terça-feira, 17 de janeiro de 2006

MIGUEL TORGA MORREU HÁ 11 ANOS

Miguel Torga



CORDIAL 

Não pares, coração! 
Temos ainda muito que lutar. 
Que seria dos montes e dos rios 
Da nossa infância 
Sem o amor palpitante que lhes demos 
A vida inteira? 
Que seria dos homens desesperados, 
Desamparados 
Do conforto das tuas pulsações 
E da cadência surda dos meus versos? 
Não pares! 
Continua a bater teimosamente, 
Enquanto eu, 
Também cansado 
Mas inconformado, 
Engano a morte a namorar os dias 
Neste deslumbramento, 
Confiado
Em não sei que poético advento 
Dum futuro inspirado. 

Coimbra, 30 de Janeiro de 1991 

In “Miguel Torga – Poesia Completa”

NB: Para conhecer melhor o grande poeta Miguel Torga, que faleceu em 17 de Janeiro de 1995 e que foi sepultado na sua terra natal, S. Martinho da Anta, junto dos pais e da irmã, clique aqui)

PRESIDENCIAIS: A OPINIÃO DE MARCELO, NA RTP

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Marcelo Rebelo de Sousa
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VAMOS ENTÃO ÀS PRESIDENCIAIS
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Ainda faltam cinco dias até ao termo da campanha, depois um dia de reflexão e o dia de voto. Começando com Garcia Pereira chegou tarde, não teve debates, teve entrevistas, fez a melhor campanha que lhe conheço desde que foi candidato a vários cargos. Foi a melhor no discurso, na ponderação, na sensatez e no posicionamento. Curtinha, mas boa.
(Para ler a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, clique DN)

Pintura de Almada Negreiros

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Primeiro estudo para a decoração do proscénio do
Teatro Muñoz Seca de Madrid (1929)
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ALMADA NEGREIROS:
ARTISTA POLIVALENTE
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Almada Negreiros, que nasceu e faleceu em Lisboa (1893 e 1970), dedicou toda a sua vida à arte. Foi poeta, teatrólogo, romancista, desenhador e pintor, tendo atingido altos níveis em tudo o que se envolveu, nos mais diversos domínios artísticos. Este estudo foi elaborado para decorar o proscénio do Teatro Muños Seca de Madrid, em 1929, revelando, como em tantas outras das suas obras, um realismo mágico e cheio de geometrias, que justifica a admiração e a consagração que recebeu ainda em vida.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

MAIORIA DE CRIANÇAS FORA DA ESCOLA SÃO MENINAS

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CENTO E QUINZE MILHÕES
DE CRIANÇAS, NO MUNDO,
NÃO FREQUENTAM A ESCOLA PRIMÁRIA
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Cento e quinze milhões de crianças em todo o mundo, a maioria do sexo feminino, não frequentam a escola primária, assinala um relatório da UNICEF sobre os desequilíbrios no acesso à educação de rapazes e raparigas. De acordo com o relatório da organização das Nações Unidas dedicada às crianças, divulgado em Pequim, 46 países estão abaixo da meta de paridade estabelecida para 2005 e noutros o número de crianças na escola continua "inaceitavelmente baixo". A UNICEF estima que apenas os Camarões, o Gabão, o Gana, a Mauritânia e São Tomé e Príncipe poderão alcançar a paridade nas escolas em 2015.
(Para ler mais, clique SOLIDARIEDADE)

