quarta-feira, 31 de maio de 2017

SAGA DOS BACALHAUS NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

«A 6 de junho, a Assembleia da República dedica uma jornada especial ao tema da pesca do bacalhau e ao bacalhau enquanto produto económico. A iniciativa será enriquecida pela exposição "A Saga do Bacalhau", promovida pela Museu Marítimo de Ílhavo, com fotografias e um vídeo de Alan Villiers. Álvaro Garrido, consultor do MMI, participará na jornada como orador.»


NOTA: Gosto de saber que a Assembleia da República se vai debruçar sobre a temática do bacalhau de tantas tradições entre nós. Mas também gosto de saber que esta iniciativa vai ser enriquecida, graças à cooperação do Museu Marítimo de Ílhavo, bem representado por Álvaro Garrido, consultor do nosso Museu.

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terça-feira, 30 de maio de 2017

OS RESPONSÁVEIS DA IGREJA DEVEM SABER DIZER «ADEUS»


Li hoje, na Agência Ecclesia, que o Papa Francisco recomendou aos responsáveis da Igreja Católica que devem estar preparados para dizer adeus e partir para novas missões, quando isso lhes for pedido. «Rezemos pelos pastores, pelos nossos pastores, pelos párocos, pelos bispos, pelo Papa, para que a sua vida seja uma vida sem cedências, uma vida em caminho e uma vida em que eles não pensem estar no centro da história e assim aprendam a despedir-se», referiu o Papa na homilia da Missa a que presidiu esta manhã na capela da Casa Santa Marta.
A intervenção do Papa Francisco baseou-se num episódio da vida do apóstolo São Paulo (séc. I), que deixou a Igreja de Éfeso, que tinha fundado, e partiu para uma nova missão.
«Todos os pastores têm de dizer adeus. Chega um momento em que o Senhor nos diz: vai para outro lugar, vai para ali, vem para cá, vem a mim. E um dos passos que deve fazer um pastor é também preparar-se para despedir-se bem», frisou Francisco.
O Papa pediu ainda que todos os que exercem cargos de responsabilidade na Igreja Católica tenham o «coração aberto à voz de Deus», como «um servo».

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FESTIVAL RÁDIO FANECA — FAROL DA BARRA OFERECE INSPIRAÇÃO


Tendo o Farol da Barra por inspiração, o Festival da Rádio Faneca, em Ílhavo, vai apresentar-se com garantias de sucesso. Pelo comunicado da Câmara Municipal, ficámos a saber que o entusiasmo vai ser ainda mais animado com a programação preparada a gosto. A “Orquestra da Bida Airada” iniciou ensaios, «desta feita com o Farol da Barra a nortear a criação das novas canções». E o grupo Onda Amarela, com os seus músicos, «“recrutados” na comunidade, têm estado a construir mais um espetáculo único, que apresentarão às 17 horas do próximo domingo». 
A autarquia ilhavense informa que «o Farol da Barra serviu também de inspiração às “Histórias nos Becos”, que a Amarelo Silvestre tem estado a alinhavar e que poderão ser seguidas nos três dias do Festival». 
Não se julgue, contudo, que há só muita e boa música, pois não faltará a dança e outras artes. «“A Viagem”, da coreógrafa Filipa Francisco, conta com a participação do Grupo Folclórico “O Arrais” na apresentação de um espetáculo de dança tradicional, com laivos de contemporânea», refere o comunicado da CMI.
Mas há mais: «Nas casas do Centro Histórico de Ílhavo, prepara-se a ementa para o jantar “Casa Aberta”, ao mesmo tempo que se acabam de escrever as “Cartas ao Futuro”, que, por intermédio da artista Maria Gil, serão partilhadas em diversos formatos no sábado, durante o dito jantar.» E na Garagem da Drogaria Vizinhos começa a erguer-se a mítica exposição “Becos de Pés”. 
Mais umas curiosidades: os fotógrafos Alexandre Almeida, Augusto Brázio e Nelson D’Aires apostam no desafio de fotografar pessoas, como memória daquilo que foi Ílhavo em 2017. Às fotografias de passe, os fotógrafos deram um “disparo” artístico para chegar à exposição que será inaugurada na sexta-feira, às 18 horas. 
Ora aqui está uma iniciativa digna de nota que vai mesmo entusiasmar, como cremos, as gentes de Ílhavo e arredores. 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Valdemar Aveiro é cartaz na Galiza


