segunda-feira, 5 de junho de 2017

CRÓNICA DA ILHA TERCEIRA I — JARDIM DUQUE DA TERCEIRA





Crónica de Júlio Cirino

A ilha Terceira, descoberta entre 1444 a 1449, é uma das mais belas regiões de Portugal. A riqueza da sua cultura e tradições é quase desconhecida no resto do país. Por essa razão, faço o convite para que me acompanhe na visita aos locais mais belos que por aqui podemos encontrar. Comecemos a nossa viagem pelo Jardim Duque da Terceira, um dos ex-líbris da cidade de Angra do Heroísmo.
Para além de muita paz, de pombas e alguns melros à espera de comida (quantas vezes dada pela mão inocente de uma criança), de flores multi-cores, de árvores de origem tropical, de pequenos lagos com pimpões e um coreto, existe um telheiro-biblioteca com um armário destinado à leitura de obras editadas em várias línguas que podem ser consultadas, gratuitamente, por quem estiver interessado. Uma curiosidade: os livros são oferecidos pelos leitores. Próximo de um local conhecido por “canto dos gatos”, existe um busto erigido em honra de Almeida Garrett, com a seguinte inscrição:


“Não tive a fortuna de nascer naquele torrão; 
mas a minha pátria; 
mas a de meus pais; 
mas o meu património;
mas tudo quanto constitui a pátria de um homem, 
é a minha saudosa Ilha Terceira, 
um dos mais nobres padrões da glória portuguesa.”

Almeida Garrett

NOTA: 

1. O meu amigo Júlio Cirino aceitou enviar crónicas para o meu blogue, um gesto de partilha que muito agradeço. Sei que todos ficaremos mais ricos pela oportunidade que teremos de apreciar belezas que descobre no seu dia a dia. 
2. Fotos da Wikipédia

domingo, 4 de junho de 2017

PAPA ALERTA PARA DIVISÕES E PEDE UNIDADE NA IGREJA



O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a Igreja deve rejeitar “coligações e partidos” no seu seio, apelando à unidade dos católicos, sem “posições excludentes”.
“Inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro, em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja: assim temos a diversidade sem a unidade”, assinalou, na homilia da Missa da Solenidade de Pentecostes, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, que ali acorreram desde as primeiras horas da 
O Papa Francisco alertou ainda para as “maledicências que semeiam cizânia” e “as invejas que envenenam”, defendendo que os homens e mulheres de Igreja devem ser “homens e mulheres 

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Foto da Ecclesia 

O Espírito sopra onde quer

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO


1. O Vaticano II, que foi o Pentecostes do século XX, tentou renovar, descentrar a Igreja e levar os cristãos a serem agentes da transformação da sociedade, segundo critérios de desenvolvimento, de liberdade, de justiça e de paz, em colaboração com todos os seres humanos preocupados em tornar melhor este nosso mundo. Foi a conclusão de muitos movimentos que o precederam, catalisados pela leitura que João XXIII fez dos sinais dos tempos.
~Para as novas gerações isto pode parecer mais antigo do que o Antigo Testamento (AT). Se não tivermos em conta que a sensibilidade eclesial e social muda rapidamente, também não compreenderemos a urgência do Papa Francisco em reinterpretar o Vaticano II no mundo actual, muito diferente dos anos 60 do século passado.
Não podemos esquecer que o movimento cristão começou por se enxertar no mundo judaico, mas também na perspectiva de se enxertar em todos os povos e culturas. É verdade que, nas suas primeiras manifestações, este movimento pensava que o fim estava para breve. Não valia a pena influenciar os destinos das sociedades humanas. Cada pessoa que esperasse o fim, segundo a situação em que se encontrava, casada ou solteira. Era mais importante salvar-se deste mundo do que salvar este mundo.
S. Paulo, na primeira carta aos tessalonicenses, preocupava-se mais em organizar o fim próximo do que em programar o futuro. Foi sol de pouca dura. Ele próprio, na segunda carta, apercebeu-se que se tinha enganado e não tenta elaborar uma nova concepção. Opta por medidas pragmáticas: “Quando estava entre vós já vos tinha dado a seguinte ordem: quem não quiser trabalhar, também não coma. Ora, ouvi dizer que alguns de entre vós levam a vida à toa, muito atarefados a não fazer nada. A estas pessoas, ordeno e exorto, no Senhor Jesus Cristo, que trabalhem na tranquilidade, para ganhar o pão com o próprio esforço.” [1]
Quando os Actos dos Apóstolos (Act) são escritos, o autor apresenta Jesus Cristo bastante decepcionado: “Estando reunidos, os discípulos interrogaram-no: Senhor, é agora que ides restaurar a casa de Israel? Resposta: Não vos compete conhecer os tempos e os momentos que o Pai reservou em seu poder. Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” [2]
S. Lucas era um artista em compor cenários dinâmicos. Era como se Jesus tivesse dito: Eu acabei, mas a tarefa não. Pelo contrário, alargou o horizonte, mas seria uma energia nova, o Espírito Santo, que levaria os discípulos a realizá-la.

