terça-feira, 28 de julho de 2020

Outro título do PÚBLICO

«SIC põe fim a debates desportivos

Fim de programas desportivos: ex-comentadores concordam com “toxicidade” invocada pela SIC.»

Só agora é que viram isso? Mas, pelo que li, havia imensa gente que gostava das lutas tribais, em nome do desporto-rei, dizem alguns.

Titulo do PÚBLICO

«Novo Banco 
vendeu 13 mil imóveis a preço de saldo a fundo nas ilhas Caimão 

Banco vendeu e emprestou o dinheiro a quem comprou. Quem? Não se sabe. Fundo de Resolução cobriu perdas de centenas de milhões.»

Assim anda o nosso país: Sem rei nem roque. Pobre país que tal gente tem. Uns  cantando e rindo e outros cheios de fome.

Ainda o Dia dos Avós


Ontem, 27, tive a felicidade de evocar o meu avô Facica e a minha avó Briosa. O mundo, através das redes sociais, deu o alerta indispensável e eu tive ouvidos para ouvir, olhos para ler e sensibilidade para os recordar. Sou fruto concreto dos que me antecederam nos laços familiares que me geraram. Sei que depois da minha geração tudo se esvai. Outros netos lembrarão os seus avós. Para os meus antepassados todos, num encadeamento sem medida, aqui fica esta flor de um vermelho-sangue emoldurada pelo verde-esperança.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Manuel Rito - Um homem justo e bom

Se fosse vivo, Manuel da Silva, mais conhecido por Rito, faria hoje 100 anos. Conheci-o há muito tempo, quando ambos fizemos parte da Comissão Fabriqueira da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, sendo ele o responsável pela recolha dos dinheiros do peditório das missas, cujas contas apresentava nas reuniões habituais. Venho lembrá-lo por ter sido um homem bom e justo, deixando as marcas da sua personalidade nos filhos e nos amigos, mas ainda por ter sido injustamente caluniado e castigado pelos tribunais, com a indignação do povo da nossa terra. Da sua postura como tesoureiro, guardo uma frase que jamais esquecerei. Quando entregava a saca do dinheiro, exigia que fosse recontado pelos membros da comissão. E quando um dia lhe dissemos que confiávamos inteiramente nele, o Manuel Rito teve esta saída: — O dinheiro foi feito para ser contado. 
Manuel Rito, filho único, quando casou, foi viver com a esposa para a casa materna. Percebendo que o relacionamento entre mãe e esposa não era o melhor, resolveu mudar-se para casa própria. Por razões que se desconhecem, alguns vizinhos levaram a mãe do Manuel Rito a apresentar queixa contra o filho por agressão, dando origem ao natural julgamento. E o insólito, razão deste meu apontamento, está no facto de Manuel Rito ter prescindido de advogado de defesa, alegando que jamais deporia contra a sua própria mãe nem a desmentiria. E terá acrescentado: — Somente afirmo que nunca bati nem ofendi a minha mãe. 
Condenado a prisão, não contestou o julgamento, sofrendo no corpo e na alma a situação por que passou. Contudo, talvez por o juiz não poder alterar o seu despacho, foi autorizado a passar as noites em sua própria casa, apresentando-se de manhã na cadeia. E aos fins de semana até chegou a ter as chaves da cadeia para poder sair, comprometendo-se a deixá-las numa taberna que existia perto do estabelecimento prisional. 
Mais tarde, constou que a sua mãe se arrependeu do gesto irrefletido, denunciando  alguns vizinhos de a terem levado a acusar o filho injustamente.

