sexta-feira, 30 de junho de 2017

Anselmo Borges — A cultura da moleza e do achismo


1. Só alguns exemplos, aparentemente banais. Onde eu vivo, há uma rua com uma placa bem visível a ordenar que é proibido estacionar. Pois não, senhor, essa rua está, noite e dia, com carros estacionados em fila. Acontece-me frequentemente ver por ali agentes da polícia e dá-me vontade de parar para lhes dizer que, uma vez que não fazem nada, era preferível mandar retirar a proibição, pois, na situação com a qual pactuam, dá para pensar: se aqui, na presença da polícia, se pode transgredir, porque é que não se pode transgredir sempre?
Vivo perto de um excelente passadiço junto ao mar. Que delícia andar por ali e à noite contemplar o céu estrelado ("Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre novas e crescentes, quanto mais frequentemente e com maior persistência delas se ocupa a reflexão: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim", texto do filósofo Immanuel Kant, na sua pedra tumular, em Königsberg). Nesse passadiço, há placas, bem visíveis e espalhadas por muitos sítios, a dizer que são proibidas as bicicletas e a presença de animais. Pois não, senhor, lá andam as bicicletas e cães com fartura (estes estão sujeitos às necessidades das leis da natureza e fazem, com alegria dos donos, abundante cocó; julgam que alguém limpa?; puro engano!). E já ninguém se atreve a chamar a atenção ou a avisar, porque considera inútil e também para não correr o risco de vitupérios, que poderão ir além dos meramente verbais.
É assim. Os portugueses, mal pressentem que o perigo do castigo abranda, entram no laxismo e põem-se a transgredir. É a cultura da moleza. Este tipo de cultura anda ligado à irresponsabilidade. E é assim que acontecem tragédias como esta, indizível, porque não há palavras, que nos aconteceu em Pedrógão Grande e não só. Há alguém que assuma alguma responsabilidade? Está no Evangelho uma palavra que bem se aplica a toda esta nossa situação: "Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é infiel no pouco também é infiel no muito." Aí está a razão por que o Papa Francisco acaba de denunciar esta "sociedade líquida e volátil", pedindo que os filhos sejam educados "na austeridade". E o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez bem ao exigir, face à tragédia, que "é tempo de apurar tudo sem limites nem medos". Porque isto não vai lá só com afectos, pois somos seres rácio-emocionais, de afectos e razões. E que se tire todas as consequências. Mas alguém acredita, lá bem no fundo, que isso vai mesmo acontecer, com todas as consequências?

2. A questão é que a cultura da moleza anda em conexão com a cultura do achismo. Houve um tempo em que as pessoas eram recatadas nos seus juízos e receosas quanto ao valor das suas opiniões. Por isso, com facilidade reconheciam não terem capacidade para se pronunciar sobre temas que não dominavam. Esse tempo passou. Agora, do alto do atrevimento da sua ignorância, praticamente toda a gente acha que... tem direito a opinar sobre tudo, sem fundamentos nem razões. "Eu acho que...", e praticamente toda a gente, sobre qualquer assunto, acha que... É o achismo. Naqueles fóruns da rádio, seja qual for o tema, há sempre alguém que acha que... Ponham inclusivamente como tema, por exemplo, a questão da mecânica quântica. Julgam que haverá falta de achistas, ficando o programa no silêncio? A situação agravou-se com as novas tecnologias, nomeadamente, com a internet, pois qualquer um poderá fazer o seu comentário, publicitando a sua ignorância supina, para não falar na estupidez e má-criação. Mas, nisto, confesso o meu desconhecimento, não frequento esses territórios, dado que, felizmente, não sou dado à coprofilia.
Os perigos do achismo são terríveis. Porquê? Já não se procura a verdade e o ambiente criado é de confusão, de lamaçal. Tudo se equivale. Tudo vale. Ora, quando vale tudo, nada vale, e o perigo é o abismo. Já Hegel se queixava dizendo que de noite todas as vacas são pardas. No primeiro livro da Bíblia, o Génesis, está escrito que no princípio, quando Deus criou, separou a luz das trevas, fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento das que estavam por cima do firmamento, chamou terra à parte sólida e mar ao conjunto das águas, etc., e viu que era bom. A unidade no diferente. Para lá da indistinção e da confusão. No meio da indistinção e da confusão, é a noite e a desorientação, sem horizonte de transcendência. Porque não se pensa.

