domingo, 19 de maio de 2019

Figueira da Foz e Manuel Fernandes Thomaz





O viajante que passa pela Figueira da Foz não pode deixar de se encontrar com um herói, Manuel Fernandes Thomaz, que está sepultado junto ao monumento que lhe foi dedicado. É o que faço quando lá vou.

Dia Mundial do Médico de Família - 19 de maio

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Celebra-se hoje, 19 de maio, o Dia Mundial do Médico de Família, com o objetivo de promover a importância dos cuidados de saúde a cada pessoa e sua família, valorizando o papel do referido médico no bem-estar do agregado familiar.
Esta celebração foi criada em 2010 pela Academies and Academic Associations of General Practitioners/Family Physicians, que reconheceu a mais-valia que representa a existência do médico no acompanhamento da pessoa, seja ela qual for, durante 20 ou 30 anos, ou mais, desde a infância à idade adulta e na velhice. Diz-se, nas notas que li no Google, que «mais do que um médico de doenças, é um médico de prevenção», gerindo «questões médícas, psicológicas e económicas».
Não sou dos que contestam os médicos de família e o nosso Sistema Nacional de Saúde (SNS), que considero realmente muito útil, embora saiba que nada neste mundo é perfeito. Pessoalmente, posso garantir que tantos os médicos como os enfermeiros e demais funcionários do SNS que frequento me acolhem com delicadeza, competência  e simpatia.

FM

Ares da Primavera


O sol convidou-me esta manhã a saborear a luminosidade deste domingo. No quintal, olhei o colorido das flores e nelas vi a apetecida primavera há tanto esperada. De bom grado as ofereço a quem visitar o meu blogue em que navego há quase 15 anos. 
Bom domingo para todos.

Anselmo Borges — MOTU PROPRIO ANTI-ABUSOS

Anselmo Borges


1. Muitas vezes me tenho referido aqui, e não só aqui, à tragédia da pedofilia na Igreja. Foram milhares de menores e adultos vulneráveis que foram abusados. Mesmo sabendo que o número de pedófilos é muito superior na família e noutras instituições, a gravidade da situação na Igreja é mais dramática. Por várias razões: as pessoas confiavam na Igreja quase sem condições, o que significa que houve uma traição a essa confiança, e o clero e os religiosos têm responsabilidades especiais. O mais execrável: abusou-se e, a seguir, ameaçou-se as crianças para que mantivessem silêncio, pois, de outro modo, cometiam pecado e até poderiam ir para o inferno. Isto é monstruoso, o cume da perversão. E houve bispos, superiores maiores, cardeais, que encobriram, pois preferiram salvaguardar a instituição Igreja, quando a sua obrigação é proteger as pessoas, mais ainda quando as vítimas são crianças. O Papa Francisco chamou a esta situação “abusos sexuais, de poder e de consciência”. Também diz, com razão, que a base é o “clericalismo”, julgar-se numa situação de superioridade sagrada e, por isso, intocável. Neste abismo, onde é que está a superioridade do exemplo, a única que é legítimo reclamar?
Felizmente, há hoje um alerta da opinião pública e, por isso, Francisco, em vez de condenar ou atribuir outras intenções aos meios de comunicação social, agradece, pois foi o meio para que também a Igreja acordasse do seu sono sacrílego.
E, aí, Francisco tomou uma iniciativa inédita e histórica, convocando uma Cimeira para o Vaticano, de 21 a 24 de Fevereiro passado. Foi uma Cimeira com 190 participantes, entre os quais 114 Presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, bispos representando as Igrejas católicas orientais, alguns membros da Cúria, representantes dos superiores e das superioras gerais de ordens e congregações religiosas, alguns peritos e leigos.
O Papa queria, em primeiro lugar, que se tomasse consciência da situação e do sofrimento incomensurável causado, que fica para a vida. E que se tomasse medidas concretas, de tal modo que se pudesse constatar um antes e um depois desta Cimeira verdadeiramente global e representativa da Igreja universal e nos seus vários níveis. Os três dias estiveram sob o lema tríplice: “responsabilidade”, “prestação de contas”, “transparência”. O Papa quer — não se trata de mero desejo — implantar “tolerância zero”.

sábado, 18 de maio de 2019

Um país de comendadores

Cabeleireiro cuida de um sem-abrigo (rede global)

