”). É também, na base do estudo publicado na prestigiada revista Science, com alta velocidade que o gelo da Gronelândia vai derretendo. Triplicou mesmo esse degelo nos últimos anos em consequência do aquecimento global, este que nos irá proporcionar cada vez mais tufões, furacões (lembramo-nos do Katrina em New Orleans), surpresas e alterações de clima. Dizem-nos que “o manto de gelo da Gronelândia está a derreter-se a um ritmo três vezes superior ao registado antes de 2004”, afirma Jianli Chen, director da equipa científica do Centro de Investigações do Espaço da Universidade do Texas (EUA). Pelas previsões deste recente estudo, a tendência será a multiplicação preocupante e de efeitos imprevisíveis deste fenómeno em que “a Gronelândia perde anualmente cerca de 240 quilómetros cúbicos de gelo em consequência do aumento da temperatura”, provocando irremediavelmente, a médio prazo, “um aumento dos níveis das águas dos mares.” 4. O que dependerá de nós, de cada um, neste arrepiar de caminhos mais respeitadores da natureza? O que será possível numa Educação Ambiental para Todos (sendo que não iremos mudar “tudo”)? É grande e vital a responsabilidade em “perguntar” para deixar mundo respirável aos vindouros. Há quem dê três ou quatro séculos ao planeta! Há quem ache que já será muito tempo de vida na terra e que muito antes acabaremos com o equilíbrio necessário à fascinante Vida. Esse ideal futuro ecológico deverá começar cada dia, também com as pequenas (que são grandes) opções a fazer em que “tudo” deverá ser amigo do ambiente. Claro que só protege o ambiente – na coisa mais simples como o papel do chão ou o lixo na praia ou na mata - quem aprecia a beleza que nos envolve e procura melhorar o próprio mundo, ou pelo menos mantê-lo em equilíbrio. Esta deverá ser tarefa de todos, pois quem é a origem histórica (e que poderá acabar com a História) desta desorganização ambiental, por comodidade ou descuido, é o próprio Homem! Continuar assim não! Enquanto é tempo, nem que se mude só alguma coisa!...

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

BENTO XVI FALA DO PAPEL DA IGREJA

Em entrevista televisiva, Bento XVI fala do papel da Igreja no mundo contemporâneo: dos jovens ao lugar da mulher, do ecumenismo à moral sexual, o Papa quer um Catolicismo que se afirme pela positiva

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Papa Bento XVI

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Trinta e seis minutos para a história do pontificado

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Os 36 minutos da entrevista que Bento XVI concedeu aos canais alemães Bayerischer Rundfunk, ZDF, Deutsche Welle e à Rádio Vaticano entram directamente para a história deste pontificado. O Papa revela qual é a Igreja que quer para o mundo de hoje e deixa claro que, em todas as questões - dos jovens ao lugar da mulher, do ecumenismo à moral sexual -, é necessário apresentar um Catolicismo que se afirme pela positiva e não como um conjunto de proibições. Gravada no passado dia 5 de Agosto, em Castel Gandolfo, a entrevista foi transmitida este Domingo, menos de um mês da visita que o Papa efectuará à sua Baviera natal, de 9 a 14 de Setembro. Bento XVI mostra-se consciente da complexidade e das dificuldades que marcam a relação entre a Igreja e a sociedade contemporânea, mas não perde a confiança na capacidade dos católicos em abandonar uma posição que os entrevistadores definiram como “defensiva”. “Temos a tarefa de colocar em relevo aquilo que nós queremos, de positivo. E isso devemos fazê-lo, antes de tudo no diálogo com as culturas e com as religiões”, aponta o Papa. Uma das frases fortes da entrevista refere que “O Cristianismo, o Catolicismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva”, com Bento XVI a lamentar que essa consciência, hoje, tenha desaparecido quase completamente. Essa visão positiva não impede que a Igreja fale do que não quer, mesmo em âmbitos delicados como a família e o matrimónio. Para o Papa, o casamento entre o homem e a mulher “não é uma invenção católica” e está presente em todas as culturas; quanto ao aborto, é referido que “a pessoa humana tem início no seio materno e permanece pessoa humana, até ao seu último suspiro”. Já sobre a luta contra a SIDA – campo em que a Igreja tem sido duramente criticada ao longo dos anos por causa das suas posições quanto ao uso do preservativo – o Papa refere que “a questão fundamental, se quisermos progredir nesse campo, chama-se educação, formação”. Especificamente sobre o continente africano, Bento XVI lembra que ali “se faz muito para que as diversas dimensões da formação possam integrar-se e, assim, se torne possível superar a violência e também as epidemias, entre as quais precisamos de incluir também a malária e a tuberculose”.
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Leia mais em ECCLESIA