Gosto de ver os amigos conhecidos além-fronteiras por boas razões. Sobretudo pelos seus méritos culturais e artísticos, mas também ligados ao empreendedorismo. São os tais que da lei da morte se vão libertando. 
Valdemar Aveiro, o capitão Valdemar como é conhecido desde que chegou por mérito próprio ao comando de um navio, depois de um esforço decerto sobre-humano que muito poucos conseguem enfrentar, faz parte de um escol de gente que transcende o comum dos mortais. Como comandante e como escritor capaz de retratar, com letras de ouro, a saga dos nossos pescadores do fiel amigo, nos mares frios e revoltos,  como poucos o sabem fazer.
O Faro de Vigo apresenta os convidados de junho no Clube de Faro e lá está o nosso comandante na lista dos que realmente têm algo para contar. Congratulo-me com isso. Daqui lhe envio o meu abraço, já que outra coisa (marcar presença em Faro) não poderei fazer. 

Ler em Faro de Vigo
Ler entrevista que me concedeu em 1913 



ELE É O PRIMEIRO E O ÚLTIMO

Revista  Outras Ideias 

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME — Generosidade dos portugueses


Segundo o site dos Bancos Alimentares Contra a Fome, durante o passado fim de semana foram recolhidas 1.848 toneladas de géneros alimentares em mais de 2.000 superfícies comerciais de todo o País, sem terem sido contabilizadas as doações online e através de vales disponíveis nas lojas.
Participaram mais de 40 mil voluntários nesta campanha, subordinada tema “Fazer deste dia, um dia especial está em cada um de nós”, e as recolhas estão próximas da campanha homóloga do ano passado. “Sabemos que, apesar da melhoria das condições económicas, muitos dos nossos concidadãos continuam a enfrentar grandes dificuldades e significativas restrições alimentares e é por isso gratificante constatar que os portugueses têm uma perceção dessa realidade, procurando sempre, na medida das suas possibilidades, contribuir para a minorar”, afirmou Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Nota: Ao dar o nosso contributo, em géneros, constatei, com natural satisfação, que os portugueses continuam generosos. Muita gente lá andava, na grande superfície, com os sacos do Banco Alimentar, mas também apreciei a nossa juventude, entre os mais idosos, ligada às mais diversas instituições, que deram o seu tempo e a sua força de vontade para ajudar, no fundo, quem mais precisa, que muitos são, nesta nossa sociedade de esbanjamentos inauditos.

domingo, 28 de maio de 2017

BENTO XVI RENUNCIOU À SUA RENÚNCIA?

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO 


1. Enviaram-me, com expressa tristeza, uma entrevista com a enigmática pergunta do título desta crónica. Que se passa, afinal?
Não foi de modo clandestino, nem de repente, nem contra a sua vontade que Bento XVI deixou de ser o Papa da Igreja Católica Romana. Não foi sob pressão que, a 10 de Fevereiro de 2013, se pronunciou expressamente: declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.
Justificou publicamente a sua decisão: as suas forças, devido à idade avançada, já não lhe permitiam exercer, adequadamente, o pontificado. Foi destacada a dignidade desse gesto sem precedentes desde Gregório XII, em 1415 — no contexto do Grande Cisma do Ocidente —, e o primeiro a renunciar, sem pressão externa, desde o papa Celestino V, em 1294.
Seguiram-se os procedimentos previstos no Vaticano e foi eleito o Papa Francisco, a 13 de Março de 2013. Não temos dois Papas, como a ignorância e obscuros interesses procuram fazer crer. Sob o ponto de vista institucional, o Papa Bento XVI morreu. Acabou.
Permitiu, no entanto, fazer supor que, ao ficar por perto, iria ser o conselheiro obrigatório do novo inquilino. Decidiu, de facto, continuar a residir dentro da Cidade do Vaticano, num antigo convento adaptado para o receber.
Não foi boa ideia, segundo Andrea Grillo, professor de Teologia no Pontifício Ateneu Sant’Anselmo (Roma). O Bispo emérito deve afastar-se do Vaticano e calar-se para sempre. Só nestas condições é possível configurar uma real sucessão e não dar a enganosa ideia de uma coabitação de dois Papas. 
Tanto para Ratzinger como para Bergoglio, esta é uma experiência totalmente inédita. O uso da veste branca e os contactos manipuláveis com o exterior deveriam ter sido pormenorizadamente regulamentados, sustenta o citado teólogo romano.