3. Estava eu neste meu pessimismo triste quando apareceu o bálsamo de uma entrevista iluminante do querido amigo Eduardo Lourenço, no Expresso. "Não sei fazer outra coisa a não ser pensar." É um homem crente? "Esta é uma questão que, uma vez posta, não pode ter uma resposta. Porque é "a" questão. Não concebo uma explicação do mundo que dispense a referência a uma acção transcendente. Nós figuramos como sendo de um ente que criou o mundo, e isso pode ser uma coisa infantilizante. Mas faz parte das nossas referências na tradição ocidental." Concebe então um mundo criado? "Só mesmo um Deus poderia explicar o que aconteceu. Que palavra foi pronunciada. Essa é a questão para a qual não tenho resposta e em que a educação que tive mais pesa. Porém, sei muito menos hoje do que quando esse ensino era para mim claro como a verdade e absolutamente essencial como referência. Não há questão mais importante do que esta: ter uma resposta para o enigma do que existe e que essa resposta contenha ou não todo o sentido que podemos dar à vida e a nós mesmos. (...) Porque a única coisa que nos distingue é sermos conscientes. Não só morremos como temos consciência disso." Gostava de pensar em si como alguém que faz pensar? "Gostava de fazer pensar era a mim mesmo. Bem preciso, nesta fase da vida em que estou. Não sei fazer outra coisa a não ser pensar."

Anselmo Borges, no DN

Georgino Rocha — Ser ou não ser por Jesus


O discurso missionário de Jesus, apresentado por Mateus, atinge o seu ponto culminante com o desafio à liberdade dos discípulos a fim de se decidirem por Ele ou não, de serem ou não dignos d'Ele, de consagrarem a vida à Sua causa. (Mt 10, 37-42). O eco do desafio lançado, de forma tão desconcertante, faz estremecer certamente o coração dos apóstolos, pois o contraste é radical entre os pontos de referência aduzidos: o amor aos pais e aos filhos, a cruz e suas circunstâncias, o perder ou ganhar a própria vida. Jesus toca as fibras mais sensíveis do ser humano e quer uma atitude definitiva. Da parte de quem livremente deseja ser discípulo missionário, cristão autêntico e não apenas de nome, por ter sido baptizado ou fazer algumas práticas religiosas. “Nem os laços familiares, nem as ameaças à própria vida, nada pode impedir o discípulo de testemunhar a justiça do Reino”, escreve Frei Raimundo de Oliveira, em comentário a esta passagem do Evangelho.

A liberdade surge em todo o seu esplendor na atitude de quem se decide por seguir Jesus, ainda que venha a correr riscos, como bem ilustra a narrativa dos Evangelhos e a história da Igreja. A comunidade eclesial constitui o seu rosto irradiante e atraente. E a família cristã a sua realização doméstica, uma vez que assenta no amor conjugal heterossexual que os esposos livremente assumem e cultivam. E o cristão fiel a testemunha nas suas atitudes e intervenções de cidadania responsável. Quanto caminho andado no rumo indicado por Jesus! E quanto não falta ainda percorrer! “É melhor, dizem os antigos, um coxo andar devagar, mas pelo caminho certo do que um corredor olímpico por atalhos desviados. O coxo sempre avança em direcção à meta; o atleta quanto mais corre, mais se afasta”. Sábia sentença que nos estimula a avançar no apreço pela liberdade iluminada pelo Evangelho.

O amor aos pais e aos filhos não é negado, apenas re-situado. Supõe uma escala de prioridades. Fazer e viver de acordo com esta escala é exigente, mas dignificante. Amar Jesus para poder definir bem as prioridades, pois com ele se aprende a amar incondicionalmente, a viver um amor de doação total e definitiva. Até dar a vida pelo outro. Que bom seria que as nossas relações familiares estivessem sempre impregnadas deste amor.