SÍMBOLOS NACIONAIS

OS SÍMBOLOS DA PÁTRIA
DEVIAM MERECER-NOS
O MAIS PROFUNDO RESPEITO
Desde muito novo, fui educado no respeito pelos símbolos nacionais. Em pequeno, para mim, Pátria era o Chefe de Estado, a Bandeira e o Hino Nacionais. Quando os via, apoderava-se de mim um sentimento profundo de admiração, de contemplação, por ver neles significados que nem sabia explicar, de tão profundos eles serem. O mesmo se passava comigo no que diz respeito à religião. O Papa, o Bispo e o meu Prior eram a Igreja Católica, que devíamos amar sem condições. Hoje tudo é diferente, eu sei, mas também sei que há símbolos que deveriam manter-se sempre numa posição elevada, para que infundissem respeito a todos. Acho que os símbolos da Pátria podiam, portanto, ser olhados desse modo. Presentemente, no que diz respeito aos símbolos pátrios, continuo a nutrir por eles grande veneração. Mesmo quando o Presidente da República não mereceu o meu voto na hora da eleição, nem assim deixo de o respeitar com toda a sinceridade. E o mesmo se passa com a Bandeira Nacional, que até houve outras muito mais bonitas, e com o Hino Nacional, que inclui na letra versos sem sentido para os nossos dias. Aqui, partilho da ideia do escritor Alçada Baptista, quando defende que a letra do Hino deveria ser revista. Para quê, por exemplo, versos que incitam “às armas” e a lutar “contra os canhões”, quando todos devemos pugnar pelo pacifismo?
Quanto à Bandeira Nacional, choca-me vê-la esfarrapada por aí. A onda do Europeu de Futebol conseguiu acicatar os ânimos dos portugueses e muitos, mas mesmo muitos, mostraram o seu patriotismo içando bandeiras por qualquer canto, nos sítios mais incríveis, deixando-as depois ao abandono. Que bom seria se todos canalizassem o seu amor à Pátria para outros fins, bem mais urgentes do que ganhar um campeonato de futebol. Mas enfim. Vem isto a propósito de um anúncio publicitário que é envolvido, na televisão, pelo Hino Nacional. Não me parece bem. Já viram como se abriu um precedente que pode levar a resultados muito tristes? E se qualquer dia uma marca de cerveja, de vinho, ou de outra coisa qualquer resolver aproveitar o Hino para as suas campanhas publicitárias? E se outros comerciantes ou industriais habilidosos também quiserem pegar na Bandeira Nacional para promover os seus produtos? E se uma marca de óculos ou de chapéus se lembrar de dizer que o Presidente da República os usa no seu dia-a-dia? Aqui talvez possam dizer: isso é impossível porque não se pode brincar com uma pessoa, que por sinal é o Presidente da República. Mas poderemos, então, utilizar os outros símbolos da nossa Pátria, sem regras?
Penso, com toda a consideração que tenho pelas ideias dos outros, que os símbolos nacionais nos deviam merecer o mais profundo respeito e veneração. Fernando Martins

Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico

O dever do próximo PR
O próximo Presidente da República deverá contribuir – no quadro das suas actuais competências – para a “mudança de paradigma” de que o país precisa. Trocar o apelo recorrente “a todos os portugueses” pelo singular “a cada português” seria um bom começo.
Há uma coisa que faz acreditar que o Natal pode ser todos os dias: os discursos presidenciais. Eles são presença certa todo o ano. Sabemos que o carácter não-executivo do PR e a sua eleição por voto directo concorrem para um quadro ideal de influência na esfera política - acima das questões partidárias e menos dependente dos ciclos eleitorais. Hoje, o dever do próximo PR é simples: contribuir para a “autonomização” do cidadão perante o Estado. O português médio é uma criança que vive à sombra do pai-Estado. Depende e gosta de depender dele. Mais: não pondera que isso possa algum dia mudar. Fala – sempre confiante e em alta voz – nos “direitos adquiridos”. No que concerne à esfera económica, esta forma de pensar enferma de um erro básico: pensar na riqueza como um “dado garantido”. Sucede que a riqueza precisa de ser criada para poder ser redistribuída. Não cai do céu. É estranho que para muitos candidatos presidenciais isto seja tão incompreendido, passadas que estão quase duas décadas sobre 1989.
A sabedoria popular diz-nos que “a necessidade aguça o engenho”. O português médio, que não é estúpido, compreenderá que com tantas garantias estatais, e sem sentir necessidade de arriscar ou precaver o seu futuro, o engenho resultante não poderá ser grande. É preciso soltar amarras. O paternalismo estatal exagerado compromete o nosso futuro. Reduzir o peso do Estado não chega. Urge discutir e implementar uma nova “matriz relacional” que tenha por base a liberdade e a responsabilidade individuais. Isto não é – ao contrário do que alguns querem fazer crer – incompatível com uma visão contratualista e (razoavelmente) solidária da sociedade.
Esse “meio termo” ideal não é fácil de encontrar nem certamente de agradar a todos. Nele, para além da responsabilidade individual, a liberdade anda de mãos dadas com o risco – duas coisas que desagradam o português que gosta do papel de “vítima” e que é tão avesso ao empreendorismo. Mas ninguém disse que o desafio era fácil. Apenas urgente. Por isto, o próximo PR deverá deixar uma mensagem simples a cada português: “não perguntes pelo que o país pode fazer por ti, pergunta pelo que tu podes fazer por ti próprio”. O que se joga no dia 22 é muito claro: contribuir, ainda que mitigadamente, para a mudança de paradigma de que Portugal precisa, ou deixar que tudo continue na mesma. O resto são pormenores.
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tiago.mendes@st-catherines.oxford.ac.uk

PINTURA DE AMADEO DE SOUZA-CARDOSO

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Cozinha de Manhufe
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AMADEO FOI FIGURA CENTRAL
DO MODENISMO PORTUGUÊS
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Amadeo de Souza-Cardoso nasceu em Manhufe, Amarante, em 1887, e faleceu em Espinho, em 1918, vitimado pela pneumónica. Em Paris, frequentou cursos de preparação para a Escola de Belas-Artes e estudou pintura em várias academias livres e na oficina do pintor espanhol Anglada Camarasa.
Relacionou-se, na capital francesa, com alguns dos grandes nomes da pintura, em especial com Modigliani, e em 1914 fixou-se em Manhufe, onde continuou a pintar.
Amadeo de Souza-Cardoso foi uma figura central do Modernismo, devendo-se à sua intervenção a inserção portuguesa na grande aventura da arte moderna europeia.