2. No Domingo passado, celebramos uma despedida que o não era. Ocultou-se dos seus olhos numa nuvem. Foi a Festa da Ascensão. Interpretada em termos espaciais, poderia sugerir o que um miúdo me perguntou: foi visitar os extraterrestres? Outros escritos do NT insistem em que Cristo, longe da nossa vista, continua connosco até ao fim dos tempos em toda a nossa vida, mas como um clandestino.
A habilidade de S. Lucas consiste em não querer discípulos pasmados a olhar para o céu, como se a sua missão não fosse a transformação da Terra. Representa, por isso, a diferença que existe entre a Igreja presa do medo e a Igreja sacudida, abalada pelo Espírito. “Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval e encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram umas como línguas de fogo, que se distribuíam e foram posar sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os impelia.” [3]
Havia uma festa judaica para celebrar o dom da Lei com gente piedosa que vinha de todas as nações. Confusão geral. Como é que cada pessoa ouvia falar aqueles galileus, na sua própria língua? Estão com os copos. Aí, Pedro, em nome do grupo não aguentou. Ainda não é hora para bebedeiras. Está a cumprir-se a profecia de Joel: “Acontecerá, nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne. Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar, os vossos jovens terão visões e os vossos velhos hão-de ter sonhos. Em verdade sobre os meus servos e as minhas servas derramarei o meu Espírito.” [4]

3. Se, como vimos, os primeiros cristãos pensavam que o mundo estava a chegar ao fim, os Actos dizem-nos que está tudo a começar. Esta obra deveria chamar-se o Livro das Aventuras do Espírito Santo. Faz tudo às avessas do previsto no judaísmo. O próprio S. Pedro levou tempo a compreender a liberdade de Deus. Quando teve de justificar, perante os circuncisos, o seu comportamento de acolhimento dos gentios, confessa: “Apenas eu começara a falar o Espírito Santo caiu sobre eles, como sobre nós ao princípio. Lembrei-me, então, desta palavra de Senhor: João, dizia ele, baptizou com água, mas vós sereis baptizados com o Espírito Santo. Se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, que acreditamos no Senhor Jesus Cristo, quem sou eu para me opor a Deus?” [5]
Os sarilhos vão ser mais que muitos e vai ser preciso reunir um Concílio, o primeiro da Igreja cristã, para reconhecer que o Espírito de Deus não faz acepção de pessoas, nem de povos, nem de culturas. É o Espírito da liberdade, do amor universal.
Não é para aqui a leitura de dois mil anos de história das Igrejas cristãs no mundo. No entanto, algo ficou testemunhado nos textos do NT. O caminho do poder de dominação económica, política e religiosa foi o ambicionado pelos discípulos e sempre recusado pelo Mestre. Disse-lhes, expressamente: quem quiser ser o primeiro, ponha-se ao serviço de todos; aqui, reinar é servir. Isto significa que a Igreja não anda para trás quando se confronta com este espelho. O que o Espírito de Cristo lembra a todos os cristãos é simples: o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro só é garantido pela contínua criatividade
Quiseram fazer do Vaticano e das suas Cúrias o lugar do depósito da Fé. Esta não é um depósito, é o caminho do mundo, como Evangelho da Alegria. É sintomático que o Papa Francisco surja, simultaneamente, com um programa de reforma da Cúria e com um programa de Igreja de saída, para todas as periferias. Talvez seja o mesmo.
Perante as novas experiências e expressões do Evangelho, Bergoglio poderá dizer como Pedro: estava eu no meio desses pobres e abandonados e o Espírito Santo caiu sobre eles como um novo Pentecostes. Quem sou eu para dizer que Deus é só para os que têm assento nos lugares de poder da Igreja?

