quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

ADOPÇÕES mais rápidas?

Governo cria Observatório para a Adopção
No ano passado foram adoptadas apenas 300 crianças em Portugal - um número que o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, considera ser demasiado baixo, tendo em conta que nas instituições permanecem 14 mil crianças à espera de um futuro melhor. É para agilizar estes processos que o Governo anunciou a criação de um Observatório para a Adopção.
Os números, de facto, são insatisfatórios: à espera de uma criança para adoptar estavam, no final de 2005, 1700 famílias, e o tempo de espera para a acolher rondava, em média, dois a três anos. "São valores que não nos permitem ainda contrariar o risco da tendência para a institucionalização excessiva", afirmou o ministro na Amadora.
Para auxiliar as crianças e jovens em risco, o Governo propõe-se agora criar mais 300 lugares nos centros de acolhimento temporário. Até 2009, serão estendidas para 2100 as vagas nestas casas onde se pretende que as crianças fiquem apenas o tempo necessário para ser traçado o seu projecto de vida. Em três anos, o objectivo é reduzir em 25% as crianças institucionalizadas.
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RIA DE AVEIRO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Ria de Aveiro: Torreira
: Documento da Comissão Diocesana Justiça e Paz, a propósito do Dia Mundial das Zonas Húmidas
Com certeza que qualquer um de nós, ao observar e sentir a natureza, deu por si a entoar intimamente um salmo de louvor ao Senhor. É impossível a indiferença à beleza da nossa Ria de Aveiro, em particular naquelas horas do fim do dia, em que adquire uma luz e uma serenidade especiais. Um pequeno reflexo da Luz e da Calma do Senhor...
A Ria de Aveiro, como zona húmida* que, para além da sua beleza, é rica em peixes e aves aquáticas e possui grandes planos de água, locais de eleição para a prática de desportos náuticos. A produção de sal e os barcos moliceiros são também identificados com a tradição aveirense e estão intimamente ligados à Ria, um dos ex-libris da Diocese de Aveiro.
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Dia Mundial das Zonas Húmidas
No passado dia 2 de Fevereiro, comemorou-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas. Também na passada semana, voltou à comunicação social o tema das Alterações Climáticas. Será que existe alguma relação entre zonas húmidas, ou seja a nossa Ria de Aveiro, e alterações climáticas? Claro que sim! As alterações previstas do clima afectarão as zonas húmidas nacionais. Os estudos científicos para compreensão e previsão das alterações climáticas e dos seus potenciais efeitos apontam para um aumento da temperatura média global do Planeta entre 1,4 e 5,8ºC, no período 1990-2100, o que implicará impactos significativos diversos, que diferem de região para região e de estação do ano para estação do ano. Na Europa, o Sul é a sub-região mais vulnerável, prevendo-se que:
• haja uma diminuição do escoamento de Verão, da disponibilidade hídrica e da humidade do solo;
• nas áreas costeiras, o risco de cheias, erosão e perda de áreas húmidas aumente substancialmente, com implicações para as estruturas humanas, indústria, turismo, agricultura e habitats naturais das zonas costeiras;
• a produtividade agrícola decresça;
• a perda de habitats importantes (zonas húmidas, habitats isolados) seja uma ameaça para algumas espécies;
• temperaturas mais elevadas e ondas de calor possam alterar os destinos turísticos tradicionais. Estará o leitor, neste momento, num dilema: por um lado, identifica alguns dos impactos descritos como algo que já constatou no nossos país e que suspeita estar já a acontecer; por outro lado, pensa que não tem muito a ver com esta problemática e que 2100 está muito longe.
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Um artigo de António Rego

Humor e Humores «Para os nossos lados, o desrespeito pelo religioso ganhou, nalguns meios, uma arrogância displicente»
Não é pacífica a discussão: até onde vai a liberdade de expressão? Trata-se dum luxo de alguns privilegiados - os proprietários e profissionais dos media, entre outros, - ou é um bem, por si mesmo, gerador dum dinamismo social e cultural tão decisivo, que não admite qualquer reserva ou excepção?
A democracia é um acto de liberdade. Eleger Hitler, na Alemanha, ou colocar no poder partidos políticos de ideário e prática terrorista foi um acto de liberdade. Não haverá, como referência, nada acima?
Muitas vezes, mais que do silencioso laboratório do pensamento, as questões brotam de explosões emocionais e momentâneas na opinião pública, ou de algum acontecimento levado ao extremo por qualquer situação imprevista. Como agora aconteceu com as caricaturas de Maomé.
A caricatura - porventura uma das armas mais certeiras para ofender gravemente, atenuada apenas pela hipotética vaidade dos atingidos - emerge no momento da subida ao poder dum partido com ideais terroristas, em plena discussão sobre armamento nuclear no Irão, nalgumas lutas internas no universo muçulmano, no confronto entre o mundo árabe e a Europa, para não falar nas centenas de razões discretamente enceleiradas em jazigos de petróleo. Haverá, certamente, um conjunto de situações de carácter pontual que se escondem em muitos discursos, ameaças, violências, decisões e negócios e que ultrapassam quantas razões vêm ao de cima.
Preso a isto tudo, o fenómeno religioso. Os caricaturistas exigem liberdade ilimitada. Alguns religiosos, embora impetuosamente, propõem-lhes que, em vez de caricaturarem símbolos religiosos, exibam caricaturas de si próprios, ou dos seus pais, ou de qualquer ente que considerem “sagrado”. E chegamos ao núcleo do problema: o sagrado. Não terá ele direito ao respeito, inclusive dos cartoonistas, caricaturistas e humoristas? Reconhecemos que existe uma hiper-sensibilidade no universo muçulmano face ao “seu” sagrado. Mas para os nossos lados o desrespeito pelo religioso ganhou, nalguns meios, uma arrogância displicente.
Estamos num mundo global e aberto, onde a liberdade é maior e as feridas se tornam mais expostas. O seu preço, por isso, é mais elevado.É que há humor e humores.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