ENCONTRO NACIONAL DE APOIO SOCIAL AO IMIGRANTE

É URGENTE VALORIZAR A EDUCAÇÃO
PARA A INTERCULTURALIDADE
E PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Decorreu em Fátima, de 13 a 15 deste mês, o VI Encontro Nacional de Apoio Social ao Imigrante, à volta do tema “Outras culturas, a mesma cidadania”. Participaram técnicos e voluntários das Cáritas Diocesanas e dos Secretariados das Migrações, tendo sobressaído destes três dias de reflexão a importância da educação para a interculturalidade e do diálogo inter-religiosos. Na abertura dos trabalhos, D. António Vitalino, Bispo de Beja e Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, valorizou o enriquecimento que resulta do encontro com os outros povos e com outras culturas, enquanto lembrou a exigência do diálogo ecuménico e inter-religioso. :
(Para ler as conclusões, clique aqui)

domingo, 15 de janeiro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no Diário de Notícias

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Anselmo Borges
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Pastores e magos,
cristianismo e dignidade
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Como tudo o que é finito, a quadra natalícia está marcada pela ambiguidade. Somos "obrigados" a escrever, a telefonar, a este e àquela. Temos de avançar para visitas que nos maçam. Espera-se que se faça o jeito de comer uns pratos e uns doces segundo as convenções. Há uma procissão de presentes que é preciso dar e receber, com alegria disfarçada. Mas também é verdade que há encontros que nos dão o sentimento de plenitude. Parece que nos tornamos melhores durante esses dias. Acontece o pequeno presente de alguém que estimamos sinceramente e que julgávamos definitivamente ausente. Há aconchegos reconfortantes. No meio daquela agitação paralisante, também há ilhas de exultação criadora.
Agora, tudo isso é passado. Regressou o quotidiano, prosaico, baço, exaltante. Já à distância, talvez possamos ir ao que é mais essencial daquela festa mágica, que nos mimou a infância e que alguns dizem que devia ser todos os dias - o Natal.
Mesmo que muitos já se não lembrem disso, o que é facto é que o Natal se refere ao nascimento de Jesus Cristo, figura determinante da história universal. Quer se seja crente quer não, é preciso reconhecer que a ideia de pessoa enquanto dignidade intangível e sujeito de direitos invioláveis, porque divinos, se impôs por causa dos debates à volta da tentativa de compreensão do mistério de Cristo.
Embora, historicamente, os Direitos Humanos tenham tido de abrir caminho contra a Igreja oficial, há quem lembre, não sem razão, que eles têm na sua raiz também a mensagem bíblica, não sendo por acaso que "nasceram" em sociedades marcadas pelo cristianismo.
Pensadores da estatura de Hegel, Ernst Bloch e Jürgen Habermas reconheceram que foi pela fé no Deus feito homem em Jesus Cristo que se explicitou no mundo a consciência da dignidade infinita de ser homem.
Hegel afirmou expressamente que na religião cristã está o princípio de que "o homem tem valor absolutamente infinito".
E. Bloch, o ateu religioso, repetia que foi pelo cristianismo que veio ao mundo a consciência explícita do valor infinito de ser homem, de tal modo que nenhum ser humano pode ser tratado como "gado".
Mais recentemente, J. Habermas, agnóstico e um dos maiores filósofos vivos, escreveu que a democracia se não entende sem a compreensão judaico-cristã da igualdade radical de todos os homens, por causa da "igualdade de cada indivíduo perante Deus".
O núcleo da mensagem de Jesus é este todo o ser humano tem uma dignidade que não pode ser violada, porque o seu fundamento é Deus.
O Deus que Jesus anuncia é aquele cuja causa é a causa do homem e a sua plena realização. Por isso, os Evangelhos proclamam que, logo no nascimento de Jesus, esta mensagem foi anunciada a todos os homens de boa vontade, a começar pelos mais pobres e fracos, concretamente pelos pastores, malvistos porque "impuros" e se encontravam à margem da prática da religião.
Mas esta boa nova é para todos, portanto, para lá do chamado povo eleito ela abrange os pagãos.
É inútil procurar possíveis acontecimentos astronómicos em ordem a esclarecer a estrela dos reis magos, que surge no Oriente, como não tem sentido investigar quantos eram e donde vinham.
De facto, aqui utiliza-se linguagem simbólica para transmitir o essencial do Evangelho Deus manifestou-se como favorável a todos os homens e está do seu lado, também dos pagãos, e sobretudo dos mais fracos, marginalizados e abandonados.
Foi no quadro da influência cristã que Immanuel Kant apresentou como núcleo da moral o respeito para com a humanidade "Trata a humanidade na tua pessoa e na pessoa de todos os outros sempre como fim, nunca como simples meio.
"As coisas são meios e, por isso, compram-se e vendem-se e têm um preço. O homem, porém, não tem preço, porque é fim e não meio. Ele tem dignidade.
Aí está a razão por que é discutível que Portugal seja um país católico.
De facto, a maioria da população declara-se católica nas estatísticas. Ora, talvez seja católica, mas cristã não é com certeza. Se o fosse, não haveria dois milhões de pobres e 200 mil pessoas que lutam com a fome.
Por outro lado, uma sociedade equilibrada e justa caminha para um tipo de figura que se aproxima da do ovo a parte do meio é vasta e as pontas (os ricos e os pobres) são arredondadas. Entre nós, porém, cava-se cada vez mais fundo o abismo entre os muito ricos e os pobres e muito pobres: a ponta da pirâmide aguça-se e a base é cada vez mais ampla.
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Nota: Anselmo Borges é padre católico
e docente de Filosofia na Universidade de Coimbra.