Em artigo publicado no PÚBLICO de hoje, assinado por Ana Sá Lopes, Leonete Botelho e Helena Pereira, lê-se, em título, que “Em 45 anos, cinco Presidentes entregaram 9477 comendas”. É obra!
Realmente, somos um país de comendadores, num território pequeno com história grande, com cerca de uns 10 milhões de habitantes. Sem contar, claro, com outras distinções de menor importância que não dão direito ao pomposo tratamento de comendador disto e daquilo.
Eu não sei ao certo como é que é possível escolher os candidatos, a não ser por grandes e indiscutíveis feitos de extraordinário valor nacional, em prol do povo e do país. O que se sabe é que, por este andar, qualquer dia tem de se montar mais um negócio para satisfazer a voracidade generosa dos nossos presidentes, em matéria de condecorações, por isso e por aquilo. Depois, como se está a ver, a muitos são retiradas as comendas por comportamentos incompatíveis com a dignidade que as mesmas impõem.
Em conclusão, seria bom que os nossos presidentes pensassem  se vale a pena andar a premiar quem, no fundo, apenas cumpriu o seu dever cívico, cultural, ou social. Mais de 200 condecorações por ano é mesmo muita condecoração. Normalmente, ficam de fora muitos que, no dia a dia, são altamente dedicados a quem sofre, a quem vive na solidão ou no desespero do abandono. 
Abstenho-me de ilustrar  este meu modesto texto com figuras condecoradas que desonraram a ética e ofenderam a sociedade sem vergonha.

Dia Internacional dos Museus

Faina Maior (MMI)
Casa Gafanhoa

Túmulo de Santa Joana, no Museu de Aveiro

Celebra-se hoje, 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus, não só para nos acordar para a sua existência, mas sobretudo para os poderemos visitar, já que muitos, ou todos, se apresentam com dia aberto e até com programações  festivas. Esta celebração é feita desde o dia 18 de maio de 1977, por proposta do ICOM –  Conselho Internacional de Museus.
Penso que todos ganharíamos muito se hoje fôssemos visitar pelo menos um museu. Os mais velhos, para manterem aberto o espírito às memórias do passado, quantas vezes longínquo, e os mais novos, para olharem para a vida e obra dos nossos antepassados. Há em cada canto um museu e todos são arcas de conhecimento à nossa disposição. Passe por um deles e verá como é bom apreciar a arte, os usos e costumes, os artefatos, o pensar e o viver dos que nos antecederam. Mas também dos que, nos nossos dias, criam obra que vale a pena admirar.

F.M.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Georgino Rocha: A glória de quem ama até ao fim


Georgino Rocha

Jesus vive intensamente a ceia de despedida que realiza com os discípulos, antes de livremente iniciar o processo que o leva à morte por crucificação. João, o discípulo amado e apóstolo narrador, descreve episódios únicos que nos podem aproximar dessa intensidade e ajudar a desvendar o “mundo íntimo” do Mestre disposto a amar até ao fim. Aconteça o que acontecer. Um destes episódios é o lava-pés, gesto familiar de quem vive para servir nas condições mais humildes e da forma mais pronta; gesto que Jesus explica dando-lhe o alcance pretendido: “Entendestes o que vos fiz? Sereis felizes se o puserdes em prática”.
Durante a ceia, Jesus comove-se profundamente, diz frases e faz gestos que lançam a inquietação nos comensais, incluindo Judas a quem chama amigo e exorta-o a fazer o que tinha planeado. Este obedecendo prontamente, toma o bocado do pão que estava a ser distribuído por Jesus e sai imediatamente. “Era noite” anota João, o evangelista, deixando em aberto a pluralidade de sentidos desta observação. A pressa e a noite deixam perceber o seu mundo interior, em que se cruzarão sentimentos opostos: As experiências felizes ocorridas na companhia de Jesus e a “pressão” do compromisso assumido perante os responsáveis “moíam e remoíam” na memória do seu coração. (Jo 13, 31-33a. 34-35)
Jesus, como havia feito após o lava-pés, dá largas ao que sente e dirige-se, antes de mais, a Deus que vê glorificado nesta hora, início de um longo processo de humilhações que culmina no Calvário. “O Evangelho mostra em estreita relação a saída de Judas do espaço comunitário e a glorificação de Jesus. O gesto da traição… é visto por Jesus no contexto da sua história com o Pai e, portanto, como sinal da sua glorificação. Mas é claro que a hora da sua glorificação não é suscitada por Judas com o seu gesto, mas pelo amor de Jesus que amou os seus até ao fim”. (Manicardi, comentário, p. 84)
Jesus liberta o coração e faz uma declaração que é louvor, garantia e mandamento. Louvor porque chegou a hora de ser glorificado, garantia de que o Pai também o será sem demora e mandamento de amor entre os discípulos. Liberta o coração e faz um belo ensinamento que nos deixa como credencial de que o seguimos fielmente.
As palavras de Jesus, uma espécie de cântico de alegria, atestam a boa consciência de Jesus que permanece sempre no amor mesmo quando tinha na mente a traição. E com a traição tudo o que se seguiria até à morte por crucificação no Calvário, morte vivida em total amor confiante.

Medalha de Ouro para aluno da Secundária da Gafanha da Nazaré




Gabriel Rouxinol ganha Medalha de Ouro nas Olimpíadas de Física, na Universidade de Coimbra, no passado dia 4 de maio. Aluno do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré, Gabriel merece os nossos parabéns pelo prémio alcançado, parabéns que são, naturalmente, extensivos aos seus professores que, de forma extremamente dedicada, acompanharam os alunos naquela competição.
Os meus parabéns a todos.