D. ANTÓNIO MARCELINO: 25 anos na Diocese de Aveiro

"A única forma de vencer o cansaço é a fidelidade a Deus"
“Deus constrói tanto com os nossos êxitos como com os nossos fracassos”, afirmou o Bispo de Aveiro, na celebração da acção de graças pelos seus 25 anos na diocese de Aveiro. D. António fez um balanço da sua missão, agradeceu a Deus e pediu “lucidez até ao fim”
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D. António Marcelino queria uma celebração modesta, ao completarem-se 25 anos da sua presença na diocese. “Pensava que ia passar despercebido”, disse, na Eucaristia do dia 1 de Fevereiro, no Seminário de Aveiro, lembrando que 2005 fora cheio de comemorações (75 anos de vida, 50 de ordenação...). Mas leigos, consagrados e padres (em parte vindos do retiro espiritual que estava a decorrer em Albergaria-a-Velha) quiseram estar com o seu bispo.
No início da celebração, Monsenhor João Gaspar assumiu o sentir da assembleia e sublinhou a “coragem e persistência intrépida” de D. António, a sua “caridade sem reticências”, o seu esforço “para o bem da Igreja e de todos nós”.
Na homilia, D. António, olhando para a sua vida e o seu ministério, sublinhou ideias sobre a identidade do ministério sacerdotal que têm sido recorrentes, por exemplo, nas ultimas ordenações. “A entrega e o esforço do padre não são um favor. São a lógica da nossa vida. O padre só se realiza quando olha para Deus. É importante que o povo perceba isto. A única forma de vencer o cansaço é a fidelidade de Deus. Ai do bispo ou do padre que perde tempo a olhar para si ou a pensar na realização humana. (...) Deus constrói tanto com os nossos êxitos como com os nossos fracassos. Deus não precisa dos nossos êxitos, mas da nossa verdade, da nossa entrega ao povo. O padre é um expropriado, alguém que Deus fez Seu e do povo que ama”, disse o Pastor da igreja aveirense.
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CUFC: Lição do Prof. Adriano Moreira

Cidadania com três faces: nacional, europeia e mundial
Adriano Moreira, professor de relações Internacionais, membro da Academia de Ciências de Lisboa, ministro do Ultramar em 1961-63, ex-líder do CDS e ex-vice-presidente da Assembleia da República e actual presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, foi o convidado de Fevereiro do Fórum::Universal, no Centro Universitário Fé e Cultura. Em debate estiveram os temas “cidadania, política e construção social/global”.
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Três faces da cidadania
A cidadania é das questões mais actuais. Actualmente, tem três bases: a nacional, a europeia e a mundial. Temos de aprender a exercer essa cidadania de três faces.
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País multicontinental
O estatuto do país mudou aceleradamente. No espaço de uma geração, alterou completamente as suas fronteiras. Primeiro, foi país multi-continental, mas com fronteiras exclusivamente com soberanias ocidentais: a inglesa, a francesa, a belga, a holandesa. Nessa época, sabia quem eram os amigos e os inimigos. Depois, teve fronteiras com 10 ou 11 países que conquistaram a independência. Eram países portadores de reivindicações, contestatários do direito internacional e revisionistas. Finalmente, depois de 1974, passou a ter uma única fronteira com a Espanha.
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Os tempos das mudanças
As mudanças aconteceram mais rápido do que a capacidade de dar resposta. A mudança cultural dá-se num tempo acelerado. A mudança de entendimento dá-se num tempo demorado. Ao mesmo tempo, co-existiram em Portugal três gerações: uma presa ao antigo e avessa à mudança, outra que assume a mudança e outra para quem o futuro é urgente.
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A foto do dia

COSTA NOVA E A RIA SERENÍSSIMA
Em dias calmos, como o de hoje, é maravilhoso desfrutar da serenidade da Ria de Aveiro, em frente à Costa Nova, uma das salas de visita do concelho de Ílhavo. Tenho a certeza de que num barquinho à vela não há stresse que resista

Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

OSCAR,
um Prémio Cobiçado Desde 1929 que anualmente a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, de Hollywood, atribui o seu Prémio anual às diversas vertentes da arte cinema-tográfica. Curiosamente designado por Oscar, por motivos acidentais, é um prémio regularmente criticado, mas que tem o prestígio que lhe faculta o processo de votação adoptado, envolvendo profissionais, e a regularidade exemplar, que nem a II Guerra Mundial interrompeu, com que é entregue há 78 anos. A atribuição dos Oscars desenrola-se em duas fases. Em Janeiro ou Fevereiro de cada ano, como aconteceu há dias, é revelada uma pré selecção, para no início de Março se entregarem as estatuetas numa sessão de gala. As nomeações, já de si importantes, recaem sobre cinco hipóteses para as categorias mais importantes e três para prémios menos relevantes ou de natureza puramente técnica. Todos os géneros são candidatos, havendo Oscars atribuídos a filmes de natureza mais ou menos cultural, como o há a obras puramente recreativas. Tudo depende da visão dos profissionais/sócios da Academia que encontram para um dado filme a qualidade global, ou, na maior parte dos casos, distinguem aspectos mais individuais: realizadores, actores, directores de fotografia, compositores musicais, etc., etc. É frequente as nomeações serem tão concentradas sobre uma só obra que esta fica, à partida, com uma forte probabilidade de arrecadar a parte de leão. Mas há anos, como este em que nos encontramos, em que a distribuição é mais equilibrada havendo a hipótese de uma ampla dispersão dos prémios. "O Segredo de Brokeback Mountain", de Ang Lee (8 nomeações); "Colisão", de Paul Haggis (6); "Munique", de Steven Spielberg (5); "Capote", de Bennett Miller (5); "Walk the Line", de James Mangold (5). Entre estes se irá decidir o grosso das atribuições... Mas só na madrugada de 6 de Março teremos a confirmação definitiva.

Fotos dentro d'água, alguns metros acima do nível do mar

De 10 A 18 DE FEVEREIRO,
NO CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE AVEIRO
CARUOSH
Esta sexta-feira, dia 10, é inaugurada no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro (antiga Fábrica Campos), a exposição de fotografias Caruosh. Iniciativa dos alunos de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração), conta com o apoio desta instituição de ensino e da Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro (FEDRAVE). VEJA O CARTAZ DA EXPOSIÇÃO A exposição, patente até ao próximo dia 18 de Fevereiro, integra 200 fotografias da autoria de alunos de Fotojornalismo dos anos lectivos 2004/2005 e 2005/2006.

