sábado, 8 de julho de 2006

Um artigo de Alexandre Cruz

Um guarda-redes
com Fé
1. Não tenhamos dúvidas, Deus não joga por clube contra outro; Deus não é de uma selecção em desrespeito da outra. “Trazer” Deus para o campo de futebol na procura da mágica vitória não se comprometendo cada dia com uma busca de sentido divino para a vida não será outra coisa senão “superstição”. Todavia, tal como dizemos que “Deus não joga”, também deveremos dizer que “Deus ajuda que acredita…”, pois quem acredita fica mais “leve” em situações humanamente difíceis e pesadas em que todos os “nervos” deitariam tudo a perder. É pretexto destas linhas o já habitual sofrido jogo Portugal – Inglaterra do Mundial de Futebol, em que no final alguém comentava que o guarda-redes “Ricardo é uma pessoa de Fé, ele é uma pessoa de Fé!” Ao acolher este testemunho, rapidamente vale a pena reparar mais a fundo sobre o comportamento dos guarda-redes, o “peso” do momento decisivo com o olhar de todo o mundo, as mil razões lógicas para quem defende e quem marca estar nervoso, a natural e compreensível falta de serenidade diante de um justificado oceano de “nervos”, a noção do “momento histórico” que atrapalharia todo o reflexo necessário para uma defesa que seja. O certo é que a “calma”, provinda da luz da Fé que da “tempestade da adrenalina ao rubro” gera “a bonança da concentração e leveza interior”, tanto foi incómodo para os rematadores ingleses como reflexo apurado e intuição certeira para o calmíssimo e confiante Ricardo. É por isso que valerá a pena “tirar esta lição”: sem a libertação interior, existencial, as tempestades de nervos atrapalham qualquer jogada, perturbam o ser humano impedindo o acesso ao seu melhor; sem a libertação interior a ansiedade profunda faz o seu caminho perturbando a “saúde” espiritual. Com o sentido da Fé, que gera paz interior, tudo pode ser diferente; claro que não a Fé fanática das frases feitas que aposta no “mágico” que viria substituir a responsabilidade e o empenho, como se “Deus jogasse por nós…” Esta visão de Fé, ainda a precisar de muita purificação, infelizmente existe e tanto será menoridade para quem a vive como naturalmente dificulta o “discurso” partilhado com o mundo contemporâneo. Sim a Fé, a Esperança profunda, projectada até ao infinito e depois em Deus-Pessoa…que vem iluminar divinizando o sentido de Humanidade. Este sentido de Fé, ainda que navegando na fronteira que cria pontes de esperança com o “outro” diferente, libertará, dará a paz, concentração, serenidade em hora determinante… 2. Nesta era de excelentes racionalidades e tecnologias, todavia tempo de pobreza de valores relacionais e de desencantos de sentido, talvez valha mesmo a pena sublinhar que se se pretende dar mais um pouco de cor e luz interior a todas as horas do “jogo da vida”, então será mesmo essencial ir vivendo e semeando poesia, esperança, Fé. Sem esta luz interminável (luz da Fé que estará um patamar acima das codificações interpretativas diversas dos esquemas das religiões – estas são já também a expressão de vivência comunitária com maturidade desejada, sempre crescente), sem essa luz tantas vezes as vidas tornam-se escuras, vazias de sentido, geram-se tempestades num copo de água, o clima fica frio dificultando a vivência saudável com o “outro”. No meio da baliza, a Fé ajudará a acrescentar “paz” à turbulência da “ansiedade” lógica. Que outra realidade, tantas vezes, não precisamos mais que não seja a sabedoria para acalmar as tempestades? Ou ler nelas o desafio a reconstruir a maturidade desejada? É grande e belo quando as pessoas “confiam”…; é empobrecedora e pobre a vida de quem só confia em si mesmo, esquecendo-se que sem “outros” não vive. Uma vida que procure uma luz sempre presente, ainda que as palavras digam outra coisa é uma vida que assume a humildade capaz de procurar mais e mais, esse é o grandioso caminho da Fé que, com a razoabilidade (fé com inteligência) necessária renova as possibilidades e horizontes da vida. 3. Que bom seria uma sociedade onde cada um, na riqueza da diversidade de suas expressões, tivesse a oportunidade de partilhar de forma plural a sua canção, poesia, esperança! Que seca e culturalmente asfixiante a visão que, espelhada já em sistemas de conceitos e preconceitos, procura afastar a pluralidade de visões e dos sentidos de Vida e de Fé da própria sociedade! Não há nada mais importante que a oportunidade, feita crescimento de aprendizagem comum, de se conversar, debater, conhecer o outro, partilhar a ideia, duvidar como caminho, procurar uma síntese sempre construtiva e inclusiva com as “achegas” de todos os contributos! Talvez valha a pena sublinhar que, não estando na moda, uma inteligência que humildemente se deixa iluminar pela Fé, voa bem mais alto, aproximando-se a vida pessoal de uma realização mais plena, onde a “sensibilidade inclusiva com o outro” será expressão viva de Fé geradora de grandeza de Humanidade. Estes são os que ficam para a história, pois contra ventos e marés mantêm a serenidade pois vivem a humilde grandeza de confiarem para além de si mesmos… Assim, ficam mais leves, com o mais apurado discernimento agarram todas as bolas! Esta é a pergunta essencial: que queremos para nós e para os vindouros?... O caminho da felicidade e paz que se procura está para além da fascinante lógica das coisas; se ficamos por aqui, a meio do caminho só pelo “visível”, o peso dos acontecimentos turbulentos “secará” toda a esperança. O rumo da vitória nos jogos da vida, no superar-se a si mesmo e reciclando continuamente “forças” para recomeçar, exige capacidade de abertura, transcendência, Fé! Seja este o caminho da arte de viver com gratidão e esperança. Não dando “lucro” nem nada de extraordinário na “hora”,… o mundo será melhor, pois as pessoas serão interiormente mais saudáveis e mais felizes e solidárias! A sociedade de todos bem precisa!

domingo, 2 de julho de 2006

DE FÉRIAS: AUSENTE, MAS PRESENTE

Durante alguns dias, estarei de férias, que bem preciso. Estarei ausente, mas sempre que possível passarei por aqui, tal é o respeito que me merecem os meus leitores habituais. Serão passagens rápidas, ao sabor da maré e de outras ocupações de tempos de lazer.
A todos os meus amigos, assíduos ou ocasionais visitantes do meu blogue, desejo, também, umas boas e reconfortantes férias.
Fernando Martins