Jesus conhece bem a Lei e os Profetas onde se repete o mandamento de honrar pai e mãe ( Éx 20, 12; Lev 19, 3; Deut 5, 16). A este mandamento está ligada uma promessa de longa vida; e também uma ameaça de condenação a quem amaldiçoar o pai ou a mãe ( Éx 21, 17; Lev 20, 9; Deut 27, 10). O livro do Eclesiástico convida a cuidar dos pais na sua velhice com desvelo admirável (Ecleo 3, 1-16). Todavia, quer que os discípulos dotem este amor com uma nova dimensão: a do amor incondicional semelhante ao seu. Nas alegrias e tristezas; nos momentos de provação e nas horas de felicidade. E em caso de oposição inconciliável, façam uma opção responsável, livre. Fruto da avaliação do que está em causa. 

Para isso, Jesus adianta a sua mais-valia com muita clareza: Atrai, mas sem forçar. Acompanha com delicadeza; nada do que é nosso Lhe é estranho. "Cuida de nós, vela por nós, protege, ampara, envia ajuda e socorro através da Igreja e dos outros. O modo de nos ajudar, de vir até nós nem sempre é aquele que desejávamos. Mas Ele com o seu Coração amigo e atento, sabe bem o que faz e como faz. É Amigo exigente – o amor quando é sincero é exigente; neste sentido Jesus não é um “amigo fácil”; segui-Lo é aprender a saber perder para ganhar, saber morrer para viver.” (Padre Joaquim Batalha aos paroquianos da Lourinhã).

A opção por Jesus vai acompanhada de uma promessa: a do acolhimento hospitaleiro, a da preferência pelos pequeninos, a da sintonia com Deus Pai que não regateia o seu amor misericordioso a ninguém. Acolhimento tão necessário, hoje. Preferência tão apelativa, nas circunstâncias actuais. Sintonia ritmada, sempre. Ser por Jesus faz-nos mais humanos. Experimenta!

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Um olhar sobre o passado

Tenho andado a consultar jornais antigos, onde depositei, como se fossem bancos, centenas de textos. Confesso que até fico espantado com a diversidade de trabalhos jornalísticos que produzi, paralelamente às minhas ocupações profissionais, oficiais e particulares, tão absorventes. Escrevi sobre tudo e sobre todos. Uns textos estão assinados e outros não. Mas todos identifico, sem me enganar, como filhos diletos que todos são. Disso, naturalmente, darei conta daqui a uns tempos, quando estiver mais folgado.
Estas deambulações pela minha vida jornalística trazem-me à memória recordações preciosas e evocações saudosos. Tanta gente que conheci ao longo da minha vida e que já nos deixou. Tanta gente generosa com quem convivi. Tantos eventos que divulguei e tantas histórias que contei.
Até um dia destes.

FM

Publiquei aqui

NOTA: Quando reli este texto, editado já lá vão uns sete anos, admiti a hipótese de dar conta do muito que escrevi «daqui a uns tempos», quando estivesse «mais folgado». Afinal, promessa nunca cumprida, tão-só por não estar «mais folgado». E nestas circunstâncias como poderia assumir esse desafio? Acresce a ideia de que, afinal, a tarefa seria ingrata. Como poderia eu cortar o joio sem ferir o trigo? 

FM

Uma flor solta parece viva, mas está morta


«Uma flor solta parece viva, mas está morta. Uma folha viva, oculta na copa, pode parecer morta, mas está viva e dela poderá desabrochar ainda muita vida. O importante não é o movimento, nem a aparência... Às vezes, o que está oculto e quieto é mais fecundo do que aquilo que se mexe muito, parece ter muita vitalidade, mas não é mais do que uma folha morta levada pelo vento...»