Fernando Martins 

domingo, 26 de julho de 2020

Os meus avós

Avô Facica (Os seus olhos mostram bem que era de personalidade forte)
Maternos: Manuel José Francisco da Rocha
                 Custódia de Jesus

Paternos: Manuel Martins
                Maria de Jesus Lourenço

Evoco hoje os meus avós, sobretudo os que conheci: Manuel José Francisco da Rocha e Maria de Jesus Lourenço. Os outros faleceram sem eu os poder conhecer. O meu avô Manuel José Francisco da Rocha ficou para a minha história de vida como avô Facica, do seu apelido Francisco; a minha avó Maria de Jesus Lourenço, ficou como avó Briosa, decerto a condizer com a sua forma de se apresentar. 
A minha avó Custódia terá falecido por doença que não consegui apurar e o meu avô Manuel Martins era diabético. Terá sucumbido a qualquer ataque provocado por aquela doença, na altura de tratamento difícil. Deixou cinco filhos por criar... 
Os que conheci, o avô Facica e a avó Briosa, trataram-me sempre com muito carinho. O avô, que morava perto de nós, passava muito tempo em nossa casa e eu percebia que alimentava uma natural ternura por mim. Um dia, teve uma atitude que me marcou para a vida: Alguém lhe pediu dinheiro ao que ele anuiu. Era preciso ir a sua casa buscar o dinheiro. E quando o interessado se dispunha a fazer o serviço, ele adiantou: — Só o Manuel Fernando é que lá vai! 
Quando o meu professor, Manuel Joaquim Ribau, passava pelas nossas casas, a pé, para a escola, o meu avô questionava-o frequentemente para saber como me comportava eu. A resposta era sempre a mesma... Ele (era eu) é bom menino. E o meu avô sorria feliz. Morreu vitimado por ataque de um assaltante, mas ainda resistiu cerca de um mês. 
A avó Briosa era, realmente, duma simpatia extrema. O seu rosto mantinha-se permanentemente sorridente. Nunca me lembro de a ver carrancuda. Um dia a minha mãe adoeceu dos pulmões e ficou acamada. O médico aplicava-lhe um tratamento especial para a época: ventosas nas costas... E foi a avó que passou a fazer esse serviço, durante uns tempos, ajudando também nos serviços de casa.
Recordo-os vezes sem conta, porque souberam sensibilizar-me positivamente para a vida, com o exemplo de dedicação e amor à família. 

Fernando Martins

Quem foi Frei Mateus Peres, O.P.?

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO

 Frei Mateus Cardoso Peres (1933-2020) FOTO: ORDEM DOS PREGADORES


"Figura internacional da Ordem dos Pregadores, Frei Mateus Cardoso Peres (1933-2020) foi membro activo de um grupo de grande relevo na renovação do catolicismo português e é um dos teólogos de contribuição mais original na renovação da teologia moral na Igreja portuguesa no pós-Concílio Vaticano II."


1. A crónica projectada para este Domingo – a última antes das férias – inspirava-se numa passagem bíblica do Primeiro Livro dos Reis. É muito bela. Salomão reconhece os seus limites para ser um bom governante. Pede a Deus um coração cheio de entendimento para governar o Seu povo, para discernir entre o bem e o mal. Esta oração agradou ao Senhor, que lhe disse:
“Já que me pediste não uma longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sim o discernimento para governar com rectidão, vou proceder conforme as tuas palavras: dou-te um coração sábio e perspicaz, tão hábil que nunca existiu nem existirá jamais alguém como tu.” [1] Quem dera que não só D. Trump e Bolsonaro, mas muitos outros governantes, renunciando ao espírito de dominação, fossem guiados por um coração sábio, perspicaz e hábil!
Quando ia começar a crónica deste Domingo, tive de mudar o seu rumo. Morreu, na passada segunda-feira, um confrade do Convento de S. Domingos que nos acolhe, o Frei Mateus Cardoso Peres (1933-2020). Pelo muito que lhe devo, vou deixar, aqui, algumas palavras de agradecimento.

