quarta-feira, 10 de maio de 2006

ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS

Encontro Mundial
das Famílias
abre os braços
a portadores
de deficiência
Associações de pessoas com deficiências físicas e psíquicas de todo o mundo estão a mobilizar-se para participar no V Encontro Mundial da Família (EMF), que a cidade espanhola de Valência acolhe de 1 a 9 de Julho. Segundo a agência AVAN, a organização irá colocar ao dispor das pessoas com deficiência “os voluntários necessários” para o que for necessário.
Desde países como o Panamá, República do Congo ou Suíça irão chegar membros da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência (FRATER), a que se juntarão os que fazem parte do movimento cristão “Fé e Luz”, presente em 80 países, incluindo Portugal.
A transmissão da fé na família será o tema central do grande encontro mundial que deve reunir 1,5 milhões de pessoas. O próprio Bento XVI é uma presença confirmada no V EMF, nos dias 8 e 9 de Julho.
O Encontro Mundial das Famílias foi uma criação de João Paulo II, em 1994, que se repete de três em três anos, juntando milhões de famílias dos cinco continentes. O programa do Encontro está disponível em www.emf2006.org, página em que também se dão indicações sobre a forma de participar nos actos previstos.
De 1 a 7 de Julho têm lugar na Feira de Valência a chamada “Feira Internacional das Famílias” e, de 4 a 7 de Julho, o Congresso Internacional teológico-pastoral sobre a família.
Já com a presença do Papa, a 8 e 9 de Julho, têm lugar os actos conclusivos do Encontro: um momento de festa e testemunho das famílias, no sábado, e a Eucaristia final, no Domingo. A delegação portuguesa a este Encontro será presidida por D. António Carrilho, D. Amândio Tomás e D. Antonino Dias, da Comissão Episcopal do Laicado e Família.
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Fonte: Ecclesia

terça-feira, 9 de maio de 2006

Banco Alimentar Contra a Fome

Recolha
de alimentos
foi mais um êxito Apesar da crise que o País atravessa e das dificuldades que muitos portugueses estão a viver, a recolha de alimentos levada a cabo pelo Banco Alimentar Contra a Fome, no último fim-de-semana, foi mais um êxito, ultrapassando os resultados do ano passado. Na campanha de Maio de 2005, a recolha totalizou 92 toneladas de alimentos, nos vários concelhos do distrito aveirense. Este ano, os valores ultrapassaram as 94 toneladas. Isto significa que a generosidade dos portugueses continua em alta. Nunca será de mais enaltecer o trabalho do Banco Alimentar Contra a Fome e de quantos, voluntariamente, o servem em todas as actividades, tanto na recolha como no armazenamento dos produtos alimentícios. Depois, os mesmos voluntários, ou outros, lá continuam, no dia-a-dia, a mostrar que sabem estar disponíveis para servir, sem esperar qualquer recompensa. Sabemos que os alimentos recolhidos se destinam a compatriotas nossos que vivem com sérias dificuldades. Desempregados, profissionais com salários baixos e, quantas vezes, em atraso, famílias numerosas e sem recursos, pobres, em suma, a quem falta o essencial para uma vida digna, estão à espera das ajudas do Banco Alimentar. Apesar de todos os discursos carregados de promessas, ainda há, em Portugal, um milhão de compatriotas nossos a passar fome. Quer queiramos quer não, a sociedade tem de olhar para eles, sendo urgente não esperar que o Estado faça tudo. O Estado é uma entidade abstracta, sem alma. Por isso, o povo tem de olhar para o lado para descobrir quem vive na miséria, não raramente de forma envergonhada. A partir daí, há que diligenciar para que a esses seja dado o necessário para viver com o mínimo de dignidade. O Banco Alimentar, como sempre, dará a sua ajuda, através das instituições de solidariedade social. Mas nem sempre estas conseguem ter acesso a quem mais passa fome. As populações têm aí um serviço a prestar, indicando os que, a seu lado, estão a precisar de ajuda. F.M.

A caminho de Fátima

Peregrinos a caminho de Fátima
(Foto do Santuário)
Milhares de peregrinos
rumam ao Altar do Mundo
Tenho muito respeito por quantos, com imensos sacrifícios, caminham em direcção a Fátima, para participarem em mais um 13 de Maio. Respeito pela fé que demonstram, sem complexos e sem medo de críticas; respeito pela coragem com que enfrentam as dificuldades próprias de longas caminhadas; respeito pela determinação que põem numa decisão decerto assumida em momentos de dor. Confesso que nunca admiti fazer, até hoje, qualquer promessa que me levasse a seguir o exemplo de muitos milhares de portugueses que, ano após ano, mês após mês, repetem estes sacrifícios de peregrinarem até ao Altar do Mundo, para ali dialogarem, em espírito de humildade e de fé, com a Senhora mais brilhante que o Sol, a quem recorreram em situações difíceis. Porém, nem por isso deixo de os acompanhar com toda a minha solidariedade cristã, na esperança de que no altar da Serra d’Aire recebam os dons do acolhimento espiritual, da paz interior e do fervor apostólico. Quando nas estradas me cruzo com tantos desses peregrinos, uns apressados e alegres e outros mais lentos e carregados de dores, bem visíveis, não posso deixar de os admirar, porque nos dão testemunhos tão eloquentes de amor a Nossa Senhora. Com certeza, durante a peregrinação, os peregrinos cantam e rezam, ajudam-se uns aos outros, usufruem de paisagens que jamais esquecerão, conhecem outras gentes, recebem o acolhimento de muitos que não ficam indiferentes aos seus sofrimentos, falam para a comunicação social sem receio de testemunharem a sua fé, riem e conversam uns com outros, partilham alegrias, tristezas, inquietações e conquistas. Assumem, no fundo, que são uma família especial, assente no amor à Mãe de Deus, que é também nossa Mãe, que nos conduz a Seu filho Jesus. E só a Ele, pois só Ele é o nosso Salvador. F.M.
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Conselhos
para peregrinar
com segurança até Fátima
Peregrino:
Faça-se “Cireneu” dos companheiros de viagem;
Complete as maravilhas do Senhor;
Ofereça a Deus todos os seus passos;
Ore com o seu coração;
Lembre-se da recomendação de Nossa Senhora;
Antes da peregrinação fale com o seu pároco e siga os seus conselhos;
Nas suas promessas tenha sempre em conta que Deus não quer mais do que cada um pode;
Se achar mais seguro, consulte o seu médico.
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Para ler mais, clique aqui
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Fonte: Ecclesia