José Luís Nunes Martins, na RR

Georgino Rocha: Igreja Caridade — Um olhar a partir de dentro


«A caridade política merece destaque especial pela sua relação directa com o bem comum e a qualidade ética da convivência dos cidadãos. Ninguém pode dispensar-se, como pessoa ou associação, ninguém pode alhear-se da grande política. O magistério social da Igreja, passada a fase restauracionista, não cessa de salientar a excelência desta política e de assinalar a urgência da civilização do amor, alternativa daquela que nos envolve até à medula – a do consumo sem medida, apenas limitado pelas cautelas de prevenção de grandes males»

A Igreja é caridade por participação. Só Deus é caridade e vive esta realidade do seu ser na unidade das relações entre as três pessoas divinas. São relações pautadas pelo amor de doação incondicional, autêntica fonte de vida a transbordar e a comunicar-se. Jesus, o Deus humanado, desvenda “a ponta do véu” e abre o acesso a esta fonte insondável. E deixa a Igreja como sinal e instrumento (sacramento) que vive e transmite o que Ele mesmo testemunha: Deus é amor de misericórdia compassiva que intervém na história humana de muitos modos e em todas as épocas. Vive e realiza connosco. É a caridade em dinamismo de salvação libertadora.
A Igreja caridade tem aqui a sua matriz e o seu rosto. Ouso fazer-me peregrino no seu interior e realçar alguns marcos irradiantes que assinalam o seu caminho actual “entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus” (Santo Agostinho). Outros se poderiam facilmente apontar.
Antes de mais, surgem as formas de relacionamento entre as pessoas, em todos os âmbitos da organização eclesial, de modo a que a sua instituição faça brilhar o amor com Deus nos ama. Incluem-se nesta dimensão, pelo seu especial significado, aqueles e aquelas que desempenham uma “função” especial no povo de Deus: bispos, padres, diáconos, religiosos/as e leigos/as, designadamente os que realizam o “ministério conjugal”. É um conjunto que faz brilhar a mesma caridade à maneira de poliedro, como gosta de dizer o Papa Francisco. “Vede como eles se amam” diziam admirados os que viam o estilo de vida dos cristãos nas primeiras comunidades.
A realidade actual, iluminada por este foco de luz, evidencia o caminho andado e, ainda mais, o que falta percorrer. É “tarefa” mobilizadora de quem sente a urgência de fazer brilhar a luz acesa para que todos vejam as boas obras e dêem glória ao Pai do Céu. É proposta e apelo que, após o Vaticano II, se faz mais interpelante e o Papa Francisco impulsiona pelo estilo de vida, pelas atitudes, pelo magistério e pelas reformas implementadas. E com ele tantos outros, felizmente!
A caridade eclesial vai configurando a sua originalidade conforme as situações e o desempenho dos discípulos missionários: a social para os que assumem a cidadania responsável e estão chamados a intervir de forma positiva para a humanização da sociedade e suas múltiplas associações e instituições. É propósito deste tipo de caridade ajudar a abrir horizontes a todas as realidades temporais: cultura, política, economia, entre outras. O bem comum e a comunhão no bem e na beleza constituem o pólo de atracção desta mobilização geral.

A caridade política merece destaque especial pela sua relação directa com o bem comum e a qualidade ética da convivência dos cidadãos. Ninguém pode dispensar-se, como pessoa ou associação, ninguém pode alhear-se da grande política. O magistério social da Igreja, passada a fase restauracionista, não cessa de salientar a excelência desta política e de assinalar a urgência da civilização do amor, alternativa daquela que nos envolve até à medula – a do consumo sem medida, apenas limitado pelas cautelas de prevenção de grandes males. E, a céu descoberto, fica a legião dos esfomeados, desnutridos, descartados. Sem a educação política para o bem comum, prevalece sempre a visão partidária, ideológica, sectária.

A caridade pastoral é aquela que dá ânimo profético ao testemunho do povo de Deus e às suas múltiplas esperanças, canseiras e lutas. Recebe um impulso muito grande do estilo de vida dos seus “pastores” ou de quem recebe a missão de o servir em nome de Jesus e por delegação da Igreja, na pessoa do Bispo diocesano. São notas típicas desta caridade: o amor solícito e misericordioso, a disponibilidade apostólica, a promoção de iniciativas que ajudem a descobrir o que de melhor existe em cada pessoa e a que ela mesma queira oferecer como dom aos outros, à comunidade. Até lá, prevalece o cultivo provisório do assistencialismo.

A caridade de Cristo lança em nós impulsos de conversão pessoal, de reforma da Igreja, de humanização da sociedade e de cuidado por toda a criação e suas criaturas; impulsos do Espírito que renova a face da terra.