sábado, 25 de julho de 2020

Paz entre as religiões, paz entre as nações

Crónica de Anselmo Borges 


1) A Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla (Istambul), inaugurada pelo imperador Justiniano no século VI e dedicada a Cristo, Sabedoria de Deus, foi durante quase mil anos o maior templo cristão, impondo-se pela sua beleza e majestade. Muitos que lá entraram e contemplaram a cúpula, com 55 metros de altura e 30 de diâmetro, e o Cristo Pantocrator a olhar do alto disseram ter feito uma experiência do Céu.
A sua história tem sido atribulada. Foi realmente durante quase um milénio (537-1453) o santuário mais significativo da cristandade; a seguir ao Grande Cisma (1054), tornou-se a igreja mais importante dos cristãos ortodoxos, que os católicos, no tempo das cruzadas, conquistaram e dominaram (1204-1261); depois, durante quase 500 anos (1453-1931), tornou-se, com a conquista de Constantinopla, a mesquita "imperial" mais importante do islão, tendo Constantinopla passado a chamar-se Istambul, pois era tal o esplendor e a força de Constantinopla que não se dizia "ir a Constantinopla" mas "ir à cidade" (em grego: eis tên polín). Em 1931, depois da dissolução do império otomano, Mustafá Kemal Atatürk, fundador da Turquia moderna, como sinal da laicidade do Estado, dessacralizou-a e transformou-a num "museu oferecido à humanidade", aberto ao público em 1935 já com os vitrais e os ícones cristãos, que tinham sido cobertos com gesso, porque o islão proíbe as imagens, e, em 1985, declarado património mundial da Humanidade pela UNESCO. O actual presidente da Turquia, Recep Erdogan, decretou, no passado dia 10, que voltasse a mesquita, recomeçando a ser lugar de oração a partir de ontem, dia 24. Entretanto, o governo turco assegurou que terá os mosaicos com imagens cristãs tapados durante as orações e que continuará aberta ao turismo, nacional e estrangeiro, com entrada gratuita (até agora, as visitas rendiam 50 milhões de euros anuais).

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Ouvir com o coração

Crónica de Flausino Silva 
publicada no "Correio do Vouga"


No passado dia 11 celebrou-se o dia de São Bento, Padroeiro da Europa. São Bento de Núrsia, assim referido por ali ter nascido no seio de uma família abastada, exerceu, com a sua vida e a sua obra, uma influência fundamental no desenvolvimento da civilização e da cultura europeias.
Tendo fundado uma das maiores ordens - a Ordem dos Beneditinos -, São Bento de Núrsia foi o criador de um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, a Regra de São Bento, autêntico compêndio de prática de vida e de espiritualidade.
Num tempo em que se fala tanto da Europa por múltiplas e menos boas razões - pandémicas, económicas, sociais, migratórias e políticas - em que se pressente o ressurgimento e o regresso a egocentrismos nacionalistas e populistas, falar da vida e da importância de São Bento é uma ousadia.
Temos sido fustigados, desde há anos a esta parte e mais intensamente nos últimos tempos, por insidiosas ideias, princípios e decisões de índole secularista, rejeitando toda a influência da Igreja na esfera pública, empurrando-a para dentro dos templos e confinando os assuntos religiosos à esfera privada dos indivíduos.

Cheio de alegria, agarra-se ao tesouro

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo XVII do Tempo Comum

Parábola do Tesouro Escondido - Rembrandt
"Feliz o homem que tem a sorte de achar o tesouro da sabedoria e, 
ainda mais feliz, se o mantiver, fizer crescer e irradiar"

Atitude decidida e coerente, fruto de um coração inteligente e de uma vontade determinada. Atitude assumida com firmeza pelo homem que passa no campo e sente o seu olhar “golpeado” pelo brilho de um tesouro. Atitude emblemática de tantas outras que, ao longo dos dias, somos chamados a considerar e fazer nossas. Mt 13, 44-52.
O homem da parábola concentra todas as energias na realização da maior aventura da sua vida: obter a preciosidade vislumbrada. Definida a meta dos seus desejos, reorganiza e reordena todas as suas rotinas, reelabora a sua escala de valores, redimensiona a distribuição do tempo. Nestas diligências, sente o seu ânimo transbordar de alegria e toma decisões arriscadas.
Por isso, prossegue sem demora o seu plano de acção: pôr a salvo o tesouro descoberto, desfazer-se dos bens a fim de conseguir a importância indispensável à compra, adquirir o campo onde está o achado. Em todo este processo, uma confiança revigorante galvaniza as suas forças anímicas e energias espirituais.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Maria João Pires celebra aniversário



Evoco hoje, 23 de Julho, dia do seu aniversário, a pianista Maria João Pires, porventura a maior pianista portuguesa do século XX. Nem sempre compreendida, é bom saber que foi uma menina prodígio, como pode ser lido na bonita história, cuja leitura recomendo.