Colaboração dos leitores

"As últimas edições
do Anticristo"
Publicou o "Diário de Notícias", edição do dia 8, do corrente mês, um artigo de opinião, da autoria do Professor João César das Neves, com o título "As últimas edições do Anticristo", no qual são abordadas algumas questões relativas ao livro (agora, também, filme) "O Código daVinci" e à recente publicação, por parte da «Maecenas Foundation for Ancient Art» e da revista «National Geografic», do evangelho apócrifo de Judas.
Apesar das intervenções, esclarecimentos e tomadas de posição que as autoridades eclesiais, designadamente o Vaticano, têm tomado sobre as referidas obras, nunca são demais todos os contributos que ajudem os cristãos a terem uma fé mais sólida e esclarecida. Creio mesmo que, se algum mérito existe com a publicação, em 2003, do "Código Da Vinci" e, em Abril docorrente ano, do conteúdo do evangelho apócrifo de Judas, é o de permitir que nós, cristãos e católicos em geral, possamos falar e esclarecermo-nos sobre todo um conjunto de assuntos que, de outro modo, seria pouco provável virmos a falar.Trata-se, pois, de um desafio, direi mesmo permanente, ao qual a Igreja, sempre que oportuno e necessário, deve continuar a dar respostas, serenas e vigorosas, que reponham o rigor e denunciem os erros e distorções, não só destas obras, mas, igualmente, daqueles que não olham a meios para manipular a verdade e utilizam a calúnia para atingir os seus fins, já que, para estes, quanto mais confusão melhor!
Como dizia, há algum tempo, a um amigo meu, cristão comprometido activamente na sua Paróquia: "grandes e poderosos são os interesses que se movem, à escala mundial, à volta destas temáticas, pretensamente de grande seriedade histórica e científica, mas que, em última análise, pretendem dar da Igreja a imagem de uma instituição fechada, obscura, recheada dos mais mirabolantes mistérios e fantasias, onde tudo, ou quase tudo, tem sido escondido aos seus membros, desde a sua origem até aos dias de hoje. Perante isto - continuei-, não podemos ignorar que estamos na presença de campanhas bem articuladas entre si e com um profundo cunho anticristão e anticatólico. Nada é por acaso!"
Já vou longo, naquilo que mais não é do que o partilhar uma informação, a que o meu Amigo dará o seguimento que melhor entender.
Vítor Amorim
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Nota: artigo de João César das Neves

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Portugal não é o campeão dos divórcios

Portugal continua a ser dos países com menor taxa de divórcio
A socióloga Anália Torres, investigadora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, esclareceu hoje que, apesar de o número de divórcios em Portugal ter aumentado, é "completamente falso" que o país seja o "campeão dos divórcios". "O que aumentou foi o número de divórcios, que eram poucos em relação aos outros países", sublinhou a investigadora."
É verdade que o crescimento foi grande, mas o número de que partimos era muito baixo", afirmou Anália Torres.
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Virgem de Fátima no Vaticano

Imagem da Virgem de Fátima no Vaticano para o 13 de Maio
Uma das réplicas da primeira Imagem Peregrina da Virgem de Fátima estará no Vaticano, no próximo 13 Maio, no dia em que se celebram 25 anos sobre o atentado sofrido por João Paulo II na Praça de São Pedro.
A estátua será inicialmente recebida às 14.30 horas (hora local, menos uma em Lisboa) no Castelo de S. Ângelo, donde partirá a procissão em direcção à Praça de São Pedro, guiada pelo Cardeal Ivan Dias, Arcebispo de Mumbai (antiga Bombaim), Índia.
Às 17 horas, o Cardeal Camillo Ruini, vigário do Papa, celebrará uma Missa na Basílica de São Pedro. Após o final da celebração, uma grande festa será iniciada na Praça de São Pedro, em honra de João Paulo II, com um concerto e fogo-de-artifício.
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Fonte: Ecclesia

domingo, 7 de maio de 2006

Bênção dos Finalistas - 2006

Grupo de finalistas

Aspecto da Alameda


D. António Marcelino



Um mar de gente
invadiu hoje a Alameda
da Universidade de Aveiro 


Como era de esperar, um mar de gente invadiu hoje a Alameda da Universidade de Aveiro. A cerimónia da Bênção dos Finalistas, presidida pelo prelado aveirense, D. António Marcelino, atraiu à cidade dos canais milhares de pessoas, entre familiares e amigos dos estudantes universitários, que quiseram associar-se à alegria incontida de quem chega ao final de um curso superior. O colorido da festa em fundo negro dos trajes académicos marcou este dia para quantos participaram nesta iniciativa patrocinada pela Igreja Católica, através do Centro Universitário Fé e Cultura, sempre de braço dado com a academia. Logo de manhã cedo, a cidade acordou com gente que foi chegando até à hora da celebração. Nos rostos de muitos sentia-se um certo orgulho (ou vaidade?), por verem os seus familiares concluírem os cursos em que apostaram nos últimos anos, com imenso trabalho e inúmeros sacrifícios. Um grupo coral, constituído por estudantes, bem afinado, animou a celebração, que decorreu num ambiente sereno e de reflexão, reflexão essa que foi bem estimulada por D. António Marcelino, na hora da homilia. Dezenas de estudante colaboraram, voluntariamente, nas mais diversas tarefas, para que tudo decorresse com ordem e elevação, todos bem apoiados pelo dinâmico responsável do Centro Universitário, Padre Alexandre Cruz. “A história de quem já venceu é sempre estímulo a novos caminhos para andar com igual mérito. Mas, sendo assim, não se pode olhar demasiadamente para o piso esburacado dos caminhos da vida, que cada dia tem de andar. A vida, hoje, pede-nos faróis de longa distância. Os mínimos são facilmente, se não sempre, dispensáveis. SEMPRE VENCEDORES! É o que vos desejo, o que de vós espera a Escola que vos formou, o que de vós reclama a sociedade de que fazeis parte e que, em vós, alimenta a esperança de coisas novas.” Estas foram palavras do Bispo de Aveiro na mensagem que dirigiu aos finalistas de 2006. Na oração de Compromisso, dirigida ao Deus-Amor, os finalistas reconheceram que o caminho "foi duro, exigente, trabalhoso", mas também disseram e sentiram que o Senhor partilhou com eles "todas aquelas horas de sono perdido". Ainda se comprometeram a "contribuir para o bem-estar de todos, colaborando assim na construção de um mundo melhor, de uma humanidade mais justa e solidária no caminho da paz universal".