Regata dos Moliceiros na Ria de Aveiro


No sábado, dia 1 de julho, a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, mantendo a tradição, promove a edição de 2017 da Grande Regata dos Moliceiros da Ria de Aveiro.
A partida da etapa competitiva será às 13h do Porto de Abrigo da Torreira, rumo ao Canal das Pirâmides, em Aveiro, com chegada prevista por volta das 14h30.
No dia seguinte, 2 de julho, domingo, no Cais da Fonte Nova, no centro da cidade de Aveiro, haverá o Concurso de  de Painéis, pelas  11h; entrega de prémios da regata e do concurso de painéis, às 12h30; seguindo-se o regresso das embarcações, pelas 14h.
A iniciativa conta com a parceria da Câmara Municipal da Murtosa, a organização do Rancho Folclórico “Os Camponeses da Beira-Ria” e a colaboração do Sporting Club de Aveiro.

Festa da Vista Alegre com programa variado


«É uma festa religiosa diferente do habitual na medida em que inclui uma panóplia de atividades associadas à comunidade operária residente e às suas vivências culturais e lúdicas, visitas ao bairro e aos seus equipamentos, jogos tradicionais e ainda a “venda de oportunidades”, que muita gente atrai a esta festa, a par das celebrações religiosas, que incluem a missa campal, a procissão, e os concertos musicais», lê-se no site da CMI.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Passeio rápido pelos canais


Esta foto não é recente. Pelas bandeirinhas, estaríamos em dia de festa. Há uns tempos também fiz a experiência. A viagem foi rápida e monótona. Não havia cicerone que  explicasse fosse o que fosse. Fiquei com a impressão de que o que era preciso era chegar depressa ao fim da viagem. Não sei se agora será diferente, mas se não é algo está mal. Os de Aveiro e região já sabem umas coisas sobre a Ria e Aveiro. Os que vêm de longe talvez fiquem um pouco desiludidos. Sendo assim, tenho pena que não se aproveito este filão turístico que é a nossa Ria.  

Daqui a uns anos, os drones vão às compras

A notícia que li hoje no DN não me surpreendeu. A evolução tecnológica, que emerge dia a dia a uma velocidade louca, não deixa de nos espantar. Usar um drone com a mesma facilidade com que usamos um telemóvel abre-nos a expetativas inimagináveis. Estou em casa e se me apetecer adquirir um qualquer produto com urgência, pode tornar-se prático com os tais drones. Envia-se um ao supermercado e pronto. Telefona-se ou envia-se um SMS e a empresa resolve o assunto em três tempos. É isto? Parece que sim.

Júlio Cirino: Ilha Terceira — Monte Brasil





O Monte Brasil é outro lugar histórico da Ilha Terceira. Por lá encontramos a ermida de Santo António, vários miradouros de onde se vislumbram paisagens deslumbrantes, a cratera de um vulcão, trilhos bem arranjados para as pessoas passearem, um pequeno jardim zoológico com aves multicores e alguns animais, o Pico das Cruzinhas e veados que, habituados às pessoas, nos saem ao caminho corricando com graça. Porém, o monumento mais importante do Monte Brasil é a Fortaleza de São João Batista, mandada edificar por Filipe II, de Espanha, em 1567. Servia para defender a cidade e o porto de Angra dos assaltos dos piratas que por aqui apareciam para pilhar.
Mais tarde, já no século XIX, Gungunhana veio deportado para esta Fortaleza. Ganhando a confiança das autoridades militares, e também da população, com o decorrer do tempo as medidas de segurança foram-se amenizando até Gungunhana poder passear livremente no Monte Brasil e depois na cidade. 
Em 1899, Gungunhana seria baptizado e crismado na Sé de Angra, apadrinhado pela alta sociedade angrense.

Angra do Heroísmo, 25 de Junho de 2017

Júlio Cirino


Fotos:

- Vista aérea de Angra, tendo por pano de fundo o Monte Brasil onde se vislumbram as casernas e a Igreja de S. João Baptista.

- Igreja de S. João Baptista, implantada no Regimento de Guarnição n.º1 dos Açores.

- Pico das Cruzinhas.

- Casa onde Gungunhana viveu.