Um texto de Isabel Alçada Cardoso

José Rodrigues, Anunciação
:: A Anunciação a Maria
de Paul Claudel
Paul Claudel (1868-1955) nasce em Villeneuve-sur-Fère em França no seio de uma família católica. O ensino laico francês leva-o a perder a fé, mas aos 18 anos, no dia de Natal, em 25 de Dezembro de 1886 na Catedral de Notre-Dame de Paris, converte-se ao catolicismo. Na sua vida desenvolve simultaneamente a carreira diplomática e a actividade literária. Seguem dois excertos das suas obras que expressam a sua experiência de conversão: «Eu estava no meio da multidão, próximo do segundo pilar, à entrada do coro à direita, do lado da sacristia. Foi então que se deu o acontecimento que domina toda a minha vida. Num instante, o meu coração foi tocado e EU ACREDITEI. Eu acreditei, com uma tal força de adesão, com um tal tumulto de todo o meu ser, com uma convicção tão potente, com uma tal certeza que não deixa lugar a nenhuma espécie de dúvida. Desde então, nenhum livro, nenhum argumento, nenhum acaso de uma vida agitada puderam abalar a minha fé, nem sequer tocar nela. Eu tive de um só golpe o sentimento pungente da inocência, a eterna infância de Deus, uma revelação inefável» (Ma conversion, 1913). «E eu fiquei diante de vós como um lutador que se dobra, Não que se julgue fraco, mas porque o outro é mais forte. Vós chamaste-me pelo meu nome Como alguém que me conhece, escolheste-me entre todos os da minha idade.» (Cinq grandes odes, III, 1907) L'Annonce faite à Marie (1912), agora reeditado sob o título A Anunciação a Maria (Lucerna, Lisboa, 2006), traduzido por Sophia de Mello Breyner Andresen em 1960 conta o debate trágico entre o orgulho e a caridade. O tema é o amor, o amor gerador da pessoa, o amor gerador de um povo, o amor criativo da totalidade. O drama desenvolve-se em torno de seis personagens: Violaine, Pedro de Craon, Anne Vercors, Tiago Hury, Isabel e Mara. Violaine é a hóstia de um sacrifício consentido que a conduz à santidade: abandonada pela mãe farisaica, traída pelo noivo que não acredita no seu amor e assassinada pela inveja de Mara, nunca se defende, em tudo reconhece a simplicidade do Mistério de Deus. Pedro de Craon é o construtor de catedrais. A sua virgindade oferecida a Deus cede num momento de tentação mas é salva pela misericórdia de Violaine. E diz-nos: «Não é à pedra que compete escolher o seu lugar mas sim ao Mestre da obra que a escolheu» (p. 31). E no diálogo do terceiro acto Pedro de Craon, pela boca do aprendiz, sintetiza a sua missão: «Ele [Pedro de Craon] diz que o seu ofício não é fazer estradas para o Rei, mas uma casa para Deus. [...] Para que serve a estrada se no final não houver uma igreja?» (p. 110). Anne Vercors, o pai, faz a síntese de toda a história: «A paz, para quem a conhece, tem em si a alegria e a dor em partes iguais». (p. 179). E mais adiante diz: «Viver será a finalidade da vida? Estarão os passos dos filhos de Deus amarrados à terra miserável? O fim não é viver mas sim morrer! E não armar a cruz mas sim subir à cruz e dar o que temos com alegria! Ali está a alegria, ali está a liberdade, ali a graça, ali a juventude eterna! [...] Que vale o mundo em frente da vida? E de que nos vale a vida se não for para nos servirmos dela e para a dar? E porque nos havemos de atormentar quando obedecer é tão simples e a ordem está ali?» (p. 196).
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In "Observatório da cultura"

Empresários e gestores promovem valores cristãos

Para combater
a pobreza
é preciso criar
mais riqueza
A ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores) apre-sentou-se em Aveiro, na segunda-feira, 26 de Junho, por iniciativa do Bispo diocesano, D. António Mar-celino. A sessão decorreu no Centro Universitário Fé e Cultura e contou com a intervenção de Jorge Líbano Monteiro, secretário-geral daquela organização, estando presentes alguns empresários e gestores, sensíveis aos princípios da Doutrina Social da Igreja. A associação defende a humanização das empresas, no respeito absoluto pelos seus colaboradores, como foi largamente sublinhado no encontro. No final, um pequeno grupo de empresários e gestores assumiu a liderança do processo que há-de conduzir à criação do Núcleo de Aveiro da ACEGE, sendo necessários, pelo menos, 10 associados da região. A apresentação da ACEGE centrou-se no “Código de Ética” dos empresários e gestores, documento aceite já por cerca de 500 pessoas ligadas ao mundo empresarial, esperando-se que até finais de 2006 a organização tenha 700 associados. O secretário-geral da ACEGE sublinhou que a associação pretende “inquietar e mobilizar as consciências das pessoas”, defendendo valores cristãos que sejam aplicados na vida familiar de cada um e nas empresas que dirigem. Por outro lado, está a apostar na formação dos seus associados, através de encontros, debates, seminários, entre outras iniciativas, para que todos possam servir de referência na sociedade em que se inserem. Jorge Líbano Monteiro referiu que a associação procura sensibilizar os seus membros e demais empresários e gestores para seguirem a “opção preferencial pelos pobres” defendida pela Igreja. Nessa linha adiantou que é preciso implementar o estudo de mecanismos que possam criar mais riqueza, para mais facilmente se combater a pobreza. Sem nunca esquecer os princípios da Doutrina Social da Igreja, a ACEGE defende que a criação de riqueza é um bem para a sociedade, tendo Líbano Monteiro adiantado que, “quanto mais convictos estivermos dos valores em que acreditamos, mais facilmente os conseguiremos pôr em prática”. Disse que é imperioso “potenciar o compromisso social de cada empresário e gestor no seu meio”, apostando permanentemente nas pessoas, pois só com elas é possível construir um mundo melhor. Falando do “Código de Ética”, em cuja elaboração participou activamente o empresário José Roquete, Jorge Líbano afirmou que este documento foi resultado de muita reflexão e ponderação, estando os seus princípios essenciais a ser seguidos por outras associações e empresas. Citando, ainda, o mesmo Código, lembrou que “o homem é o fundamento, o sujeito e o fim de todas as instituições em que se expressa a vida social”, e que a economia “tem de ser potenciada e implementada para plena realização da sociedade e do bem comum”. Para D. António Marcelino, o “Código de Ética” é uma referência fundamental para todos os empresários e gestores, “cristãos ou não”, tendo recordado que a Igreja “não tem a terceira via”, mas promove valores que são uma mais-valia para que as actividades humanas sejam “fermento de uma sociedade nova”. O Bispo de Aveiro disse, por fim, que a sociedade precisa de gente criativa e com capacidade para oferecer postos de trabalho, em empresas humanizadoras. Fernando Martins
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Foto: Jorge Líbano Monteiro

