terça-feira, 23 de junho de 2015

Postal Ilustrado — Vitral na Residência Paroquial

 UM CONVITE À MEDITAÇÃO 

Vitral -  Foto de Gabriel Faneca

Qualquer pessoa, por mais simples ou erudita que seja, precisa de um espaço em sua casa, recatado, que convide à oração, se for crente, e à reflexão. E se a casa for residência de padres que exercem o seu múnus sacerdotal em vários setores, muito mais se torna necessário um recanto acolhedor que permita a meditação.
Este mês, para Postal Ilustrado, fomos visitar a capela da residência paroquial da Gafanha da Nazaré, onde vivem os padres Francisco Melo (pároco), César Fernandes e Pedro José, responsáveis pelas paróquias das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. O vitral que ornamenta a capela empresta tonalidades variegadas ao ambiente interior, qual convite à harmonia que gera partilha de sensibilidades, saberes e experiências.
Com projeto do artista plástico Manuel Ângelo Correia, o vitral suscita a quem chega um apelo às nossas raízes, desde o início da fixação do povo nas dunas até aos nossos dias. Nossa Senhora, padroeira das Gafanhas, com o Menino, o sol, a estrela e a cruz, o peixe e espigas, barcos e velas enfunadas pelo vento que sempre varreu terras e rostos. A vela  estai como proa de navio, enfrentando as ondas do mar quantas vezes bravio, protege Nossa Padroeira com o Menino, proteção essa que se estende à nossa paróquia.
Manuel Correia foi-nos debitando informações da proposta do nosso prior, que sugeriu para tema os símbolos da paróquia, até à execução do seu projeto, trabalho a cargo do artista Arnaldo Fraga, de Viseu, que fez obra digna de registo, seguindo técnicas ancestrais. Os vidros coloridos, que não pintados, são protegidos por outros vidros, o anterior e o posterior, tudo bem enquadrado por tiras de liga de chumbo soldadas.
O vitral, que se deixa invadir pelo sol desde o seu nascimento até ao ocaso, fornece ao interior matizes acolhedores, conforme as horas do dia e a intensidade da luz natural. E ainda de noite, qualquer foco luminoso ou o simples luar filtrados valorizam o convite ao silêncio e à oração.

Fernando Martins

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Se eu quiser falar com Deus



Se eu quiser falar com Deus
tenho que ficar a sós,
tenho que apagar a luz,...
tenho que calar a voz...
Tenho que ter as mãos vazias,
ter a alma e o corpo nus...
Tenho que me aventurar,
tenho que subir aos céus.
Sem cordas p'ra segurar
tenho que dizer adeus,
dar as costas caminhar
decidido, pela estrada
que ao findar vai dar em nada
do que eu pensava encontrar.

Gilberto Gil


Nota: Por gentileza do Gaspar Albino, que manifestou desejos de ver voar este poema.

Notas sobre a encíclica do Papa Francisco

"Laudato si'": 
Os grandes temas da "encíclica verde" 
do papa Francisco

Criação das águas e dos peixes (mosaico, det.) | Mark Ivan Rupnik |
 Sacristia-mor da catedral de Santa Maria Real de Almudena, Espanha | 
Detalhe da capa da encíclica "Laudato si'" publicada pela Paulinas Editora | D.R.

A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo

O papa fala da «pobreza da água pública», que se verifica «especialmente na África». Perante a «tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado», recorda que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal»


A solução não passa pela «redução da natalidade», que se quer atingir inclusive com «pressões internacionais sobre países em vias de desemvolvimento». Existe, acrescenta, uma verdadeira «dívida ecológica» entre Norte e Sul



«Os poderes económicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras»; hoje, «qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta»

Francisco convida a considerar o ensinamento bíblico sobre a criação, recordando que «a ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas»

É evidente a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano de que não gosta

Nalguns círculos, defende-se que a economia atual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais», do mesmo modo que se afirma que «os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado»

A cultura ecológica «deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático»



O documento não esquece o problema dos transportes e a poluição causada pelos automóveis nas cidades, assim como a prioridade que deve ser dada aos transportes públicos, que todavia devem ser melhorados, dado que em muitas cidades assiste-se a um «tratamento indigno das pessoas


Os progressos sobre as alterações climáticas e a redução dos gases com efeito de estufa «são, infelizmente, muito escassos», também «por causa das posições dos países que privilegiam os seus interesses nacionais sobre o bem comum global»


A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura

A espiritualidade cristã «encoraja um «estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo». E «propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco»