F.M.

Gotas do Arco-Íris - 16

OURO FURTA-COR,
NO ARCO-ÍRIS?...
Caríssimo/a: Mão amiga trouxe-me livro de boas recordações, ou não fosse ele todo recheado de imagens da nossa Terra. “Diccionario Geographico abreviado de Portugal e suas Possessões Ultramarinas”, da autoria de Fr. Francisco dos Prazeres Maranhão, e data de 1852. Bonita idade! Hoje, apenas duas transcrições:
1. Em nota da página 17, pode ler-se:
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“O peixe vermelho ou pimpão, de que hoje abunda o baixo Vouga e seus affluentes, parece ser a dourada chinesa (chyprinus auratus), que os inglezes trouxeram da China em 1611. Tendo o Dr. Leite em Aveiro muitos pimpões, estes, em 1800 pouco mais ou menos, fugiram do tanque para a immediata Ria, aonde se multiplicaram (antes da abertura da barra); e d'alli se communicaram aos rios, que n'ella entram. Encontram-se hoje não só vermelhos, mas tambem mesclados de branco, preto, &c. e alguns são totalmente de côr tirante á de truta com pintas d'ouro furta-côr. Pouca gente os come, por serem muito molles; porém no inverno fritos ainda não são máos.” [Peço desculpa se, ao tentar manter a ortografia da época, algo não correu bem... Só uma pergunta: alguém poderá esclarecer quem era o Dr. Leite?]
2.Das páginas 52 e seguinte:
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“No seculo 16.º tinha Aveiro 11:000 h. e 150 embarcações proprias; e em alguns annos armou 60 navios para a pesca do bacalhau no banco da Terra Nova: porém o jugo hespanhol, e as arêas que se accumularam na barra de Mira, tudo fizeram retrogadar. Hoje tem 1:403 fg. em duas FF. (Nossa Senhora da Gloria 814, Vera Cruz 589). ... A Ria d'Aveiro é uma especie de lago salgado e de pouco fundo, que communica com o mar pela barra velha (hoje quasi de todo obstruida) que fica perto de Mira; pela barra nova que a O. de Aveiro foi aberta em 1808 (com a despeza de cem contos de reis), e pela communicação, que o mar abrio em 1838 ao sul da barra nova...” Creio que a leitura deste naco não é muito difícil e que chama a nossa atenção pela imensa quantidade de informação em tão poucas linhas. Talvez um dia se retome a transcrição de mais alguns centímetros desta antiga prosa. Manuel

sábado, 6 de maio de 2006

Bênção dos Finalistas, na UA

Da Bênção de 2005 Da mensagem do Bispo de Aveiro: “O apaixonante da vida
não é alcançar a cadeira
repousante do tudo feito"
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Amanhã, 7 de Maio, vai ter lugar, na Alameda da Universidade de Aveiro, a Bênção dos Finalistas, em cerimónia presidida por D. António Marcelino. Espera-se uma participação de cerca de dez mil pessoas, entre estudantes, familiares e amigos. Hoje mesmo testemunhei a azáfama da preparação da festa, com o padre Alexandre Cruz, director do CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), a orientar todos os trabalhos preparatórios da Bênção, bem coadjuvado por muitos universitários que voluntariamente se disponibilizaram para o efeito. Cada grupo ensaiou o que lhe compete fazer na festa, desde o acolhimento aos cânticos, passando pela apresentação dos símbolos dos cursos, pela montagem do altar, pelos distribuidores de água e pelo peditório, entre outras tarefas, para que na hora certa tudo transpire uma boa organização, como aliás é habitual. Na mensagem que o Bispo de Aveiro dirigiu aos finalistas, que intitulou “Sempre vencedores!”, o prelado aveirense sublinhou que “o tempo das portas fechadas ou mal entreabertas tem de ser, também, o tempo de corações disponíveis e escancarados à esperança, capazes de empurrar a vida para mais longe, por pesada que ela seja”. D. António lembra que “o apaixonante da vida não é alcançar a cadeira repousante do tudo feito, construído e conseguido de uma vez por todas, mas sim a plataforma, nem sempre cómoda, que atira para o mais além, para uma renovada criatividade, para uma procura séria que vai gerando outras procuras que vão fazendo história”.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Papa recebeu Durão Barroso

Bento XVI debateu
futuro da Europa
com Durão barroso
O Papa Bento XVI recebeu hoje no Vaticano o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, numa audiência dedicada ao futuro da construção Europeia. De acordo com o porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, Durão Barroso falou «sobre o actual Estado da União Europeia, sobre os desafios que ela deve enfrentar e sobre o seu futuro». Depois de ter sido recebido pelo Papa, o presidente da Comissão Europeia reuniu-se com monsenhor Giovanni Lajolo, ministro dos Negócios Estrangeiros do Vaticano. Segundo Navarro-Valls, a rejeição do projecto de Constituição Europeia pela França e Holanda foi abordada no encontro. «Apesar das sombras que surgiram, foi dito que se pode ter confiança no processo de integração e de consolidação das instituições europeias». Uma declaração emitida pelo Vaticano concluiu que «durante o encontro, foram, em particular, abordados os ideais e os compromissos de solidariedade necessários, bem como o contributo que os cristãos devem dar» a esse processo. Por sua vez, Durão Barroso indicou, em comunicado, ter discutido com o Papa «o futuro da Europa, o diálogo entre as culturas e as religiões, as preocupações com os conflitos violentos no mundo e a luta contra a pobreza». «A experiência da construção europeia, orgulhosa da sua diversidade religiosa, cultural e linguística, é um exemplo do diálogo entre os povos», sublinhou o presidente da Comissão Europeia. Durão Barroso disse ter «respondido a uma inquietação particular da Santa Sé», afirmando que «a liberdade religiosa é inegociável e deriva do direito comunitário».
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Fonte: "Expresso" on-line