Gotas do Arco-Íris – 24

SABES A COR
DA FOLITA? Caríssimo/a: Sempre nos acontece cada uma que nos deixa espantados e a cismar. Então não é que, andando na rega do meu quintal, uma folita resolve pousar na mangueira, ali mesmo junto dos meus dedos; e lá se foi mantendo enquanto tirava a sede a umas hidranjas que estavam com as folhas derreadas; assim se manteve largos minutos; saltou para um arame da parreira mas rápida voltou para o seu poiso. Claro, vem logo à ideia o Francisco de Assis e o sermão aos pássaros. E quantos e quais é que estariam a incomodar o seu repouso? Eu por ali admiro melros (que fartura!), pardais, andorinhas, rolas, pombas, cotovias, serzinos (a que na Murtosa apelidam de gilro-gilro), bicos-de-lacre, alguns pintassilgos, pintarroxos e verdelhões, um que outro milhafre, raras alvéolas, e muitas cegonhas... Imagina que no sábado anterior por ali andava perdida, de bico aberto com fome, uma cria de pega!... Tenho um vizinho que, em épocas de falta de trabalho, se entretém a apanhar os pobres e a prendê-los nas gaiolas... E, para além das nossas velhas e conhecidas palmas e ratoeiras, usa também o visco; é um especialista na matéria. Este ano apareceu com uma palma que me lembrou um outro vizinho muito amigo, o ti Manel Jaquim, que (há quantos anos?!) me fez uma dessas que só armei uma vez: rectângulo de rede com dois paus nos extremos e cordas que fazem com que feche caindo sobre a machuqueira, prendendo os tristes dos passarinhos... Ora como o meu vizinho tem trabalho, a passarada por ali anda livremente, fazendo os ninhos e renovando as espécies com novos caçolinhos ... Os melros eram uma das vítimas preferidas, invariavelmente terminando o crescimento na gaiola, onde os progenitores os iam alimentar; agora é um regalo vê-los a esvoaçar, assobiar e até a beber água nas pias que por lá pomos com essa finalidade. Bem, o pior é que não há fruta que resista: toda picada mal começa a amadurecer! Enfim... Certamente já muitos terão reparado é que as cegonhas alteraram o seu estatuto: de emigrantes passaram a residentes. Continuarão como espécie protegida? A ver vamos... Quanto à nossa folita, ela ainda voltou a pousar na mangueira e por ali andará no seu voo rápido e inconstante, como que a lembrar-nos que as férias são isso mesmo... Manuel

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

A herança cristã da Europa e do mundo
Após longos debates por causa da inscrição da herança cristã no projecto de "Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa", penso que se encontrou uma boa solução nesta redacção para um dos considerandos do Preâmbulo: "Inspirando-se nas he- ranças culturais, religiosas e humanistas da Europa, cujos valores, sempre presentes no seu património, fixaram na vida da sociedade o papel central da pessoa humana e dos seus direitos invioláveis e inalienáveis, bem como o respeito pelo direito (...)." Esta redacção é mais abrangente e tem em conta outras heranças religiosas importantes.
Como é sabido, as críticas à Igreja Católica sucedem-se e há mesmo alguma má vontade hoje contra o próprio cristianismo por parte de intelectuais e responsáveis políticos. Isso não deve admirar, pois a religião não está imune à crítica. Lamentável seria e é o desconhecimento real do cristianismo e do que ele significa para a Europa e para o mundo.
No seu último livro, Aprender a Viver, um pequeno tratado de filosofia para os jovens, o conhecido filósofo francês Luc Ferry, que já foi ministro da Educação da França e que se confessa não crente, chama a atenção para o "absurdo" que lhe aconteceu quando era estudante: na História da Filosofia, saltava-se quinze séculos - do fim do século II para o século XVII -, com total ignorância da História Intelectual do Cristianismo.
Ora, há no cristianismo ideias que ainda hoje têm uma importância decisiva, de tal modo que foram retomadas pela filosofia moderna e mesmo por ateus.
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IPSS entram na Rede de Cuidados Continuados

Novas necessidades
de saúde requerem
novas respostas
Apesar do aumento da esperança de vida verificam-se carências ao nível dos cuidados de longa duração e paliativos, decorrentes do aumento da prevalência de pessoas com doenças crónicas incapacitantes. Em Fátima, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) realizou um encontro sobre a Rede de Cuidados Continuados Integrados. Em declarações à ECCLESIA, o Pe. Lino Maia, presidente da CNIS, referiu que como existe a possibilidade de “integração e cooperação das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) nesta rede havia necessidade de divulgar e sensibilizar as IPSS sobre as possíveis parcerias a estabelecer”.
Publicado em Junho passado, o decreto-lei sobre Rede de Cuidados Continuados Integrados salienta que estão a surgir novas necessidades de saúde e sociais, que “requerem respostas novas e diversificadas que venham a satisfazer o incremento esperado da procura por parte de pessoas idosas com dependência funcional, de doentes com patologia crónica múltipla e de pessoas com doença incurável em estado avançado e em fase final de vida”. Com o novo diploma “era importante dirigir alguns alertas às IPSS e fazer sentir a importância destas neste plano” – sublinhou o presidente da CNIS.
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Foto: Padre Lino Maia
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sábado, 1 de julho de 2006