Um artigo de Alexandre Cruz

Cartoons,
a gota de água
islâmica
1. Tem sido precisa muita água para apagar as chamas ateadas pela fúria. Mas este fogo, infelizmente, já tem longos séculos de história, onde a intolerância e o fanatismo caminham a par de alguns esforços de conciliação e convivência. Estas últimas, atitudes positivas, hoje, num espírito de conhecimento e compreensão, são uma obrigação redobrada na era global, até porque, das duas uma: ou nos vamos conhecendo e entendendo, de parte a parte, ou então cava-se um fosso sem fim à vista. Sendo certo que daqui a um mês este pó já estará acalmado, fazendo correr muita tinta por este mundo fora, todavia, valerá a pena compreender mais, tirar as lições, arriscar conclusões que ofereçam luz sobre modos de agir, respeitar, começando pelo modo de pensar. Para algumas vozes trata-se claramente da continuação da ofensiva islâmica contra o ocidente, no procurar derrubar o razoável sucesso da vivência democrática, ofensiva (internacional despertada por insatisfação de Abu Laban, Imã de Copenhaga, Dinamarca) que tornou ineficiente o apelo pacífico dos próprios líderes religiosos islâmicos, sinal de que estamos bem longe de uma vivência fecunda de diálogo inter-cultural e religioso; outras ideias sublinham a grave não respeitabilidade, por incompreensão cultural nossa em relação aos valores de consciência do mundo árabe, na crítica à liberdade de imprensa sem limites que erradamente faz a sátira do sagrado, como quem brinca com o fogo. Tendo uma e outra postura claras razões lógicas pelos factos que se observam, todavia, sublinhe-se que a desproporcionalidade da reacção islâmica faz vir à luz do dia questões de fundo essenciais. 2. Do ocidente, um pouco desgarrados uns dos outros, e entretidos individualmente com as coisas que inventámos, custa-nos, com toda a razão, a compreender muitos factos vindos das arábias, realidades que ferem gravemente a dignidade da pessoa humana e os valores democráticos. Do mundo árabe, a partir dos líderes, num misto de estratégia ou também por verdade cultural, onde para despertar o valor do grupo bastará dizer uma palavra, custará a entender (em termos sociológicos) o nosso sentido de superioridade civilizacional hoje baseada na tecnologia e economia, o individualismo alienante do sentido de comunidade-cultura, a nossa liberdade (também de expressão) sem fronteiras, o cartoon que fazemos com os valores sagrados, e a própria solidão a que deixamos os nossos idosos (facto que nunca acontece no oriente). Como é claro, a nosso ver, nada justifica as embaixadas incendiadas, a manifestação pública enfurecida, o diabolizar das nações ocidentais, o queimar das bandeiras, já mesmo as vítimas deste facto. Como é certo, também, no ver de um islâmico razoável e de bom senso, o coração ficaria ferido com este brincar, satirizar e inflamar do sagrado, a que estamos habituados a chamar de “liberdade de expressão”. Que sentiríamos, por exemplo, se pegassem nos limites de uma instituição – todas os têm, e não há nenhuma civilização perfeita - ou na honrosa bandeira e com ela se fizesse o cartoon, a crítica mais baixa e depreciativa deste mundo… Que sentir? No nosso entender ocidental para isso existem os tribunais para julgar, e eles, de facto, mais coisa menos coisa, estão cheios de “liberdades” de expressão... Agora, no entender corporativo árabe, ainda que com todos os contextos e textos, quando a coisa salta para o colectivo, tudo avança, mesmo sem pensar… Talvez, no ocidente deveríamos ter percebido isto mesmo, este diferencial cultural: aquilo que para nós é brincar individualmente, para outros é coisa séria e sempre comunitária; e no que toca ao sagrado então tudo se multiplica indefinidamente, gerando reacção corporativa. 3. Neste caso, como atitude cultural, o mundo islâmico gravemente meteu água. E o facto de estarem muito pouco preocupados com isso, no consciente colectivo do povo árabe, é facto de que estamos diante do incontrolável. A comunidade islâmica é um mundo de visões do Islão, onde das visões saudáveis às moderadas é inexistente uma voz serena de conjunto. Este facto é muito preocupante. O mundo islâmico, e talvez esse seja o seu segredo no avançar pelo (indiferente e distraído nestas questões) ocidente, sabe e vai-se adaptando no silêncio de todos os dias…mas depois, no que toca ao essencial (Maomé) o espírito de existência e unidade salta acima do razoável. Nesta situação, também, a liberdade de expressão terá posto a “gota de água”. Hoje é um facto que, das fronteiras abertas, em França, por exemplo, o Islão é a segunda grande comunidade cultural e religiosa. Ou então, vamos à nossa memória e entendamos que os atentados de Londres foram realizados por jovens ingleses com ideias de fanatismo islâmico... Se quisermos mesmo ser críticos de nós próprios, então sejamos: neste caso concreto perdemos a “liberdade” porque a crítica e sátira terá sido desmedida, generalizadora, não responsável com o paradigma cultural de que fala. Sendo certo que a saudabilidade do cartoon é colocar a sua dose de pimenta…o certo é que a “expressão” terá de ter as suas fronteiras de sensibilidade para ser mesmo “livre”. Para nós, cartoonistas da nossa própria vida porque já aprendemos a lidar com os nossos próprios erros e estamos habituados com maturidade aos “nãos” de cada dia, temos de aprender mais a lidar com a diferença. Mas a diferença no que ela terá de saudável; já é absolutamente incompreensível a declaração fanática de Omar Bakri (aos microfones da BBC nestes dias): “No Islão, Deus diz, e o seu mensageiro Maomé diz, que quem quer que insulte o profeta deve ser punido e executado”. Preocupante e gravíssimo demais é, ainda, o silêncio, pois nenhuma voz oficial islâmica veio corrigir. Esta relativa indiferença (de todos os dias) dos líderes islâmicos de bom senso é muito grave. 4. Talvez a única via possível, e mesmo depois de apelos à serenidade da parte de alguns líderes, seja mesmo a unidade de voz do Islão equilibrado. Mas o que é este Islão de bom senso e qual a sua força efectiva diante das multidões? Sabemos?... Ou teremos iniciado neste caso ícone a era de poder árabe em que qualquer palavra ou imagem de consideração justamente menos positiva sobre excessos islâmicos serão gota de água para a rebelião anti-ocidente? De fora ninguém consegue obrigar ou impor, nem mesmo as comunidades islâmicas que estão espalhadas pelo mundo gozando o bem-estar ocidental (mas por vezes observadas de traidoras pelos seus…). O segredo, talvez, terá de passar por uma nova consciência de maturidades e equilíbrios na Liga Árabe (com a ajuda da ONU). Haja esperança com realismo!...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

SEMANA SOCIAL, EM BRAGA

Igreja lança pistas
para resolver problema
do desemprego
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Jacques Delors, António Gu-terres, Marcelo Rebelo de Sousa e Vítor Constâncio são quatro dos oradores da “Semana Social” que a Conferência Episcopal Portu-guesa realiza de 9 a 12 de Março sob o lema “Uma so-ciedade criadora de emprego”
: Quando falta sensivelmente um mês para a realização da Semana Social de 2006, a realizar em Braga, o presidente da comissão coordenadora nacional das Semanas Sociais, Manuel Porto, apela à participação “de pessoas que possam ser artífices da criação de empregos”. Até ao momento, já se inscreveram centenas de pessoas nesta iniciativa.
Manuel Porto relatou que esta afluência deve-se ao facto de “ser uma iniciativa da Igreja” porque “Ela tem o melhor testemunho que pode haver na solução dos problemas sociais”. E acrescenta: “a Igreja tinha razão quando não acreditou no liberalismo puro”.
Para além do tema -“Uma sociedade criadora de emprego” -, esta Semana Social tem “excelentes oradores”, segundo os seus organizadoras. Manuel Porto destaca a presença do Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e de Jacques Delors, “ um grande homem da Europa na segunda metade do século XX”.
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Fonte: "Correio do Minho"