2. Esta situação permite, com efeito, todos os boatos e conjecturas. Há mesmo quem diga que o cardeal Ratzinger tem ligações a “submarinos” espias que o usam para controlar e dificultar as decisões que os ultraconservadores consideram desvarios do Papa Francisco. Este, com a descentralização do governo da Igreja e a sua evangelização inculturada, estaria a fazer da Igreja Católica uma federação de seitas à imagem do protestantismo. Devido à sua determinação na Reforma da Cúria e na denúncia do clericalismo e carreirismo, acusam-no de autoritário. Os neoliberais da economia e da política acusam-no de falar do que não sabe.
Alguns cardeais já manifestaram publicamente a sua oposição, não apenas ao seu estilo pastoral, mas também às suas posições doutrinais. Serão os únicos?
Não creio que o cardeal Ratzinger defenda esse caminho, mas acontecem coisas esquisitas. Ele acaba de prefaciar o livro do cardeal Sarah, La Force du silence (O Poder do silêncio), ainda não traduzido para italiano, mas o prefácio já saiu publicado, antecipadamente, no Corriere della Sera e na Nuova bussola quotidiana.
Donde virá o incómodo desse elogioso prefácio que entristeceu os entusiastas das orientações do Papa Francisco e que também não querem ficar de mal com a imagem do Papa anterior?
O cardeal Sarah é o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, nomeado pelo próprio Papa Francisco. Agora, usa processos pouco recomendáveis para contrariar quem o escolheu. Os seus esforços estão focalizados na “Reforma da Reforma” litúrgica proposta pelo Vaticano II.
É esse personagem a remar contra o Papa Francisco que o cardeal Ratzinger veio recomendar como “mestre espiritual, que fala das profundezas do silêncio com o Senhor, expressão da sua união íntima com Ele, e que por isso tem algo a dizer para cada um de nós”. Diz-se grato ao Papa Francisco por “ter nomeado um tal mestre espiritual à frente da Congregação para a celebração da liturgia na Igreja”. Daí a declaração final que soa como um aviso: “Com o cardeal Sarah, mestre do silêncio e da oração interior, a liturgia está em boas mãos”.
A publicidade desta gratidão parece uma indevida defesa, pois o Papa Francisco já manifestou, várias vezes, que não está nada contente com a nomeação que fez. Não é segredo que, ao longo do último ano, o cardeal Sarah foi, de facto, gradualmente cercado por elementos abertamente hostis à chamada “reforma da reforma conciliar”, desejada por Bento XVI, que o purpurado guineense tenta efectivar no actual pontificado que a não quer. Ao continuar a defender que “a crise da Igreja é uma crise da liturgia”, deve dizer-se que a cura que ele pretende é o seu veneno. Já não consegue fazer nada da Congregação a que preside.
O Papa desautorizou a ideia da Missa de costas para o povo e favoreceu a nova tradução dos textos litúrgicos, resultado de estudos de uma comissão criada sem o conhecimento e contra o cardeal Sarah, segundo consta. Os movimentos para estudar o ritual de uma missa “ecuménica” parece que também ignoram a própria Congregação, presidida pelo dito cardeal.
Por outro lado, esse cardeal, em nome da união da Igreja, em torno do Sumo Pontífice, trabalha na sua desagregação. Está decididamente contra a orientação social de Bergoglio: enquanto a Igreja “não conseguir dissociar-se dos problemas humanos”, ela acabará por “falhar na sua missão”. Transforma o programa da Evangelii Gaudium numa caricatura: “A Igreja está gravemente equivocada quanto à natureza da crise real, se ela acha que sua missão essencial é oferecer soluções para todos os problemas políticos relacionados com a justiça, a paz, a pobreza, a recepção de migrantes, etc... enquanto negligencia a Evangelização”. Ora, o Papa Francisco, pelo contrário, inclui na referência vital a Cristo a luta contra a pobreza imposta. Foi o próprio Jesus, ao apresentar o seu Evangelho, o seu programa de libertação dos oprimidos e marginalizados, que o identificou com o acontecimento da graça de Deus, um ano jubilar.
3. Ratzinger foi uma grande figura da Cúria romana, durante muito tempo. A sua obsessão em neutralizar e condenar os teólogos que o não repetiam parece que não lhe deixou energia para enfrentar as exigências da reforma dessa instituição degradada.
Compreende-se que, por muito que goste de estudar, de escrever e de rezar, depois de tantos anos de intervenção nos destinos da Igreja, perante o que lhe contam, não aguente o silêncio que se impôs. Como disse Monsenhor Georg Geinswein, Ratzinger acompanha atentamente tudo o que acontece na Igreja.
Bento XVI, sob o ponto de vista institucional, morreu, mas julga que não. Está obrigado a ter um comportamento que não leve as pessoas a pensar que está arrependido de ter renunciado a ser o Bispo de Roma, sucessor de S. Pedro.