"PAIS, UMA EXPERIÊNCIA" LANÇADO A 27 DE JUNHO

Um livro que não ensina, mas que ajuda a aprender
Uma experiência de trabalho construída com pais e não para pais, alterando o modelo habitual dos “Cursos para Pais”, que, na grande maioria dos casos, se limitam a promover sessões em que um “perito” indica aos progenitores o modo de agir com os filhos. É esta a principal mensagem deixada pelos autores do livro, Inês Pinho e Hugo Cruz. Nesta obra Pais, Uma Experiência, a educação parental é entendida como “um processo co-construído” ao longo da intervenção com os pais, no sentido de se desenvolverem e reforçarem “competências parentais que permitam um melhor e mais adequado desempenho das funções educativas”, o que possibilitou, a partir de um projecto inicial de prevenção primária das toxicodependências, desenvolver um conjunto de iniciativas de capacitação dos pais intervenientes, os protagonistas de todo o processo. A sessão abriu com um espectáculo teatral “Retratos de Família”, onde os actores foram os pais que, durante dois anos e meio, integraram o Clube de Pais, do projecto de intervenção social “Pais XXI”, um dos raros projectos de educação parental desenvolvidos no país. O processo criativo desse espectáculo, dirigido e encenado pelo próprio autor, Hugo Cruz, é retratado num dos capítulos do livro, “Teatro e educação parental”. Nele pinta-se, num quadro simbólico, o turbilhão dos quotidianos, o barulho dos dias e das vidas na busca para reencontrar o genuíno, a espontaneidade, o verdadeiro estar com os filhos.
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Milene Câmara
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Um texto do Padre José Tolentino Mendonça

«Haveis de rir»
(Lc 6, 21)
Isaac quer dizer “Deus sorriu”. E este sorriso de Deus aparece como resposta ao riso céptico de Sara, que se sabia avançada nos anos e privada já de fecundidade. Sara ria-se da impossibilidade histórica de uma promessa (Gen 18,10-15). O sorriso de Deus ressoaria, contudo, na alegria daquele filho nascido, irrecusável testemunho não apenas de uma promessa, mas de um inusitado cumprimento. Um leitor superficial da Bíblia pode, facilmente, tropeçar numa imagem de Deus susceptível, colérico, ciumento, implacável. Das 29 vezes que no Antigo Testamento se refere o riso, apenas duas expressam uma satisfação por boas razões. Em todas as outras o riso, mesmo o de Deus, é de sarcasmo ou desprezo. Não admira que em torno ao riso de Deus e dos crentes se tenha formado uma longa história de incompreensões. E as caricaturas do cristianismo o apresentem, não raro, como uma cultura sisuda e triturada pela culpa mais que do lado da alegria. Porém, se na tradição bíblica, o riso é um motivo ambíguo e inconclusivo, o mesmo não se pode dizer da alegria. Há um título de um teólogo, Werner Thiede, que resume bem a insistência com que, na Bíblia, ela ocorre: “A hilaridade prometida”. Deus pratica um luminoso humor (a começar pela apresentação do Seu nome: «Eu Sou Aquele que Sou», Ex 3,14). A certeza do povo crente é que «a nossa boca se saciará de alegria» (Sl 126,2). Recentes metodologias de análise narrativa do Novo Testamento mostram bem como Jesus usa de uma ironia fascinante, que remove eficazmente os obstáculos do coração, desconcertando e, finalmente, alegrando, pois recupera o que de nós tínhamos já por perdido (Lc 15,9). Mas o cristianismo, na sua radical novidade, troca ainda as voltas ao humor. No cimo da cruz é o próprio Deus que se torna risível, e os comentários ali atirados são bem mais ácidos que o vinagre dado a beber. Nesta desarmante representação de Deus que a Cruz propõe, reside, inegavelmente, a grande viragem que o Evangelho, há dois mil anos, anuncia. ::
In "Observatório da cultura"

FOLCLORE NA GAFANHA DA NAZARÉ

Par do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
GRUPO ETNOGRÁFICO
ORGANIZA XXII
FESTIVAL NACIONAL DE FOLCLORE
O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré está a preparar o XXII Festival Nacional de Folclore, que terá lugar no próximo sábado, dia 8 de Julho, com a participação de seis representantes de diversas zonas do País, para além do grupo anfitrião. Os amantes do folclore e da etnografia podem, então, apreciar o Centro Cultural, Recreativo e Desportivo de Belas (Lisboa), o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos (Ribatejo), e os Grupos das Sargaceiras da Casa do Povo da Apúlia (Apúlia), Folclórico de Juncal do Campo (Castelo Branco), Folclórico de Vila Nova de Sande (Guimarães), Danças e Cantares do Mondego (Coimbra), e Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Do programa consta a recepção aos grupos participantes e convidados, pelas 16.30 horas, seguindo-se uma visita ao espaço museológico “Casa Gafanhoa”. O desfile começa às 21 horas, e uma hora depois inicia-se o Festival, com a exibição dos grupos, que apresentam retalhos, curiosos e bem estudados, de diversas regiões do País. No fundo, este Festival, como os outros que o antecederam, pode ser considerado como uma homenagem ao povo que hoje habita a Gafanha da Nazaré, oriundo de muitas regiões de Portugal. F.M.

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

A aposta arriscada
do ministro
das Finanças
O ministro das Finanças tem mantido uma atitude de sereno optimismo quanto ao cumprimento da meta para o défice orçamental deste ano. É uma meta difícil, pois implica descer de 6% do PIB em 2005 para 4,6% em 2006. Ou seja, 1,4 pontos percentuais num só ano, façanha que o Estado português jamais conseguiu no passado.
A tranquilidade - pelo menos aparente - de Teixeira dos Santos transmite confiança, dando a impressão de que as contas públicas estão controladas. Mas se os factos vierem a desmentir o ministro, ainda que apenas por algumas décimas, o rombo na credibilidade governamental será considerável, em Portugal e no estrangeiro.
A aposta arriscada do Governo conta com alguns factores a seu favor. A ligeira melhoria na conjuntura económica nacional, em primeiro lugar. Se o PIB crescer este ano acima do previsto, a meta da redução do défice terá mais possibilidades de ser atingida. Porque a percentagem indicada se fará em relação a um PIB maior e porque o crescimento económico aumenta a colecta fiscal. Mas, por enquanto, trata-se mais de uma esperança do que de um facto. Até porque a recuperação verificada no primeiro trimestre assenta numa forte subida das exportações de bens e serviços, que os números de Abril não confirmam.
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Um dia de peregrinação