Um artigo de Joaquim Franco, na SIC

Vocações para a crise?
O número de padres está a diminuir em Portugal a uma média de quase 50 por ano. O último anuário da Igreja Católica revela dados preocupantes para o futuro da estrutura eclesiástica. A quebra é progressiva e, segundo dados oficiais, haverá já menos de 3000 padres diocesanos em Portugal, para quase 4400 paróquias...
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As estatísticas referentes ao triénio 2000-2003 revelam que, neste período, o número de sacerdotes formados nos seminários diocesanos baixou de 3159 para 3029: menos 130.
O clero formado noutros institutos não tem uma redução tão acentuada, mas a tendência parece irreversível.
Em média, por cada dois padres que morrem, é ordenado apenas um e o número de seminaristas também está a baixar.
Mantendo-se esta diminuição de vocações, dentro de uma década a Igreja portuguesa só consegue garantir padres, com a formação clássica dos seminários diocesanos, em metade das paróquias existentes. É a própria estrutura hierárquica que está em causa.
São frequentes os apelos e os documentos do episcopado para uma sensibilização das famílias católicas para a vocação sacerdotal. Mas um outro problema desponta, próprio de um tempo e de uma sociedade - a europeia, onde Portugal se insere culturalmente - que promove a ambição e a competição.
O exercício do "sacerdócio" não estará a perder o sentido do "serviço" gratuito de missão para ganhar contornos de uma "carreira" com o conforto do respectivo exercício profissional?
No caso português, há também um dramático fosso "geracional" nos padres. O período pós revolucionário provocou uma descontinuidade nas vocações que começa agora a ter impacto.
À cabeça do debate sobre a falta de vocações surge normalmente o celibato; a menor influência das famílias na educação dos filhos; o "divórcio" entre a doutrina e a vivência dos católicos; a sociedade, que promove o "efémero" e facilita a "desistência", como sugeriu o Cardeal Patriarca de Lisboa no último Domingo de Ramos.
Têm surgido alguns problemas de integração entre jovens padres. As vocações não são imunes à "pressão" da sociedade contemporânea e começam a ser frequentes os casos de padres que acabam por "desistir" ou enfrentam graves "crises" já depois de ordenados.
O assunto tem sido debatido em múltiplos fóruns de opinião, com a participação de grupos e movimentos da Igreja. São várias as causas e consequências deste cenário, e demasiado complexas para um simples texto de análise.
Admitindo o risco de uma abordagem demasiado superficial, limito-me a sublinhar que, num aparente paradoxo, esta "crise" de vocações na Igreja Católica coincide com o despertar do sentimento "religioso", numa sociedade cada vez mais plural e promotora do "indivíduo".
O modelo "piramidal", centrado no clero, que assegurou as "estruturas" locais da Igreja Católica durante muitos anos, é uma fórmula que há muito se diluiu na cultura urbana das liberdades adquiridas, dos direitos inalienáveis e dos deveres transversais.
Quando as hierarquias insistem na "estrutura" da "pirâmide" para organizar as comunidades urbanas de base, correm o risco de promover o distanciamento em relação ao homem contemporâneo. Incentivam a preguiça, centralizam responsabilidades que devem ser partilhadas e, na cegueira de um objectivo não devidamente participado, precipitam-se em dinâmicas de relacionamento comunitário que pouco contribuem para, verdadeiramente, congregar.
O homem urbano é formado e formatado por uma multiplicidade de estímulos culturais, assimilados no contexto do individualismo e da pouca disponibilidade. Construir hoje comunidade "religiosa", implica valorizar cada célula no seu âmago, para a tornar parte integrante de um "todo" fraternal.
As comunidades cristãs do século XXI são chamadas a um novo desafio de exigência espiritual e relacional, onde o "íntimo" e o "individual" ganham novo e maior relevo na senda do transcendente.
A "horizontalidade" não serve apenas para cumprir pressupostos democráticos - porventura os menos relevantes -, mas para valorizar o lugar que o "sagrado" ocupa em cada indivíduo e descobrir as "vias de acesso" de cada indivíduo à grande comunidade plural, com todas as suas implicações. Na consciencialização desta nova atitude poderá redesenhar-se a "comunhão" e o "serviço" na igreja.
Vive-se um tempo propício ao regresso às dinâmicas de pequenos grupos, cansados de ritos viciados pela rotina, mas sedentos do ritual da proximidade, da cumplicidade e da surpresa. É por aqui que o "sacerdote" assume a sua função maior, actuando à medida de cada "alma", onde o domínio do "inexplicável" é atraente e exclusivo dos ministros de qualquer culto ou fé, independentemente de serem celibatários ou casados.
O apelo de D. José Policarpo aos padres de Lisboa, preocupado com o envelhecimento do clero, é inequívoco: "Não hesiteis em limitar actividades, se for necessário, para reservardes tempo para a oração".

Tolentino Mendonça na Feira do Livro de Turim

Tolentino Mendonça,
poeta de eleição
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O padre e poeta madeirense José Tolentino Mendonça é um dos escritores portugueses presentes na Feira Internacional do Livro de Turim (6 a 8 de Maio), evento em que Portugal é o convidado de honra e que ficará marcado pela literatura e a música portuguesas.
A Feira do Livro de Turim é uma feira dirigida ao público, onde estão representadas essencialmente editoras italianas que promovem a venda de livros.
Ao longo da feira decorre uma programação literária intensa, distribuída por várias salas, que resulta da iniciativa da própria feira e de editores italianos.
Nascido no ano de 1965, em Machico, Tolentino Mendonça estudou no Seminário diocesano do Funchal e na Universidade Católica, em Lisboa, onde foi ordenado sacerdote em Julho de 1990, por D. Teodoro de Faria. Prosseguiu os estudos superiores em Roma, tendo desempenhado ainda o cargo de Reitor do Colégio Pontifício Português.
Poeta de eleição, José Tolentino Mendonça tem vários títulos publicados. Além dos livros de poemas - ("Os Dias Contados", 1990; "Longe Não Sabia", 1997; "A que Distância Deixaste o Coração", 1998) e do ensaio "As Estratégias do Desejo: Um Discurso Bíblico sobre a Sexualidade" (1994), “Baldios”,(1999) - Tolentino Mendonça é autor de uma elogiada tradução do "Cântico dos Cânticos" (1997) e de "Salmos", entre outros títulos.
O Pe. José Tolentino Mendonça foi distinguido com o Prémios Literários do P.E.N. Clube Português para prosa pela sua obra “A construção de Jesus” (Ed. Assírio & Alvim). O galardão, referente ao ano de 2004, é atribuído ex-aequo a Tolentino Mendonça e a José Gil, pelo seu best-seller “Portugal Hoje. O Medo de Existir” (Relógio d'Água).
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Fonte: Ecclesia