É PRECISO DETER A ESPIRAL DO MEDO


Celebra-se hoje, domingo da Ascensão do Senhor, o 51.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, tendo por tema, proposto pelo Papa Francisco, «“Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5). Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo». Boa e oportuna proposta que nos deve levar, em plena consciência, a assumir o nosso papel de comunicadores, numa sociedade repleta de contrastes e de desbragadas ofensas à dignidade humana. Também, diga-se de passagem, de expressivas formas de transmitir o belo, o bom e o bem, no sentido da humanização dos nossos quotidianos.
«Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, "moem" tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação», diz o Papa, na sua mensagem para este dia, em geral, e para o nosso tempo, em particular. E acrescenta: «Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas “notícias más”.» 
Entre muitos outros considerandos, o Papa diz que, para nós, cristãos, «os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus». 
E na parte final da sua mensagem, o Papa Francisco lembra que «a esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa. Alimentamo-la lendo sem cessar a Boa Notícia, aquele Evangelho que foi «reimpresso» em tantas edições nas vidas dos Santos, homens e mulheres que se tornaram ícones do amor de Deus».
A mensagem para este Dia Mundial das Comunicações Sociais, que já lemos e relemos, não pode deixar-nos indiferentes perante o fenómeno da notícia má que sempre ocupa os lugares de destaque nas primeiras páginas, relegando para cantos inóspitos dos diversos órgãos de comunicação social as boas notícias, as que dão sentido à vida e à sociedade. Dizem os estudiosos que só são vendáveis as más notícias. Por isso, julgo que temos de ser educados, e educar, para aprendermos a destrinçar o que nos enriquece, atirando para o caixote do lixo o que possa embrutecer-nos. Há muito que seguimos  esta linha, recusando-nos, liminarmente, a consumir o que não presta. 
As más notícias, de guerras, corrupções, atentados, traições, crimes, violências, difamações e outras, quando filtradas pela justiça ou pela consciência dos comunicadores e divulgadas com rigor, apenas são úteis para nos precavermos e tomarmos posição de repúdio, mas nunca para gáudio de prazeres doentios, acrescentando uns pontos aos contos. 

Fernando Martins

sábado, 27 de maio de 2017

CARTA A UM FILHO APÓS O ATENTADO DE MANCHESTER



«Outra coisa que tens de fazer, apesar de todo o horror que vês na televisão, é lembrar-te que por cada gesto de ódio há mil gestos de bondade. Por cada terrorista que se faz explodir há mil pessoas que ajudam as outras, que as levam a casa, que lhes dão abrigo, que curam as suas feridas, que as consolam. A esmagadora maioria das pessoas à tua volta é gente boa, que todos os dias dá o seu melhor. Nunca, mas nunca, cedas ao desespero de achar que no mundo a maldade supera a bondade. Se nós hoje vivemos muito melhor do que há mil anos, se hoje em dia o mundo é um lugar muito menos violento, é porque no coração do ser humano a luz ganha às trevas. Pode não ganhar todas as vezes. Pode não ganhar durante muito tempo. Mas a bondade, o amor e a justiça são para nós o que os dentes e as garras são para os predadores – instintos preciosos que preservaram a nossa espécie ao longo de milénios.»

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sexta-feira, 26 de maio de 2017

AMO O SILÊNCIO


Amo o silêncio e as vozes que insinuam,
Meigas ciciam, musicais, veladas,
Fracas, serenas, pálidas, cansadas,
Doces palavras que no ar flutuam.

Amo o silêncio e a luz difusa… E amo
A tarde cor de cinza, a chuva calma,
E o mar sem ondas, liso como a palma
Da minha mão aberta… E em cada ramo

Das árvores sem folhas, amo os verdes
Musgos pendentes, flácidos, em tiras…
Assim, minh’alma extática, suspiras,
Meu coração tranquilo, assim te perdes!

Rude fragor do mundo, sombra fria,
Passa de largo! Não me acordes, não!
Deixa correr a fonte da ilusão,
Enche-me a vida de melancolia…


Cabral do Nascimento 

NOTA: Editei este poema há anos. Hoje volto a ele porque o encontrei na minha memória.