Santuário de Fátima
retoma «Um dia
em peregrinação»
O Santuário de Fátima volta a propor, aos peregrinos e visitantes, a partir de 16 de Julho e até 15 de Setembro, o programa "Um dia em Peregrinação". Segundo dados fornecidos pela Sala de Imprensa do Santúario, "realizou-se em 2005 pela sétima vez tendo participado 1.643 pessoas, em especial de nacionalidade portuguesa".
Este programa «Um dia em peregrinação», é desenvolvido pela secção Informações, do Serviço de Peregrinos do Santuário, e é uma exortação ao peregrino de Fátima. É um projecto organizado para quem deseja conhecer, ou aprofundar os conhecimentos que têm, sobre os locais, a história e a mensagem das Aparições de Nossa Senhora do Rosário em Fátima. Está organizado de forma a preencher o dia de quem visita o Santuário, com momentos de oração e de convívio e "tem sido uma aposta conseguida", referem os responsáveis.
É um programa gratuito para o qual não é necessária inscrição e conta com o acompanhamento de seminaristas voluntários, encarregues de acompanhar os peregrinos.
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sexta-feira, 30 de junho de 2006

Imagens de Aveiro

Salineira
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Fachada de Arte Nova

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Igreja de Jesus,
no Museu de Aveiro

Hospital de Aveiro com nova "URGÊNCIA"

Investimento de 3,5 milhões de euros

Hospital de Aveiro

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Urgência do hospital de Aveiro
tem novas instalações
a partir de hoje ::
Após dois anos e meio de obras, a nova urgência do Hospital do Infante D. Pedro (HIP), em Aveiro, entra hoje em funcionamento. O serviço que, desde Dezembro de 2003, tem vindo a funcionar em contentores provisórios é, agora, transferido para um novo edifício que tem uma área total de 3000 metros quadrados e que está dotado de "melhores condições de acolhimento, estadia e de prestação de cuidados", destaca António Isidoro, director do serviço, a propósito do investimento feito, que ascendeu a 3,5 milhões de euros. As melhorias saltam à vista assim que se entra no serviço, visto que passam a estar contempladas entradas diferenciadas para a urgência de adultos e crianças, e os bombeiros também passam a ter uma área de apoio para os períodos de espera.
A transferência para a nova casa foi acompanhada de um reforço da equipa de enfermagem e auxiliares de acção médica, ao contrário do que aconteceu com o corpo clínico, que se mantém inalterado.
À hora em que este jornal chega às bancas, é de esperar que todos os doentes que necessitam de recorrer à urgência do hospital de Aveiro estejam já a ser encaminhados para as novas instalações, cuja entrada passa a ser feita pela rua que dá acesso ao antigo Estádio Mário Duarte, que acaba de ser limitada num sentido único, de forma a facilitar o acesso rodoviário àquele serviço do HIP.
A entrada no serviço passa a diferenciar as situações de emergência (as mais graves), urgência de adultos e urgência de Pediatria. Afinal, uma das grandes preocupações tidas em conta na abertura das novas instalações prendeu-se com "a redefinição do circuito de gestão do doente", que, a par com a triagem de prioridades - iniciada ainda nas instalações provisórias -, garante "uma melhor adequação dos tempos de espera, desde a observação clínica até à decisão clínica", atesta António Isidoro.
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Maria José Santana : Leia mais no "PÚBLICO"

TEATRO NA GAFANHA DA NAZARÉ

A GAFANHA DA NAZARÉ
PRECISA
DE UM GRUPO DE TEATRO
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A Gafanha da Nazaré precisa, há muito, de um grupo de teatro com actividade regular. Eu sei que de quando em vez por aqui aparecem grupos que exibem, com alma e orgulho, o fruto do seu trabalho. Mas a cidade da Gafanha da Nazaré não pode apenas estar à espera dos outros, pondo de lado a arte de representar. Precisa, urgentemente, de um grupo de gente que dinamize o teatro, nas suas diversas expressões, porque artistas, disso estou certo, não faltarão.
Hoje mostro um cartaz de uma peça de teatro (O MAR, de Miguel Torga) que foi apresentada em 1974, no salão paroquial. Recordo os artistas, os técnicos e a alma de todo este trabalho, que foi o Humberto Rocha. Não seria tempo de alguém assumir a ressurreição do teatro na Gafanha da Nazaré?
Para que se não esqueçam todos os que participaram nesta peça de teatro, aqui ficam os seus nomes:
Artistas: Eva Gonçalves, Fátima Ramos, Irene Ribau, Eduarda Fernandes, Fátima Gonçalves, Dinis Ribau, José Alberto, Carlos Margaça, Horácio Bola, Carlos Bola, Herlander Loureiro, Alberto Margaça e Silvério Marçal.
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Ensaiador, Augusto Fernandes; Encenador e Sonoplasta, Humberto Rocha; Luminotécnico, Eduardo Teixeira; e Contra-regra, Luís Miguel.
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Fernando Martins

Radiografia da Igreja Católica na Europa

Secretários das Confe-rências Episcopais da Europa estiveram reu-nidos na Eslovénia e estão preocupados com o acompanhamento pastoral dos migrantes
Os secretários das 34 conferências episcopais da Europa estiveram reunidos em Ljubljana, na Eslovénia, para analisarem a “radiografia do estado da Igreja Católica na Europa”. "Notámos uma enorme variedade de situações” – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). No decorrer dos trabalhos, verificou-se que existem conferências episcopais com mais de 250 bispos (Itália) e o caso da Eslovénia - a anfitriã do encontro - que passou recentemente de três para seis dioceses. “Múltiplas situações como é o caso da Escandinávia com cinco países e sete idiomas onde os bispos para se entenderem falam uma língua que não é nenhum idioma deles: inglês ou alemão” – sublinhou o representante português. Ao nível de parcerias entre estes organismos, D. Carlos Azevedo referiu o papel desempenhado pela COMECE que acompanha o Parlamento Europeu nas grandes decisões políticas “ e vai chamando a atenção dos governos para estas questões”. Durante quatro dias (24 a 27 deste mês), os secretários reflectiram também sobre o ecumenismo em ordem a preparar a próxima assembleia ecuménica que será em Sibiu (Roménia), no próximo ano. A questão do Matrimónio também foi abordada – “desde a situação da Espanha que é a mais drástica até à variedade enorme de outras situações” – e as preocupações sobre o desenrolar deste processo na Europa. Com a constante mobilidade humana existente na Europa, os secretários das conferências episcopais estão “preocupados com acompanhamento pastoral dos imigrantes” – avançou D. Carlos Azevedo. Portugal espelha “um pouco o que é mais grave noutros países”. Apesar da relação dos cristãos com os muçulmanos estar “mais estudada”, o secretário da CEP sublinhou que existem países onde os colégios católicos recebem cerca de 80% de alunos muçulmanos. “No futuro isto traz problemas delicados” – realçou.