À conversa com... António Vitorino d'Almeida

A Igreja deve valorizar o seu património cultural
VP – Que grandes diferenças encontra entre a música austríaca e a nossa, para além da qualidade musical e do apoio governamental?
AVA – Respeitam-se os músicos. Existe na Universidade um curso para pessoas que gostam de música e que não têm jeito para a música, mas que têm o direito, perfeitamente lógico, de querem saber música e eventualmente a serem críticos de música e de jornal. Ora musicólogo já é diferente. Aliás, há muita gente que se chama musicólogo e sendo assim “eu vou ali e já venho”… Os cursos de Musicologia que aí se fazem e que dão esses doutoramentos são uma cadeira complementar de piano ou composição no estrangeiro. Cá se é preciso fazer-se alguma coisa a nível da música a gente do Governo é que manda na música em Portugal. Eles é que são consultados. Na Áustria não é assim. Quem é consultado é quem toca piano, é quem rege, é quem sabe de música. Na Áustria, como quem tem a palavra são músicos autênticos, a estrutura é outra.
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VP – Fora esta lição que nos dá, foi adido cultural da Embaixada, o que lhe valeu uma condecoração do Presidente da República Austríaco. Que significado concreto teve e tem esse momento para si?
AVA – É uma condecoração normal. Não é rara, mas é sempre significativo.
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VP – Mudando agora de área, em 1989 apresentou uma candidatura para o Parlamento Europeu. Que motivo o levou a experimentar, através dum partido de pequena dimensão? Esperava mesmo vencer?
AVA – A questão era a seguinte: em Estrasburgo não está ninguém, que eu saiba, eu não estava de certeza na altura, alguém que pudesse defender os interesses culturais portugueses. É óbvio que tinha esse objectivo. Só entrei na política por causa disso, com vista à cultura. O partido pelo qual optei tinha gente séria e só não ganhei por poucos votos.
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VP – E hoje voltaria a tomar a mesma opção, de perfilar nessa política?
AVA – Não sei se voltaria. Na altura fi-lo convictamente. Havia uma protecção à arte e ao espectáculo na comunidade europeia. Há volta e meia uns eventos, uns Festivais de Cultura, mas não fica nada e só se gasta dinheiro. Constroem-se novos espaços mas o público não aumenta significativamente. Seria muito mais importante uma estrutura fixa e normal. Todas as semanas.
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(Para ler mais, clique ESPECIAL, em Voz Portucalense)

Escolas do 1º Ciclo vão ter ensino artístrico

JÁ NO PRÓXIMO
ANO LECTIVO
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, anunciou a criação de ensino artístico nas escolas do 1º ciclo já no próximo ano lectivo, através do aproveitamento de recur-sos humanos de instituições profissionais locais. "O que estamos a preparar é consolidar o que está definido na reforma do ensino básico, generalizando no próximo ano o ensino artístico, à semelhança do que foi feito com o inglês", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, na Casa da Música, Porto.
Segundo referiu, está já a ser preparado para apresentação um programa que visa preencher o alargamento do horário nas escolas do 1º ciclo do ensino básico. O ensino artístico será leccionado por profissionais de escolas locais de música, de teatro e dança, entre outras expressões artísticas. "Queremos dar oportunidade a que as escolas integrem o seu projecto artístico contando com aquilo que são recursos locais", frisou a ministra, acrescentando ser necessário "desafiar escolas profissionais das expressões a intervir ao nível do primeiro ciclo".
Na sua opinião, basicamente, as escolas poderão leccionar uma qualquer área artística que seja localmente forte, inclusive as marionetas. "Precisamos muito de melhorar as condições de concretização do ensino artístico da ligação da arte à educação", defendeu.
O Ministério da Educação pretende também arrancar com o ensino artístico nos 2º e 3º ciclos do ensino básico, mas a este nível ainda há obstáculos a ultrapassar. "O problema é a organização dos recursos, precisamos de remover muitos obstáculos [de natureza burocrática e administrativa] e melhorar muito as condições para que aconteça a arte na educação", disse.
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CARNAVAL DE AVEIRO

Carnaval de Aveiro está de volta
Depois de um ano de interregno, por falta de alguns apoios considerados indispensáveis, o Carnaval de Aveiro, organizado pela paróquia da Glória, volta este ano, graças à prometida ajuda da Câmara Municipal, que garante a entrega de 32 500 euros. Diversos grupos, organizados uns e espontâneos outros, 11 carros alegóricos, música alegre (nem podia ser outra!), confraternização saudável, encontro de pessoas que apostam em construir comunidade, de tudo um pouco oferece o Carnaval de Aveiro, que salta para as ruas nos dias 19, 26 e 28 de Fevereiro. Os reis e suas comitivas chegarão de moliceiro, como manda a tradição, e logo à chegada ditarão as suas irreverentes leis para o período carnavalesco, que toda a gente optimista não deixará de acatar e de seguir. Esta iniciativa, que já se enraizou nos hábitos dos aveirenses de há 20 anos a esta parte, pretende mostrar que, afinal, os cristãos também sabem rir e folgar, porque acreditam que um santo triste é um triste santo. Fernando Martins

