sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

JESUS COMPADECIDO CURA O LEPROSO. APRECIA

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Um leproso vem ter com Jesus. Ousa transgredir regras muito rigorosas de higiene pública. Expõe-se e corre riscos de morte. O contágio era fácil e perigoso. A sociedade protegia-se. Além disso, a lepra como outras doenças, tinha conotação religiosa. Fazia a pessoa impura, com uma relação negativa com Deus, culpada por algo que tivesse feito, amaldiçoada. Devia ser evitada a todo o custo.
Que experiência dolorosa e humilhante! Apesar disso, expõe-se e transgride, avança no desejo de recuperar a dignidade perdida e a liberdade cerceada. Ousa o inacreditável e, cheio de coragem e confiança, aproxima-se, ajoelha e suplica: “Se quiseres, podes curar-me”. Que força interior move as suas energias e alenta a sua esperança. Que firmeza de convicções manifesta e transmite. Que expectativas alimenta nos passos que dá para realizar o seu sonho: Ser alguém com nome próprio, ir ao culto religioso na sinagoga, ser membro da sociedade e poder andar em público sem restrições.
O leproso é também um símbolo de grandes maiorias humanas que se arrastam na vida por carências sem conta: desnutrição por fome, migrações forçadas por guerras impostas e alterações climáticas, falta de água e de outros bens indispensáveis à saúde, conflitos e violências, perseguições étnicas e religiosas. Ou ainda nas sociedades de “bem-estar” o isolamento e a solidão, as desigualdades irritantes, o individualismo egoísta, a exclusão e marginalização das minorias, a “ditadura” das ideologias e, por vezes, da opinião publicada. Tudo isto, e muito mais, apesar dos avanços admiráveis em tantas áreas da nossa humanidade.
Marcos, o autor do relato (Mc 1, 40-45), adopta um estilo diferente do habitual na narrativa. Deixa em aberto a identidade do leproso. Não se sabe quem é, nem donde vem, nem o local do encontro. Para ele, o importante é a atitude de Jesus, a força sanadora que possui, a compaixão que sente e o gesto que faz. Para ele, o importante é que os discípulos saibam que a lacuna não é esquecimento, mas oportunidade, para cada um fazer o encontro pessoal com Jesus, nas situações mais sofridas da vida, sem medo prudente a “sujar as mãos”, nem a perigos de contágio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

P.e TOLENTINO VAI PREGAR AO PAPA

P.e  Tolentino (Foto do meu arquivo)

“Todo o ser humano tem sede. Sede de amor, sede de reconhecimento, sede de relação, sede de dignidade, sede de diálogo, sede de encontro, sede de Humanidade, e muita sede de Deus” 

O P.e José Tolentino Mendonça, poeta, biblista, escritor, cronista e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, vai pregar exercícios espirituais, nesta quaresma, ao Papa Francisco e seus colaboradores. Congratulo-me com o convite feito ao P.e Tolentino, porque tive já, várias vezes, o privilégio de o ouvir, sendo leitor assíduo dos seus livros e das crónicas que publica semanalmente no EXPRESSO.
Do que conheço do P.e Tolentino, sei, dentro das minhas capacidades de análise, que se trata de um padre de uma cultura multifacetada e profunda, capaz de se pronunciar sobre os temas mais diversos, com saber e arte. Mas também sei que se trata de uma pessoa capaz de enfrentar desafios, por mais exigentes que se apresentem. 
O tema das suas reflexões, segundo admito, está sintetizado no texto, entre aspas, que abre esta minha mensagem.

Ler entrevista aqui 

FM

NOTAS DO MEU DIÁRIO: Hoje acordei assim...