António Marujo fala ao Correio do Vouga

"O meu fascínio é com a pessoa de Jesus"
António Marujo, do Público, recebe no dia 6 de Julho o prémio europeu de “jornalista religioso do ano”. A cerimónia decorrerá na Catedral da Igreja Lusitana (Anglicana), no Largo de Santos-o-Velho, em Lisboa. É a segunda vez que o jornalista com origens em Aveiro recebe o prémio.
Habituado a fazer as perguntas, desta vez responde ao Correio do Vouga.
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Correio do Vouga - A justificação do júri do prémio diz que os seus textos “são autêntica escrita sobre religião e não escrita sobre a Igreja (…). Feitos por alguém que não está fascinado com a Igreja, mas com algo mais profundo que é o mistério da própria religião”. É o “mistério da religião” que o fascina?
António Marujo – O júri entendeu bem as motivações profundas que me levam a fazer este trabalho: não tanto por parecer colocar em alternativa a Igreja e a religião, mas por perceber que o que me move é a tentativa de perscrutar o mistério da humanidade e da transcendência – que são uma e a mesma coisa, pois quanto mais humanos somos, mais nos transcendemos. A esse mistério, os crentes dão o nome de Deus. E à relação com Deus dá-se o nome de religião, traduzindo essa vontade de ligar dimensões aparentemente distantes. Por isso, posso dizer que realmente me fascina o mistério do religioso que mulheres e homens vivem, mesmo se essa dimensão está muitas vezes escondida. Hoje, aliás, atravessamos um tempo em que muita gente vive a relação com Deus para lá das instituições religiosas. Mesmo no interior do catolicismo, as formas de relação com a Igreja são cada vez mais diversificadas. O que traduz, entre outras coisas, a vontade de se ligar à dimensão profunda de Deus que cada pessoa sente que transporta consigo, mesmo se isso significa exprimir essa relação com Deus com expressões por vezes diferentes do resto da comunidade.
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Imprecisões e debate ético

IMPRECISÕES E DEBATE ÉTICO - O EMBRIÃO
Falácia é definida como um silogismo que, embora pareça concluir, de facto não conclui. Esta definição é utilizada como ponto de partida para uma análise relativa à manipulação de definições e conceitos, que em nossa opinião fracturam o debate ético. O que se verifica é que, a um mesmo objecto, correspondem diferentes conceitos. Muitos destes termos (ex. pré-embrião) foram intencionalmente implementados com o objectivo de facilitar a tarefa da justificação ética e imprimir vantagens a determinada posição moral; outros surgiram de modo perfeitamente casual e foram resistindo ao escrutínio científico, perpassando rigores conceptuais e sedimentando-se como definições consensuais.
A noção de pré-embrião é de surgimento recente, sendo definido como a colecção de células que se dividem até ao aparecimento da linha primitiva. Ao mudar os “nomes”, o embrião torna-se uma quase coisa. No entanto, o que está em jogo é muito mais prático que teórico: não é porque há um pré-embrião que se tem o direito de manipulá-lo e de destruí-lo, é porque ele é manipulado e destruído que deve haver um pré-embrião. Os argumentos apresentados para o uso do termo “pré-embrião” não resistem à análise, porque manipulam denominações, criando fracturas na representação do desenvolvimento do ser humano. A consequência destes constrangimentos semânticos enviesa, através de atitudes de carácter político ou confessional, o estado do debate sobre tão importante problemática.
Nos últimos anos têm-se multiplicado as possibilidades de manipulação e destruição embrionária, as “potenciais” aplicações terapêuticas da clonagem de seres humanos e da investigação em células estaminais embrionárias; tudo isto representa um paroxismo daquilo que foi designado por Pastor García (2002) como “a espiral coisificadora do embrião”, ou como ilustra e designa a capa da Science et Vie (nº 1010, Novembro de 2001) “Le embryon médicament”.
Ana Sofia Carvalho
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quinta-feira, 29 de junho de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

EXAME DE
CONSCIÊNCIA
EM FINAL
DE ANO
PASTORAL Celebram-se neste tempo de encerramento do ano pastoral, o Dia da Igreja Diocesana e o Dia da Comunidade Paroquial, convocando para a sua celebração festiva todos os diocesanos e paroquianos para que convivam, partilhem, cresçam no conhecimento mútuo das suas pessoas e actividades apostólicas e revejam o caminho andado e vivam uma experiência eclesial. Tão grande significado têm estes dias que, na Diocese e nas suas comunidades, não se programam outras actividades que possam dispersar os cristãos e, na própria paróquia, o “Dia da comunidade” permite alterar o ritmo dominical normal, a fim de convocar a todos para um mesmo local e celebração. Os acontecimentos eclesiais que marcam o sentido comunitário da Igreja, merecem sempre uma especial atenção. São importantes para assinalar, pelo contributo que dão, a mudança de mentalidade e de atitudes, em relação à Igreja de Cristo, visível na Igreja Diocesana, confiada ao ministério do Bispo, seu pastor, o qual, pela força do Espírito, a conduz no amor, segundo critérios essenciais, como são o Evangelho e a Eucaristia. A nenhum cristão bem informado passa despercebido que a concepção conciliar da Igreja tem o seu acento fundamental na Igreja de Comunhão. A hierarquia, que durante séculos, por razões históricas, que quase abafaram as evangélicas, apareceu como referência eclesial, aparece agora, no Concílio Vaticano II, como um serviço essencial à missão da Igreja, Povo de Deus chamado a reconhecer Jesus Cristo como seu fundamento e empenhado em aumentar e comunicar a vida que dele recebe. O desígnio de Deus realiza-se numa comunidade de fé e fraterna que é sacramento ou sinal deste desígnio e, ao mesmo tempo, instrumento da união íntima dos crentes com Deus e da construção da unidade no mundo. Comunhão e unidade são expressões que ajudam à compreensão da Igreja, no que ela tem de essencial, e ao seu crescimento, dando sentido de verdade e de consistência à sua missão. Todos os acontecimentos marginais, que minimizam ou escurecem o sentido destes dias, eminentemente comunitários pelo que exprimem e fomentam, significam uma perda na acção pastoral e um voltar atrás no sentido e na urgência de construção, em unidade, da Igreja de Comunhão. O Dia da Comunidade Paroquial tem sentido e futuro se parte de uma participação alargada no Dia da Igreja Diocesana ou a ele conduz, como experiência eclesial, maior e mais significativa. A razão é óbvia. A Diocese não é a soma das paróquias, mas a Igreja particular em que está e opera a Igreja de Cristo e na qual todas as comunidades, paroquiais ou outras, encontram a sua verdade, na comunhão e na unidade. Os padres são colaboradores necessários do Bispo que preside à comunhão, e a sua acção pastoral só encontra uma total legitimidade, que de outro modo não existe, na união com ele e com os projectos comuns de edificação da comunidade e de vivência da comunhão A Igreja de Cristo não é uma empresa onde cada um dos responsáveis tem os seus objectivos próprios e as suas estratégias pessoais ou grupais. Qualquer expressão, por generosa que seja, que não traduza a comunhão eclesial e a não fomente é pastoralmente espúria e negativa. Também na Igreja o individualismo cheira a cisma e divisão e nele não se pode comprometer o Espírito, que congrega na unidade, dá a Vida e a renova. Neste final do ano pastoral, é necessário que todos os responsáveis, clérigos ou leigos, nos interroguemos sobre os passos dados em ordem à visibilidade da Igreja Comunhão, bem como à sua edificação com critérios teologicamente certos. O Dia da Igreja Diocesana e o Dia da Comunidade Paroquial são momentos propícios para avaliar, neste sentido e nas suas diversas expressões, o trabalho pastoral e apostólico de todo o ano.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Museu de Aveiro em obras