Um poema de Fernando Echevarría

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Fernando Echevarría
É DOCE ENVELHECER É doce envelhecer quando o que avança é ir recrudescendo a inteligência. Entra-lhe o mundo no vagar. Decanta o seu volume inteiro de contenda. Transporta-se. E entrega na palavra a inteligível criação. Entrega o desenvolvimento. O pulso. A trama que ajustam sua refundação aberta. E a doçura de se ir vendo alarga o envelhecimento a quase ciência. Uma ciência onde o enigma é alma. E onde o mundo contunde. Insiste. E pesa.
: In “Observatório da cultura”, número especial,
Dezembro de 05.
Edição do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura “Fernando Echevarría nasceu em 1929. Estudou Filosofia e Teologia. Viveu muitos anos em Paris, onde se ocupou na área do ensino. A sua poesia começou a afirmar-se nos fins dos anos 50, marcada inicialmente por uma grande concentração metafórica que acompanhava uma espécie de respiração polifónica dos motivos. Para abrigar-se progressivamente numa admirável depuração verbal, tirando partido das elipses, das sugestivas contracções dircursivas, das suspensões diante do sentido. A palavra de Echevarría é um idioma decantado quase até ao limite da abstracção. Mas pelas cesuras dessa língua o fulgor brilha, recôndito e intensamente presente." : Das suas obras mais recentes destacamos: “Introdução à Filosofia” (Poesia), “Geórgicas” (Poesia), “Uso da Penumbra” (Poesia), “Introdução à Poesia” (Poesia).”
In “Observatório da cultura” :: Nota: Fernando Echevarría recebeu o “Prémio de Cultura – Padre Manuel Antunes”, na sua primeira atribuição, prémio anual instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

PORTUGAL É O PAÍS MAIS DESIGUAL DA UE

Fosso que separa
pobres dos ricos
agrava-se em Portugal
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Portugal é o país mais desigual e mais pobre da União Europeia, com a diferença entre os mais ricos e os mais pobres a acentuar-se desde 2001, sendo actualmente cerca de dois milhões o número dos que vivem com menos de 350 euros por mês, segundo dados do Eurostat hoje divulgados pelo Público. Portugal é, de acordo com os últimos dados do Eurostat (Gabinete de Estatística da UE), o país da União Europeia (UE) onde é maior a desigualdade de rendimentos entre os dois grupos de pessoas situados nas extremidades da pirâmide social. A comparação entre os rendimentos acumulados pelos 20% mais ricos e os 20% mais pobres revela que, em Portugal, esse rácio atingia, em 2003, os 7,4, o que significa que os mais abonados detêm 7,4 vezes o rendimento dos mais necessitados. Esta tendência para uma maior desigualdade não é portuguesa, é mundial. O último relatório da ONU regista que, nas últimas duas décadas, num grupo de 73 países, os níveis de desigualdade aumentaram em 53 deles, adianta o Público. Outros sinais pouco famosos para Portugal são a descida de 26.º para 27.º na última lista ordenada do desenvolvimento humano da ONU; a pior taxa de abandono escolar da UE (38,6%), o maior índice europeu de pobreza persistente (15%), e uma das maiores percentagens de crianças pobres (15,6%), só ultrapassada pela Irlanda e pela Itália. Portugal acumula a condição de país mais desigual da UE com o de portador de maior índice de pobreza relativa, com um valor que há anos estabilizou nos 20/21%. Significa isto que dois milhões de portugueses têm rendimentos inferiores a metade do rendimento médio nacional, ou, em termos mais práticos, que vivem com menos de 350 euros por mês. Os níveis de desigualdade em Portugal conheceram, na última década, uma evolução contraditória. Em 1995, a relação entre os 20% mais ricos e os mais pobres era de 7,4 e foi caindo até 2000, situando-se nesse ano nos 6,4. Entre 2001 e 2003 a desigualdade voltou a disparar, recolocando-se a fasquia no nível de 1995. Especialistas em questões de pobreza e exclusão social explicam este retrocesso como o resultado do «abrandamento das políticas sociais correctoras que vinham sendo realizadas desde 1995», em consequência de uma focalização governamental no problema do défice público por via de «uma argumentação fundamentalista orçamental», como refere Rogério Roque Amaro, professor do ISCTE, adianta o jornal.
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IN "DIÁRIO DIGITAL"