Um poema de Fernando Pessoa

Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. in Mensagem

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

DICIONÁRIO HISTÓRICO ÚNICO NA EUROPA

Confronto de Ordens religiosas
e maçónicas em publicação inédita
Está na fase final de elaboração o «Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal» que congrega de uma forma interinstitucional todas as Ordens de diferentes matrizes ideológicas e religiosas, promovido pelo Instituto São Tomás de Aquino e pela Revista dos Jesuitas «Brotéria». Este, que é o primeiro Dicionário sobre as Ordens todas que se faz em Portugal e na Europa, com esta abrangência, tem apresentação antecipada na Revista Brotéria do mês de Janeiro/Fevereiro 2006.
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No editorial, o Pe. Hermínio Rico explica que “o projecto do Dicionário procura responder a uma lacuna informativa e de apoio à investigação: a oferta, reunida numa só obra, de forma sistematizada e completa, do conhecimento que existe disperso sobre todo um conjunto de instituições sociais que são reconhecidas sob a mesma designação de ordem ou revestem tipo análogo de organização e fins prosseguidos”. Esta obra, refere o director da Brotéria “tem o objectivo de providenciar um instrumento de fácil acesso onde se compilam as informações básicas e se apontam os saberes disponíveis sobre todas estas entidades”, sublinha.
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(Para ler mais, clique Ecclesia)

"L' OSSERVATORE ROMANO" COMPARA PEÇA TEATRAL EM MADRID A CARICATURAS DE MAOMÉ

Jornal denuncia manifestações
de intolerância
contra a religião em Espanha
O jornal oficial do Vaticano considera que alguns espectáculos, que considera ridicularizarem o Papa e a Igreja Católica, em Espanha, constituem manifestações de intolerância contra a religião, comparando-os às caricaturas de Maomé, publicadas por um jornal dinamarquês, que têm sido alvo de controvérsia. O texto do “L'Osservatore Romano” que irá sair na edição de amanhã, de acordo com a AFP, será um editorial com direito a primeira página, sob o título “Progresso da liberdade ou recuo da civilização”, dedicado ao tema das caricaturas do profeta Maomé, que têm gerado reacções violentas em alguns países islâmicos. “O caso dessas caricaturas não é, infelizmente, o único exemplo do género”, lê-se no texto, que denuncia a existência em Espanha de “manifestações ultrajantes de intolerância contra a religião e a Igreja Católica que causam espanto”.
O caso citado é uma peça teatral, em cena em Madrid, em que, de acordo com o jornal, “o Papa actual é caricaturado, o seu predecessor ridicularizado, onde são lançadas ameaças obscuras contra os católicos e onde é incitada a apostasia”. Outro exemplo dado pelo editorial é o de “um vídeo difundido pela televisão em que o crucifixo se transforma num ingrediente para uma repugnante receita culinária”.
De acordo com o jornal do Vaticano, “a crítica, a polémica argumentada, o desacordo expresso, ainda que de formas radicais”, ou mesmo a sátira que denuncia a “idolatria de poderes” são “legítimos”.Contudo, o editorial defende que a sátira “privada de toda a finalidade crítica ou educativa torna-se pura obstinação”.
Este artigo do “L’Osservatore Romano” foi escrito dois dias após um comunicado do Vaticano que sublinha que a liberdade de expressão não autoriza as ofensas às convicções religiosas, considerando porém os actos violentos "deploráveis".
Fonte: PÚBLICO on-line

A foto do dia

ÍLHAVO: Jardim do centro da cidade,
onde é sempre agradável estar,
sobretudo em dia de sol, como o de hoje

CITAÇÃO

“A vida cristã apoia-se num tripé: lucidez, trabalho, oração. Como redescobrir e suscitar o gosto do silêncio, do testemunho e do desejo de servir? Havendo no mundo recursos e conhecimentos (ou podendo haver) para cuidar da alimentação e da saúde de todos, por que será que há tanta gente mergulhada na solidão, na fome e no sofrimento? Como cantava Mercedes Sosa, porta-voz da resistência latino-americana, só peço a Deus que a dor, a injustiça, a guerra, a mentira, o futuro, não me sejam indiferentes.”
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Frei Bento Domingues, no PÚBLICO de domingo