Um poema de José Tolentino Mendonça

Pico Ruivo Todo o verão amontoei pedras e as dispersei
vigiava nuvens e sombras pelas fajãs a mesma solidão perigosamente transcrita naquele cinzento avermelhado sob as escamas do céu urzes sobrevivendo à dura estação duas ou três cabras, uma tenda túneis, atalhos, águas geladas por aí nos conduz a travessia a folha e a flor pertencem ao vento um olhar (ainda o meu?) persegue-as entretido na grande subida mais abaixo, quando principiava a vereda manchas de líquenes cobriam de igual modo o nome dos lugares onde iremos e dos lugares onde não chegaremos

EUROPA MAIS JUSTA

Bispos da UE
pedem sociedade
mais justa na Europa
A Comissão dos episcopados católicos da UE (COMECE) publicou hoje a sua mensagem para o Dia da Europa (9 de Maio), na qual pede aos responsáveis comunitários que não poupem esforços para construir uma sociedade mais justa.
Os prelados apelam, ainda, ao renovar do debate sobre o futuro da Europa, particularmente em face do desinteresse demonstrado por muitos cidadãos.
Na sua mensagem, os Bispos referem que a UE tem de “colocar o ser humano e a sua dignidade inalienável no coração dos seus esforços para construir uma sociedade justa”, assinalando que este processo deve decorrer tendo em maior consideração “a fé cristã e as convicções éticas de muitas pessoas na Europa”.
A COMECE espera um novo movimento, por parte das instituições comunitária, para ganhar novamente a confiança dos cidadãos europeus, criando “estruturas melhores e mais democráticas”.
O futuro Tratado Constitucional da Europa poderia, segundo os Bispos, resolver algumas destas questões, “estabelecendo uma política e um quadro legal uniformes para a União Europeia”.
A Igreja Católica, asseguram, “está preparada para dar a sua própria contribuição específica para moldar uma sociedade justa na Europa”.
A COMECE inclui representantes das Conferências Episcopais dos Estados-membnros da UE, para além de delegados da Bulgária, Croácia e Roménia com estatuto de observadores.
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Fonte: Ecclesia

Nazaré – Palco do Encontro das Praias

Encontro
e reencontro
sempre esperado
pelos
pescadores
A Nazaré vai ser, este ano, o palco do Encontro das Praias, uma iniciativa da Obra do Apostolado do Mar. Centenas de pescadores e demais marítimos, com suas famílias, vão marcar presença, no dia 28 de Maio, nesta jornada de convívio e de acção de graças, mas também de troca de experiências e de diversão, como garantiu ao SOLIDARIEDADE o padre Carlos Noronha, director nacional daquele sector pastoral da Igreja Católica. A recepção aos participantes começa no sábado com uma vigília, na igreja matriz, em jeito de acolhimento aos que chegarem na véspera. Pretende-se que nessa celebração, que inclui missa vespertina, os nazarenos criem um momento de intimidade e se preparem para receber, no domingo, a grande maioria dos pescadores e suas famílias, vindos do litoral português. Tudo se conjuga para que a missa do domingo proporcione uma grande vivência espiritual, num ambiente de festa. Cada praia apresenta os seus símbolos e estandartes, representativos das diversas paróquias que lhe estão ligadas, num ambiente colorida e festivo. Os cânticos são seguramente de sensibilidade marítima e com ligação a São Pedro, que “é apresentado como o grande veículo que conduz os homens do mar até Cristo”, como nos referiu o padre Carlos Noronha. No final da celebração e na hora de acção de graças vai ser evocada Nossa Senhora, que “faz a ligação a Jesus com a Igreja, por nosso intermédio”, sublinhou o director nacional da Obra do Apostolado do Mar. Depois vem o almoço organizado pela praia anfitriã, que vai ser, como se espera, uma excelente oportunidade de convívio e de partilha entre os pescadores, muitos dos quais apenas se conhecem via rádio. “Embora estejam todos nas mesmas águas, cada barco acaba por ser uma ilha, onde os marítimos vivem uma certa solidão”, frisou o padre Carlos. Quando surge uma ocasião, como esta, de se encontrarem em terra, todos gostam de manifestar a alegria que sentem por se conhecerem pessoalmente e ao vivo. “Aí há troca de experiências e de vivências e até propostas mútuas, em termos de convívio e de trabalho, realmente muito salutares”, lembrou o nosso entrevistado. A tarde do Encontro das Praias vai ser, como de costume, muito animada. Não faltam grupos musicais ou folclóricos, convidados pela organização ou em representação das praias participantes, com suas danças e cantares típicos, bem ao gosto dos pescadores. A espontaneidade e a alegria, as conversas do encontro ou do reencontro, os petiscos que a gente do mar tanto aprecia e tão bem sabe confeccionar, de tudo um pouco vai estar neste Encontro, no dia 28 de Maio, na Nazaré. As representações das praias são sempre preparadas pelas paróquias com ligação à Obra do Apostolado do Mar, nomeadamente através dos Clubes Stella Maris, diocesanos ou paroquiais, e de associações que apoiam espiritual, social e culturalmente os homens do mar e suas famílias. Fernando Martins
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Foto: Padre Carlos Noronha