Do meu quintal

Hoje acordei tarde. Incómodos de saúde próprios da idade. O sol coado pela vidraça e pelas cortinas inundou o meu quarto, voltado para o astro rei, desde o despontar da aurora até ao seu mergulho no oceano. 
Uma volta pelo quintal, galinhas à cata de tudo, árvores de folha caduca ainda adormecidas, um sol acalentador, nada de ventanias, enfim, tudo dentro da normalidade esperada, mostrando que a vida, bonita quanto baste, me enche a alma, animando-me para a luta quotidiana. 
É muito agradável cirandar por aqui, sem preocupações de maior, ouvindo cães a ladrar como que a avisar que gostariam da liberdade plena, que isto de morar numa varanda fechada não dá alegria a ninguém, nem mesmo aos animais. 
A liberdade é uma sensação muito bonita, que os homens souberam conquistar ao longo de séculos, mas ainda há quem lute por ela sem êxito. Os tiranos, sádicos por natureza, ainda hoje bloqueiam os sonhos de quem quer voar para lá das fronteiras, físicas ou ideológicas, criadas com muros intransponíveis. 

08-II-2018

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Gestão de resíduos do Porto de Aveiro

Plano de Receção e Gestão 
de Resíduos do Porto de Aveiro 
2017-2019 



No respeito pelo artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 165/2003, de 24 de julho, a APA (Administração do Porto de Aveiro) efetuou mais uma revisão do Plano de Receção e Gestão de Resíduos do Porto de Aveiro. que tornou público. 
Quem gosta de viver num ambiente sadio, obviamente sem poluição, tem de ficar satisfeito com a decisão da APA. Ficamos na certeza de que os responsáveis pelas estruturas portuárias saberão estar atentos, porque as pessoas e a natureza precisam mesmo de viver tranquilas.

Ler planos aqui 

A ALMA DE SEBASTIÃO DA GAMA



Minha alma abriu-se...
Que linda janela
que é a minha alma!
Não!, linda não é ela:
lindas são as vistas
que se avistam dela.

Que ouvidos tão finos
que tem a minha alma!
Não!, finos não:
finos são os cantos
que os pássaros cantam,
meus ouvidos ouvem.

Como são tão belas
as coisas lá por fora!
Minha alma em tudo,
em tudo se demora.

Que ouvidos tão finos!
Que linda janela!
Quem me compra a alma?
Quanto dá por ela?

Sebastião da Gama,
in"Cabo da Boa Esperança"

Sebastião da Gama faleceu a 7 de fevereiro de 1952, com 27 anos de idade. Recordo-o com este poema tão simples e tão belo.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Ditos populares e estufa de chicória

Chaminé da antiga estufa

Do espaço ajardinado da ANGE (Associação Náutica da Gafanha da Encarnação), registei há bons meses esta imagem, que hoje encontrei, quando buscava motivo para me animar neste dia de frio de cortar à faca, como se dizia na minha meninice. Penso que hoje pouca gente haverá que utilize ditos populares. Novos tempos, novas influências, novas formas de dizer, que não condeno, mas até aprecio.
Houve tempo em que se falava do linguajar dos gafanhões, um linguajar sadio que curiosos e estudiosos vão debitando nas redes sociais, porventura com vontade de o preservar, ouso sugerir agora que se inicie a compilação de palavras e termos caídos em desuso. Os vindouros agradecerão.
Ora, a fotografia que reproduzo mostra a chaminé da antiga estufa de chicória da Gafanha da Encarnação de que sabemos pouco. Seria interessante que alguém desse passos no sentido de mostrar à saciedade como nasceu aquele edifício, quem foram os proprietários e por que fases passou até chegar a restaurante. 
Aqui ficam, portanto, duas propostas de trabalho. 

FM

domingo, 4 de fevereiro de 2018

JUSTIÇA E JORNALISMO NO ESGOTO

Vicente Jorge Silva 


«Sim, é saudável que deixe de haver espaço para a impunidade e que rigorosamente ninguém se considere acima da lei. Mas é triste que, simultaneamente, sejam casos desses que fazem prosperar o jornalismo de sarjeta — até ao dia, porventura ainda longínquo, em que o verdadeiro jornalismo de investigação, autónomo de todos os poderes, se imponha à opinião pública como única fonte credível de informação. Por enquanto, infelizmente, o culto nauseabundo da porcaria que faz salivar a avidez populista, fora e dentro das redes sociais, terá ambiente para medrar.»