Monumento degradado

Mestre Mónica
merecia mais respeito
Numa das minhas muitas caminhadas pela Gafanha da Nazaré vejo, por vezes, aquilo que não gostaria de ver. É o caso do vandalismo que se nota por cada canto, com os graffitis a conspurcarem tudo o que encontram. Eu sei que há graffitis artistas e com capacidade para decorarem paredes com arte e sensibilidade. Mas o que se vê por aí não é nada disso. É simplesmente indecoroso o que muitos fazem, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e pelos monumentos. Em 1986, uma Comissão, constituída pelos gafanhões José Ramos, Marcos Cirino, Óscar Fernandes, Joaquim Rosa e Luís Caneira, levantou um monumento, na Alameda Prior Sardo, de homenagem ao célebre construtor naval Mestre Mónica, filho da terra, onde nasceu em a 11 de Junho de 1889. Faleceu em 16 de Julho de 1959, depois de muito ter feito pela Gafanha da Nazaré e pela região aveirense, no campo da construção naval, e não só. A homenagem quis assinalar o centenário de nascimento do Mestre Manual Maria Bolais Mónica e foi perfeitamente justa e até oportuna. Ora foi este monumento que eu vi completamente abandonado e degradado. Mestre Mónica não merecia tal desconsideração. Merecia e merece, sim, respeito e admiração de todos os gafanhões. Por isso, espero que em breve, ao voltar a passar por lá, eu possa confirmar que o monumento foi limpo e que o pequeno lago que o ornamenta, sem lixo, já tem o repuxo a funcionar. Fernando Martins

"António, Bispo do Porto"

«António,
Bispo do Porto» no programa Ecclesia O programa ECCLESIA vai transmitir a peça de Teatro “António , Bispo do Porto”, que esteve em cena no Teatro de Campo Alegre, no Porto, pela Companhia Seiva Trupe. Nos dias 14, 15, 16, 17, 21, 22 e 23 de Agosto, a peça estará na :2, às 18:30 horas. São cerca de duas horas de teatro, cujos episódios são interligados por intervenções de Júlio Cardoso, encenador, e Maria Fonseca Santos, autora. No dia do centenário do nascimento deste bispo, 10 de Maio de 2006, a Seiva Trupe colocou em cena a peça “António, Bispo do Porto”. Júlio Cardoso confessou à Agência ECCLESIA que foi preciso “mergulhar na obra deste gigante”, “um homem com um arcaboiço intelectual fabuloso”. “António, Bispo do Porto” retrata cerca de 50 anos da vida deste homem. Com uma grande vertente musical e coreográfica, a peça tem uma rigorosa análise dramatúrgica, como explicou Júlio Cardoso.
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Fonte: Ecclesia

domingo, 13 de agosto de 2006

Um poema de João de Deus

DIA DE ANOS Com que então caiu na asneira De fazer na quinta-feira Vinte e seis anos! Que tolo! Ainda se os desfizesse... Mas fazê-los não parece De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse Que fez a mesma tolice Aqui o ano passado... Agora o que vem, aposto, Como lhe tomou o gosto, Que faz o mesmo? Coitado!
Não faça tal: porque os anos Que nos trazem? Desenganos Que fazem a gente velho: Faça outra coisa: que em suma Não fazer coisa nenhuma, Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa! Olhe que a gente começa Às vezes por brincadeira, Mas depois se se habitua, Já não tem vontade sua, E fá-los queira ou não queira!
João de Deus (1830 – 1896 : Fonte: PÚBLICO on-line