[1] Cf. 2 Ts 3, 10-12
[2] Cf Act 1, 6-8
[3] Act 2, 1-4
[4] Act 4, 16-19
[5] Act 10-11

NASCER TODAS AS MANHÃS


«Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs.» 

Miguel Torga, 
in "Diário (1982)"

Li aqui

sábado, 3 de junho de 2017

LUÍS MIGUEL CINTRA RECEBE PRÉMIO DA IGREJA CATÓLICA


Luís Miguel Cintra, conhecido ator e encenador, recebeu hoje, em Fátima, o Prémio "Árvore da Vida — Padre Manuel Antunes", atribuído pela Igreja Católica a quem se  destacou por um percurso ou obra assente no humanismo e na experiência cristã.
Na sua intervenção, sublinhou que lhe parece ser necessário «haver uma mudança se não quisermos que o mundo e com ele a nossa Igreja mais uma vez se recolham na oração e em tudo o que em si transporta, visto que a sociedade capitalista se tornou tão monstruosamente castradora de todas as liberdades, tão burocrática, que cada vez menos há lugar para repararmos uns nos outros». 
Luís Miguel Cintra declarou-se comovido pelo prémio que recebeu, mas não deixou de pedir licença «para não aceitar a sua componente monetária».«Lembrem-se de que foram homens como nós que escreveram Jesus e tudo o resto, querendo na palavra, inscrever uma Revelação. Para que os Homens reconhecessem o Filho de Deus e quisessem seguir o seu mandamento. E cada dia me espanta como o escreveram, que pensamento claro, exposto, sem máscaras, tinham aqueles escritores», disse.
E mais adiante apontou: «Que a Igreja me perdoe mas creio que a situação política mundial é tão grave, que seria tempo de deixarmos de perder tempo com questões evidentemente abusivas da responsabilidade de cada cristão, todas as questões sexuais, em leigos e eclesiásticos, as excomunhões, perdões e autorizações, carreiras religiosas, acumulação de riquezas, privilégios e castigos e voltarmo-nos para o mundo. Nem que seja apenas respeitando quem, sem referência cristã, tem o amor aos outros que a vida pede a todos, construindo finalmente a fraternidade que ainda se não construiu, a partir das relações pessoais a solidariedade entre os povos. Descobrindo pouco a pouco que seja, com a prática de vida que os Evangelhos nos pedem, onde se aloja o cancro que está a minar a obra de Deus.» 

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ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA — PESCA DO BACALHAU



NOTA: Registos recolhidos, com a devida vénia, em Etelvina Almeida e Valdemar Aveiro, no Facebook.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

SOMOS HERDEIROS DA DOUTRINA CRISTÃ OU DA SUA DEFORMAÇÃO


O ator e encenador Luís Miguel Cintra, que vai receber este sábado o Prémio Árvore de Vida — Padre Manuel Antunes, considera que a sociedade ocidental está “impregnada de uma civilização que foi profundamente cristã” ou da sua “deformação”, disse à Agência Ecclesia. E adiantou: «Quando se lê em voz alta e se tem a noção do que se está a ler, com um bocadinho de capacidade de análise, fica-se deslumbrado! Os Evangelhos são de uma obra prima absoluta! E de uma modernidade de escrita incrível, independentemente do seu conteúdo religioso.»

Ler mais na Agência Ecclesia 

NOTA: Foto da Ecclesia