NOTA: Destaques selecionados pelo SNPC, como pode confirmar aqui

Ler encíclica do Papa Francisco aqui

Festival de Folclore da Gafanha da Nazaré

Em 4 de julho, 
no jardim 31 de Agosto

(Foto do meu arquivo)

O Festival Nacional de Folclore da Cidade da Gafanha da Nazaré vai realizar-se no dia 4 de julho próximo, com organização do Grupo Etnográfico da nossa terra. O acolhimento aos grupos e ranchos convidados terá lugar, pelas 17 horas, na Casa Gafanhoa, seguindo-se uma visita guiada àquele espaço museológico integrado no Museu Marítimo de Ílhavo. 
A cerimónia de boas-vindas e a entrega de lembranças, com a presença das autoridades locais, será depois da visita guiada. O jantar servido aos grupos, ranchos e convidados, na cantina da Escola Preparatória da da Gafanha da Nazaré, antecede o desfile dos grupos participantes até ao Jardim 31 de Agosto, onde decorrerá, pelas 22 horas, o festival, aguardado, como sempre, pelos amantes do folclore e da etnografia. 

Mais um gesto significativo do Papa


Francisco evocou mais de oito séculos 
de divisão e apontou a caminhos concretos 
de unidade ecuménica


O Papa Francisco visitou hoje a Igreja Valdense em Turim, tornando-se o primeiro pontífice a entrar num templo desta denominação cristã nascida no século XX, e pediu “perdão” pelos confrontos do passado.
“Da parte da Igreja Católica, peço-vos perdão pelas atitudes e comportamentos não cristãos, por vezes não humanos, que tivemos contra vós, na história. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoai-nos”, apelou, neste segundo dia de visita à cidade do norte da Itália.

Li aqui 

Ver também Igreja Valdense

domingo, 21 de junho de 2015

Chegou o verão

O meu neto rega muito bem!

Chegou hoje o verão. Já era tempo de a vida dar um salto, que a temperatura ajuda. Os sorrisos são mais abertos, as roupas mais leves tornam-nos mais jovens (?), os corpos precisam do sol que rejuvenesce se moderado e o contacto com a natureza enriquece a nossa sensibilidade e anima o sentido solidário de cada um. A natureza, de per si, exibe, e de que maneira, a sua capacidade de acolhimento e de partilha. Com o verão, somos outros porque somos diferentes.
Onde estou a escrever, com arvoredo e relva fresca a convidar-me a uma caminhada descalço sobre ela, curta que seja, para descarregar energias acumuladas, sinto a liberdade em pleno que me descontrai e desafia a uma proximidade mais franca com a Mãe Natureza. 
Com este verão, agora enriquecido com a encíclica do Papa Francisco — Louvado sejas! — precisamente sobre a Casa Comum que precisa de ser cuidada, ao jeito de um outro Francisco, o de Assis, temos um grande desafio pela frente: ler e meditar sobre o apelo do Papa, não apenas por curiosidade, mas para assimilarmos a verdade que a riquíssima mensagem papal nos desafia a ter em conta na nossa vida. 
Bom verão para todos. 

NOVOS OLHARES SOBRE O CASAMENTO (2)

Crónica de Frei Bento Domingues 



«As doutrinas e as instituições 
da Igreja só valem na medida 
em que, à luz do Evangelho, 
respeitarem e promoverem 
o bem da família»


1. Entrei numa Igreja paroquial para a celebração do casamento de uns noivos, meus amigos, para a qual tinha recebido jurisdição do respectivo pároco. Ao dirigir-me à sacristia para me paramentar, deparei com uma senhora que me perguntou se os noivos se tinham confessado. Respondi que não sabia nem queria saber.
Se não se confessaram a V. Reverência, aqui também não. Havia um pedido do casamento com Missa, mas não haverá Missa. Não posso ser cúmplice de dois sacrilégios.
Procurei saber que sacrilégios eram esses. A informação foi rápida: o primeiro já é inevitável - os noivos vão-se casar em pecado mortal; o segundo é deixar os noivos comungar nessa situação. Este vou impedi-lo, pois não haverá Missa.
Como as noivas chegam, quase sempre, um bocado atrasadas, julguei que tinha algum tempo para uma breve catequese.
Disse-lhe, então, que eram louváveis os seus cuidados com a alma dos outros, mas o seu zelo parecia-me pouco informado e nada esclarecido.

sábado, 20 de junho de 2015

CUIDAR DA MÃE TERRA

Crónica de Anselmo Borges 


«Faz falta voltar a sentir 
que precisamos uns dos outros, 
que somos responsáveis 
pelos outros e pelo mundo»


Naquele 13 de Março de 2013, ao ouvir o nome que o cardeal Bergoglio escolhera para si como Papa - Francisco -, fiquei convencido de que, mais tarde ou mais cedo, apareceria uma intervenção forte sobre a ecologia. Ela aí está, na encíclica "Laudato si", palavras iniciais do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis: "Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa."