Escolas do Ensino Básico com Banda Larga

...E AS OUTRAS CARÊNCIAS?
A comunicação social tem noticiado, com muito relevo, mais um passo importante do Governo de José Sócrates, no sentido de modernizar as escolas do País. Desta feita, valorizando a Internet com Banda Larga, que vai chegar a todas as Escolas do Ensino Básico. Sem dúvida, trata-se de um projecto que tem de ser considerado como uma mais-valia para o ensino/aprendizagem e uma ferramenta indispensável nas sociedades do futuro. Talvez, até, uma das grandes prioridades. Acontece que a mesma comunicação social não deixou, e bem, de denunciar o facto de haver escolas sem o mínimo de condições para oferecer, a professores, alunos e empregados, um ambiente condizente com as exigências dos tempos que correm, num país da União Europeia. Afinal, teremos escolas com Banda Larga, mas onde falta o aquecimento, água potável, material didáctico elementar, cantina e fornecimento de alimentação, transportes para alunos que distam a cerca de três quilómetros do estabelecimento de ensino que frequentam, professores de apoio para alunos que precisam de um ensino mais individualizado, ginásio para os tempos livres, etc. Penso que a Banda Larga é, de facto, importante, mas também penso que, antes dela ou em simultâneo com ela, seria muito bom que os responsáveis olhassem, com olhos de ver, para outras lacunas das escolas, sobretudo das que estão perdidas por montes e vales, neste Portugal da União Europeia. Fernando Martins

domingo, 5 de fevereiro de 2006

A foto do dia

CARAMULO

A paisagem inconfundível da Serra do Caramulo continua deslumbrante, em qualquer época do ano. Não se cansará se por lá passar de vez em quando. Nesta foto descobre-se bem um golfinho que ali descansa há milénios.

JACINTA CANTA EM LISBOA

NOVO DISCO EM 20 DE FEVEREIRO
A cantora de Jazz Jacinta está de novo em Portugal, para mais uma série de espectáculos. Nos proximos dias 10, 11, 16, 17 e 18 vai actuar no S. Luiz, em Lisboa, e no dia 20 do mesmo mês será editado o seu segundo disco, desta vez pela EMI. Nos espectáculos já agendados apresentará um reportório brasileiro.
Jacinta foi a personalidade convidada da rubrica "Hora H", da revista "Pública" de hoje, onde a artista da Gafanha da Nazaré fala da sua "Hora H", que se prende com o ter conhecido Maria Cristina de Castro, "que foi a diva do São Carlos no tempo de Maria Callas".
Como refere a artista, esse encontro aconteceu por ter andado com problemas nas cordas vocais, problemas esses que estão a ser ultrapassados com as lições que está a receber de Maria Cristina de Castro.
Para já, Jacinta garante que vai apresentar-se com outra voz, mais ao estilo de cantora de Jazz antiga, mais Ella Fitzgerald, uma voz mais clara, aberta e bem colocada.
F.M.

GOTAS DO ARCO-ÍRIS

.... AO ARCO-ÍRIS?! - E SE LHE PUSERES UMBIGO… :
Caríssimo/a:
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Pois é, este mês de Fevereiro termina como devia: com o Carnaval!Nesta quadra recordo sempre uma cena que presenciei num enquadra-mento muito sério, embora quiçá um tudo nada pre-tensioso de uma sessão de esclarecimento e convencimento no tempo do PREC. Falava-se de agricultura, num cine-teatro (que os havia na época, … agora há pavilhões multi…), numa das nossas ‘aldeias’ ribeirinhas, quando, depois de falar uma alta individualidade, se ergueu uma voz do povo que timbrou:
- Ó meu senhor, antigamente a agricultura gemia, agora grita!...
Não foi só o dito, mas principalmente a entoação e o esganiçamento que deram por terminada a sessão…
E ainda hoje dá para rir com gosto…
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[ E já que escrevi dito, saberás que na região da Murtosa ainda hoje se vibra com a ‘dança dos ditos’?
Pois é verdade, mas eu já me perdi…
Ah!, já sei…queria entrar no Carnaval…]
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Vamos então imaginar um arco-íris com umbigo…
Depois já podemos continuar a contemplar um grupo de amigos, ali a molhar os pés nas águas da Ria e a divagar:
- Há dias dei comigo a pensar que a Ria é assim como uma pessoa, tal qual!
- Uma pessoa?! Como assim?
- E onde lhe pões a cabeça?
- Vocês estão admirados, mas se pusermos a cabeça em Ovar, as mãos… uma na Murtosa e outra na Gafanha, a barriga em Aveiro e Ílhavo…
- E as pernas, os pés? - perguntava outro.
- Ora vê-se bem onde eles estão: um em Mira e outro ali para os lados de Vagos…
- Se não estivéssemos no Carnaval, diria que falavas acertadamente…
- Qual quê, eu estava só a brincar…
- Mas se calhar…. Se calhar… [E não é que a brincar, a divagar, a ‘filosofar’, gastaram o ‘tempo de antena’!?...]
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Também eu fiquei a cismar no que disse aquele amigo e quero aqui que fique bem claro que “pelo Carnaval, ninguém leva a mal” e … o sorriso é a melhor medicina. Usemo-lo, pois.
Manuel

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Preocupações
Todos gostamos de saborear momentos de tranquilidade e de paz; corremos por isso, porque achamos que a paz não tem preço e vale todos os esforços.
Sentimos e queixamo-nos da pressa da vida e, em certos dias, muito gostaríamos de horas que multiplicassem os minutos por dois ou por três; mas os relógios mantêm-se fiéis aos ritmos de sempre.O tempo não se mede pelo comprimento dos dias; o que o valoriza é o que nele pomos e fazemos; é a densidade com que o vivemos.
O cristão não vive com saudades do futuro, nem com as angústias do não-feito no passado. O Homem de fé está sempre procurando e vivendo o permanente, o presente de Deus; e não se envergonha de dizer que procura o Senhor, mesmo já O possuindo.
“Todos Te procuram”, diziam as pessoas que O encontraram; e a Sua missão era, exactamente, deixar-Se encontrar, para que a Paz e a tranquilidade serenasse os corações e acabasse com angústias e preocupações.
Deus quer a Felicidade para todos os Seus filhos; a Boa Nova, que é o Seu Filho entregue por nós, há-de estar ao alcance de todos, porque quantos O conhecem sentem a urgência do anúncio; é obrigação falar; “ai de mim, se não pregar o Evangelho”.

