sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Georgino Rocha - Entrar pela porta estreita da salvação

DOMINGO XXI

Entrai pela porta estreita
“Senhor, são poucos os que se salvam?” - pergunta alguém a Jesus que, a caminho de Jerusalém, anunciava a todos a largueza do reino de Deus em aldeias e cidades. Pergunta que brota do mais íntimo do coração humano e que sempre, de forma velada ou clara, vem à consciência e se faz ouvir em público. Pergunta que antecipa o futuro dando um novo sentido ao presente. Pergunta que parece ficar sem resposta, mas não.
Jesus, em vez do número que a pergunta pede, prefere indicar o caminho para alcançar a salvação. “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”, diz como ressonância, segundo a versão de Lucas 13, 22-30. E lembra que muitos tentaram entrar e não o conseguiram. (trata-se de um banquete, símbolo da salvação, que se celebra numa casa de família). O fracasso da tentativa é devido à porta estar fechada por decisão do dono.
“Se é certo que a porta da salvação requer um esforço, ela carece também de algo mais. De facto, tem um senhorio que a pode abrir e fechar. Para entrar, é preciso conhecer o senhorio, ter intimidade com ele, uma boa relação com ele. A salvação é uma questão de relação. Relação que começa, aqui e agora, com o Senhor Jesus e que espera tornar-se comunhão com Ele para sempre. O esforço pedido ao crente também é, então, a salutar inquietação de quem não toma a salvação por garantida pela presença eclesial ou pela assiduidade aos sacramentos (comer e beber na presença do Senhor pode também aludir à eucaristia”),  Manicardi.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Reserva de São Jacinto tem 40 anos e poucos motivos para festejar

Reserva Natural de São Jacinto 
A jornalista Maria José Santana escreveu para o PÚBLICO uma reportagem sobre a Reserva de São Jacinto, no concelho de Aveiro, na qual firmou que aquele espaço "já viveu melhores dias". E denunciou a "ameaça das espécies invasoras" na Reserva, referindo ainda que "o número de visitantes tem vindo a cair a pique". 
Estando a autarquia aveirense a apostar na sua única praia de mar, anexa à Reserva Natural de São Jacinto ou dela fazendo parte, julgo ser oportuno sugerir aos meus leitores a leitura da reportagem da referida jornalista e também diretora do jornal O Ilhavense.
Na mesma reportagem, o autarca aveirense, Ribau Esteves, deixa o alerta sobre a Reserva de São Jacinto: “Está nos mínimos, tem cada vez menos funcionários e o número de visitantes diminuiu imenso” (...) “passámos de 14.000 para 3.000 visitantes por ano.”

Ler reportagem aqui

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

FÉRIAS – Somos uns privilegiados


Torre de Menagem em Chaves 

Neste mês de férias, nem sempre temos tempo para pensar nos que as não têm nem podem ter. E não se pense que estou a exagerar. A mim, há anos, também me aconteceu… mas a minha saudosa mãe, com a sua rica experiência de vida, explicou-me que poderia ultrapassar essa dificuldade e seguir de férias, se conseguisse programar as despesas antes e durante a estada num parque de campismo de Trás-os-Montes. E assim foi… felizmente. 
Ao ler o PÚBLICO de hoje, deparei-me com uma situação de uma família que nunca sentiu o sabor das férias. Diz o entrevistado, pai de cinco filhos, que ganha o salário mínimo como motorista: “Nunca tirei férias. Deve ser uma sensação do outro mundo.” E a jornalista sublinha: [o ordenado] “não chega para pagar as contas e, por isso, os dias livres e as férias são usados para fazer biscates. Nunca conseguiu levar os filhos de férias.” 
Olho à minha volta e fico com a sensação de que somos, realmente, uns privilegiados. Até parece que toda a gente goza as merecidas férias sem problemas de maior. Mas será mesmo assim ou não falta por aí quem tenha de fazer como o entrevistado, obrigando-se a fazer biscates para sustentar a família? 

F.M.

Ler reportagem  aqui 

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Jardim 31 de Agosto - Grafite com arte e bom gosto


Há dias registei este e outros grafites no Jardim 31 de Agosto, onde se prepara a festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré, a ocorrer no próximo fim de semana. Há grafites e grafites. Uns com arte e outros nem por isso. Gostei do colorido, dos motivos que nos são queridos, dos traços firmes do artista, da simbologia do nosso mar e ria. Assim vale a pena grafitar muros e paredes desprezados  na nossa terra. Tornem belo o feio que às vezes nos envolve. Parabéns aos artistas de rua, quantos deles de projeção internacional. 

F.M. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Bicicleta no cais do Porto de Pesca


Bicicleta no cais... Esquecida? Perdida? À espera do dono? Ou dona? Numa terra que é a capital da bicicleta, utilizada por novos e velhos, transporte de quem trabalha e de quem estuda, de quem passeia e veraneia, de quem peregrina e se recreia, ela está sempre disponível, em casa de rico ou pobre. E nem falta quem a construa e reconstrua, quem a renove e decore.

domingo, 18 de agosto de 2019

Anselmo Borges - Francisco: a Europa, a Amazónia, as migrações

Papa no "La Stampa"

1. O Papa Francisco deu no passado dia 9 uma longa entrevista ao diário italiano "La Stampa" sobre os temas anunciados no título. Dada a sua importância, fica aí uma síntese, acrescentando algumas reflexões pessoais, referentes concretamente à possibilidade da ordenação de homens casados, um dos temas na agenda dos trabalhos do próximo Sínodo para a Amazónia, a realizar em Roma no próximo mês de Outubro, e ao problema imenso e dramático das migrações.
Francisco constata que o sonho dos pais fundadores da Europa unida "se debilitou com os anos", sendo "necessário salvá-lo". Quando se fala dos pais fundadores, trata-se nomeadamente dos políticos franceses Robert Schuman e Jean Monnet, do alemão Konrad Adenauer e do italiano Alcide De Gasperi. Eles perceberam que era urgente superar as feridas deixadas pela Segunda Guerra Mundial e "o seu sonho teve consistência porque foi uma consequência desta unidade". É esta unidade que está fragilizada e que é preciso valorizar e realçar. Sem renunciar, evidentemente, à própria identidade, mas sem cair nos extremos do soberanismo nem no populismo. A Europa não pode nem deve fragmentar-se. "É uma unidade não só geográfica, mas também histórica e cultural." Apesar das dificuldades, Francisco mostra-se confiante em que, com um novo Parlamento e novos órgãos de governo, "se inicie um processo de impulso nesse sentido, que avance sem interrupções".

sábado, 17 de agosto de 2019

Como andamos distraídos!




Tenho passado vezes sem conta por este arbusto que mora num vaso do meu jardim, postado na parte frontal da minha casa. Serenamente, como ser vivo sem capacidade de pensar e de falar, ali está com reações de quem existe por vontade de alguém e com sinais de vida proporcionados pelo sol e pelo alimento que envolve a sua raiz, regada a tempo e horas. Um dia destes parei e fixei-o. Fotografei-o e mandei-o voar, para deleite da minha imaginação. Até onde chegará a sede de viver deste simples arbusto? E não há tantos outros ignorados? Como andamos distraídos!