Maestro Martin André na UA

Até 20 de Agosto
Reputado maestro
dirige Estágio de Orquestra
Sinfónica na Universidade de Aveiro
Promovido a partir da iniciativa de um grupo de jovens, decorre até ao próximo dia 20, no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, o Estágio de Orquestra Sinfónica «Momentum Perpetuum».
O Maestro convidado para dirigir o curso é Martin André, um dos mais prestigiados da actualidade.
A encerrar o Estágio, no dia 19 de Agosto, tem lugar um concerto no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, a partir das 21h30.
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Leia mais na UA

Bento XVI pede o fim da guerra

Bento XVI saúda possibilidade de paz no Médio Oriente
Bento XVI saudou neste Domingo a possibilidade de um cessar-fogo no Médio Oriente, numa referência ao anunciado fim das hostilidades no Líbano, e pediu que a ajuda humanitária chegue "rápida e eficazmente" às populações vítimas do conflito. Na oração do Angelus, Bento XVI disse esperar que o acordo alcançado nas Nações Unidas seja o início de uma paz duradoura para a região. O Papa falava da varanda de sua residência de verão de Castel Gandolfo, para ressaltar que "o clima de férias não deve fazer esquecer o grave conflito no Oriente Médio". “Os últimos desenvolvimentos levam-nos a esperar que cessem os confrontos e que seja assegurada de modo rápido e eficaz a assitência às populações. O desejo de todos é que, finalmente, a paz prevaleça sobre a violência e a força das armas", apontou. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou na noite deste sábado para Domingo que Israel e Líbano chegaram a um acordo para o fim das hostilidades, que entrará em vigor na madrugada de segunda-feira, após mais de um mês de conflito.

FOLCLORE NA PRAIA DA BARRA

Ribau Esteves garante que as praias
do concelho de Ílhavo são as melhores do País
Cantares dos nossos
antepassados fazem
parte dos nossos genes
Ontem à noite realizou-se, como havia anunciado, o Festival Nacional de Folclore da Barra, com organização do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Muitos veraneantes assistiram ao espectáculo, ensaiando, ao som das modinhas tradicionais, uns pezinhos de dança. Vi, com agrado, que as músicas e os cantares dos nossos antepassados fazem parte dos nossos genes. A Praia da Barra, ontem, era um mar de gente, sendo muito difícil o estacionamento. Os carros encheram todos os espaços disponíveis e até alguns passeios. O povo precisa mesmo dos ares do mar para reanimar o espírito. Também gostei de ver como o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) se vai renovando, com gente jovem a ocupar os lugares, nas danças, que foram e ainda são os dos seus pais.
Alfredo Ferreira da Silva, fundador e presidente do GEGN, mostrou-me o seu agrado, quando confirmou o rejuvenescimento do grupo que tem levado, bem longe, o nome da região das Gafanhas, do concelho de Ílhavo. Também o presidente da Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves, teve palavras de louvor para quantos valorizam as nossas tradições, na sessão de boas-vindas aos grupos participantes, que decorreu na Casa Gafanhoa, horas antes do festival. “Ninguém pode substituir os cidadãos neste trabalho de divulgação das nossas tradições”, quantas vezes tendo de “ultrapassar obstáculos”, sublinhou o autarca ilhavense. Ribau Esteves ainda aproveitou a ocasião para garantir aos membros dos grupos que foram convidados para este festival que as nossas praias são “as melhores do País” e que merecem, por isso, ser visitadas. Este festival nacional de folclore foi apoiado pela Câmara Municipal de Ílhavo e integrou-se nas festas do município, programadas para o mês de Agosto. F.M.