A Cultura é uma dimensão fundamental da evangelização

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Padre Tolentino
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As pessoas olham para os tempos livres como uma "possibilidade de realizar os sonhos mais profundos da sua vida" - disse à ECCLESIA o Padre Tolentino Mendonça, Director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
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“A cultura é um campo de acção pastoral indispensável” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Tolentino Mendonça, Director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, no encerramento do Encontro de Referentes (delegados) da Pastoral da Cultura, realizado ontem (14 de Janeiro), em Fátima.
A cultura é uma realidade envolvente de toda a vida dos homens em comunidade. Tudo o que é expressão criadora da liberdade, busca inteligente e generosa de soluções, expressão gratuita dos mais nobres sentimentos, são componentes da cultura de um povo. “A cultura é feita de culturas, de micro realidades culturais” – sublinhou.
Durante a manhã, as duas dezenas de referentes da Pastoral da Cultura aproveitaram para partilhar as experiências realizadas nas dioceses, Movimentos, Congregações Religiosas e Centros Culturais. “Um cruzamento de experiências que nos dão o retracto de uma grande vitalidade da presença da Igreja no mundo da cultura”. A cultura é uma “dimensão fundamental da evangelização” e da “própria presença da Igreja no mundo” – apurou o Padre Tolentino Mendonça.
Numa sociedade onde o ter ganha vantagem ao ser, o Padre Tolentino Mendonça salienta: “não podemos hierarquizar em alta cultura e baixa cultura”. É urgente potenciar as várias dimensões da cultura visto que esta não anula as culturas. “Os poetas também gostam de futebol.” Ao construirmos uma pirâmide cultural corremos o perigo da “banalização e de ficarmos somente numa vivência epidérmica da realidade, mesmo nos aspectos lúdicos e criativos”. Perante esta realidade, os delegados estão “motivados” a fazer da cultura um lugar onde “a Igreja se encontra consigo mesma”. A cultura permite que a igreja “se olhe, reconheça e se compreenda a si mesma” – confessou o director deste secretariado.
Depois do I Encontro Nacional da Pastoral da Cultura, teve como tema «Entretenimento - valores e contradições», nos dias 24 e 25 de Junho, este sacerdote admitiu que “ficámos mais convencidos que o entretenimento prende-se com a procura da felicidade e o desejo do encontro. Os tempos livres falam do tempo interior que é necessário trabalhar e iluminar”.
As pessoas olham para os tempos livres como uma “possibilidade de realizar os sonhos mais profundos da sua vida” – concluiu.As próximas jornadas Nacionais da Pastoral da Cultura realizar-se-ão em Fátima, dias 16 e 17 de Junho, e terão como tema “Do tempo livre à libertação do tempo”.
Fonte: ECCLESIA

GOTAS DO ARCO-ÍRIS

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Bateiras na Ria de Aveiro
:: ARCO-ÍRIS NUM BERBIGÃO…
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Caríssimo/a:
Janeiro vai frio, daquele frio de rachar…
Ali, à minha frente, na cabeça do Cão, o Jorge esgravata com as mãos, à procura de berbigões….Há muitos, mas o frio faz com que interrompa a tarefa de quando em vez, esfregue as mãos uma na outra e atire os braços contra o corpo, como que se abraçando e batendo com as mãos nas próprias costas… Recomeça e vai enchendo o cesto que bom governo fará para o aconchego dos dois porquitos comprados na feira dos 13, na Vista Alegre. Porém, reparo agora que está a olhar fixamente para algo que aperta nos dedos. Que será? E a pergunta, espontânea:
- Jorge, algum caranguejo te mordeu?
- Não! Olha, vem cá ver!
O berbigão, talvez por adivinhar a nova maré, como que segregava uma espuma e o Jorge, feliz, encantou-se com o arco-íris que nessa espuma descobriu e me mostrava todo sorridente!...
Imagem bonita, para aí com uns bons sessenta anos, como aquela que se observou no outro dia na televisão: as embarcações eram às dezenas a caminho de Aveiro. Mas uma ostentava o encantamento do arco-íris num berbigão acariciado entre os dedos; enquanto que a outra se sobrepunha aos problemas que os homens têm de resolver para dar o pão aos filhos.
Como recordo o ti Quim e a sua bateira, com o seu rancho de Mulheres na apanha do berbigão e do mexilhão. Elas, mergulhadas na água até à cintura, até ao peito as mais baixas, para desenterrar o pão que matasse a fome dos filhos. Nós brincávamos, à sua volta, no nosso parque de meninos ricos de liberdade, e íamos abrindo o berbigão e retirando das cascas o fruto que nos regalava e fazia esquecer as hora do relógio do estômago…
Boa semana
Manuel