Impossível fazer aqui uma síntese minimamente adequada da sua riqueza. Trata-se de um texto poderoso, argumentado, contundente, também com belas passagens poéticas, articulando a ecologia do meio ambiente e a ecologia humana, um marco histórico para o futuro do planeta, que se impõe debater e meditar. Não é por acaso que aparece nesta data, antes da viagem aos Estados Unidos e no contexto da preparação de um novo tratado sobre o clima numa conferência das Nações Unidas, em Dezembro próximo, em Paris. Por isso, já começaram as críticas por parte, nomeadamente, de grandes poderes relacionados com a energia e a banca. O líder republicano Jeb Bush, possível candidato à presidência dos Estados Unidos, por exemplo, que se converteu ao catolicismo há 25 anos, arremeteu contra Francisco: "Não deixarei que os meus bispos, os meus cardeais ou o meu Papa me ditem a política económica"; a religião deveria ocupar-se mais de "tornar as pessoas melhores e menos de questões que têm que ver com aspectos políticos". Francisco, porém, pensa ser seu dever dirigir-se a crentes e a não crentes, "a cada pessoa que habita este planeta", para a defesa da "casa comum" ameaçada, tanto mais quanto as alterações climáticas afectam sobretudo os mais vulneráveis, estão em causa a paz e as gerações futuras, e o Deus criador entregou a Terra ao cuidado responsável de todos.

FEZ-SE GRANDE BONANÇA

Reflexão de Georgino Rocha

Mar da Galileia
Vamos navegar no rumo certo, 
apesar dos ventos furiosos 
e das marés contrárias!


A travessia do mar da Galileia constitui um momento privilegiado para Jesus mostrar aos discípulos quem é por meio das acções que faz. Mc 4, 35-41. Serve igualmente de “cenário” do ambiente de turbulência e perseguição em que vivem as comunidades a que o autor dirige a narrativa. Projecta luz sobre a relação do homem com as forças da natureza, as tempestades ambientais e a bonança do equilíbrio recuperado. Deixa em aberto a pergunta expectante dos discípulos: “Quem é este homem a quem o vento e o mar obedecem?”

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Busto do Padre Lé no Dia da Comunidade Paroquial

Gratidão da Gafanha da Encarnação 
ao pároco que mais anos a serviu


PADRE
MANUEL RIBAU LOPES LÉ
NASCIDO EM 04-08-1922, GAFANHA DA NAZARÉ
ORDENAÇÃO PRESBITERAL, 20-09-1947 BUNHEIRO
PÁROCO DA GAFANHA DA ENCARNAÇÃO, 27-10-1957
VIVEU ATÉ 24-05-2010 NA GAFANHA DA ENCARNAÇÃO


«Nós somos aquilo que somos porque houve homens e mulheres que nos antecederam na vida e na fé e nos ensinaram a ser capazes de dizer obrigado pela comunidade que somos e pela igreja que fomos capazes de reconstruir», afirmou o padre Francisco Melo na abertura da Eucaristia de encerramento das atividades do ano pastoral, que teve lugar no dia 30 de maio, sábado, pelas 18 horas, na restaurada igreja dedicada a Nossa Senhora da Encarnação, repleta de fiéis e amigos do Padre Lé. 
O padre Francisco referiu que o nosso obrigado vai ainda para os párocos da Gafanha da Encarnação já falecidos que a serviram, nomeadamente, os Padres Resende, António Diogo e Manuel Lé, cujo busto seria descerrado no exterior do templo, depois da procissão dedicada a Nossa Senhora, como é tradição no mês de maio.
Referiu o Padre Francisco, coordenador da equipa sacerdotal que inclui os Padres César Fernandes e Pedro José Correia, que o obrigado do povo da Gafanha da Encarnação vai, contudo, de forma muito especial, para «Esta Mulher que aqui está, Nossa Senhora da Encarnação, Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe», porque — frisou — «acredito firmemente que hoje chegámos aqui porque Ela intercedeu por nós junto de Deus e nos acompanhou», mas também porque «foi um exemplo de tenacidade, de coragem e de ousadia para levarmos até ao fim os projetos em que acreditámos».