: In "Diálogo", 1060 - V DOMINGO COMUM - Ano B

sábado, 4 de fevereiro de 2006

O PRAZER DE RELER

VIRTUALIDADES Eça, sempre
Mário Bettencourt Resendes*
Um fim de semana de Inverno, para mais com a visita inesperada e belíssima da neve, convida à leitura. E aí, apesar das muitas aquisições recentes que aguardam a sua vez, apeteceu um regresso ao eterno Eça. Afinal, na literatura é, no mínimo, duvidosa a recomendação de Cesare Pavese, que aconselha a não voltarmos a lugares onde se conheceu a felicidade. Uma vista de olhos à estante e lá veio a «Ilustre Casa de Ramires», numa edição já «velhinha» dos «Livros do Brasil», com «fixação de texto e notas» de Helena Cidade Moura e capa de Lima de Freitas. Bastou começar e logo nos enredámos, com o prazer de sempre, nas desventura do ilustre fidalgo Gonçalo. Mais de um século depois, reencontrámos, com um misto de fascínio e mágoa, muito do Portugal que hoje corre, nostálgico e deprimido. Com a devida vénia ao autor e contando com a benevolência dos leitores, vai hoje a crónica recheada de citações da prosa magnífica de Eça de Queiroz. À página 138, quando Gonçalo se debate com o terrível dilema de, para conseguir o ambicionado cargo de deputado da nação, ter de mudar de partido e reconciliar-se com o governador civil, até à altura seu grande adversário pessoal e político na terra, eis como o fidalgo se deixa convencer pelos argumentos de um amigo: «Escute, homem! Você quer entrar na política? Quer. Então, pelos Históricos ou pelos Regeneradores, pouco importa. Ambos são constitucionais, ambos são cristãos. A questão é entrar, é furar. Ora, você, agora, encontra, inesperadamente, uma porta aberta. O que o pode embaraçar? As suas inimizades particulares? Tolices!» Veio, é claro, depois de algum «suspense», o ambicionado lugar em São Bento. E Gonçalo nem sequer se coibiu de depois facilitar o «acesso» do governador civil, inimigo de outrora, à sua impoluta irmã, senhora bem casada, mas que tinha ficado, de solteira, com um fraco pelo homem. Enfim, coisas da política novecentista (?) Retenha-se, finalmente, como paradigma do génio de Eça, o penúltimo parágrafo do livro: «Os fogachos e entusiasmos, que acabam logo em fumo, e juntamente muita persistência, muito aferro quando se fila à sua ideia. A generosidade, o desleixo, a constante trapalhada nos negócios, e sentimentos de muita honra, uns escrúpulos, quase pueris, não é verdade ? A imaginação que o leva sempre a exagerar até à mentira, e ao mesmo tempo um espírito prático, sempre atento à realidade útil. A viveza, a facilidade em compreender, em apanhar. A esperança constante nalgum milagre, que sanará todas as dificuldades. A vaidade, o gosto de se arrebicar, de luzir, e uma simplicidade tão grande que dá na rua o braço a um mendigo. Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociável. A desconfiança terrível de si mesmo, que o acobarda, o encolhe, até que um dia se decide e aparece um herói que tudo arrasa (...) Assim, todo completo, com o bem e o mal, sabem vocês quem ele me lembra? - Quem? - Portugal». Vale sempre a pena revisitar todo o Eça...
: *Jornalista
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Ilustração. Eça de Queiroz

Antigo Bispo da Guarda vai ser homegeado

Homenagem a
D. António dos Santos,
com a publicação
de um livro, que
vai ser enviado
a todos os padres
da Diocese da Guarda
A diocese da Guarda irá prestar uma homenagem ao anterior pastor, D. António dos Santos, num livro a publicar brevemente. “Uma iniciativa de D. Manuel Felício – bispo actual – que será enviado a todos os padres no início da Quaresma” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Francisco Barbeira, do jornal «A Guarda». Este opúsculo – com cerca de 40 páginas - terá a mensagem que D. António dos Santos dirigiu a toda a diocese no momento da saída; a homenagem feita pelo clero da diocese e será ilustrada com fotografias sobre estes momentos” – realçou. Para além destes dados históricos, o livro contém a biografia do antecessor de D. Manuel Felício e uma listagem de todos os bispos da diocese. Com o título «D. António dos Santos – Bispo da Guarda», o livro é editado pela «Veritas».
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Fonte: Ecclesia