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Em todo o lado...
Talvez por curiosidade, alguns quiseram saber onde morava Jesus; não obtiveram palavras, mas uma proposta de fazer caminho e ir ver; foram, viram e ficaram, e foram chamar outros para que também fossem celebrar o encontro; também sabemos que foram, viram, ficaram e aceitaram missões.
Hoje não precisamos de perguntar onde mora Jesus, onde é a Sua casa, onde está; Ele simplificou respostas. E disse-nos que está no pobre, no doente, no preso, no que sofre de qualquer mal, no que é rejeitado, no que se sente excluído. Já não precisamos de fazer caminhadas físicas, porque o caminho a percorrer é interior, carregado de fé e de humildade.Não é fácil ver e identificar o Mestre na pessoa desajeitada, que não tem senão a mão para estender; é preciso uma fé grande para O reconhecer, e dizer: “entra e serve-te”...
Jesus passa e chama; Ele quer pôr-nos a participar das Suas tarefas e missão. Escolhe quem quer, mesmo os que nunca imaginaram poder partilhar tais objectivos.
É urgente estar atento, para ver e ouvir; e responder com a vida; não basta ouvir e perceber os problemas, teorizar sobre eles ou pô-los apenas em equação; é preciso resolver ou, ao menos, ajudar a encontrar respostas.
É preciso, sobretudo, perceber que os problemas estão em pessoas e, para os cristãos, as pessoas fragilizadas são o Cristo, Senhor, presente por aí, em todo o lado!
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In "Diálogo", 1057 - II DOMINGO COMUM - Ano B

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

PADRE LUÍS KONDOR CONDECORADO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

JORGE SAMPAIO CONDECORA
VICE-POSTULADOR DA CAUSA
DE CANONIZAÇÃO DOS PASTORINHOS
O Presidente da República, Jorge Sampaio, atribuiu a Ordem de Comendador ao Padre Luís Kondor, svd. A insígnia será entregue por Frei Vítor Melícias, ofm, na qualidade de Magno Chanceler das Ordens Honoríficas Portuguesas, em cerimónia pública que terá lugar no próximo dia 18 de Janeiro, às 19 horas, no Grémio Literário, em Lisboa.
Na cerimónia estarão também presentes, entre outros o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira da Silva; o Bispo Auxiliar de Évora, D. Amândio Tomás; o representante da Nunciatura Apostólica, Mons. Jean-François Lantheaume; o Reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz; os embaixadores da Áustria e da Hungria; o Presidente da Câmara de Ourém, David Catarino; Acácio Catarino, da assessoria social da Presidência da República, e o provincial dos Missionários do Verbo Divino, Pe. José Augusto Leitão.
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(Para ler mais, clique aqui)

Um poema de Reinaldo Matos

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O CÃO E O LOBO Ia, uma vez, um lobo por um monte abaixo, Quase a cair de fome e a tiritar de frio, Na forma do costume descendo ao riacho Que sempre lhe molhava o ‘stômago vazio. Nisto, encontrou um cão, nutrido, luzidio, Vaidoso da coleira que lhe pôs o dono. Conversaram … Por fim, diz o cão: – Tem lá brio; Não precisas de andar por ‘í ao abandono. Concordou nisso o lobo: – Parece castigo, P´ra aqui eu sem jantar’s, nem ceias, nem almoços. – Pois é, tornou-lhe o cão, não há necessidade. Vou arranjar-te um dono. Vem daí comigo. Terás uma casota, e côdeas, caldo e ossos. Mas a resposta foi: – Prefiro a liberdade! :: In “Sinfonia de Poemas de Reinaldo Matos” : NB: Poema sugerido por Fernando Martins (Filho)

"EUREKA" NA TSF, no sábado

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Em 107.4 FM ou 105.3 FM
"Eureka" na TSF este sábado
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Eureka - o programa de rádio sobre ciência e tecnologia, lançado em Outubro pela TSF em parceria com a Universidade de Aveiro, e agora também disponível em formato podcast, passa este Sábado, 14 de Janeiro, na TSF, logo depois do noticiário das 13h30.
O projecto Casa do Futuro, uma fórmula que permite transformar lixo num material semelhante ao granito ou ao mármore, e as facilidades concedidas pela incubadora de empresas da UA aos jovens empreendedores são os três temas em foco neste segundo programa Eureka. Em 15 minutos, o Eureka vai começar por lhe dar a conhecer o projecto da Casa do Futuro, orçado em quatro milhões de euros, que promete quebrar todas as regras da habitação, e cuja primeira fase deverá estar concluída em 2007. Logo depois, conta-lhe como uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro e da Universidade Nova de Lisboa descobriram a fórmula que permite transformar lixo num material muito semelhante ao granito ou ao mármore. A aplicação deste produto está recomendada para o exterior dos edifícios, em revestimentos e pavimentos. Por último, fala-lhe sobre a Incubadora de Empresas que funciona no Campus Universitário de Santiago, em Aveiro, para dar apoio a professores e antigos alunos que queiram criar uma empresa. Durante três anos estas empresas nascidas no meio académico aprendem a dar os primeiros passos no mundo dos negócios com o apoio da incubadora.