Gotas do Arco-Íris - 28

E O ARCO-ÍRIS
NO PEITO DO GARNISÉ!... Caríssimo/a: Antes de mais uma observação para os serviços sanitários: também temos o direito de sonhar, ou seja, viver num país como se fosse noutro... O que vou tentar escrever é para os Amigos e eles sabem bem como gosto de brincar com coisas sérias... Assim, pois, os senhores agentes de sanidade que procuram a gripe das aves não leiam, p. f., as linhas que se seguem... E é que ele há dias em que mais valia não sair da cama. Minha Mulher vinha encrespada com o diacho do garnisé: aquele cinco-réis de gente atirara-se a ela com uma fúria que só vista e ainda por cima com o bico fez-lhe aquilo no pulso... Bem é bom dizer que 'aquilo no pulso' era cá um destes buracos que parecia um poço de tirar água e a mão estava inchada, um cepo. – Então, mas como foi isso? – Imagina que eu queria apanhar a galinha e ele, com ciúmes, pimba! Fez-me este lindo serviço! [Convém abrir aqui um parêntesis para explicar um pouco a estória deste amigo garnisé... É dos tempos da minha fisioterapia... Havia duas senhoras nessas sessões, D. Emília e D. Raquel, de suas graças. Conversas domésticas com minha Mulher e a última ofereceu-lhe um pinto garnisé... Evolução da capoeira, com destino atroz para o galo, e aí temos o garnisé promovido... Os rapazes do meu tempo sabem bem as consequências destas promoções imerecidas ou antes do tempo...] Mas a bronca continua: o raças do abanico, não satisfeito com o lindo serviço que fez à dona da capoeira, quando esta virou costas, zás, atirou-se à galinha e deixou-a a escorrer sangue... Quando aquela regressou ao galinheiro e deparou com o espectáculo, até se benzeu: Em nome do Pai... Querem ver... Mas ela é que nem queria acreditar... E , pelo sim pelo não, resolveu aproveitar a galinha, não fosse ela sucumbir aos golpes mortíferos daquele... Bem, o depenar dava para outra gota, pois o inchaço da mão aumentou, prendeu os movimentos... Adeuzinho e passem muito bem, e que a canja estava boa, lá isso nem se fala!... Manuel

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

Não se vê saída para o conflito do Iraque
O Presidente Bush disse que o ataque terrorista frustrado pela polícia britânica vinha lembrar que os Estados Unidos estão "em guerra com fascistas islâmicos". Mas é difícil incluir a invasão do Iraque nessa "guerra", a não ser pela negativa, como incentivo ao terrorismo islâmico.
A maioria dos suspeitos agora detidos nasceu na Grã-Bretanha e teria ligações ao Paquistão. E foi a polícia, não a força militar, quem fez abortar os atentados.
Com a tragédia em curso no Líbano e na Palestina, tendo como pano de fundo a ameaça nuclear do Irão, a situação no Iraque recuou para segundo plano na actualidade informativa. Mas o que se passa ali merece atenção. Até porque os ataques israelitas reforçaram o sentimento antiamericano no Iraque. O próprio primeiro-ministro al-Maliki já se insurgiu contra bombardeamentos americanos em Sadr City.
O embaixador britânico em Bagdad, assim como dois generais americanos em serviço no Iraque (um deles comandante das forças dos EUA ali destacadas), coincidiram há dias numa conclusão inquietante: o mais provável é que o Iraque descambe para uma guerra civil aberta. Calcula-se que, actualmente, naquele país cerca de cem pessoas por dia, em média, sejam assassinadas pela violência sectária e religiosa.
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Leia mais no DN

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Imagens da Ria

Postal ilustrado antigo: Moliceiros ::
Em tempo de férias
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Há dias lembrei aqui que em tempo de férias seria interessante procurar fotografias antigas para reviver momentos que já não voltam. Dei-me, esta tarde, durante uma boa hora, à procura de fotografias e de postais de que já nem me lembrava. Não calculam como foi saboroso.