Visitas com restrições a partir de Julho
O Museu de Aveiro iniciou este mês um período de obras de ampliação e requalificação. Com uma duração prevista de cerca de três anos, esta empreitada vai dotar o Museu de novas áreas, destinadas a exposições temporárias, serviços educativos, cafetaria, biblioteca e auditório.
As galerias de exposição permanente serão objecto de melhoramentos, enquanto que a parte monumental, o antigo Convento de Jesus, beneficiará de profundos e urgentes trabalhos de restauro. Assim, ao longo dos próximos três anos, os circuitos de visitas serão sucessivamente adaptados de acordo com as necessidades impostas pela obra, sendo certo que o Museu tudo fará para que as suas portas nunca sejam completamente fechadas aos visitantes. Neste sentido, impõe-se, de imediato, o encerramento ao público das galerias dedicadas aos séculos XVII e XVIII, o que vai acontecer no próximo dia 1 de Julho.
Apesar desta restrição, o circuito de visita continuará a incluir a totalidade do sector monumental composto pela Igreja com os seus coros Alto e Baixo, (onde se encontra o túmulo da Princesa Santa Joana), o Claustro e a Sala de Labor. A colecção de pintura do século XV, incluindo o retrato da Princesa, também permanece acessível aos visitantes.
Sandra Simões
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CUFC: Cursos de viola

Inscrições
abertas
até 9
de Outubro
Até 9 de Outubro, estão abertas inscrições para a frequência de dois cursos de viola (iniciação e aprofundamento) no Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC). Ambos têm a duração de 20 horas e começam em Outubro, sendo as inscrições limitadas a 14 participantes. Quem gosta de cantar e animar um grupo tem agora a oportunidade de aprender a tocar viola. Basta arranjar uma. O curso de iniciação tem início dia 9 de Outubro e decorrerá às segundas-feiras, entre as 21 e as 23 h0ras, nas instalações do CUFC, até 18 de Dezembro. O curso de aperfeiçoamento arranca dia 10 de Outubro e decorre às terças-feiras, entre as 21 e as 23 horas, também no CUFC, devendo terminar a 19 de Dezembro. A jóia de inscrição (30 euros) será paga na primeira aula e destina-se a suportar as despesas do curso (aulas e material). As Fichas de Inscrição estão disponíveis em dossier próprio (Mesa Hall CUFC). Mais informações podem ser obtidas pelo Tel: 234 420 600
ou Web: http://sweet.ua.pt/~cufc/

Católicos em África

Cada vez mais
católicos em África
O Vaticano divulgou números relativos ao crescimento do número de católicos em África, adiantando que entre 1994 e 2004 esse número passou de 102.878.000 para 148.817.000, isto é, um crescimento de 30,86%. Em 1994 os cristãos representavam 14,6% da população africana, percentagem que, segundo os últimos dados da Santa Sé, chega agora aos 17%. O aumento é ainda maior no caso dos padres diocesanos, que passaram de 12.937 para 31.259, ou seja, mais 58,61%. Apresentado aos jornalistas os “Lineamenta" da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos – primeiro passo rumo à celebração de um segundo Sínodo para este Continente – o Cardeal nigeriano D. Francis Arinze frisou que “a África é o continente com a maior percentagem anual de crescimento para o Cristianismo em todo o mundo”. O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos assinalou que “muitíssimos africanos recebem o Baptismo” e que, em vários países “os seminários e noviciados têm mais candidatos do que aqueles que podem acolher”. Na sua intervenção, o membro da Cúria Romana falou dos desafios que se colocam à sociedade do seu continente, em especial questões como “a pobreza, a miséria e, sobretudo, a SIDA”. D. Nikola Eterović, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, adiantou que os temas para a II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos serão “a reconciliação, a justiça e a paz”. O documento preparatório inclui um questionário que deve ser devolvido ao Vaticano até Novembro de 2008. 12 anos depois da I Assembleia deste tipo, a ideia de convocar outro encontro semelhante deve-se, segundo D. Eterović, “ao grande dinamismo da Igreja Católica na África”. Como é habitual, os "Lineamenta" - publicados em quatro línguas: francês, inglês, português e italiano -, deveriam favorecer um amplo debate sobre o tema sinodal, com a ajuda do Questionário que se encontra no fim do documento. O documento preparatório
pode ser consultado em
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Fonte: Ecclesia