Fonte: "Site" da Universidade de Aveiro

Efeméride aveirense: Bairro do Albói

DOMINGOS JOÃO DOS REIS,
UM ALTRUÍSTA AVEIRENSE ESQUECIDO
No dia 13 de Janeiro de 1933 faleceu Domingos João dos Reis que, apesar de oriundo de família humilde, conseguiu meios de fortuna e tornou-se notável em obras altruístas. Fundou o Bairro de Albói, fazendo edificar aí sessenta moradias, que arrendou a casais de modesta economia, apenas pelo prazo de vinte anos. No fim do prazo estabelecido, os arrendatários ficariam proprietários dos edifícios. Também concorreu para a transformação do Bairro do Rossio, adquirindo os barracões da Companhia do Braçal.
Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

FAMÍLIA: UM VALOR A PROTEGER

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PRIMEIRA CONFERÊNCIA:
20 DE JANEIRO, NO SALÃO
DAS FLORINHAS DO VOUGA

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A Pastoral Familiar da Paróquia De Nossa Senhora da Glória - Sé promove um ciclo de conferências sobre a temática, FAMÍLIA: UM VALOR A PROTEGER.
A primeira conferência acontece já no dia 20 de Janeiro, pelas 21h15m, no Salão das Florinhas do Vouga, (entrada pela R. Batalhão Caçadores Dez, nº 69).Esta primeira comunicação vai ter por orador o Dr. José Dias da Silva que vai desenvolver o tema: É BOM VIVER EM FAMÍLIA apontando os valores e as dificuldades desta convivência. Está também acertada a participação do Eng. Roberto Carneiro para o dia 14 de Março que irá falar sobre: “Pais Educadores”. A Dr.ª Laurinda Alves, directora da Revista Xis, falará sobre "Firmeza e coerência na educação dos filhos", no dia 24 de Maio, no mesmo local. Estas conferências estão abertas a todos com incidência para as famílias, nomeadamente os pais das crianças das nossas catequeses. Além do estacionamento disponível no local, a organização oferece o café.
Fonte: "Site" da Paróquia da Glória - Sé de Aveiro

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

ALI AGCA, QUE ATENTOU CONTRA A VIDA DO PAPA, JÁ ESTÁ EM LIBERDADE

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Turco que tentou matar
o Papa João Paulo II
já está em liberdade
O turco Mehmet Ali Agca, o homem que em 1981 tentou assassinar o Papa João Paulo II, foi hoje posto em liberdade condicional na Turquia. Agca, de 48 anos, saiu hoje pela porta da prisão de Kartal, em Istambul, onde era esperado pelo irmão Adnan, o seu advogado, Mustafa Demir, e cerca de 200 jornalistas.Também o esperavam outras pessoas, algumas das quais lançaram flores sobre o veículo que transportou Agca.
O destino imediato do extremista turco será agora o hospital militar Gata Haydar Pacha Egitim, de Ancara, onde terá de se submeter a um exame médico de rotina."Agca quer cumprir o serviço militar, mas também vai fazer uso dos seus direitos", afirmou o advogado à imprensa, referindo-se ao facto do cidadão turco não ter cumprido o serviço obrigatório aos 18 anos.
Agca disparou contra João Paulo II a 13 de Maio de 1981 na Praça de São Pedro, em Roma, ferindo o Sumo Pontífice no abdómen. Capturado, foi condenado a prisão perpétua em Itália. Em Julho de 2000 Ali Agca foi extraditado para a Turquia, onde tinha um processo pendente com a justiça pelo assassínio, em 1979, de um conhecido jornalista de esquerda.
O Papa João Paulo II viria a manifestar publicamente o seu perdão ao turco pelo seu acto. A 2 de Abril, data da morte de João Paulo II, o turco pediu autorização para estar presente nas cerimónias fúnebres do Papa, que não lhe foi concedida.
Fonte: PÚBLICO on-line

NO CUFC, NO DIA 1 DE FEVEREIRO

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“Fórum::Universal”,
com o
Prof. Adriano Moreira ..
Nas primeiras quartas-feiras de cada mês, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) oferece, na sua sede, junto ao Campus Universitário, pelas 21 horas, um projecto de encontros abertos, dirigidos a toda a comunidade académica e demais interessados. Fórum::Universal, assim se chama o projecto, pretende debater opiniões diversas que exprimam dimensões essenciais da vida da sociedade global, em especial europeia e portuguesa, como desafio às nossas inquietações. Depois de Rui Marques, Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, e de Laurinda Alves, directora da revista XIS, que se publica aos sábados, com o PÚBLICO, o CUFC já agendou e organizou, para o próximo dia 1 de Fevereiro, mais um debate, desta feita com a participação do Prof. Adriano Moreira.