Fonte: Jornal Timoneiro. Foto da Rádio Terra Nova

Feira do Livro em Aveiro: Homenagem a Sophia

Mercado Manuel Firmino 
24 de maio a 10 de junho
 Segunda a Sexta-feira, das 15 às 23 horas
Sábados, domingos e feriados, das 10 às 23 horas

 


Partindo do mote “Metade da minha alma é feita de maresia”, a 44.ª edição da Feira do Livro celebrará o centenário do aniversário de Sophia de Mello Breyner Andresen e o mar que tantas vezes a inspirou.
Com um programa constituído por lançamentos de livros, conversas com escritores e tertúlias, procura-se realizar um evento literário de referência na Região de Aveiro.
Prevê ainda a realização de diversas atividades na área da música, do teatro e criação de dias temáticos:

Dia do Livro Infantil
Dia do Autor da Região de Aveiro
Dia da Saúde e Bem-estar
Dia da Poesia

 Fonte: CMA

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Faz sentido ler o que pensa Álvaro Garrido

Álvaro Garrido no Museu de Ílhavo (Foto do meu arquivo)

Na senda de grandes entrevistas a outros tantos grandes historiadores, a revista bimestral “JN HISTÓRIA” publica, no seu número 18, editado em fevereiro, uma desenvolvida entrevista a Álvaro Garrido, assessor do Museu Marítimo de Ílhavo. “O esquecimento parece predominar sobre a memória”, ao lado da foto do entrevistado, é a expressão que nos desafia a conhecer mais e melhor Álvaro Garrido, professor da Universidade de Coimbra. E ainda antes das perguntas e respostas, Pedro Olavo Simões, o entrevistador e Coordenador Editorial da revista, afirma, como mais um desafio à leitura, «que faz sentido, neste momento social e político, ler o que pensa Álvaro Garrido, não só uma referência maior da história marítima, mas um profundo conhecedor do corporativismo do Estado Novo e da economia social».
O entrevistado, que foi diretor do MMI entre 2003 e 2009, passando depois a consultor, respondeu às questões que lhe foram colocadas com clareza e saber, preenchendo 18 páginas de texto e fotos, que são razão mais do que suficiente para tomarmos conhecimento dos meandros do salazarismo, em que é especialista qualificado. «Parece-me que a sociedade portuguesa foi bem domesticada pelo Estado Novo», não porque «a longevidade do regime permitiu essa domesticação silenciosa, mas porque a herança foi muito pesada».
Álvaro Garrido diz-se «muito preocupado» com a «deriva populista a que nós assistimos na Europa e no mundo» e afirma que «é um desconserto político, para o mundo, a eleição de uma figura com Donald Trump». E sobre a pesca do bacalhau, afiança que «Havia uma dimensão dramática, cruel, do trabalho humano da frota bacalhoeira portuguesa».
Referindo-se ao seu trabalho no Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), garante: «Enriqueceu a minha perspetiva, acrescentou conhecimento e fez-me mais e melhor historiador, na medida em que percebi processos menos abstratos, menos instituídos, que os historiadores, no campo académico, podem ter mais dificuldades em perceber.» Frisa que foi gratificante o trabalho no MMI, «muito racional e muito planeado», só possível «devido a uma visão institucional, política também, de qualificação do museu».
Reconhece, entretanto, que tem havido «um grande progresso no modo como as autarquias encaram a cultura e o património, apesar de algumas ineficiências e opções erradas». E adiantou: «No caso do município de Ílhavo (…), houve uma sensibilidade muito clara relativamente ao papel que o museu marítimo municipal podia ter no desenvolvimento local e regional e no país, enquanto instituição promotora de cultura do mar.»
Álvaro Garrido considera-se mais de Coimbra do que da sua terra natal, Beduído. Diz que gosta muito de Estarreja, onde tem familiares e amigos, e aprecia a Torreira, «um lugar onde garantidamente se apanha frio e vento, mas onde é muito agradável estar», razão por que a considera o seu «lugar de descanso».
Em jeito de síntese, Pedro Olavo Simões traça o perfil do historiador e professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, mas também assessor do MMI — O homem do mar com alma agrária [a sua grande paixão era a agronomia] —, sublinhando: «não é possível conhecer a história marítima contemporânea de Portugal, particularmente durante o Estado Novo, sem esbarrar sucessivamente no trabalho de Álvaro Garrido.»
Salienta, entretanto, que o rumo do mar e o setor bacalhoeiro durante o Estado Novo lhe foram sugeridos pelo grande historiador Joaquim Romero Magalhães, recentemente falecido, que «foi seu orientador da dissertação de doutoramento». Afirma que se trata de um «autor especialmente prolífico», com «vasta obra publicada em torno das suas áreas de interesse», que me dispenso de citar pela sua extensão. E já agora, permitam-me que revele um dos seus sonhos: «ver o Sporting campeão.»

Fernando Martins