LIBERDADE RELIGIOSA

Relatório apresenta «pontos negros» da liberdade religiosa no mundo
O “Relatório 2006 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo”, hoje lançado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresenta “uma radiografia não animadora do mundo em que vivemos”. A opinião é defendida pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, que apresentou a obra. O relatório aborda a situação em 190 países ao nível dos direitos constitucionais e da legislação nacional em matéria religiosa e foi elaborado com base em testemunhos de representantes religiosos, documentos oficiais, dados de agências noticiosas internacionais e organizações de defesa dos direitos humanos. Os extremismos da perseguição por motivos religiosos e das violações à liberdade de culto encontram-se referenciados ao longo de todo o relatório, que indica a ocorrência de assassinatos, atentados, sequestros e detenções de representantes religiosos ou de crentes. Rogério Alves considera essencial “uma leitura atenta e uma reflexão ponderada” sobre os casos apresentados, lembrando que em muitas zonas do mundo “não se respira liberdade”. Da leitura do relatório sobressaem, de facto, situações que o Bastonário classifica como “kafkianas”, com prisões arbitrárias, tortura e casos de pessoas como o deu uma senhora que, aos 96 anos, está na cadeia sem saber porquê. Rogério Alves não deixou de manifestar chocado pela “brutalidade” com que algumas pessoas são torturadas por causa da sua fé. O relatório foi dividido por continentes e aponta os países onde aconteceu “algo de relevante” neste âmbito, como, por exemplo, na China, na Coreia do Norte, no Vietname, na Nigéria, no Sudão. O fundamentalismo islâmico e os países comunistas são apresentados como os "pontos negros" da liberdade religiosa. O relatório não esquece, contudo, os Estados Unidos da América e alguns países da Europa, como a França, o Reino Unido, a Rússia e a Ucrânia. No Kosovo, líderes religiosos cristãos precisam mesmo de escolta das forças internacionais para se dirigirem a celebrações religiosas. Particularmente delicada é a relação com o Islamismo, dado que aos atentados terroristas dos últimos anos se seguiu uma espécie de onda de violência anti-muçulmana. A repressão começa no plano legal, nalguns casos com a proibição absoluta da profissão da fé, que levam à perseguição do tipo criminal, com prisões, violação de direitos cívicos, tortura. O Bastonário da Ordem dos Advogados afirmou que, apesar de todos os aspectos negativos enumerados pelo relatório, é de notar que “apesar de todas as dificuldades, há pessoas que, através do seu testemunho de fé, vivem a sua vocação, encarando com alegria os riscos que lhes são dados enfrentar”. “O relatório espelha o desafio desta necessidade de maior fraternidade nas confissões religiosas e nos seus fiéis. Hoje, com os fenómenos migratórios, temos cada vez mais países onde se misturam crenças religiosas”, assinalou, em declarações aos jornalistas, o Bastonário. Maria Cavaco Silva, primeira dama, afirmou, por sua vez, que estas são realidades “que muitos tendem a ignorar”, prestando homenagem aos “mártires contemporâneos” e apelando à eliminação de “todas as formas de intolerância e discriminação” religiosas.
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Fonte: Ecclesia

terça-feira, 27 de junho de 2006

Um artigo de António Rego

Timor – o tempo
e a alma
Depois do 25 de Abril, de todas as antigas colónias portuguesas, Timor foi certa-mente a mais amada. Não por ser a maior, nem a mais rica ou poderosa. Nem por ser a mais politicamente rentável. Foi a que, não obstante a distância, acabou por ser seguida de mais perto, pela cruel ocupação de que foi vítima, pela interdição de se ensinar a língua portuguesa e, sobretudo, a que em 1999, desencadeou nos portugueses uma maior onda de vibração e ternura muito para além da solidariedade convencional. Todos, sobretudo aqueles que visitaram Timor, se aperceberam que a independência aconteceu quase por milagre, contra toda a lógica da força e das vulgares contas políticas, apenas pela determinação heróica dum povo, consciente da sua dimensão e dos seus limites. E, todavia, assumindo a independência como afirmação da sua história, cultura - e fé - que não tolerava aglutinações fáceis de invasores da última hora. Sabe-se de quanta dor e morte foi atravessado este trajecto, conquistado mais com a alma do povo do que com a força das armas. Parece até que a arquitectura política do Estado de Timor tinha mais força simbólica do que real e que o tempo e a alma – repita-se – ofereceriam a consolidação dum projecto de identidade e independência sem reservas. Mas ninguém, minimamente avisado, ignorou as fragilidades e ameaças, internas e externas. O que agora aconteceu disso é a prova. O que se não adivinhava era que dos próprios protagonistas pudessem sair golpes rudes numa independência recente dum pequeno país que ainda amadurece as novas formas de viver. A primeira tentação é a de desencanto pela causa em que tantos nos empenhámos e que ora padece de convulsões e desequilíbrios. Mas a segunda tentação pode ser pior: deixar o povo à mercê dos políticos que colocam as quezílias pessoais à frente da sobrevivência da sua Pátria. Como em outros momentos, não podemos abandonar Timor. Sobretudo o Povo que, mais uma vez, experimentou o arrepio do medo e a ameaça recôndita de ser entregue a qualquer ditador.

É possível aprender a ser pai ou mãe

"Pais
- uma experiência" Jogaram à macaca, à cordinha e à cabra cega. Brincaram com marionetas. Imaginaram-se velhinhos numa fingida viagem ao futuro. Encarnaram actores e actrizes. Pode parecer estranho, mas os participantes destas actividades já ultrapassaram todos os trinta anos. São pais. E os exemplos enumerados foram experiências que destacaram. Viveram-nas no âmbito do Pais XXI, um dos poucos projectos de educação parental do país. O trabalho ganhou agora a forma de livro e é hoje lançado às 21h30, na Esplanada Orfeu, em Santa Maria da Feira. Hugo Cruz e Inês Pinho, os psicólogos responsáveis pelo projecto, escreveram Pais - uma experiência. Os prefácios são de Daniel Sampaio, fundador da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, e de Maria Emília Costa, professora catedrática da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Daniel Sampaio não hesita em recomendar o livro "a todos os pais e a todos os técnicos que se dedicam à intervenção junto das famílias". Afinal, a educação parental é uma das maiores reivindicações das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, um instrumento das medidas de protecção que tarda em chegar.
"Ao fomentar a criança que há em nós estamos, pois, a promover a espontaneidade, a liberdade, a informalidade, o humor, tudo ingredientes fundamentais na educação dos filhos", explicam os autores do livro. O objectivo do projecto, que começou em Junho de 2003 e ainda funciona, é promover o diálogo, a reflexão e a partilha de experiências que reforcem e estimulem o papel dos pais. "Não era sua finalidade dotar os pais de qualquer curso habilitador e profissionalizante. A paternidade e a maternidade não se ensinam, aprendem-se", defendem Hugo Cruz e Inês Pinho.
Procuraram, por isso, valorizar os saberes dos pais e promover jogos, actividades de exploração sensorial e corporal e dramatizações. "O caminho que percorremos é motor e motivo de análise, discussão, partilha e fonte significativa de aprendizagem e valorização", acreditam os autores.
Mariana Oliveira
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