Um artigo de D. António Marcelino

PALAVRAS
E SENTIMENTOS
DESENCONTRADOS É curioso verificar como um acontecimento público a que toda a gente teve normal acesso, pode ter leituras bem diferentes, como que a dizer que a opinião se sobrepõe à verdade objectiva. O preconceito não vencido, a clivagem ideológica, a frustração por falta de identificação, a simpatia e a antipatia de quem presenciou por quem foi protagonista principal, os chavões tradicionais que ditam a orientação da comum observação e a consequente leitura, o reconhecimento a gosto ou acontragosto, a indiferença, tudo vem ao de cima para falar da mesma coisa. Muitas vezes para impor uma opinião ou para fazer opinião. Acontece, porém, que na praça pública da opinião publicitada também se encontram pessoas que são capazes de prestar preito à verdade do que se passou ou se ouviu, mesmo que não tenha sido do seu gosto ou na linha do previa e, porventura, desejava. A intervenção do Presidente da República no 25 de Abril, é um bom exemplo a confirmar as palavras desencontradas dos jornalistas, dos comentadores e dos diversos políticos. Certamente que um obstáculo que impede ou dificulta, por vezes até ao extremo, a possibilidade de compromissos comuns e conjugados no mesmo sentido, que permitam ir ao encontro de problemas graves e de todos, é esta sobreposição da opinião e do sentimento pessoal ou de grupo, à verdade objectiva e à procura do bem comum, como tarefa de todos. Ponha-se na ribalta das atenções e dos desafios a realidade da exclusão social que está à vista, do fosso entre ricos e pobres, da existência no mesmo contexto de muito ricos e muito pobres, de cidadãos privilegiados e de cidadãos marginalizados, e diga-se como pode ser possível sair desta situação ou de encontrar caminhos de esperança e de êxito, sem todos a jogar no mesmo sentido, enriquecido o caminho com as diversidades que enriquecem e não dividem. O que se pode esperar do individualismo exacerbado de muitos e das certezas de quem não admite outras além das suas e que, por isso, se nega a qualquer colaboração, está à vista: agravamento dos problemas sociais, aprofundamento do fosso de separação que esteriliza vontades e acções, número crescente de gente válida que vais achando que não vale a pena comprometer-se, porta com passadeira para que entrem e se instalem as inutilidades de cada regime, desprestígio da classe política, voltar costas à realidade que dói cada vez mais a muitos cidadãos, aumento e alargamento dos problemas do país, soluções de fachada para problemas sérios e graves… Governar em situação de crise é, também, ser capaz de ler a realidade com objectividade, de conciliar vontades e capacidades, de formular propostas válidas, exequíveis e motivadoras, de ter grandeza moral para queimar na ara do sacrifício purificador os interesses individuais e de grupos, de aceitar os erros com propósito de os corrigir, de ver nos outros colaboradores possíveis e não apenas adversários a vencer. Não presenciamos nós como na oposição política se critica com desfaçatez o que antes se fez no poder, e vice-versa? Sem esforço para reconhecer a verdade objectiva e as exigências que dela dimanam, nem se respeitam as pessoas, nem se acertam as propostas, nem é possível que todos se assumam como solidários na mesma causa. Somos do tempo em que se advogava a “terra queimada” e o “quanto pior melhor”. Mas nessa altura mais do que a procura do bem comum, contava a luta pelo poder próprio a qualquer custo. Com trinta e dois anos de decantada democracia, pensar do mesmo modo, é, no mínimo, uma condenada irresponsabilidade.

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Dia Internacional da Família: 15 de Maio

:: Câmara de Aveiro
comemora
Dia Internacional da Família
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A Câmara Municipal de Aveiro promove um conjunto de actividades para celebrar o Dia Internacional da Família, que se comemora no dia 15 de Maio. As actividades têm início no dia 4 de Maio, prolongando-se até 26 do referido mês. No âmbito do Dia Internacional da Família, a autarquia aveirense pretende assinalar o evento, dando relevância a um conjunto de actividades desenvolvidas a nível local, durante o mês de Maio, pelas entidades públicas e privadas que, diariamente, desenvolvem a sua intervenção junto das famílias.
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(Para saber mais, clique Programa)

"SEMANA DA VIDA"

Nota Pastoral
da Comissão Episcopal do Laicado e Família
sobre a «Semana da Vida»
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"FAMÍLIA - AMOR E VIDA"
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"Sendo a Família o espaço privilegiado para se viver, celebrar, transmitir e educar para o dom e o valor da vida, convidamos as famílias cristãs e todos os homens e mulheres de boa vontade a darem as mãos e a congregarem esforços, para que, juntos, fomentem a cultura da vida. Ela reclama o acolhimento alegre e responsável da vida que nasce, o respeito e a defesa de cada existência humana, o cuidado por quem sofre ou passa necessidade, a solidariedade com os idosos e os doentes, a qualidade de vida, a responsabilidade com a segurança na estrada e no trabalho.Isto reclama, igualmente, que todos “se empenhem em que as leis e as instituições do Estado não lesem de modo algum o direito à vida, desde a sua concepção até à morte natural, mas o defendam e promovam” (EV 93). Não esquecemos as dificuldades humanas e sociais de muitos pais e famílias; porém, o direito à vida não é uma questão meramente religiosa ou confessional. É o primeiro e fundamental direito da pessoa humana que não pode estar sujeito à vontade do mais forte, nem ser sacrificado por regras democráticas que pretendem dar a aparência de legalidade à destruição dos mais frágeis. “Sobre o reconhecimento de tal direito é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política”
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(Para ler toda nota pastoral, clique aqui)

Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico

O valor da escassez
A democracia, ao permitir a alternância não conflituosa de quem está no poder, adequa-se à natureza humana: insatisfeita, oscilante, imprevisível
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Se há sempre mais vida para além de uma definição, esta é segura: a Economia é a ciência da escolha. Esta só tem relevância porque existem recursos escassos, como os bens que desejamos, o tempo que temos ou a informação que procuramos. Que a escassez determina criticamente o valor dum bem é uma evidência que atravessa o espaço e o tempo. Pensemos na forma como os ingleses endeusam o Sol e como os lisboetas vibram com um aceno de neve à sua porta, ou no estatuto que as especiarias tinham no tempo de D. Manuel I e aquele que hoje têm.
Numa economia de mercado, a escassez relativa dum bem reflecte-se espontaneamente no seu preço, um “sinal” que resume a informação relevante sobre procura e oferta. A forma eficiente e descentralizada como estes “sinais” surgem neste sistema económico é uma das suas maiores virtudes. É interessante perceber o papel que procura e oferta têm na determinação dessa escassez relativa dum bem ou serviço.
Pedro Mexia referia em crónica no DN (”O prestígio do Camões”, 17-05-05) como a periodicidade anual do prémio Camões lhe retirava valor. O raciocínio é simples. Sendo a procura (o conjunto de escritores lusófonos) mais ou menos fixa, é a oferta (a periodicidade dos prémios) que determina criticamente o valor relativo do prémio. A frequência demasiado elevada com que é atribuído enfraquece a distinção feita. O mesmo sucede com a corte de homenageados escolhidos por Jorge Sampaio (dois mil, ao que parece).
O futebol é um exemplo onde a fonte de valor é sobretudo a procura. A causa do seu sucesso à escala mundial não é tanto o poder do sentimento tribal, ou a conotação sexual do golo, mas sobretudo a escassez de golos. Quando um golo é difícil de marcar, gera-se uma tensão psicológica ideal, que culmina em grandes alegrias ou grandes tristezas. As grandes emoções que todos procuram. Se, por exemplo, se aumentasse o tamanho das balizas, os golos e as reviravoltas acrescidas fariam a emoção aproximar-se da do hóquei em patins. Aceitável, mas não retumbante. Na escassez “óptima” de golos reside a grande vantagem do desporto-rei.
Na imprensa, como nos ‘blogues’, o fenómeno repete-se. Quem escreve com uma grande frequência pode perder, na margem, algum valor. A curta e intensa vida do blogue “O Espectro” poderá ser parcialmente entendível à luz disto. A política também não foge à regra. Um político (que esteve) ausente ganha uma certa aura, o que ajuda a entender o papel das famosas “travessias do deserto”. A democracia, ao permitir a alternância não conflituosa de quem está no poder, adequa-se à natureza humana: insatisfeita, oscilante, imprevisível. Na política, como no desporto ou nas artes, valorizamos sempre mais o que rareia. Aquilo que não temos. Porque, inevitavelmente, o que é escasso é - ou melhor, torna-se - bom.
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Publicado no Diário Económico, a 3 de Maio de 2006.

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – 3 de Maio

José Carlos de Vasconcelos e Alexandre Cruz, do CUFC
José Carlos de Vasconcelos no CUFC Liberdade de imprensa
implica responsabilidade
José Carlos de Vasconcelos, director do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias e coordenador editorial da revista Visão, esteve ontem à noite, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), em mais uma Conversa Aberta, integrada no Fórum::UniverSal, projecto que se desenvolve todas as primeiras quartas-feiras de cada mês. Esteve para falar em sessão comemorativa do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de Maio, tendo desenvolvido o tema “Liberdade de Imprensa: informar ou deformar?”. José Carlos de Vasconcelos, uma autoridade na matéria, não se cansou de sublinhar que “Liberdade, qualquer que ela seja, implica sempre responsabilidade”, sobretudo numa sociedade democrática, já que somente os regimes totalitários não a aceitam. O director do JL frisou que “todas as liberdades são solidárias” e que os jornalistas devem cultivar a seriedade e o respeito pelos outros, sendo certo e visível que a muitos deles “sobe o poder à cabeça”. Referiu que a comunicação social “é mais uma liberdade do que um poder”. Ao mesmo tempo adiantou que a liberdade de imprensa pressupõe independência, realidade muito difícil de conseguir, quer pelas exigências das audiências, quer das tiragens. Alertou, ainda, para os riscos que advêm dos grupos económicos e outros poderes concentrarem em si diversos "media", fazendo valer, por vezes, os seus interesses, com prejuízo para a real liberdade dos jornalistas. José Carlos de Vasconcelos denunciou que as TVs fazem políticos, como aconteceu com os dois últimos primeiros-ministros, enquanto defendeu uma melhor qualidade dos programas, que têm de ser “interessantes e com interesse”. Por outro lado, sugeriu aos órgãos de comunicação social que publiquem “a boa notícia do dia”, como forma de contrabalançar os conteúdos, carregados, normalmente, de dramas, escândalos, futilidades e sensacionalismos. Entretanto, foi dizendo que os maus programas televisivos “são o reflexo da nossa sociedade”, tendo acrescentado que ainda há espaço para os bons projectos jornalísticos. Disse que as “opiniões” nos jornais não são, por norma, de jornalistas e que há muitos profissionais da comunicação social que misturam, frequente e erradamente, as suas ideias nas reportagens e nas entrevistas que fazem. Ainda referiu a importância de se educar o “sentido crítico” dos cidadãos, dando-lhes capacidade de “filtrar” os programas a ver. Fernando Martins

Santuário de Schoenstatt: Peregrinação diocesana

Santuário em dia de peregrinação ::
COM MARIA,
MÃE DA IGREJA,
TUDO PARA TODOS :: Peregrinação Diocesana
ao Santuário de Schoenstatt
No próximo dia 7, primeiro Domingo de Maio, vai realizar-se a Peregrinação Diocesana ao Santuário de Schoenstatt. Este ano, em consonância com o Plano Diocesano de Pastoral que nos convida a conhecer melhor a realidade social, pessoas e comunidades, em ordem a um serviço pastoral e apostólico mais qualificado e generoso, escolhemos como tema da Peregrinação: COM MARIA, MÃE DA IGREJA, TUDO PARA TODOS. Ninguém mais presente aos acontecimentos que tocam a vida e exprimem vida que Maria, quer no seu tempo de vivência no mundo, quer ao longo da história. Não havia nela tempos de Deus, pois para Ela todos o eram, nem ocasiões de serviço, porque se declarou a serva, que sendo-o do Senhor, era de todos. A radicalidade de Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, expressa no “tudo para todos”, não é uma figura de retórica, mas uma eloquente expressão de verdade e de vida. Este ano programamos a Peregrinação colectiva a partir do início da tarde, para que muitos possam nas suas comunidades celebrar o Dia da Mãe. Mas é também a Mãe que nos convida ao encontro de oração e ao convívio eclesial e fraterno que culmina com a solene celebração da Eucaristia, às 17 horas. O Santuário, que eu mesmo quis que fosse um santuário diocesano, tem sido um pólo de renovação espiritual para muitos cristãos e uma porta sempre aberta para o encontro com Jesus, pelas mãos de Maria, Sua e nossa Mãe. Convido, quantos o puderem fazer, a que participem comigo nesta Peregrinação.
António Marcelino,
Bispo de Aveiro
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Programa da Peregrinação
Lema: "Como Maria, Mãe da Igreja, tudo para todos" 14h00 – Acolhimento 14h30 – Recitação do terço meditado 15h45 – Catequese do Sr. Bispo D. António 16h30 – Bênção do Santíssimo. 17h00 – Eucaristia presidida por D. António Marcelino;
envio e homenagem às mães

