Domingo XXIII
"Só em liberdade, se pode ser cristão.
Só na verdade, se alicerça, com segurança, a autêntica liberdade."
Jesus prossegue o seu caminho, após a paragem em casa do fariseu ilustre onde toma uma refeição juntamente com outros convivas que procuravam ocupar os melhores lugares. Jesus comenta esta atitude exortando a cultivar sentimentos de humildade e a ser atencioso para com os outros.
De novo se agrupa muita gente que não desiste de ir com Ele, de ver quem o procura, de sentir a verdade do que lhes diz e observar a delicadeza que tem para com todos. Era “uma grande multidão”, anota Lucas, o evangelista investigador. Lc 14, 25-33. Parecia germinar no coração dos acompanhantes alguma sintonia com Jesus e manifestar-se o desejo de continuar a ouvir a sua pregação. Ou haveria, entre eles, outros interesses vários e contrastantes?
“Jesus percebe que nessa «massa de gente» há atitudes muito diversas, afirma José Manuel Fernandes, comentador deste episódio na revista Homilética: os curiosos, os que o espiavam, os interessados, os sensacionalistas, os que andam por andar. E num gesto significativo, Jesus volta-se para deixar claras as condições do seguimento”. E quais são elas? São as que garantem a liberdade criativa e generosa; são as que têm a ver com a família, com os interesses pessoais e com os bens particulares (riqueza).
“Se alguém vem ter comigo, e não me preferir… não pode ser meu discípulo”. (Esta tradução é a da liturgia, pois o que Jesus diz no original é odiar e renunciar, uma vez que não havia no arameu expressão oposta a amar). Por isso, o texto litúrgico recorre ao verbo preferir que significa antepor, “priorizar”, dar o primeiro lugar que abre horizontes novos ao candidato a discípulo.