PASCAL: Citação

"Há duas espécies de homens: os justos, que se julgam pecadores e os pecadores que se crêem justos" : Pascal (1623 - 1662), francês, filósofo e matemático : In Citador

Um poema de Eugénio de Andrade

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Eugénio de Andrade
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É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.

Efeméride aveirense

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Belém do Pará
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AVEIRO E BELÉM DO PARÁ
SÃO CIDADES IRMÃS
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Faz hoje anos que Aveiro e Belém do Pará firmaram o convénio de amizade fraterna. Foi em 12 de Janeiro de 1970 que aquelas cidades se tornaram irmãs, tendo o convénio sido assinado pelas autoridades civis respectivas, conforme referiu o jornal Litoral de 17 de Janeiro de 1970.
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Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

Um artigo de D. António Marcelino

QUALIDADE DE VIDA DOS MAIS IDOSOS

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“Explique-me lá, porque eu não consigo entender. Criei sete filhos na minha casa. A casa é a mesma. Agora, o meu filho que lá vive tem apenas um filho. Trouxe-me aqui para o Lar dizendo-me que não tinha lugar para mim lá em casa…Como é que isto pode ser?” Os olhos eram ainda vivos, mas muito doridos pela dúvida para a qual procurava explicação e a procurou também em mim, assim à queima roupa. Era um idoso inconformado. Como eu o entendi!... Vivera com sua esposa uma luta contínua e morosa, por amor. Não foi fácil, por certo, criar sete filhos. Mas o amor venceu dificuldades e o sonho de os criar e educar e de os preparar para a vida era uma força interior que derrubou muros. Essa força que se cola ao coração dos pais e não os deixa adormecer, nem desistir. No momento de receber a recompensa por parte dos beneficiados de sempre, apenas sentiu o eco dos incómodos que provocava a sua idade com as normais limitações. A dívida do amor nunca prescreve. É preciso proclamá-lo. Por todo o lado, materialmente, os idosos estão hoje como nunca. Assim o verifico, agora numa zona que visitei, casa por casa, há menos de dez anos e onde estou de novo fazendo o mesmo peregrinar. As casas estão mais limpas e aconchegadas, muitas instituições a acolher e a fazer apoio domiciliário, centro de dia e de convívio por todo lado, passeios, a torto e a direito, por esse Portugal fora, grupos de voluntários que visitam com tempo para ouvir, festas umas atrás das outras. Porém, nada disto substitui a família que sabe amar e agradecer, porque tem nos seus idosos a sua riqueza e a referência que nunca esquece: “Filho és, pai serás, o que fizeres, encontrarás.” Vi a senhora há meses. Anda pelos noventa e tantos anos. Então, no horizonte, já não havia vida normal, nem esperança dela. Mudou de situação e a atenção, o carinho, a comunicação constante passaram a envolvê-la as vinte quatro horas do dia. Agora já fala, canta, responde, faz perguntas. Mostra uma serenidade que não parecia possível. Fiquei a contemplá-la e conclui que o amor constante é o grande milagre e sempre o melhor remédio para dar e conservar a vida dos idosos, que não têm outra doença além dos muitos anos. Abundam os casos a dizer que é assim. Quando os filhos e os familiares não andam por este caminho, e isso acontece tantas vezes, então quer dizer que só desejam que a morte venha quanto antes, para que termine o pesadelo de uma ingratidão, sempre difícil de digerir? Está aqui a qualidade de vida dos mais idosos: envelhecerem em lugar que seja familiar e a sentirem-se amados, acarinhados, ouvidos por todos, mas muito especialmente por aqueles nos quais corre nas veias o mesmo sangue. Um idoso de muitos anos já dispensa muita coisa, não o amor, nem o carinho, nem o calor de uma visita gratuita ou de uma presença viva. Os lares são uma necessidade para alguns casos, nunca razão para que a família se demita da dívida que tem e terá até ao fim. Chega da mentira de montanhas de flores e de vistosas lágrimas no funeral, quando, em vida, não houve uma hora por semana para visitar, acarinhar, sorrir, ouvir e dizer, nem que seja sempre a mesma coisa.A sociedade pensa mais nos idosos e faz por eles o que há anos nem se sonhava. Ainda bem. Muitas famílias, porém, tendem a desresponsabilizar-se cada vez mais. Uma maldição de resultados dolorosos. É sempre tempo para acordar e inverter o processo. Não se faz por decreto, faz-se por consciência assumida de uma dívida nunca saldada e pela experiência vivida por todos, ao longo dos anos, que ninguém, seja novo ou velho, pode viver sem amor.