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Um artigo de António Rego

Despedidos
por computador De cada quatro trabalhadores portugueses, apenas um está sindicalizado. Há quarenta anos isso já constituiria um número excessivo. Após a Revolução do 25 de Abril tornou-se quase uma obrigação de consciência. Hoje, coloca-se com uma espécie de conformismo face às novas situações que, ou não acreditam na eficácia dos sindicatos, ou se desiludiram do sistema de emprego e direitos sociais, ou apenas acham que não se vai às inundações com baldes pequenos, nem se apaga fogos de floresta com extintores de gabinete. Quer tudo isto dizer que os tempos mudaram. A economia rege-se por novas regras com reflexos profundos no enquadramento humano do trabalho. Colhe-se a impressão de que o homem está para o trabalho e não o contrário, a economia apenas procura uma eficácia que pouco tem a ver com o respeito por aqueles que a sustentam. A Revista Communio (Revista Teológica internacional) com particular pertinácia dedica o seu último número à "Ética Económica e Globalização", procurando por diversos ângulos e com colaboradores especializados, olhar a economia como um fenómeno humano, destinado ao homem, inspirado numa ética que ultrapassa as sacralizações banais das regras do mercado. Mudou o trabalho, mudaram as leis de admissão, o conceito de fixação. Lembre-se o célebre empresário que em S. Francisco (USA) afirmava perante circunspectos peritos, que "cada um pode trabalhar quanto queira e os estrangeiros nem precisam de visto. Num mundo global as regras impostas pelos governos perderam significado. O emprego está em função das necessidades da empresa. Contrata-se e despede-se por computador."E também se disse que "neste século, apenas dois décimos da população é suficiente para manter a actividade da economia mundial". Os outros 80%, são o menos. A Igreja lançou um Catecismo da Igreja Católica que elenca e desenvolve as verdades principais da fé. Mas também um Compêndio de Doutrina Social que esclarece e vincula as consciências na construção deste mundo a partir da maravilha do trabalho como obra continuada de Deus. Por vezes a moral e a fé aplicam-se com pesos e medidas circunstanciais. A consciência não pode variar de elasticidade consoante os interesses de cada momento. Nem despedir-se... por computador.

Citação

CONTROLAR A ANSIEDADE
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"Quando receamos algum mal, o próprio facto de o recearmos atormenta-nos enquanto o aguardamos: teme-se vir a sofrer alguma coisa e sofre-se com o medo que se sente! Tal como nas doenças físicas há certos sintomas que pressagiam a moléstia - incapacidade de movimento, lassidão completa mesmo quando se não faz nenhum esforço, sonolência, calafrios por todo o corpo -, também um espírito débil se sente abalado, mesmo antes de qualquer mal se abater sobre ele: como que adivinha o mal futuro, e deixa-se vencer antes do tempo. Há coisa mais insensata do que nos angustiarmos com o futuro em vez de deixarmos chegar a hora da aflição, e atrairmos sobre nós todo um cúmulo de tormentos? Quando não é possível livrarmo-nos por completo da angústia, pelo menos adiemo-la tanto quanto pudermos. Queres ver como é verdade que ninguém deve atormentar-se com o futuro? Imagina um homem a quem tenha sido dito que depois dos cinquenta anos será submetido a graves suplícios: ele permanece imperturbável enquanto não passa a metade desse espaço de tempo, altura em que começa a aproximar-se da angústia prometida para a segunda metade da sua vida. Por um processo semelhante sucede também que certos espíritos doentes sempre em busca de motivos para sofrer se deixam tomar de tristeza por factos já remotos e esquecidos. A verdade é que nem o passado nem o futuro estão presentes, pelo que não podemos sentir qualquer deles. Ora a dor somente pode resultar de algo que se sente!"
Séneca,
in 'Cartas a Lucílio'
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Fonte: "Citador"

Um artigo de Pedro Rolo Duarte, no DN

Dois países num só
O primeiro-ministro chamou "demagogo" a Francisco Louçã por este ter misturado, deliberadamente, num debate sobre a Segurança Social, a viagem governamental a Angola e o peso dos empresários envolvidos na comitiva com a sustentabilidade do sistema de pensões. Eu ouvi o debate e concordo com José Sócrates: a circunstância de os bancos serem lucrativos e eficazes na forma como rentabilizam os seus activos não pode ser crucificada, como se fosse um crime cuja pena é traduzida em taxas e impostos para cobrir as deficiências do sector público... Por pouco Louçã não defendia que é melhor não ser profissional em Portugal, sob pena de se ser tributado pela competência.
Mas, por outro lado, podem perceber-se as palavras de certa esquerda, que não são muito diferentes das palavras que se ouvem na rua, quando há qualquer coisa de absurdo, de chocante mesmo, nas páginas dos jornais e suplementos de economia, e se revelam choques frontais entre realidades dentro do mesmo país. Um exemplo apenas: na mesma semana em que o Banco Mundial, no seu World Development Report, afirma que Portugal é o país da Europa onde se regista a pobreza mais extrema, sabe-se que os lucros dos três maiores bancos privados nacionais (BCP, BES e BPI) chegam, apenas no primeiro trimestre de 2006, aos 377,8 milhões de euros.
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Um poema de Teixeira de Pascoaes

A voz do poeta Ó noite escura Da Criação, O teu sentido oculto, em mim, murmura, É a minha inspiração. Mar ergo a minha voz para cantar, E meu canto indeciso desfalece, É marulho de fonte, vai secar. Quisera aquela voz que se enfurece, E acorda o vento, E as ondas alevanta, E as árvores espanta, E, súbito, é ternura, íntima prece… Quisera arder em louco sentimento, Para aquecer os nus e os desgraçados. Ser um luar de vago encantamento e alumiar os transviados. In Versos Pobres